REZANDO COM A PALAVRA DE DEUS



30° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Êxodo 22, 20-26; Salmo 17(18) 2-3ª. 3bc-4. 47 e 51ab(R/.2);
 1Tessalonicenses 1, 5c-10; Mateus 22,34-40.

Dentre os temas que ocupam grande parte dos debates sociológicos da atualidade estão as chamadas “políticas de igualdade”.  Trata-se de acolher e respeitar as diferenças de gênero, de raça, de cor, de religião, de opção sexual, de relacionamentos, e assim por diante. As chamadas políticas de inclusão social querem ajudar a perceber que a dignidade humana está acima de toda e qualquer diferença ou igualdade que se queira estabelecer. A preocupação que parece ser muito atual já foi tratada na sagrada escritura desde o princípio da organização do povo de Deus.
Neste domingo as leituras que são proclamadas nas celebrações católicas apontam exatamente para esta situação. O livro do Êxodo faz uma recomendação de atualidade impressionante: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes  estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim e eu ouvirei o seu clamor”. O convite parece ter sido escrito no contexto do que se chama aceitação e acolhida das diversidades e das diferenças. Deus ouve o clamor de todos e ninguém pode se dar o direito de macular a dignidade alheia.
São Paulo, escrevendo aos cristãos da comunidade tessalônica  elogia o comportamento de todos pelo fato de se acolherem mutuamente e nesta acolhida demonstrarem sua abertura a Deus, a seu projeto e ao seu Filho Jesus: Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes”. A alegria manifestada pelo apóstolo reside no fato da comunidade praticar a acolhida que se traduz num instrumento para que a palavra de Deus seja divulgada para todos em todos os lugares.
E no Evangelho Jesus desmonta o conceito perfeccionista dos fariseus que se imaginavam melhores e mais dignos do que os outros. Amar a Deus, diz Jesus, é acima de tudo amar as pessoas que são suas criaturas. Em resumo, é praticamente impossível dizer que se ama a Deus, sendo sectário e praticando algum tipo de discriminação e falta de acolhimento do diferente.
Os cristãos se reúnem neste domingo e convencidos da presença de Deus no seu meio rezam pedindo a graça de reconhecerem Deus presente em todas as pessoas. Um dos sinais mais evidentes se dá pela escuta da Palavra, pela oração comunitária e pela Eucaristia partilhada. Ao mesmo tempo em que rezam assumem  o compromisso missionário de melhorar sempre mais as relações e acolhida de todos de modo que a Palavra de Deus seja anunciada e o seu reino construído aqui e agora.

29° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Isaias 45,1.4-6; Salmo 95,1.2a.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7ab);
 1Tessalonicenses 1,1-5b;  Mateus 22,15-21.

É bastante comum que os meios de comunicação sejam utilizados de forma indevida e muitas vezes passando informações nem sempre confiáveis e adequadas. Nos nossos dias é muito frequente que até a liturgia da Igreja seja utilizada para a promoção pessoal e muitas vezes usada para divulgar e promover um modelo de relacionamento com Deus baseado na troca  de favores e no comércio interesseiro. Não é raro, pessoas em nome da Igreja Católica e de outras Igrejas Cristãs servirem-se dos meios de comunicação deformando a mensagem central da boa noticia de Deus.
É também claro que a relação com Deus estabelecida pelas comunidades cristãs tem como finalidade mais importante o reconhecimento de quem é Deus e de tudo o que ele fez e faz por suas criaturas. Ou seja, celebrar, cantar as maravilhas de Deus, reunir-se em oração não tem por finalidade fazer negócios com aquele que nos deu a possibilidade de viver. Muito pelo contrário, a reunião de oração que as comunidades realizam a cada domingo visa “devolver a Deus o que é Deus”.
Neste domingo, ouvindo a profecia de Isaias se pode ver uma sábia atitude do Rei da Pérsia, ele, sendo o chefe da nação de Israel, toma a medida de libertar o povo do jugo da escravidão e do exílio. Isso significa “devolver a Deus o povo que lhe pertence” a “nação santa, a raça escolhida”.
São Paulo, escrevendo à comunidade dos tessalonicenses se alegra com as noticias que lhe foram trazidas e elogia o comportamento de todos por lá pela coerência com que vivem a fé e afirma: Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações.
Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos  amados por Deus, que sois do número dos escolhidos”.
E Jesus diante da provocação feita pelos mestres dos fariseus, não aprova a dominação que o Imperador de Roma exerce sobre o povo, mas igualmente se mostra um cumpridor da lei com a qual os Fariseus  estavam comprometidos. Vendo a moeda com a imagem e a inscrição do Imperador Jesus faz os seus interlocutores perceber que, do mesmo modo, em que o imperador impôs seu domínio sobre os povos mediante impostos, leis e moedas, Deus se faz presente garantindo a vida de todas as criaturas.
Sabiamente Jesus convida a eles e a todos ao reconhecimento da condição de cada um. A Deus ninguém precisa pagar nada, tudo é dele e ele dá livremente a única coisa que se espera dos seus é a coerência de vida.
Reunidos na celebração, os cristãos são convidados a rezar uns pelos outros a fim de que todos saibam “devolver a Deus o que a ele pertence”, por isso mesmo se reza no salmo: “Ó família das nações, dai ao Senhor, ó nações, dai ao Senhor poder e glória, dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!”.


28° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Isaias, 25, 6-10ª. Salmo 22(23) 1-3ª. 3b-4.5.6; Filipenses 4,12-14.19-20; Mateus 22,1 -14

Nos últimos tempos o mundo está muito mais exigente do que outrora. Todos tem um sem número de responsabilidades e atividades e que bastante vezes não sabem o que fazer primeiro. Trata-se constantemente de fazer escolhas e decidir qual a melhor e mais importante tarefa deve ser executada e como deve ser realizada.
Esta é a mensagem das leituras da celebração neste domingo. Mais ou menos como se estivessem perguntando a cada pessoa: Como está sua relação com o noivo e com a família dele para merecer o convite para o casamento do filho.
Assim o profeta Isaias anuncia uma grande festa, que é oferecida por Deus e que Ele mesmo prepara e serve. A razão pra que Deus tenha essa atitude é muito simples: Deus quer celebrar o fim de todo sofrimento, de toda tristeza e de toda lágrima. A festa tem a finalidade de mostrar que um novo tempo vai acontecer.
São Paulo, já no fim da sua vida, escreve para a comunidade de Filipenses, uma das que ele mesmo havia colaborado na fundação, e diz: aprendi a viver das mais diversas maneiras, sei viver na fartura, sei viver na pobreza, uma só coisa é importante: ter certeza que Deus está comigo e com a presença dele tudo é possível: “tudo posso naquele que me fortalece”.
A história do casamento, contada por Jesus, tem a finalidade de ensinar a todos como é importante fazer a escolha certa no momento certo. Jesus chama a atenção dos líderes do povo de outrora que não tinham aprendido fazer discernimento dos tempos e dos lugares em que deviam exercer a sua liderança. Pelo contrário, no uso das responsabilidades acabavam por oprimir e dominar de modo injusto.
Então, diz Jesus, suas cidades serão destruídas, ou seja, todos aqueles que não agem corretamente construirão o seu próprio fim. Em outras palavras, quem não aceita o convite para o banquete, e se ocupa de outras coisas perderá seu lugar na festa que Deus mesmo está preparando.
As lições da Palavra de Deus servem para cada pessoa e para as comunidades cristãs da atualidade. Deus continua oferecendo o banquete da vida, o convite é dirigido a todos, basta apenas que cada um seja capaz de vestir a roupa de acordo com a festa que vai participar.  Roupa, que neste caso, não é exatamente o traje, mas o comportamento.
Reunida em assembleia celebrante cada pessoa é convidada a entrar na sala do banquete e depositar, como se reza no salmo, toda a confiança em Deus que não deixa nenhum daqueles que lhe são queridos fora do socorro e da atenção merecida. Por isso mesmo o salmista reza: “Ele me guia por caminho mais seguro, mesmo que eu passe por um vale tenebroso”.


27° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Isaias 5, 1 -7; Salmo 79(80), 9-10, 13-14, 15-16,19-20;
Filipenses  4,6-9; Mateus, 21, 33-43.

