IGREJA EM
SINODALIDADE E PEREGRINOS DE ESPERANÇA
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, somos chamados a refletir sobre dois textos que, à
primeira vista, podem parecer distintos, mas que em sua essência se entrelaçam
de maneira profunda: a Carta de São Paulo aos Colossenses e o Evangelho de
Lucas.
Na primeira leitura, Paulo nos fala da sua alegria em sofrer por
Cristo. Ele diz: "Completo na minha carne o que falta às aflições de
Cristo por seu corpo, que é a Igreja" (Col 1,24). O texto ajuda a entender
que nossas lutas não são em vão; elas se tornam parte de uma missão maior. Quando
participamos ativamente da vida da Igreja, ao lado de nossos irmãos e irmãs,
estamos não apenas compartilhando nossas alegrias, mas também nossos
sofrimentos. Esse é um verdadeiro sinal de sinodalidade: estarmos juntos, em
comunhão, como peregrinos em busca de esperança.
O apóstolo enfatiza que sua missão é anunciar a Palavra de Deus,
o mistério que foi revelado: Cristo em nós, a esperança da glória (Col 1,27).
Essa esperança é o que nos move, é o que nos une como Igreja. Somos chamados a
não apenas receber essa mensagem, mas a compartilhá-la, tornando-nos agentes de
transformação em nosso mundo.
Por outro lado, no Evangelho, encontramos a passagem de Marta e
Maria. Enquanto Marta se preocupa com os afazeres da casa, Maria se coloca aos
pés de Jesus, ouvindo suas palavras. Jesus diz a Marta que "Maria escolheu
a melhor parte" (Lc 10,42). Essa cena nos convida a refletir sobre as
prioridades em nossas vidas e em nossa caminhada sinodal.
Marta representa muitas vezes a nossa vida cotidiana, cheia de
responsabilidades e obrigações, que, se não forem cuidadas, podem nos
distanciar do que realmente importa: a presença de Cristo entre nós. Maria, ao
contrário, nos mostra que ouvir a Palavra de Deus e estar em comunhão com Ele
deve ser nossa prioridade. Assim, em um processo sinodal, somos convidados a
equilibrar o fazer e o ser, a ação e a contemplação.
Ao unirmos esses dois textos, percebemos que a sinodalidade nos
pede, primeiro, um coração aberto ao sofrimento dos irmãos, como Paulo nos exorta,
e, segundo, um espaço em nossa vida para a escuta da Palavra de Deus, como
Maria fez. Em uma Igreja que caminha junta, somos convidados a olhar para as
necessidades do outro, ao mesmo tempo em que buscamos estar em sintonia com a
voz de Deus.
Nesse contexto, ser "peregrinos de esperança"
significa que, ao olharmos para as dificuldades e desafios que enfrentamos,
sabemos que não estamos sozinhos. Caminhamos juntos, apoiando-nos uns aos
outros, e carregamos dentro de nós a certeza de que Cristo está conosco,
oferecendo-nos força e encorajamento.
Queridos irmãos e irmãs, ao nos reunirmos como Igreja, devemos
nos perguntar: como podemos, em conjunto, tornar-nos verdadeiros testemunhos da
esperança que é Cristo? Como podemos equilibrar o nosso servir e o nosso
acolher a palavra divina? Que possamos ser peregrinos que, ao mesmo tempo em
que enfrentam desafios, levam em seu coração a esperança viva que é oferecida a
todos.
Que Nossa Senhora, modelo de escuta e serviço, nos guie nesta
jornada. E que, juntos, possamos caminhar em sinodalidade, sempre iluminados
pela luz de Cristo, transformando o mundo com o amor que brota de nossa
vivência comunitária.
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