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terça-feira, 8 de julho de 2025

HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2025 - DIA DO PADRE - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

A Sabedoria e a Vocação do Padre 

no Dia do Padre

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje celebramos não apenas o Dia do Padre, mas também a vocação e a missão que nos unem em Cristo. As passagens que ouvimos, do Livro de Eclesiastes e do Evangelho de Lucas, nos desafiam a refletir sobre a verdadeira essência da vida, especialmente à luz do chamado de cada um de nós, e, em particular, dos padres que dedicam suas vidas ao serviço da Igreja.

No Livro de Eclesiastes, ouvimos a familiar expressão: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” Esta declaração do autor sagrado ressoa em nossos corações ao considerarmos as preocupações da vida cotidiana e as armadilhas da busca incessante por bens materiais e prazeres efêmeros. Nos capítulos que lemos, o autor nos alerta para a futilidade de se acumular riquezas que não trazem satisfação duradoura e que, muitas vezes, se tornam fardos pesados em nossas vidas.

Por outro lado, no Evangelho de Lucas, nos é apresentada: a história do homem rico que, em sua busca por acumular bens, esquece-se do essencial. Jesus nos convida a refletir sobre o que significa viver de maneira sábia e significativa. O homem é repreendido por Deus, que lhe diz: "Nesta noite Deus pedirá contas da sua vida; e o que tens preparado, para quem será?" Essa pergunta nos provoca a pensar sobre o que estamos realmente fazendo com o tempo e os talentos que nos foram confiados.

Neste contexto, ao celebrarmos o Dia do Padre, somos convidados a valorizar a missão daqueles que, como São João Maria Vianney, se dedicam a guiar o povo de Deus. Ele, conhecido como o Santo Cura d’Ars, dedicou sua vida à orientação espiritual, ao perdão e à reconciliação. Sua sabedoria e compaixão nos lembram que o verdadeiro sucesso não está em acumular bens, mas em entregar-se ao serviço do próximo, de modo que possamos levar a esperança e a luz do Evangelho a todos.

Através da abertura do projeto "Padres para a Igreja em Santa Catarina", vemos um movimento inspirador que visa fortalecer a comunidade de fé, sugerindo vocações aos ministério ordenado e proporcionando aos padres novos caminhos para o ministério. Isso nos lembra que o serviço pastoral não é apenas uma função, mas uma vocação que se empenha em cuidar das almas, em promover a justiça e a paz, e em trazer conforto aos aflitos.

Neste Dia do Padre, é fundamental que nos unamos em oração por nossos padres, para que cada um deles possa viver a plenitude de sua vocação. Que possam se inspirar na vida de São João Maria Vianney e encontrar a força necessária para enfrentar os desafios do ministério, sempre lembrando que suas vidas são um instrumento de amor e de graça para a comunidade.

Que possamos, todos nós, refletir sobre o que realmente valorizamos em nossas vidas. Que ao invés de sermos como o homem rico que acumulou riquezas, possamos ser generosos em nosso amor e servir ao próximo com humildade e compaixão.

Em um momento como este, renovemos nosso compromisso de apoiar nossos padres em sua jornada e, ao mesmo tempo, que possamos discernir como ser verdadeiros discípulos de Cristo em nossas próprias vidas.

Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JULHO DE 2025 - 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

A Oração e o Perdão no Ano Santo da Redenção

Queridos irmãos e irmãs,

A liturgia da Palavra deste domingo nos põe como ponto de partida o texto do livro do Gênesis, onde Abraão intercede por Sodoma e Gomorra, e o Evangelho de Lucas, que nos ensina sobre a oração e o amor do pai que concede o que pedimos. Ambas as leituras nos conduzem a uma reflexão sobre o perdão, especialmente em um tempo tão especial como o Ano Santo da Redenção.

Na passagem de Gênesis (18,20-32), vemos Abraão ousando dialogar com Deus. Ele intercede pela cidade de Sodoma, onde a maldade havia se espalhado. Com um coração cheio de compaixão, ele pergunta: “E se houver cinquenta justos na cidade? Você ainda destruirá e não poupará o lugar por causa dos cinquenta justos?” Abraão não só se preocupa com os justos, mas também mostra a sua capacidade de interceder por aqueles que estão em pecado. Esse exercício de diálogo íntimo com Deus nos ensina sobre a importância da oração, especialmente quando se trata de pedir perdão e clemência.

Já no Evangelho de Lucas (11,1-13), Jesus nos ensina o Pai Nosso. Ele nos mostra que Deus é um Pai amoroso que nunca nos negará o que pedimos, assim como um pai terreno dá ao filho o que é bom. A relação entre o ser humano e Deus é fortalecida pela confiança e pela compreensão de que o perdão é um ato de amor. Quando pedimos perdão, reconhecemos nossas fraquezas e, ao mesmo tempo, nos abrimos à graça divina.

