quarta-feira, 19 de junho de 2019

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JUNHO DE 2019 - CORPO DE CRISTO - ANO C


CRESCER E PERPETUAR NA UNIDADE E NA PAZ

Se devêssemos responder o que é preciso para que uma espécie de vida se perpetue, certamente iríamos considerar pelo menos quatro necessidades fundamentais: Adaptação ao ambiente, alimentos, sobrevivência aos predadores e reprodução. Se quisermos aplicar esta condição antropológica a nossa fé poderíamos dizer que a crença em Deus tem exatamente estas quatro necessidades, sem as quais as religiões surgem e desaparecem permanecendo apenas como fatos históricos.
O texto do Gênesis proclamado na primeira leitura de hoje trata da providência divina, simbolizados na benção e na ação de graças e do cuidado humano daqueles que são responsáveis pela perpetuação da vida. O Rei Melquisedec aparece uma única vez na relação entre Abraão e Deus. E sua intervenção tem por objetivo mostrar a preocupação do Criador com as suas criaturas. Preocupação que se revela na benção dada ao patriarca que este por sua vez retribui com ações de graças: Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho e como sacerdote do Deus Altíssimo, abençoou Abrão, dizendo: 'Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra! Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou teus inimigos em tuas mãos!' E Abrão entregou-lhe o dízimo de tudo”.
Na Segunda leitura Paulo reafirma a tradição que recebeu dos apóstolos que consiste em fazer memória do gesto de Jesus na última ceia: “isto é, meu corpo e meu sangue, comei e bebei” ao mesmo tempo convida a permanecer atentos para a segunda vinda. Neste sentido a Eucaristia é uma refeição de esperança: “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha”.
A narrativa da multiplicação dos pães deixa mais do que claro uma das necessidades fundamentais para a preservação de qualquer espécie. Para viver é preciso comer. E como Deus quer suas criaturas vivas, na pessoa de Jesus, Ele mesmo intervém como um Pai que cuida partilha com todos a responsabilidade para partir e repartir o alimento necessário para todos.
Muitas vezes também nós diante das necessidades e dificuldades do cotidiano temos a tentação dos discípulos: “A tarde vinha chegando. Os doze apóstolos aproximaram-se de Jesus e disseram: 'Despede a multidão, para que possa ir aos povoados e campos vizinhos procurar hospedagem e comida, pois estamos num lugar deserto.' Ontem como hoje Jesus repete o mesmo mandamento: “Mas Jesus disse: 'Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Esta ordem de Jesus completa o seu gesto de entrega na forma do pão e do vinho. Ou seja, não seremos verdadeiramente seguidores de Cristo se nossa devoção a Eucaristia não estiver associada ao gesto de “lavar os pés”, de praticar o mandamento do amor e garantir comida e cuidado na hora certa.
São João Crisóstomo, falando sobre a devoção ao Santíssimo Sacramento foi direto e exigente quando disse: “Vocês querem horar o Corpo de Cristo com vestes de seda e vasos de ouro, fazem bem! Mas não esqueçam que o mesmo Jesus que disse isso é meu corpo e isso é meu sangue também disse, Eu estive como fome e você me deu de comer, eu estava nu e você me vestiu”, portanto diz o santo: “vai primeiro dar de comer a quem fome e vestir quem está nu e com aquilo que sobra faça adoração ao Cristo na Eucaristia”.
Daqui a pouco vamos seguir a Cristo presente na forma de pão e para manifestar nossa devoção e respeito enfeitamos o lugar por onde Ele vai passar, peçamos que esta prática de piedade nos ensine e anime garantir a preservação da vida humana e da crença no Deus criador de tudo facilitando a todos a adaptação ao ambiente, repartindo o pão com os necessitados, defendendo-se dos predadores e reproduzindo a nossa fé para todos os descendentes.





Nenhum comentário:

Postar um comentário