sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JANEIRO DE 2024 - 4º DOMINGO COMUM - ANO B

 

OUVIR HOJE E PARA SEMPRE A VOZ DE DEUS!

 

Dentre os critérios usados na atualidade pelos especialistas em recursos humanos quando se trata da contratação de pessoal para as diversas áreas de atuação um deles diz respeito às relações interpessoais e a capacidade de lidar com as situações de risco, conflito e crise. A Palavra de Deus neste domingo trata exatamente desta capacidade de encontrar soluções para situações em que as pessoas agem sob pressão.

O livro do deuteronômio trata das infidelidades do povo em relação aos acordos feitos com Deus, neste caso o autor relata a disposição d’Ele para garantir o bem-estar de todos: “O Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu. Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar”. Moisés é apresentado como o modelo perfeito porque ele não age segundo a sua vontade e nem fala as suas palavras, mas age com precisão de acordo com a vontade daquele que lhe enviou. Tal como Moisés Deus continua ao longo da história chamando e enviando pessoas, também cada um de nós recebe uma tarefa e uma responsabilidade, cabe se perguntar em que medida estou agindo para cumprir a tarefa que recebi. Faço cumprindo a missão o que foi acordado, ou procuro me colocar como superior e dono da missão em lugar de chamado e enviado.

A carta aos coríntios é mais uma vez um convite que Paulo faz para a comunidade no sentido de repensar suas prioridades e responsabilidades. O apóstolo não tem a intenção de supervalorizar alguma situação em desfavor da outra, mas deixa claro que todas as realidades do cotidiano não podem ser um empecilho para se colocar a serviço dos irmãos e de Deus: “Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações” e na sequência relata uma série de ações cotidianas que podem dificultar o cumprimento da missão, e conclui: “Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações”. O convite não é para viver a missão e a espiritualidade desencarnada do mundo, mas aberta ao amor, à partilha, à ternura e ao acolhimento.

Jesus aparece mais uma vez nos escritos de Marcos como aquele que recebeu de Deus Pai uma tarefa, uma responsabilidade e uma missão e ele cumpre com esmero renovando e transformando a situação das pessoas prisioneiras do pecado, do egoísmo e da própria morte em gente livre. O jeito de Jesus agir causa admiração em todos os que lhe encontram. Ele é diferente suas palavras e ações revelam o conhecimento que tem de Deus Pai as palavras e ações de Jesus tem a marca de Deus e da sua condição de filho: “Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem! E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte”. Também nós, como Moisés e os outros chamados continuamos sendo desafiados a agir e a falar como cúmplices de Deus no processo de tornar as pessoas mais livres e felizes. É isto que rezamos na primeira prece da Missa: “Concedei-nos Senhor, amar todas as pessoas com verdadeira caridade”.  

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JANEIRO DE 2024 - 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

 

TODAS AS VERDADES DESSE MUNDO PASSAM

 

Embora tenhamos consciência da finitude de todos os nossos projetos e da nossa própria vida, frequentemente no comportamos como se fôssemos eternos. A Palavra de Deus que ouvimos neste domingo procura mostrar atitudes mais adequadas para alguém que reconhece as próprias limitações e fragilidades.

Jonas enviado para anunciar uma mensagem de conversão aos habitantes da cidade de Nínive deixa claro que Deus ama todos e que espera sempre atitudes de arrependimento e de conversão. Jonas, chamado, enviado e supostamente entendendo os planos de Deus não havia compreendido a lógica da misericórdia e do perdão. Deus ama sempre a todos, embora não concorde com o pecado espera a conversão do pecador. A vida se torna mais fácil quando compreendemos a lógica de Deus: independente dos nossos fracassos, Deus nunca nos considera descartáveis.

São Paulo recorda aos cristãos de Corinto que as preocupações com as realidades terrenas precisam ser consideradas como de fato elas são: passageiras, efêmeras, transitórias e breves. Precisamos sim, nos preocupar com tudo o que diz respeito ao cotidiano dessa vida, mas não absolutizar:  Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado. Pois a figura deste mundo passa”. O convite que Paulo faz aos seus conterrâneos é extensivo a todos na atualidade a nossa marcha pela história deve apontar para os valores eternos. Em outro texto Paulo deixa claro: “Se vivemos é para o Senhor que Vivemos, se morremos é para o Senhor que morremos. Porque a figura deste mundo passa”. Então a primeira preocupação é com a brevidade da nossa existência e com as escolhas que fazemos neste tempo.

O texto do Evangelho deste domingo relata o início da pregação de Jesus. Quando João Batista é silenciado a força, Jesus ocupa o seu lugar e começa fazendo uma afirmação que confirma a brevidade da existência humana: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”. O tempo a que Jesus se refere resume a esperança da comunidade de outrora como também os anseios contemporâneos. Todos almejamos um mundo novo onde as coisas boas sejam maiores e mais evidentes do que o sofrimento a dor e a própria morte. E para que esse tempo aconteça também a nós Jesus faz a mesma interpelação: “convertam-se e acreditem no Evangelho”. Acreditar não significa compreender um conjunto de leis e verdades, antes, implica aceitar a acolher no coração a proposta de Jesus. O modelo de pessoas que aceitam a proposta é a comunidade formada pelos primeiros discípulos: “Simão e André, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. Tiago e João, deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus”. A missão que Jesus confiou aos discípulos continua mais atual do que nunca à margem das águas revoltas da vida estão muitas pessoas mergulhadas em infinitas formas de sofrimento e dor e Jesus conta conosco para aliviar suas dores e lhes levar esperança humanizando suas vidas.