A produção agrícola continua sendo, no Brasil, um dos segmentos mais importantes da economia nacional. Falando com um produtor rural, de qualquer parte deste imenso país, uma das suas primeiras reclamações está voltada para a questão da produção. Os investimentos que se faz cada plantio, o cuidado na seleção de sementes, a atenção durante o período de crescimento e até a colheita são preocupações constantes e cansativas. Naturalmente que o plantador espera colher de acordo com o trabalho realizado. E quando isso não acontece lhe vem a frustração, o desgaste e até a vontade de desistir de tudo. Entretanto, entra ano e sai ano e lá está de novo o agricultor preparando o terreno e lançando a semente. A expectativa é sempre que os tempos melhorem e que a colheita seja farta e compensatória.
Pois é exatamente em referência à produção de frutos que fala a liturgia deste domingo. O profeta Isaias usa a imagem da Vinha para se referir ao povo eleito por Deus de quem ele esperava a produção de frutos de justiça e de bem querer. Tudo, Deus havia feito para que a resposta fosse adequada ao investimento realizado. Eis que seu trabalho parece não receber o reconhecimento adequado.
Paulo, no fim de sua vida, já na prisão pede à comunidade dos Filipenses que se preocupe  com poucas coisas e uma delas: Praticar tudo o  que foi  ensinado por Jesus Cristo, e assim afirma:  Deus estará com vocês e nada lhes causará medo e angústia.
Jesus, toma a profecia de Isaias e reconta em forma de parábola. Ao fazer isso põe em cheque o comportamento dos seus ouvintes. Estes bem sabem que o agricultor espera o fruto no tempo e na medida certa, mas não são capazes de perceber que o tempo havia chegado com Jesus e que a medida que lhes era pedida consistia em praticar a Palavra e Lei as quais muito bem conheciam. Diante disso Jesus lhes dá um ultimato, que vem na sequencia do texto proclamado no último domingo. Lá ele afirmou: “Os pecadores lhes precederão no reino dos céus” hoje Ele confirma: “A vinha será dada a outros trabalhadores que a faça produzirno tempo e  de modo adequado”.
Neste sentido as três leituras se aplicam às comunidades de hoje. A sociedade moderna, mais do que em outros tempos, recebe o melhor tratamento e o maior cuidado. As facilidades de comunicação, de locomoção, de produção e assim por diante, estão ao alcance de muita gente. Porque será que ainda se vê muitos irmãos na exclusão e no abandono? Diante da facilidade de informação e do volume de recursos que gira no mundo não se justifica a fome, a insegurança, e qualquer forma de violação da dignidade humana.
O que se pede na celebração das liturgias neste domingo  é que o Senhor perdoe a todos e que transforme as  pessoas e as comunidades no modelo do seu Filho Jesus Cristo.
Por isso mesmo é oportuna a oração do Salmo que se faz como resposta à primeira leitura: Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai.*Visitai a vossa vinha e protegei-a!  Foi a vossa mão direita que a plantou;* protegei-a, e ao rebento que firmastes!
Reunidos em assembleia celebrante é bom rezar a fim de que as comunidades cristãs sejam como vinhas bem cuidadas e produzam os frutos adequados de quem vive nesta condição. Naturalmente se reza também por aqueles que dirigem as igrejas e as sociedades, a fim de que sejam vinhateiros corretos, sábios e responsáveis. 




26° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ezequiel 18, 25-28; Salmo 24(25), 4bc -5.6-7.8-9;
Filipenses 2, 1-11; Mateus 2,28-32.

                Estamos iniciando uma nova estação no ano. Em princípio nenhuma novidade, o passar do tempo e o movimento da terra nos conduzem naturalmente pelas estações e  fazem nosso organismo se habituar às mudanças climáticas que isso processa.  Entretanto, nestes dias, o Brasil vive momentos de tensão e expectativa em relação a este tema. Dentre os projetos que tramitam no senado está a aprovação no novo Código Florestal Brasileiro. É bem sabido  que em relação à preservação do planeta, não basta “falar” e “prometer” a exemplo do segundo Filho do Evangelho. Neste sentido, os bispos brasileiros também fazem uma recomendação e advertência: “O Código deve ser pensado para além de nossa geração, mas para as gerações futuras. Ele [o código] deve ser justo, ético e feito para nossos filhos e netos”. É certo para todos que o Brasil precisa de uma legislação adequada aos novos tempos no que se refere à questão ambiental. Mas, não pode deixar de levar em conta os pequenos agricultores,  as populações que tradicionalmente ocupam a terra e dela tiram o seu sustento. A lei precisa ser pensada e aplicada de modo diferenciado para as diferentes regiões do Brasil.
É neste sentido que pode ser aplicada a Palavra de Deus que proclamada neste domingo. Não é correto responsabilizar Deus e a sua obra pelos desastres ambientais que se repetem frequentemente, nem tampouco culpar aqueles que, sem culpa própria e cumprindo o que a lei previa em cada tempo ocuparam áreas que hoje parecem ser inadequadas para o cultivo ou para a habitação. Para Deus o que importa é estar arrependido e ter firme propósito de mudar a partir de agora. Na primeira leitura o profeta é firme nas Palavras: “Nunca é tarde para o arrependimento”.  Mas igualmente ninguém merece ser castigado pelo que fez sem ter conhecimento da gravidade do problema.
No salmo, se eleva a oração, que todos fazem nestes tempos. Reconhecem sim que a natureza foi agredida, que o clima mudou, que os tempos são outros. Reconhecem que já fizeram pecados. Mas igualmente estão dispostos a agir de modo diferente, mas, sobretudo, a pedir que aqueles que continuam derrubando grandes áreas de modo ilegal e impiedoso sejam responsabilizados de acordo com a compreensão do tempo presente.  A Igreja reunida neste domingo, pede como o salmista tendo muita confiança: Deus perdoa os erros, Ele é misericordioso e sua bondade é sem limites.
Na segunda leitura São Paulo, fala pra uma comunidade dividida e muito parecida com as comunidades atuais.  Lá estava presente a competição, o egoísmo e a inveja. Hoje igualmente por conta de leis, nem sempre éticas e justas, as pessoas vivem momentos de tensão e divisão Uma delas é a que estamos nos referindo. O novo Código Florestal Brasileiro não pode tratar do mesmo modo e com a mesma medida os pequenos agricultores e proprietários do sul do Brasil, que aqui vivem e plantam há muitos anos e os grandes fazendeiros das regiões Oeste, Centro Oeste e Norte do País.  São  Paulo pede a todos, independente da sua religião ou da sua condição social: “tenham os mesmos sentimentos de Jesus Cristo”, cada um não cuide  somente do que é seu, mas se responsabilize também pelo que servirá para as gerações futuras.
E finalmente na história do Evangelho: Não basta afirmar com palavras a concordância é preciso aceitar com o coração e então assim agir de modo coerente com a vontade e a necessidade de cada tempo e em cada situação. Obedecer ao Pai, no contexto da sociedade moderna, se constitui  numa resposta colocada em prática na medida do direito e da justiça.
A oração das comunidades reunidas neste domingo deve chegar ao Pai como um clamor por justiça e dignidade. Um clamor que seja capaz de tocar o coração de todos: “Quem pecou não peque mais” e que as leis sejam justas e adequadas para cada tempo e para cada situação. E que pela Eucaristia todos aprendam a viver em comunhão, solidariedade e responsabilidade.


25° DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Isaias 55,6-9; Salmo 144 (145), 2-3, 8-9,17-18;


Filipenses 1,20c – 24; Mateus 20,1-16.


Há poucos dias diversas cidades catarinenses e alguns milhares de pessoas viveram novamente o flagelo das enchentes. Tal situação angustia o coração do ser humano. Seja daqueles que sujeitos e vítimas das catástrofes ambientais, seja daqueles que partilham dos sofrimentos e buscas por alternativas adequadas que garantam a solução de descontinuidade para tais situações que se repetem com relativa frequência. Por outro lado é também verdade que isso revela uma negligência ou pouca importância com as pessoas e as cidades que precisam de alternativas urgentes a fim de que tal condição não volte a se repetir.

A Palavra de Deus que se lê neste domingo na celebrações litúrgicas aponta perspectivas convidando a todos se empenharem em vista de estabelecer diferentes condições de vida para todos.

A primeira certeza que se tem e desde sempre é que “O Senhor é justo em seus Caminhos e fiel em todas as suas obras. Ele está perto daquele que o invoca”. A oração do salmista colocada na boca da assembleia cristã, põe fim a uma das mais evidentes incompreensões humanas. Ou seja, existe o habito de ver os sofrimento, as tristezas , a dor e a própria morte, como se fossem enviadas por vontade de Deus. O salmista põe um ponto final neste limite de incompreensão em relação a quem é Deus e ao que ele faz. As palavras são extraordinárias: “Deus merece o louvor, por sua imensa misericórdia, paciência e compaixão, sua ternura abraça toda criatura”.

Esta certeza esta explícita na profecia de Isaias: “Deus, que é generoso no perdão” tem pensamentos muito diferentes dos pensamentos humanos. O profeta afirma: “Os pensamentos de Deus não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor”.

O que foi uma profecia se torna verdade na comparação do Evangelho. Equiparado ao dono da Vinha, Deus não está satisfeito enquanto todos não tem sua dignidade respeitada e garantida. No caso do evangelho a dignidade é trabalhar e receber uma diária, o que significa o suficiente para satisfazer as necessidades do trabalhador e daqueles que dele dependem. Deus continua se comportando, como o dono da Vinha. Sai diversas vezes à procura daqueles que ainda estão fora do convívio e da possibilidade de ter dignidade de vida.

Já São Paulo pede uma única coisa: “Viver a altura do Evangelho de Cristo”. Ou seja que cada seguidor de Jesus tem exatamente a mesma missão de Jesus: “Anunciar o reinado de Deus no meio do mundo”.

Ora, neste sentido a celebração da missa que se participa a cada domingo é um convite à solidariedade e a comunhão com todas as pessoas que sofrem e que precisam de ajuda para melhorar a sua situação e recuperar a sua dignidade.


