MISSIONÁRIOS
DA ESPERANÇA NO CHÃO DA VIDA
Irmãos e irmãs, no coração do mês
missionário, a Igreja nos convoca a reavivar o dom da fé, iluminados pela
exortação apostólica de Paulo a Timóteo e pela parábola do Senhor sobre a
perseverança na oração. “Permanece firme naquilo que aprendeste”, diz o Apóstolo,
para que nossas comunidades, enraizadas na Sagrada Escritura, encontrem no
sopro do Espírito a coragem de testemunhar. A Palavra de Deus, inspirada é útil
para ensinar, corrigir e educar na justiça, sustentar os pés dos enviados e
aquecer o ânimo dos que, no trabalho cotidiano, semeiam o Evangelho. Assim,
celebrando o Dia Mundial das Missões, suplicamos que a graça nos faça vigilantemente
atentos aos sinais de Deus na história e obedientes ao mandato do Senhor.
“Proclama a Palavra,” ressoa a voz apostólica, “insista oportuna
ou importunamente, argumente, repreende, aconselha, com toda a paciência e
doutrina.” Este é o estilo do discípulo-missionário: não ceder ao cansaço, nem
ao cálculo das conveniências, mas deixar-se conduzir pelo tempo de Deus, que é
tempo de misericórdia e conversão. Na praça e na casa, nos púlpitos e nas
periferias, nas rádios, redes e praças digitais, a Igreja se levanta como
sentinela da aurora, oferecendo a todos o pão da Palavra e a consolação dos sacramentos.
Onde houver desânimo, que o anúncio reacenda a alegria; onde há confusão, que a
doutrina ilumine com caridade; onde houve feridas, que a correção fraterna
restaure a verdade que liberta.
A parábola da viúva insistente nos registra que a oração é a
respiração da Igreja. Jesus nos diz para “rezar sempre, sem desanimar”. A
perseverança da viúva é a lente pela qual contemplamos a fidelidade de Deus e a
nossa resposta. Quando a súplica parece não ter eco, é justamente aí que a fé
amadureceu, porque a espera nos purifica e nos torna mais semelhantes ao
coração de Cristo.
O Senhor, Evangelho, nos fala da viúva que suplica sem cessar,
imagem viva da Igreja que ora e trabalha, que clama justiça e não desiste dos
pequenos. Nesta perseverança se revela a força da missão: nada interrompe o
fluxo da intercessão, nada cala o clamor dos que esperam a salvação. Orar sem
desfalecer é a seiva que mantém verde o testemunho; é no segredo e no diálogo com Deus que a missão encontra a
mansidão de “aconselhar com paciência” e a capacidade de “argumentar e
repreender” quando a verdade é obscura. Assim, a oração sustenta os passos,
unge as palavras e fecunda as obras, para que a semente do Reino germine até em
terrenos áridos.
Contudo, o Senhor nos interpela: “Mas o Filho do homem, quando
vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Esta pergunta, gravada
como fogo no coração da Igreja, torna-se exame de consciência para cada
batizado. Que fé encontrará Ele em nossas famílias, paróquias e comunidades?
Encontrará um povo que guarda a Escritura no coração, que celebra com fervor,
que serve com generosidade e que não se envergonha do Evangelho? No Dia Mundial
das Missões, renovemos o sim sem reservas: sim que se faz caridade, sim que se
faz anúncio, sim que se torna esperança para aqueles que vagam na noite. Que
nossa resposta seja um coração disponível, uma boca que proclama, mãos que
levantam os caídos e pés que correm ao encontro dos que ainda não ouviram a
Boa-Nova.
Portanto, amados, à mesa da Palavra e do Altar, recebemos o
envio: ide, semeai, consolai, edificai. “Proclama a palavra, insiste oportuna
ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e
doutrina.” Que o Espírito nos dê audácia humilde, línguas de fogo e olhos de
compaixão. Que Maria, Estrela da Evangelização, nos conduza com ternura, e que
São Paulo e São Timóteo nos inspirem zelo e fidelidade. E, enquanto caminhamos
entre consolações e lutas, guardamos viva a chama da súplica perseverante, para
que, quando o Filho do homem vier, encontremos entre nós fé ardente, operosa e
missionária, para a glória de Deus Pai.
Rezemos, portanto, para que nossa
comunidade seja escola de oração perseverante e escritório de comunhão. Que
nossos encontros de fé — a Eucaristia, a liturgia das horas, os grupos de
oração — nos tornem mais atentos ao clamor do mundo. Rezando juntos, aprendendo
a esperar juntos; esperar juntos, aprender a servir; particularmente,
tornamo-nos testemunhas da esperança que não decepciona.
Que a Virgem Maria, mulher da
escuta e da perseverança, nos ajude a rezar sem cessar, a caminhar em comunhão
e a servir com generosidade. E que, alimentados nesta mesa da Palavra e do Pão,
saiamos como Igreja missionária: uma só voz que intercede, um só coração que
ama, um só povo que testemunha a justiça e a misericórdia do nosso Deus. Amém.
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