O convite que Jesus nos faz fundamente as recomendações de Paulo e que o Papa Francisco nos recorda com outras palavras: A mensagem de Jesus convida-nos a ter uma atitude equilibrada com relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humildes para com todos; a conhecer-nos e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros. O tempo em que podemos acolher a redenção é breve: é a duração de nossa vida neste mundo. É breve!”

Que a oração de todos nos acorde para ver, sentir, ter compaixão e cuidar!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JANEIRO DE 2024 - 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

 

EIS AQUELE QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!

Mal iniciamos o ano, e naturalmente iniciamos com uma série de perguntas, desafios e propostas. Tal como os conterrâneos de Jesus também nós estamos curiosos diante de tantas situações que se apresentam para serem resolvidas ao longo do ano. Outrora eles queriam conhecer o Messias, agora nós queremos reconhecer e temos desejo de encontra-lo. Ontem como hoje ele nos interpela com uma pergunta direta: “o que procuram? ” E não basta responder a partir das nossas necessidades imediatas, pelo contrário, o que procuramos são soluções duradouras.

Resta-nos reconhecer o chamado que Deus faz como aconteceu com Samuel no texto da primeira leitura e responder com sinceridade: “Fala Senhor, que o teu servo escuta”. Antes de reconhecer a voz de Deus, Samuel recorreu três vezes a Eli, isso significa perceber Deus que nos chama como uma ação que precisa da colaboração daqueles que estão conosco na caminhada cotidiana.

A mesma resposta pode ser dada de outra maneira com as palavras de São Paulo na carta aos coríntios: “Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito, de fato, fostes comprados, e por preço muito alto. Então, glorificai a Deus com o vosso corpo”. Isso significa tudo aquilo que é expressão de egoísmo, de procura desenfreada dos próprios interesses, de realização descontrolada dos próprios caprichos, de comportamentos que usam e instrumentalizam o outro, está em absoluta contradição com essa vida nova de Deus que é relação, entrega mútua, compromisso sério, amor verdadeiro.

Quando João Batista mostra Jesus aos seus amigos ele não faz uma descrição biográfica, mas apresenta uma característica fundamental: “Eis o cordeiro de Deus” Os discípulos de João se encantam mais pela descrição do que pelo personagem. Seguindo-o a distância observam as suas atitudes até serem desafiados a segui-lo. “Venham e vejam, disse Jesus”! Eles foram e ficaram com ele. A atitude de André e do outro anônimo discípulo pode ser uma meta para cada pessoa ao longo deste ano: Ir e ficar com Jesus, que se dá a conhecer na Eucaristia, mas também em todas as pessoas com quem convivemos. Ver onde mora o Mestre implica ultrapassar as próprias certezas e os limites da nossa própria existência. Na verdade, continuamos fazendo as mesmas perguntas de outrora e Jesus nos responde com o mesmo desafio!

 

 

 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JANEIRO DE 2024 - DOMINGO DA EPIFANIA - ANO B

 

A LUZ BRILHA PARA TODOS

Dentre as condições indispensáveis para a segurança das pessoas em distintas condições, uma delas é a existência de luminosidade. É quase imprescindível para qualquer passo que se queira dar procurar uma réstea de luz que facilite a locomoção.

O tempo do Natal se conclui com a festa da Epifania ou manifestação do Senhor, que agora se confirma como a luz que nunca se apaga. Não é preciso muitas palavras para associar o brilho da iluminação natalina com a imagem de Deus que se fazendo criança assume também a condição de luz para todos os povos.

Depois de um ano com distintas e grandes dificuldades que foram causas de pessimismo e sofrimento eis que surge uma luz nova reascendendo a esperança, em lugar da tristeza e dos sofrimentos causados pelas guerras, pela violência, pelas catástrofes naturais, o Natal nos convida a levantar os olhos desviando o foco dos becos da vida e perceber a luz de Deus que ilumina o mapa por onde devemos andar, não tenhamos medo Ele nunca desistirá de guiar nossos passos na insegura trajetória cotidiana.

Tal como os magos, estrangeiros, cada pessoa é desafiada a vencer a escuridão e deixar-se guiar pela estrela. As distintas nacionalidades dos magos significam também a extensão da salvação que Deus concede para todos os povos. Os magos representam a inclusão e a sinodalidade que Deus faz com todos por meio de Jesus Cristo.

A revelação que Deus faz aos magos é a que se dá no coração de cada pessoa e que todos podemos também encontrar em todas as criaturas que caminham conosco, sobretudo no nos indefesos representados no recém-nascido de Belém.

Enquanto Herodes procura para matar, Deus procura para salvar. Não tenhamos medo a vida terá mais cor se em vez de olhar rasteiro e materialista tivermos a capacidade de enxergar os sinais de Deus, em lugar de dar ouvidos aos pedidos de Herodes formos capazes de ouvir os sinais de Deus presentes em todas as criaturas. Se formos capazes de ler os acontecimentos da história à luz de Deus certamente a vida terá mais sentido então sim podemos rezar com o salmista:

Nos seus dias a justiça florirá*
e grande paz, até que a lua perca o brilho!

De mar a mar estenderá o seu domínio,*
e desde o rio até os confins de toda a terra!