segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 25 DE JANEIRO DE 2026 - 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

A CRUZ É O EIXO DA COMUNHÃO

O clamor apostólico da carta de Coríntios pede unidade de pensamento e de coração no nome de Jesus Cristo. Paulo denuncia as facções que se erguem ao redor de nomes humanos — “eu sou de Paulo”, “eu de Apolo”, “eu de Cefas” — e pergunta com soa com firmeza: “Por acaso Cristo está dividido?” A liturgia confirma que a tentativa de absolutizar líderes, estilos e preferências atravessa os tempos e fere o Corpo. A cruz de Cristo, não a eloquência humana, é o eixo que sustenta a comunhão; o Evangelho não se apoia na sedução das palavras, mas na força humilde do Crucificado que reconcilia. A comunidade é chamada a purificar interessados, a renunciar aos rótulos que segregam, a buscar a unanimidade no essencial: a fé no Senhor, o amor fraterno, a missão compartilhada. Onde Cristo é o centro, as diferenças se tornam riqueza; onde o ego se impõe, a graça se perde em disputas estéreis.

No evangelho a assembleia contempla o início do ministério de Jesus na Galileia das nações, terra de sombra visitada pela grande luz. Nela se cumpre a profecia: os que habitavam a região escura veem despontar um novo dia. O anúncio é claro e urgente: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.” Em seguida, à beira do lago, o Senhor chama Simão e André, Tiago e João; Eles deixam redes e barca, pai e profissão, para segui-lo. A liturgia percebe a mesma dinâmica que cura a divisão: olhar fixo em Cristo, conversão do coração, aceitação pronta ao chamado. Jesus percorre cidades e povoados, ensinando, proclamando o Evangelho do Reino e curando toda enfermidade e doença: Palavra que ilumina, Boa-Nova que transforma, misericórdia que toca as feridas. O discipulado nasceu desse encontro que reordena prioridades e faz da vida um “seguir”.

Entre o apelo paulino à unidade e a convocação de Jesus às margens do lago, a liturgia propõe um caminho concreto para a comunidade. Converter-se é deslocar o centro: do “meu grupo” para o Corpo de Cristo; do faça-se “meu jeito” para a vontade do Senhor; da competição para a colaboração. A paróquia é convidada a reconhecer e curar fraturas sutis: preferência por ministros e estilos que vira partidarismo, comparações que geram suspeitas, vaidades travestidas de zelo. A medicina é a mesma de Mateus: ouvir o chamado, deixar as redes do orgulho, segui-lo de perto, na liturgia participada, na caridade operosa. Unir mente e coração no nome de Jesus também significa alinhar práticas: conselhos que discernem juntos, ministérios que se articulam, formação comum, oração que intercede uns pelos outros. Assim, a luz que brilhou na Galileia atravessa hoje as sombras das divisões e faz nascer comunhão missionária.

Por fim, a assembleia suplica a graça de viver “um só coração e uma só alma” para anunciar o Evangelho sem vaidade de palavras, mas com a força da cruz. Que cada batizado ouça, neste Domingo, a voz que chama pelo nome e responda com prontidão: deixe as redes da autossuficiência, curvar-se à sabedoria do Crucificado, aprender o ritmo do Mestre que ensina, proclama e cura. Que a comunidade, iluminada pela Palavra, percorra também as “galileias” de hoje: periferias e centros, casas e ruas, escolas e hospitais, levando luz, reconciliação e cuidado. E que, ao escolher Cristo como único centro, possa dizer com verdade: “Não somos de Paulo, nem de Apolo, nem de Cefas; somos do Senhor.” Então, a unidade deixará de ser discurso e se tornará um sinal visível do Reino, para que muitos, atraídos pela luz, encontrem no seguimento de Jesus a alegria e a paz.

 

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