24° DOMINGO DO TEMPO COMUM
LEITURAS: ECLESIÁSTICO 27,33-28,9;  SALMO 102,1-2.3-4.9-10.11-12 (R. 8);
 ROMANOS  14,7-9; MATEUS 18,21-35

Um dos grandes desafios da atualidade é o uso e consumo de substâncias tóxicas. Um sem número de famílias vive este pesadelo e encara de muitas maneiras. Dentre os gestos mais bonitos, em todas as situações difíceis e conflituosas nas famílias, o que mais se destaca é o sentimento de perdão e a disposição de começar a vida  de novo e de outro jeito depois que tragédias desta natureza se tornam conhecidas e assimiladas. Resumindo: a disposição para o perdão devolve a esperança e a possibilidade de uma vida nova e muito melhor em todos os lugares.
Por outro lado, onde falta o perdão e a misericórdia fica impossível compreender e aceitar a agressão e o desrespeito para com a vida e com as pessoas em todos os lugares. Compreender a grandiosidade escondida na atitude de perdoar é o que ensina a liturgia deste domingo.
O autor do livro do Eclesiástico fala para a Igreja hoje com  as seguintes palavras: O rancor e a raiva são coisas detestáveis, até o pecador procura dominá-las. Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados”.
A sabedoria das palavras reside no  alcance social do conselho, ou seja, existe uma sintonia muito fina entre crer em Deus e viver segundo aquilo que se acredita.
São Paulo lembra aos Romanos e com plena aplicação à condição das sociedades contemporâneas. Nada e ninguém é mais importante do que o outro diante de Deus e a vida de todos está nas mãos daquele que a criou: “Quer Vivamos, quer morramos é ao Senhor que pertencemos”.
A resposta de Jesus para a angustiante pergunta feita por Pedro ultrapassa todas as questões de quantidade e toda possibilidade de cálculo. “Quantas vezes devo perdoar ao meu irmão?” Alargando de modo infinito os números apresentados pelo discípulo Jesus  completa:  É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.
Obviamente que Deus não está fiscalizando o cotidiano de cada pessoa, mas a experiência tem mostrado que a falta de perdão generoso e gratuito leva sempre a buscar mais vingança e realimentar o ódio, a discórdia e a dor.
Vale lembrar hoje o tema que está em todas as manchetes jornalísticas desta semana. Há exatamente dez anos, um atentado suicida destruiu quatro mil vidas nos Estados Unidos. Em nome de Deus, a guerra continuou e mais seis mil vidas foram ceifadas nos campos de guerra e um sem número de atentados e mortes por todos os lados do planeta. Poucas ou nenhuma vez se ouviu a palavra “Perdão” vinda da parte de nenhum dos responsáveis por tudo o que se assiste hoje.
Eis que a comunidade cristã se reúne e proclama no salmo sugerido para este domingo: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso. Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas”.
E mais ainda, reunidos em assembleia a Igreja reza: “Voltai o vosso olhar e fazei sentir a ação do vosso amor”. A proposta deste domingo, em relação ao perdão, pode ser resumida na história do velho sábio da tribo que dava este conselho aos jovens fogosos e briguentos:
“Quando você está com muita raiva de alguém que o tenha ofendido tanto ao ponto de ter resolvido lavar com o sangue a vergonha da ofensa, antes de partir para matá-lo, pare! Sente-se e encha de fumo o seu cachimbo. Continue fumando. Quando acabar o “primeiro cachimbo”, você pensará, finalmente, que a morte do adversário seria uma punição demasiado grande para a culpa cometida. Começará, então, a pensar que uma surra bem dada já resolveria a questão. Contudo antes de apanhar a sua borduna e partir para espancar o inimigo, carregue o “segundo cachimbo” e, sentado, fume-o tranquilamente. No final, estará convencido de que algumas palavras fortes contra ele serão suficientes para envergonhá-lo na frente de todos. Pois bem, quando estiver saindo para insultar aquele que o ofendeu, sente-se novamente, encha de fumo o “terceiro cachimbo”. Com certeza quando o fogo dele se apagar também a sua raiva terá esfriado e, no seu coração, terá surgido o desejo de buscar a reconciliação e a paz. O seu inimigo voltará a ser um amigo”.

23° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Ezequiel 33,7-9; Salmo 94,1-2.6-7.8-9 (R. 8);
Romanos 13,8-10; Mateus 18,15-20

Realizando qualquer tipo de consulta à população em geral, ou acompanhando os noticiários de rádio e TV, não será difícil perceber como as pessoas tem necessidade de ajuda e de solidariedade diante de um sem número de dificuldades e provações que experimentam a cada dia.
As pessoas necessitam de perdão, de acolhida, de amparo de ajuda em todos os sentidos, de uma palavra amiga. Em resumo precisam ser amadas e reconhecidas.
É disso que trata a liturgia da Palavra deste domingo. A começar pelo salmo de resposta. “Não feche hoje o seu coração, antes esteja aberto para a voz do Senhor”. É claro que a voz de Deus não vem do nada, ou do vento. A voz do Senhor poderá ser reconhecida naquele que pede e naquele que se dispõe falar e ouvir.
O profeta Ezequiel recomenda a prática da correção e a orientação em vista de uma vida melhor e mais santa. Tal atitude facilitará a vida de todos especialmente daqueles que, por qualquer que seja o motivo estejam longe, ou desviando-se dos caminhos do Senhor, da verdade e do bem.
São Paulo recorda a atitude primeira a que todo cristão foi chamado: “Amarás o próximo como a ti mesmo” e reafirma que o jeito de amar reside em não praticar nenhum tipo de mal contra ninguém em nenhuma circunstância e recomenda: “O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei”.
A orientação dada por Paulo é  o cumprimento das Palavras que foram ditas por Jesus: “Onde dois ou três vivem em comunhão, Deus aí está”.
De modo que a grande e primeira lição da Palavra de Deus neste domingo consiste em viver a comunhão e a fraternidade.
Neste sentido um momento importante e indispensável para todos os que querem provar o sabor do evangelho, reside no encontro de oração que a Igreja convida a cada domingo e que esta assembleia proporciona.
Reunidos na oração e na escuta os cristãos também participam da Eucaristia e partilham a palavra e a oração de tal modo que se realiza o que é rezado no Salmo: “Vinde Adoremos o Deus que nos criou. Ele é nosso Deus, nosso Pastor e nós somos o seu povo e seu rebanho”.

