quinta-feira, 25 de julho de 2019

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JULHO DE 2019


ORAÇÃO: ENCONTRO PESSOAL COM DEUS 
POR MEIO DE JESUS

As teorias educacionais costumam valorizar aspectos distintos quando se fala na pedagogia para tratar com os filhos e em todas as relações familiares.  Pois a liturgia deste domingo nos apresenta dois textos muito precisos com referências claríssimas indicando um diálogo responsável que retrata paternidade, autoridade, filiação e responsabilidade. Ao mesmo tempo as leituras servem para tirar lições sobre a persistência na oração e como não transformar nossa oração numa repetição mecânica de fórmulas e palavras que não são mais do que verbalizações pouco comprometedoras e algumas vezes beirando a magia.
Na primeira leitura Abraão está face a face com Deus, entrega-se no absoluto amor do Pai e faz todas as justificativas para testar até onde a bondade do criador se estende. As intervenções de Abraão para pedir misericórdia são valorosas e cheias de comprometimento com a causa daqueles que quer salvar: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? Se houvesse cinquenta justos na cidade, acaso iríeis exterminá-los? Não pouparias o lugar por causa dos cinquenta justos que ali vivem? Longe de ti agir assim, fazendo morrer o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio. Longe de ti! O juiz de toda a terra não faria justiça” e assim continua até o limite: “Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor... Não se irrite o meu Senhor, se ainda falo... 'Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver vinte justos?”
O Evangelho narra uma das ocasiões em que Jesus se retira para rezar o que comove os discípulos não são as palavras, mas o testemunho e por causa da atitude do Mestre os seguidores lhe pedem umas aulas de oração e são prontamente atendidos: “Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: 'Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos. Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação”.
E Jesus conclui seu ensinamento com duas simples, mas profundas comparações: O amigo que vai pedir um socorro no meio da noite e uma situação familiar na qual pais e filhos são comparados com o Pai de todos.
São Paulo na segunda leitura sugere que toda a nossa vida seja referenciada a Cristo o único e melhor modelo de proximidade com o Pai: “Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos”.
O Papa Francisco em suas catequeses falou sobre oração dizendo: “A oração não é uma varinha mágica. A oração ajuda a conservar a fé em Deus e a nos entregar a Ele mesmo quando não compreendemos a sua vontade. Nisto, Jesus, que rezava tanto, é um exemplo para nós”
Certamente se tivermos em relação a Deus a compreensão que tiveram Jesus, Abraão, São Paulo e tantos outros ao longo da história melhor entenderemos que Deus continua vindo ao nosso encontro, sentando à nossa mesa e estabelecendo comunhão com as nossas necessidades. Este é um Deus com o qual podemos dialogar com amor e com respeito Ele está sempre aberto a ouvir nossos apelos e necessidades.


HOMILIA PARA O DIA 21 DE JULHO DE 2019


ACOLHEI-VOS UNS AOS OUTROS COMO CRISTO ACOLHEU VOCÊS
Quando a gente quer contar algum acontecimento com certa complexidade para ser compreendido normalmente se recorre a lendas, parábolas, contos, historietas e assim por diante. Este tipo de recurso também foi utilizado pelo autor sagrado em diversas ocasiões. Os capítulos 12 a 36 do livro do Gênesis são uma série de parábolas que faziam parte da cultura dos povos primitivos e foram aplicadas a Abraão. No texto de hoje o autor utiliza uma lenda em que três visitantes divinos são acolhidos por um migrante anônimo e como recompensa este último recebe a dádiva de ter um filho. Ora, Abraão e sua esposa Sara já em idade avançada ainda esperavam o cumprimento da promessa que Deus lhes havia feito em relação a numerosa descendência e neste caso as visitas já não se dão mais a pessoa anônima, mas o personagem Abraão se torna o Herói desta história.
As leituras deste domingo fazem um convite e um alerta pertinente para todos na atualidade no sentido de não descuidar de um valor fundamental para a qualidade das relações humanas e que consiste na prática da hospitalidade e do acolhimento. Naturalmente que a principal forma de acolhimento é a que se dá entre Deus e a humanidade e que Ele pôs em prática primeiro quando veio ao encontro da humanidade enviando seu Filho.
No caso, Abraão é apresentado como um modelo de acolhimento e cuidado com quem precisa de atenção e hospedagem. O gesto do Patriarca recebe como recompensa a efetivação da promessa que é o nascimento do filho e que será a sementeira da descendência numerosa que Deus lhe havia prometido: “Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e Sara, tua mulher, já terá um filho”.
O Evangelho retrata mais uma cena de acolhimento e hospitalidade, neste caso das irmãs Marta e Maria. O diálogo de Jesus com Marta é um indicativo para os cristãos da atualidade: Receber Deus em casa não é sinônimo de ativismo desenfreado, de muitas atividades e correrias incansáveis, mas implica também na capacidade de sentar e ouvir como Maria. Obvio que o ouvir consiste também em prontidão para sair. Acolher a Palavra é um caminho que não permite a passividade inerte de quem não se comove com as necessidades alheias: Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.
Paulo, falando aos Colossenses deixa bem claro o que significa aceitar a visita que Deus nos faz por meio do seu Cristo. A vida e as palavras de Jesus são uma referência fundamental para a construção de qualquer valor que implique respeito e atenção para com todos: “Irmãos: Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar na minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja. A ela eu sirvo, exercendo o cargo que Deus me confiou de vos transmitir a palavra de Deus em sua plenitude: o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado aos seus santos”.
Convenhamos que nós vivemos numa correria frenética para ganhar alguns minutos, porque ‘tempo é dinheiro’, mudamos de faixa no trânsito, passamos o sinal vermelho, comemos de pé ao lado da mesa, não temos tempo de brincar com os filhos. Sim, tudo isso é exigência da vida moderna, mas o que poderia ser feito para encontrar tempo de sentar aos pés de Jesus e acolhê-lo na pessoa dos irmãos necessitados.
Também em nossas comunidades algumas pessoas assumem muitos serviços se dão completamente nas pastorais e nos movimentos e sobram pouco ou nada de tempo para doar-se até mesmo para os próprios filhos e familiares. O desafio é encontrar um tempo para acolher e escutar Jesus perceber os novos desafios que Deus e o mundo nos apresentam. Por exemplo, como pensamos e agimos diante de tantos migrantes que chegam diariamente às nossas cidades e que precisam de atenção e de partilha de perceber que estamos preocupados com ele e com sua situação. É certo que o problema da migração não é uma responsabilidade de algumas pessoas, mas a solução pode passar pelo empenho de todos. Afinal de contas quem quer morar na casa de Deus tem como máxima o salmo deste domingo: “O que não faz mal ao seu próximo, nem ultraja o seu semelhante, o que tem por desprezível o ímpio, mas estima os que temem o Senhor”.