Neste Ano Santo da Redenção, somos convidados a aprofundar nossa vivência do perdão. O caminho da redenção é um percurso onde a oração se torna fundamental. Na intercessão de Abraão, vemos a importância de estar atento ao sofrimento do outro. Assim como Abraão não se cansa de perguntar, também somos chamados a não desistir de pedir perdão e de oferecer perdão, pedir a Deus e também oferecer o perdão uns aos outros.

Em um mundo marcado pelas divisões e mágoas, a celebração deste Ano Santo nos recorda que a verdadeira redenção começa em nosso coração. O convite é para que olhemos para aqueles que nos feriram e façamos um esforço consciente para perdoar. O perdão é libertador; ele nos ajuda a romper as correntes do rancor e a abrir espaço para a paz e a reconciliação.

Queridos irmãos e irmãs, neste dia, somos convidados a ser fiéis na oração, como Abraão, e a confiar na bondade do nosso Pai celestial, que nos oferece o perdão. Que possamos, com corações humildes, buscar a misericórdia de Deus e nos tornar instrumentos de perdão em nossa comunidade.

Ao vivenciarmos este Ano Santo da Redenção, que nossas orações sejam sempre acompanhadas de ações concretas de amor e perdão. Que possamos sair daqui renovados em nosso compromisso com Deus, uns com os outros e com a proposta de um mundo mais justo e cheio de amor.

Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JULHO DE 2025 - IGREJA EM SINODALIDADE E PEREGRINA DE ESPERANÇA

 

IGREJA EM SINODALIDADE E PEREGRINOS DE ESPERANÇA

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, somos chamados a refletir sobre dois textos que, à primeira vista, podem parecer distintos, mas que em sua essência se entrelaçam de maneira profunda: a Carta de São Paulo aos Colossenses e o Evangelho de Lucas.

Na primeira leitura, Paulo nos fala da sua alegria em sofrer por Cristo. Ele diz: "Completo na minha carne o que falta às aflições de Cristo por seu corpo, que é a Igreja" (Col 1,24). O texto ajuda a entender que nossas lutas não são em vão; elas se tornam parte de uma missão maior. Quando participamos ativamente da vida da Igreja, ao lado de nossos irmãos e irmãs, estamos não apenas compartilhando nossas alegrias, mas também nossos sofrimentos. Esse é um verdadeiro sinal de sinodalidade: estarmos juntos, em comunhão, como peregrinos em busca de esperança.

O apóstolo enfatiza que sua missão é anunciar a Palavra de Deus, o mistério que foi revelado: Cristo em nós, a esperança da glória (Col 1,27). Essa esperança é o que nos move, é o que nos une como Igreja. Somos chamados a não apenas receber essa mensagem, mas a compartilhá-la, tornando-nos agentes de transformação em nosso mundo.

Por outro lado, no Evangelho, encontramos a passagem de Marta e Maria. Enquanto Marta se preocupa com os afazeres da casa, Maria se coloca aos pés de Jesus, ouvindo suas palavras. Jesus diz a Marta que "Maria escolheu a melhor parte" (Lc 10,42). Essa cena nos convida a refletir sobre as prioridades em nossas vidas e em nossa caminhada sinodal.

Marta representa muitas vezes a nossa vida cotidiana, cheia de responsabilidades e obrigações, que, se não forem cuidadas, podem nos distanciar do que realmente importa: a presença de Cristo entre nós. Maria, ao contrário, nos mostra que ouvir a Palavra de Deus e estar em comunhão com Ele deve ser nossa prioridade. Assim, em um processo sinodal, somos convidados a equilibrar o fazer e o ser, a ação e a contemplação.

Ao unirmos esses dois textos, percebemos que a sinodalidade nos pede, primeiro, um coração aberto ao sofrimento dos irmãos, como Paulo nos exorta, e, segundo, um espaço em nossa vida para a escuta da Palavra de Deus, como Maria fez. Em uma Igreja que caminha junta, somos convidados a olhar para as necessidades do outro, ao mesmo tempo em que buscamos estar em sintonia com a voz de Deus.

Nesse contexto, ser "peregrinos de esperança" significa que, ao olharmos para as dificuldades e desafios que enfrentamos, sabemos que não estamos sozinhos. Caminhamos juntos, apoiando-nos uns aos outros, e carregamos dentro de nós a certeza de que Cristo está conosco, oferecendo-nos força e encorajamento.

Queridos irmãos e irmãs, ao nos reunirmos como Igreja, devemos nos perguntar: como podemos, em conjunto, tornar-nos verdadeiros testemunhos da esperança que é Cristo? Como podemos equilibrar o nosso servir e o nosso acolher a palavra divina? Que possamos ser peregrinos que, ao mesmo tempo em que enfrentam desafios, levam em seu coração a esperança viva que é oferecida a todos.

Que Nossa Senhora, modelo de escuta e serviço, nos guie nesta jornada. E que, juntos, possamos caminhar em sinodalidade, sempre iluminados pela luz de Cristo, transformando o mundo com o amor que brota de nossa vivência comunitária.