sábado, 28 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 29 DE JANEIRO DE 2017

BUSQUEM O SENHOR, HUMILDES DA TERRA

Dentre as muitas interpretações sobre as constantes denúncias de corrupção e desmandos políticos que assombram a vida dos brasileiros, uma delas sustenta que esta não é uma prática nova, nem tampouco exclusiva do Brasil na atualidade. Essa vertente afirma que o problema sempre existiu, e que apenas não eram divulgados, que a liberdade de imprensa e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação são instrumentos facilitadores para tornar público tudo o que agora acontece. Independente desta explicação ser verdadeira, nem de longe ser a única para explicar o problema que é evidente para todos, há que se convir que o ser humano tem dentro de si uma inclinação para o mal e para o pecado, para o desejo de levar vantagem e assim por diante.
A primeira leitura deste domingo é mais uma profecia realizada cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus. Naqueles anos o profeta falava para um povo que era explorado por mandatários corruptos, por políticos opressores e que faziam jogo de interesses para se manter no poder e que para garantir tudo isso não tinham escrúpulos de colocar em risco o futuro da sociedade. Nota-se que entre a leitura e a situação brasileira atual há uma sintonia muito fina e fatos que se assemelham. Para este povo o profeta anuncia: Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará”.
Para um povo também sofrido e desiludido São Paulo escreve na segunda leitura: “Considerai vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte”.
E reafirmando a predisposição de Deus Jesus aponta um caminho que implica na participação pessoal de cada um e de todos os que desejam uma sociedade diferente daquela que estão vivendo. Jesus chama de “felizes”, não aqueles que esperam de braços cruzados a ação de Deus, mas aqueles que reconhecem a vontade de Deus e trabalham para que ela se realize. Assim são felizes: “os que tem fome e sede de justiça, os pobres em espírito, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os que perseveram”.
Uma vez mais fica claro que os problemas que afetam e que diminuem a dignidade humana não é vontade de Deus, nem tampouco que ele virá resolver a seu modo, pelo contrário: O Senhor é fiel para sempre, O Senhor abre os  olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. Ele ampara a viúva e o órfão mas confunde os caminhos dos maus”.
Reunida para louvar o Senhor, a comunidade de fé pede com insistência: “Renovados pelo sacramento que celebramos, nós vos pedimos ó Deus que este alimento faça progredir na verdadeira fé”.

sábado, 21 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE JANEIRO DE 2017

O SENHOR É PROTEÇÃO E VIDA...

Alguns fatos permitem perceber como também nestes dias o povo vive mergulhado nas trevas e espera que brilhe uma luz para apontar caminhos. Apenas para ilustrar merece citar a posse do presidente Trump nos Estados Unidos com o seu discurso da América Grande atribuindo a Deus a responsabilidade pela segurança daquele povo e do mundo; A economia no Brasil continua se arrastando e as autoridades econômicas anunciam para março a injeção de dinheiro com a autorização para saques das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; A queda da avião que vitimou o ministro Teori Zavaski e outras cinco pessoas, são todas situações que permitem “n” explicações e poucas repostas.
Diante destes fatos parece haver uma relação muito forte entre a atualidade e a profecia de Isaias: “O povo anda nas trevas”, e para iluminar esta situação nada parece mais oportuno do que as palavras de Jesus no Evangelho: “Convertam-se porque o Reino dos céus está próximo”.
Na primeira leitura, que foi também proclamada no tempo de advento passado, o profeta  convoca seus conterrâneos a não se desiludir nem se amedrontar diante da escuridão, ele tem certeza que “para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita”. Obviamente que isto não vem de graça, sem participação e esforço pessoal e coletivo.
É confiando nesta verdade e fazendo a sua parte que o povo de outrora cantou o salmo, como se faz na liturgia deste domingo: “O Senhor é minha luz e salvação. O Senhor é a proteção da minha vida”.
Ora quem busca proteção no Senhor, precisa compreender o convite que Paulo faz na carta aos Coríntios: “Sejam concordes uns com os outros, não admitam divisões entre vocês, sejam bem unidos no pensar e no falar”.
As palavras de Paulo são como que uma sustentação para a construção de um caminho onde as sombras da morte não tenham a última palavra. Caminho que foi bem traçado por Jesus e que Mateus descreve com estas palavras: “Jesus andava por toda a região pregando a boa notícia do Reino e curando todas as enfermidades” para que sua ação tivesse maior abrangência e efeito duradouro não fez nada sozinho.
Enquanto caminhava foi chamando pessoas e formando uma equipe de trabalho, de convivência e de ação. O critério de Jesus foi muito simples e direto: “Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de homens.”
Neste sentido também às pessoas do mundo moderno, que vivem situações de “escuridão e trevas” representados por momentos de incertezas e angústias, carregados de medo e de preocupação com os fatos que estão ocorrendo e com pouca perspectiva sobre o que poderá vir a acontecer. A hora parece oportuna para pedir as luzes do Espírito Santo e se deixar guiar pela verdade do Evangelho, sem pestanejar dar-se a mãos e buscar coletivamente respostas novas para situações desafiadoras.
Cabe o convite de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus: “Não desanimem nunca, mesmo que venham ventos contrários”.