quarta-feira, 3 de julho de 2019

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JULHO DE 2019 - 14º COMUM - ANO C


ALEGREM-SE E EXULTEM NO AMOR

As redes sociais e a facilidade de acesso à informação com o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação transformaram todas as pessoas em “paparazzi”, ou seja, em repórter insistente a procura da primeira grande notícia para ser imediatamente disparada ao seu grupo de contatos sempre em primeira mão. Obvio que essa ânsia para ser o primeiro a transmitir alguma mensagem ou notícia nem sempre tem a ver com comprometimento e responsabilidade por alguma causa.
Exatamente o contrário é o que sugere a Palavra de Deus deste domingo, as três leituras indicam que todos são convidados e enviados a transmitir boas notícias, mas não se trata simplesmente de disparar mensagens para grupos de contato, o que está em jogo é um comprometimento com a causa a que se refere a notícia ou o fato que se quer divulgar e tornar no conhecido.
Seja o profeta do Antigo Testamento, São Paulo por meio de suas cartas ou os discípulos que receberam a missão diretamente da pessoa de Jesus todos tem por objetivo anunciar um Deus que ama e que não mede as consequências dos seu amor e que Paulo afirma: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo.
Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo”.
O Profeta do Antigo testamento vai em nome de Deus e sua missão é consolar e libertar as pessoas de todos os medos e anunciar que Deus é Pai e que ama com ternura materna apontando para todos a esperança de um mundo novo: “Alegrai-vos com Jerusalém e exultai com ela todos vós que a amais; tomai parte em seu júbilo, todos vós que choráveis por ela, para poderdes sugar e saciar-vos ao seio de sua consolação, e aleitar-vos e deliciar-vos aos úberes de sua glória. Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como uma mãe que acaricia o filho, assim eu vos consolarei; e sereis consolados em Jerusalém”.
Aos Gálatas Paulo declara que o anuncio da boa nova de Jesus e o testemunho que alguém dá da sua doutrina não pode ser movido pelo orgulho ou por qualquer interesse pessoal, antes deve testemunhar com a própria vida o amor radical que faz nascer uma nova pessoa: “Pois nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor; o que conta é a criação nova”.
E Jesus envia os doze com uma missão clara e bem específica: “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa, Curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: O Reino de Deus está próximo de vós”. Em resumo a tarefa dos discípulos não é outra coisa senão continuar a obra libertadora que Jesus começou propondo a todos a Boa nova do Reino. E isso não pode ser uma coisa para se realizar a ‘passos de tartaruga’, pelo contrário, não percam tempo e façam com simplicidade e amor.
Se tem uma resposta que nós cristãos são desafiados a dar a partir da Palavra de Deus deste domingo consiste em compreender que “somos convidados a tomar consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino”.
É bom que nos perguntemos: Na prática como anunciamos Jesus e seu reino? A doutrina e a boa notícia d’Ele já chegaram ao nosso local de trabalho, à nossa escola, à nossa paróquia. Conseguimos dormir tranquilo quando o egoísmo e a injustiça continuam correndo solto nos arraias da vida impedindo que a semente do Reino aconteça?