sábado, 2 de março de 2019

HOMILIA PARA O DIA 03 DE MARÇO DE 2019 - 8º COMUM - ANO C


A BOCA FALA DAQUILO QUE O CORAÇÃO ESTA CHEIO

Não há segmento da sociedade que hoje não e beneficie e dependa das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TDIC). Mas é verdade também que as redes sociais e as tecnologias como um todo são um campo minado de palavras desnecessárias, informações descabidas, inverdades e muitas vezes calunia. Inclusive entre pessoas da Igreja que rezam muito e respeitam as mais legítimas doutrinas, conhecem documentos dos papas e não raro se utilizam dos recursos da tecnologia para difamar, caluniar, levantar falso testemunho. No âmbito da política as famosas delações premiadas envolvem sem escrúpulos e sem provas pessoas que ocupam ou não ocupam funções e responsabilidades. Associam situações e casos que muitas vezes causa náusea de ver e ouvir.
Pois a Palavra de Deus proclamada neste domingo trata do uso da palavra como era utilizada cerca de duzentos anos antes de Cristo. No livro do Eclesiástico o autor usa a imagem da fala para deixar claro como por meio dela uma pessoa manifesta o que tem no seu coração. Em resumo, algumas pessoas tentam fingir com comportamentos, gestos, roupas, disfarces e até enganam bem, mas quando se trata de ouvir suas retas intenções desnudam os seus sentimentos mais profundos. O convite da leitura de hoje é claro e obvio: Não se deixar impressionar por gestos e atitudes teatrais, elas quase nada significam.
Lucas está preocupado com os falsos mestres, aqueles que se apresentam bonito, mas com atitudes interesseiras. As palavras de Jesus relatadas pelo evangelista apontam por onde anda o verdadeiro discípulo de Jesus. Nas comunidades, servindo-se também das TDIC pode-se ver pessoas que se consideram iluminadas, que nunca erram e muito menos se enganam, se fazem exigentes com os erros alheios e nunca percebem que seu telhado é de vidro. São aqueles que Jesus chama de hipócritas, dissimulados, falsos cujos atos não correspondem às suas vãs palavras para estes se aplica a expressão do Antigo Testamento: perverso e ímpio e nas palavras de Jesus “árvore ruim” da qual não se pode esperar outro fruto.
Na segunda leitura São Paulo fala da vida futura e conclui com um pedido extraordinário: “Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor”. Estas palavras não são outra coisa senão ter certeza que acreditar na ressurreição significa empenhar-se na construção de um mundo mais humano e fraterno, eliminando as forças do egoísmo e do pecado como ensina o Concílio Vaticano II “A importância das tarefas terrenas não é diminuída pela esperança na ressurreição, mas antes reforça a sua execução” (Gaudim et Spes 21).
Em resumo, participar da Eucaristia é um desafio para conciliar as palavras e as ações de modo que tudo em nós revele exatamente aquilo que está em nosso interior. Ou seja, que nosso coração apareça em nossas mãos e palavras.

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