sexta-feira, 23 de agosto de 2019

HOMILIA PARA O DIA 25 DE AGOSTO DE 2019 - 21º DO TEMPO COMUM - DIA DO CATEQUISTA


NA MESA DO REINO TODOS TEM LUGAR
Nesta semana estamos celebrando pelo Brasil afora a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência intelectual e múltipla.   Esta data tem uma relação muito próxima com a Campanha da Fraternidade deste ano que tratava das políticas públicas  como um direito a ser construído por todos e para todos. O tema desta semana coloca a família como a primeira e principal responsável pela inclusão das pessoas portadoras de alguma deficiência: Família e pessoa com deficiência, protagonistas na implementação das políticas públicas.” O que tem de mais importante na comemoração desta semana consiste em fazer a sociedade perceber que na sociedade todos tem direito e merecem respeito e tratamento igualitário. Ora, a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo trata exatamente do direito e da possibilidade ampla e para todos de participar do Reino de Deus.  A pessoa com deficiência tem direito de ser tratada de acordo com a sua  necessidade, mas isso não significa que esteja dispensada de cumprir ou respeitar as normas e leis a que todos estão sujeitos na sociedade. Assim também para o Reino de Deus, todos tem direito e na mesa do Pai ninguém ficará excluído, basta renunciar  o orgulho, o egoísmo, a prepotência  e ser capaz de amar e entregar a sua vida como um serviço e como entrega.
Na primeira leitura o profeta começa afirmando: Assim diz o Senhor: Eu que conheço suas obras e seus pensamentos, virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória... Esses enviados anunciarão às nações minha glória, e reconduzirão, de toda parte, até meu santo monte em Jerusalém.”  Esta afirmação deixa claro que a “comunidade de Deus” é universal e nela todos tem espaço, todos são acolhidos sem nenhuma discriminação.
A segunda leitura é uma palavra de estímulo falando das dificuldades próprias de cada tempo e situação: Já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos... Portanto, firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; acertai os passos dos vossos pés', para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado”. A compreensão da carta aos Hebreus é uma forma de estimular os cristãos a enfrentar com coragem os sofrimentos e provações e ao mesmo tempo apresenta como Deus  educa, corrige e mostra o sentido das escolhas que se faz no caminho para o Reino.
O ensinamento sobre a porta estreita é uma maneira pedagógica de Jesus para mostrar que não há “bilhetes reservados” para alguns, pelo contrário que a mesa do Pai é para todos basta fazer a escolha certa e aceitar seguir Jesus e seu ensinamento doando-se no amor total aos irmãos: Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: 'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?' Jesus respondeu: 'Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita”, Uma vez que a pessoa fizer a escolha e abraçar com determinação e coragem o estilo de vida sugerido pelo Mestre a mesa está posta para todos: Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.
Entrar pela “porta estreita” segundo a palavra de Jesus implica cultivar os valores da amizade, do serviço, do amor aos outros, da entrega da vida. Ao contrário da proposta do Evangelho, na sociedade contemporânea faz parte das perspectivas de um grande número de pessoas “as portas largas” da felicidade imediata, da fama, da exposição social, do dinheiro no bolso, da manipulação das consciências. Tem-se a impressão que estas coisas definem o êxito de uma pessoa ou sociedade.
Quanto a nós: Qual tem sido em nosso dia a escolha que fazemos? Estamos convencidos que o acesso a Mesa do Reino nunca é uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece a cada dia? (Sempre tem mais um lugar na mesa...)





sexta-feira, 9 de agosto de 2019

HOMILIA PARA O DIA 18 DE AGOSTO DE 2019 - ASSUNÇÃO DE MARIA


A MINHA ALMA ENGRANDECE O SENHOR...
Não é raro ouvir relatos de pais e mães que fazem todos os esforços possíveis para provar seu amor aos filhos e sua fé naquele que é autor da vida de todos. Recentemente foi matéria jornalística um pai que fez promessa de caminhar 17 km cada ano carregando uma mochila com o peso da sua filha. O pai justifica sua promessa com as seguintes palavras: “Levar o peso dói, mas quando chego lá, sinto gratidão por ela ter um desenvolvimento muito bom, é muito inteligente. Na creche as professoras falam. É muito emocionante. Vou fazer por ela pelo resto da minha vida. O que eu passo por ela e vou passar não tem explicação. É de pai mesmo. Pretendo passar para ela essa devoção, para que possa passar para os filhos e nunca deixar morrer esse laço de fé”.
Esse fato não é outra coisa senão a atualização do que as leituras da Palavra de Deus nos narram neste domingo que a Igreja celebra a Assunção de Maria ao céu. Nenhum laço é mais forte e extraordinário que os laços de família. Por causa disso as pessoas são capazes de qualquer atitude e gesto de coragem e determinação. Ora, é isso que fundamenta a fé da Igreja na Assunção de Maria. Não pode haver dúvidas que Jesus ressuscitado tenha acolhido em primeira mão na glória do céu a sua mãe. Não pode haver dúvida que ele tenha estendido sua mão para coroar sua mãe com as dozes estrelas que significam a rainha de toda a humanidade.
O texto do apocalipse narra a figura de uma mulher num dos seus momentos mais delicados e sofridos da existência. Cumprido o tempo da gestação está diante da beleza da vida e de todas as ameaças de morte. Destemida “Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com ceptro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido”. Na figura desta mulher a Igreja, desde muito cedo, interpretou a pessoa de Maria e junto com ela a humanidade inteira com suas dores e angústias sendo salva pela misericórdia do criador.
São Paulo fala da ressurreição de Jesus, não faz nenhuma referência à pessoa de Maria, mas afirmando que: “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo”. Está mais do que claro que a primeira pessoa a pertencer a Cristo e a sua glória terá sido a sua mãe. Por isso proclamamos nossa fé na Assunção de Maria ao lado do seu Filho Jesus.
Ouvindo o Evangelho da visitação com o cântico de Maria entendemos muito melhor o que significa rezar com Maria e como Ela reza por nós: “Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: "Eis o teu Filho!" Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus”.
Com ela também “Aprendemos junto de Maria os caminhos da oração. Na escola daquela que guardava e meditava no seu coração". Celebramos a Assunção de Maria colocando nossos passos nos passos de Maria para dizer com ela na confiança: “que tudo seja feito segundo a tua Palavra do Senhor”.  