Para adquirir esta força os cristãos se reúnem em assembleia de oração, ouvem a Palavra e partilham a Eucaristia. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 15 DE JANEIRO DE 2017 - 2º DOMINGO COMUM ANO "a"

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

Que a pessoa humana reconhece sua limitação e finitude  é um fato inegável. Muito difícil  encontrar alguém, por mais incrédulo que seja que não admita os mistérios da vida, que não tenha medo da morte e não faça referência a um “ser superior”,  ou algo que o valha. Os cristãos creem no Deus da Vida e tem confiança que a morte não é a última realidade. Por causa dessa certeza, os cristãos estão habituados a saudar uns aos outros com a frase: “O Senhor esteja com Vocês”, ou ainda “Fique com Deus” e outras tantas expressões que indicam a fé e a esperança numa vida melhor e mais digna para todos.
As leituras deste domingo apontam para a certeza que Deus, na pessoa de Jesus Cristo manifestado ao mundo, Salva e dá coragem. O profeta Isaías, na primeira leitura anuncia ao povo de Israel a possibilidade para ser Luz das nações e sinal da presença de Deus no mundo. A mesma coisa afirma São Paulo na carta aos Coríntios “vocês foram chamados a ser santos, junto com todos que em qualquer lugar acreditam em Jesus Cristo”.
João batista soube muito bem cumprir esse papel e anunciou com a vida e a palavra em quem e porque acreditava em mundo diferente a partir da pessoa de Jesus, por isso afirma com autoridade: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo... ele passou à minha frente porque existia antes de mim... ele vai batizar vocês com o Espírito Santo”.
Como ensinamento da Palavra de Deus neste domingo cada pessoa, mas sobretudo,  os cristãos são chamados a ser uma esperança para o mundo. Jesus foi a realização de um sonho alimentado por gerações, aqueles que o conheceram confirmaram que na sua pessoa se realizou um tempo novo. Inspirados por sua palavra e testemunho muitos consumiram suas vidas na construção de um mundo melhor e mais humano.

Também os cristãos do terceiro milênio são chamados a fazer de sua existência um serviço para uma  vida mais digna para todos, por isso se reza na missa: “Escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”. 

sábado, 7 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 08 DE JANEIRO DE 2017

EM JESUS NOS FOI REVELADA A GRAÇA QUE
DEUS CONCEDEU PARA A HUMANIDADE

Para o Brasil inteiro, o ano de 2016 terminou sem deixar saudade. A crise política, econômica, moral somada à onda de corrupção que assola o País, merece ser deixada para trás. Enquanto o noticiário está de férias, parece que estas coisas realmente deixaram de acontecer. Entretanto o ano se inicia com a trágica situação dos presídios e os massacres que ocorreram nos primeiros dias do ano em Manaus e em Roraima. Os mandatários estão preocupados com o que chamam de “barril de pólvora da violência”.
Por outro lado, ainda estamos celebrando e vivendo o clima de natal e as festividades garantem a reunião das famílias e atitudes de ação de graças. Como entender e celebrar estes dois lados da mesma moeda?
A Palavra de Deus deste domingo da Manifestação do Senhor também chamado de domingo de Reis ajuda a compreender e colocar a realidade sob a ótica daquele que pode libertar da morte, ou como diz São Paulo na segunda leitura: “daquele que revelou a graça e o conhecimento do mistério de Deus para a humanidade”.
A fala do profeta Isaías na primeira leitura garante: “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe om tuas filhas, carregadas nos braços”. Esta profecia que foi pronunciada por ocasião da volta do exílio da Babilônia foi uma palavra de conforto para um povo sofrido e sem esperanças. Durante quase setecentos anos a comunidade de Israel esperou pela realização da promessa, que se concretizou com o nascimento de Jesus.
O relato do encontro do menino Jesus pelos Magos em Belém é a confirmação de que o projeto de Deus ultrapassa toda dor e todo sofrimento. O menino nascido em Belém que é, chamado pelos magos de “rei dos judeus, que acaba de nascer” provocou uma reviravolta no conceito de autoridade para todo o povo de Israel.
Eis que também para a humanidade neste ano de 2017, acreditar e procurar reconhecer Jesus cuja luz brilha no meio das trevas é uma maneira de ganhar a coragem dos magos e seguir “por outro caminho” longe da violência. Os Magos ensinam que apesar de todos os males e sofrimentos que rondam a sociedade, sempre existirá uma alternativa capaz de garantir forças para construir um mundo mais fraterno, mas humano e mais justo.
Que a celebração da Eucaristia, a força da Palavra e a reunião de irmãos em oração ajudem a todos compreender a lógica de Deus que não anda pelos mesmos caminhos dos corruptos dos nossos dias.