HOMILIA PARA O 22° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Jeremias, 20, 7-9; Salmo 62 (63) 2.3-4. 5-6. 8-9.
Romanos 12, 1-2. Mateus 16,21-27

Ter convencimento racional de algum fato ou de alguma situação que diz respeito ao dia a dia do  trabalho é uma coisa relativamente simples. A gente até sabe o que precisa ser feito e que atitude se deve tomar, mas no momento de tomar a decisão e assumir uma posição ou postura é muito mais difícil.
Neste sentido se pode  lembrar hoje Santo Agostinho, o grande Bispo da Igreja que viveu  no inicio do Cristianismo na África. Nas suas confissões se lê um dos seus maiores desejos: “Nosso coração foi feito para vós, Senhor, e inquieto está enquanto não repousa em vos”. Ou seja, ele bem sabia o que precisava ser feito, mas demorou muito tempo antes que tomasse a decisão de converter-se e enfim viver os preceitos do Evangelho que bem conhecia.
Hoje a Igreja convida a celebrar o dia dos catequistas. Figuras dedicadas ao trabalho de anúncio e ensino da boa notícia de Jesus. Muitos deles certamente também sabem quanto poderia ser melhor seu trabalho se estivesse de acordo com a sua vida. Quantos daqueles que participam da catequese terminam também com a mesma sensação. Ou seja, sabem o que é bom, justo e correto, mas como custa viver de acordo com essa certeza.
Pois é isso que se proclama da Palavra de Deus neste domingo. Jeremias tinha certeza que deus lhe  havia seduzido, que havia lhe vencido nos argumentos e no envio para a missão. Mas continua achando que se botou numa enrascada. Tem certeza que a condição de profeta é da vontade de Deus, mas sabe também que tal situação lhe exige arcar com os riscos e dificuldades e por isso pensa seriamente em desistir.
São Paulo apresenta como única alternativa para não desanimar e jogar tudo pros ares a capacidade de oferecer os próprios corpos como oferta viva. Não há nada mais santo e agradável do que ser capaz de entregar-se totalmente pela causa que se acredita.
Foi o que fez Jesus, como se lê no Evangelho. Sabendo de tudo o que poderia lhe acontecer decide ir pra Jerusalém. Não foge do perigo e da provação. Não vai ao encontro da morte como se tudo fosse uma brincadeira. Vai com a certeza que se trata de uma tarefa da qual ele não pode fugir nem tampouco fazer de conta que não seja importante. Quando Pedro tenta lhe convencer do contrário dá uma resposta muito dura: “Vai para longe Satanás, não seja uma pedra de tropeço, pensando as coisas humanas e não as coisas de Deus”.
Eis o convite da liturgia deste domingo que se concretiza pela Eucaristia, pela Palavra e com o apoio da comunidade reunida:  Renunciar a si mesmo e deixar de lado toda ambição pessoal, carregar a cruz com o sentimento de quem sabe que isso significa a participação na construção do reinado de Deus no meio do mundo.
O convite para a oração é extensivo a todos, afim de que isso se torne realidade e que se  tenha a determinação de Agostinho, de João Batista e de tantos outros homens e mulheres ao longo da história.