HOMILIA PARA O DIA 11 DE AGOSTO DE 2019


O SENHOR OLHA COM MISERICÓRDIA ÀQUELES QUE O RESPEITAM
O estudante de uma escola de Itajaí, que aos 13 anos conquistou o primeiro lugar num desafio nacional de Programação e Robótica, chama a atenção de todos pela sua inteligência e domínio no uso das tecnologias. Porém, parece muito mais sugestivo compreender a motivação que levou o garoto a desenvolver “bengalas com sensor para cegos.”  O menino teve a inspiração na necessidade de outra criança, sobre quem  declara: “Ela tem 12 anos e não consegue enxergar nada, aí eu fiz esse projeto para tentar ajuda-la como exemplo em ajudar o próximo” e contínua: “Eu gostaria de fazer ela voltar a enxergar, que eu vejo que um deficiente visual só imagina, a mãe, o pai e as outras pessoas, só que eu sei isso não dá”. Ninguém dúvida que o exemplo deste aluno tem tudo a ver com a mensagem das leituras deste final de semana.
A Palavra de Deus que se ouve na liturgia deste domingo é um convite ao serviço: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, levando a vida cômoda. Pelo contrário está sempre atento e disponível para acolher o Senhor escutando seus apelos nas necessidades das outras pessoas. O texto da Sabedoria recorda como o povo de Israel percebeu o dia da vitória de Deus dando atenção aquilo que garante a vida e a felicidade, ao contrário de outros povos  foram capazes de discernir entre o que dura apenas algum tempo e os valores perenes. Como se lê na primeira leitura de hoje: “A noite da libertação foi esperada por teu povo, como salvação para os justos, os piedosos filhos dos bons fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais”.
A carta aos Hebreus mostra uma relação de pessoas que servem de testemunho para todos por que foram capazes de fazer sintonia entre a fé e a vida: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir. Foi pela fé que ele residiu na terra prometida. Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos. Foi pela fé que de um só homem nasceu a multidão 'comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar”.
O Evangelho relata a atitude de Deus na relação com o seu povo: “Não tenham medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar- lhes o Reino”. Ao mesmo tempo recomenda algumas atitudes que sejam correspondentes ao cuidado recebido do Pai: “Vendam seus bens e deem esmola. Façam bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração”.
O discípulo que respeita o seu Senhor não espera que as coisas aconteçam sem que tenha sua participação decidida e firme na solução dos problemas e dificuldades que aparecem cotidianamente: “Fiquem preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar. Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu lhes digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens”.
Ser cristão não é uma condição para viver de acordo com as conveniências, pelo contrário é um compromisso a tempo pleno que precisa ser manifestado em todas as atitudes e em todos os pensamentos. Desta certeza merece ser recordada a atitude do garoto que usou suas habilidades para diminuir o sofrimento de outra pessoa.
Podemos nos perguntar com seriedade: Nossas ações diárias mostram nossa fisionomia de cristãos comprometidos com a causa que acreditamos? Estamos abertos para acolher os apelos que Deus nos faz nas necessidades dos irmãos. Escutamos os sinais do mundo por meio dos quais Deus nos apresenta suas propostas.
No contexto do mês vocacional entendemos que o Batismo nos faz missionários e enviados também como pais dentro das nossas casas e comunidades. Já nos demos conta da dupla verdade de ser pai. Percebemos que existe um pai fora e um pai dentro de cada um de nós?
Na condição de pais todos recebemos um serviço e uma autoridade. Exercemos essa tarefa com humildade e simplicidade. Estamos atentos às necessidades, sobretudo dos pobres, pequenos e mais vulneráveis, ou nos instalamos no egoísmo e no comodismo e deixamos que as coisas se arrastem, sem entusiasmo, sem vida e sem esperança.
Que a oração de todos, a Palavra e a Eucaristia sirvam de remédio para nossas debilidades e de força para nossas fraquezas.