ALEGRIA NA PRESENÇA DO SENHOR
Expressões do tipo: Vencer na vida, crescer na
vida, ser alguém na vida, e outras com essa conotação são frequentemente usadas
em todas as esferas das relações humanas. Poucas vezes nos perguntamos qual é
mesmo o significado dessa expressão, em que sentido se aplica cada um desses
verbos. Talvez fosse melhor substituir os três verbos por “desenvolver”, este
sim no sentido de empregar as energias e o melhor da vida na construção da paz,
do afeto, do crescimento do corpo e da alma, do contrário pode até crescer,
vencer e ser alguém na vida, mas ser dono de uma vida vazia e sem sentido, que
é a crítica feita pela Palavra de Deus deste domingo.
O sábio da primeira leitura apresenta a virtude
da humildade como caminho para o êxito e a felicidade: “Filho, realiza teus
trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. 20Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade,
e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres,
mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. 21Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos
humildes”.
Para este sábio a humildade é a qualidade fundamental
que uma pessoa precisa perseguir ao longo de toda vida, nesta virtude reside o
segredo para “vencer, crescer e ser alguém”. Em outras palavras implica colocar
tudo o que se tem e sabe a serviço de todos. Humildade não é sinônimo de alguém
que não tem qualidades e competências, mas daquele que reconhece a importância
da sua contribuição para o êxito e a felicidade de todos.
A
carta aos Hebreus convida os destinatários a redescobrir a novidade do
cristianismo: “Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão
escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que
chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova
aliança”.
Para encontrar o Deus verdadeiro é indispensável cultivar a humildade e a
simplicidade, o anor que se faz dom. Para quem sabe o que procurar não há o que
temer. Pelo batismo todos fomos associados a Deus cuja bondade nos fez
coo-herdeiros do Reino do qual Jesus Cristo nos concedeu participar.
Sentado
à mesa para a refeição na casa do fariseu Jesus aponta, por meio de uma
comparação, como é possível “ser alguém na vida” mediante a prática da
humildade. Em lugar de colocar-se antes e acima de todos, de ostentar os
saberes e competências que julga uma pessoa julga possuir Jesus reforça o seu
ensinamento que consiste em viver na humildade. Nessa virtude reside toda a
grandeza que ninguém poderá tirar ou menosprezar: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro
lugar. Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos,
nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos”. Todas as
vezes que alguém coloca em primeiro plano as suas próprias qualidades acaba por
ofuscar aquilo que verdadeiramente importa. No banquete do Reino não há lugar para
esnobar e se considerar melhor ou mais importante, antes é na gratuidade e no
amor desinteressado que reside a vitória na vida.
Somos sempre desafiados e fazer valer aqui os valores
da fraternidade, da comunhão, da partilha, do serviço. Que aliás Jesus mandou
que fizéssemos em sua memória. No banquete do Reino não há espaço para atitudes
de orgulho e superioridade, honrarias, privilégios.
Como se
reza no salmo: “Os justos se alegram na presença do Senhor, / rejubilam satisfeitos e
exultam de alegria! Dos órfãos ele é pai, e das viúvas
protetor:/ é assim o nosso Deus em sua santa habitação./ É o Senhor
quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados,/ quem liberta os prisioneiros e
os sacia com fartura.
— Derramastes lá do alto uma
chuva generosa,/ e vossa terra, vossa herança, já cansada,
renovastes;/ e ali vosso rebanho encontrou sua morada;/ com
carinho preparastes essa terra para o pobre.