HOMILIA PARA A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Leituras: Apocalipse  11,19a; 12,1.3-6a.10ab; Salmo 44(45) 10bc. 11.12ab.16;
1Coríntios 15,20-27a; Lucas 1,39-56.
Ninguém duvida que o dia a dia da existência humana é permeado de desafios, de momentos de tristeza e provações. Mas é também verdade que muito mais vezes se tem razões para a alegria, o entusiasmo e a comemoração. As situações cotidianas que merecem ser brindadas e celebradas são incontáveis.
Pois é o que a Igreja, com a liturgia deste domingo convida a fazer. O mistério que envolve a maternidade de Maria, o nascimento de Jesus, sua morte e a ressurreição é repleto de tristezas, provações, desafios e situações que não puderam ser totalmente compreendidas em toda a história. Por isso mesmo se chama “mistério”.
Mas é preciso admitir também que a vida de Maria e do seu Filho tem muito mais razões para ser celebrada e valorizada. Isso está explícito no texto do Evangelho que se proclama neste domingo da Assunção de Maria. Uma vez reconhecida como a Mãe de Jesus, Maria proclama com toda a sua força tudo aquilo que acredita e que passa a fazer parte da Sua vida: “Magnifcat”. O hino é uma espécie de antecipação de tudo o que vai se realizar e que Maria proclama cantando: “O Senhor fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome”.
O livro do Apocalipse conta, com figuras de linguagem, a vitória que Maria havia proclamado quando foi reconhecida como Mãe de Jesus. “Uma mulher vestida de sol, tendo a lua sob seus pés e uma cora de doze estrelas na cabeça”.  Com sua integridade garantida por Deus, a mulher é capaz de vencer todas as provações e tristezas representadas na figura do Dragão com a sua força.
E a consequência não poderia ser outra: “Cristo, que nasceu de Maria, é o primeiro entre todos os mortais e nele toda a criatura humana experimentará a vitória da vida que Maria outrora havia anunciado: - Deus se lembrará de nós em seu amor”.
A Igreja reunida em oração solenemente festeja tudo aquilo que acredita e proclama “Entre cantos de festa e com grande alegria – A vossa direita está a Rainha”.
Celebrar a Eucaristia neste domingo é abrir-se para o mistério de Deus colocando-se também na condição de Maria para imitar os seus passos e a sua determinação. Com a graça de Deus, destruir tudo aquilo que diminui e denigre a qualidade e a condição de filhos e filhas amados de Deus.
Fazendo isso é mais fácil compreender o que canta o Padre Zezinho: “O povo te chama de Nossa Senhora, por causa de Nosso Senhor. O povo te chama de mãe e rainha, porque Jesus Cristo é o Rei dos céus”.




“O que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, tendo em conta a sua situação concreta?” (Verbum  Domini 211)
DIA 14 DE AGOSTO DE 2011
 
HOMILIA PARA O  20° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Isaias 56, 1.6-7; Salmo 66 (67) 2-3. 5.6.8;
Romanos 11, 13-1529-32; Mateus 15, 21 -28.

A sociedade está  ajudando celebrar e valorizar o dia dos Pais. A figura paterna é cada vez mais reconhecida como presença que acolhe, que ama, que sofre e que se alegra com todas as pequenas conquistas. Já vai longe o tempo em que se imaginava o pai carrancudo, cobrador, e muitas  vezes vingativo. Esse tipo de Pai já não tem mais lugar na sociedade moderna e nem tampouco é admirado e aceito. E para que o Pai seja terno e fraterno nem precisa dizer que ele tem coração de mãe.  E que ele chora, e etc.
Pois é esta figura paterna com a qual Deus sempre se revelou. Assim o profeta Isaias mostra a ação de Deus em relação a todos, inclusive no trato com os estrangeiros e lhes pede algumas pequenas atitudes:  “Cumpram com o que é vosso dever e pratiquem a justiça.  A esses conduzirei ao meu monte santo e os alegrarei”.
A mesma coisa São Paulo fala em relação ao povo de Roma, estrangeiro em Jerusalém e estrangeiro para a comunidade cristã. E Paulo insiste que Deus não tem nenhum espírito de vingança, de perseguição  ou rejeição. “A vós cristãos vindos do paganismo, eu digo alcançastes misericórdia que Deus quis exercer com todos mesmo os desobedientes”.
A atitude de Jesus no Evangelho não precisa ser mais clara. Antes ele trata a mulher de acordo com a cultura judaica, para quem todo estrangeiro se equipara a “cachorro”.  Em seguida ele mostra o rosto de Deus e reconhecendo que a mulher se encontra na condição daqueles que  cumprem o dever e pratica a justiça. Tendo sua dignidade reconhecida e elogiada por sua demonstração de fé, Jesus a acolhe e lhe garante o que ela mais queria:  “seja feito como tu queres”.
Certamente, as comunidades cristãs  e em situações muito distintas já puderam experimentar  quem é Deus e como ele tem se comportado. Hoje, reunidos  num encontro fraterno da liturgia de domingo, que se inicia com a expressão: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”, todos também cantam com o salmista: “Que as nações vos glorifiquem e que todas as nações vos glorifiquem”.
Como resultado desta reunião de irmãos, servidos da Palavra e da Eucaristia e da oração comunitária a Igreja é  chamada a partilhar pelo ensino e pelo testemunho o rosto paterno de Deus.
Que ninguém fique excluído da graça e do aconchego do Pai pela falta de testemunho e de acolhida dos cristãos.


HOMILIA PARA O DIA 31 DE JULHO 2011
18° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Isaias 55,1-3 Salmo 144,8-9.15-16.17-18 (R.cf.16);
Romanos 8,35.37-39; Mateus 14,13-21.

Nesta semana duas noticias ocuparam as páginas principais dos noticiários em todo o mundo: O impasse sobre a dívida dos Estados Unidos, que gerou uma queda na moeda norte americana desestabilizando todas as economias mundiais. E os atentados terroristas na Noruega.  Em ambos os casos as autoridades responsáveis por cada um dos países se pronunciaram e de algum modo o mundo todo voltou seu olhar para estas realidades.  Em resumo, faz parte da natureza humana sentir compaixão e se preocupar com o sofrimento alheio. Ninguém se alegra com o sofrimento do outro e com a diminuição da qualidade de vida de quem quer que seja.  Mas será isso somente um sentimento humano? Certamente tal atitude manifesta o que mais humano constitui a criatura, entretanto, prestando atenção às leituras propostas para a liturgia deste domingo, é facilmente constatável que tal sentimento é próprio de Deus. Daí que se pode concluir, o que de mais humano pulsa no coração dos homens e das mulheres do nosso tempo, tem sua origem no coração daquele que os criou à sua imagem e semelhança.
Ouvindo a profecia de Isaias se constata que a atitude de Deus é de compaixão e piedade: “A vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa?”.
Por atitude semelhante é tomado Jesus mediante a informação sobre a morte de João Batista e diante da multidão cansada e abatida, como medida para botar fim ao sofrimento determina uma ação aos seus discípulos: “'Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” e a narrativa do evangelho continua: “Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama.
Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção.
Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos”.
É com esta certeza que São Paulo confirma: “Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! Tenho a certeza que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os  poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, 39nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer, será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
É por isso também que os cristãos celebram rezando com o salmista: “É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente”.  Neste domingo, reunidos na assembleia as comunidades fazem memória de tudo o que Jesus fez e ensinou, participam do banquete da Eucaristia na firme convicção de que por esta atitude começa um novo tempo em que a força do pão do céu transformará a todos numa comunidade de partilha e de responsabilidade que age com os olhos e o coração de Deus: “com cinco pães e dois peixes será possível modificar a vida de muitos irmãos e irmãs em todas as partes”.  Certamente a solução para os problemas da fome, da miséria, da violência, não está num milagre e nem tampouco na atitude de algum poderoso da atualidade, mas na consciência coletiva e na corresponsabilidade solidária que começa a ser construída pela comunhão entre todos.     Assim seja!


17° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras:  1Reis 3, 5.-712; Salmo 118,57.72.76-77.127-128.129-130 (R.97a);
  Romanos 8,28-30; Mateus 13,44-52

A globalização econômica, política e social que se estabeleceu nos últimos anos trouxe um sem número de facilidades e preocupações. Uma das exigências do mundo moderno são a esperteza e agilidade em relação à economia. Todos os dias assistem-se a noticias sobre crises econômicas, valorização e desvalorização de moedas. Os responsáveis pela economia dos países precisam estar muito atentos sobre como garantir os melhores resultados para os negócios da sua nação. Tal situação não é diferente para as pessoas em particular. Perceber qual o melhor e mais seguro investimento para as economias é um desafio cotidiano.
Esta realidade bem se pode comparar no que se refere ao Reinado de Deus e tudo o que lhe diz respeito. No Evangelho Jesus compara as coisas de Deus a um tesouro escondido e a uma boa pescaria. Em ambos os casos é pedido a todos a sabedoria e o discernimento para bem escolher o que é de verdadeiro valor e de real importância e aquilo que pode ser escolha insignificante, em resumo, os que se propõe serem discípulos de Jesus são chamados a viver e conhecer os segredos do Reino.
Apresentando estas parábolas no contexto da oração de Salomão Jesus faz entender que a única coisa realmente importante para quem quer discernir será reconhecer a sabedoria que vem de Deus. Tal pedido o sábio faz com firmeza e simplicidade: “dá-me a sabedoria para governar com justiça”.  O que Salomão pediu lhe foi concedido e São Paulo reafirma na segunda leitura: “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”.
É neste sentido que tem ainda maior importância a celebração dominical que os cristãos participam. Em cada reunião festiva a comunidade dos crentes reza a fim de que Deus lhe conceda exatamente aquilo que lhe é necessário. Neste domingo, por exemplo, se diz: “Ó Deus redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo as coisas que passam e possamos abraçar as que não passam”.
Neste sentido a assembleia reunida reza em uníssono, como o salmista: “Como eu amo ó Senhor, vossa lei, vossa Palavra. Maravilhosos são os vossos testemunhos,eis por que meu coração os observa!”.