quinta-feira, 25 de abril de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE ABRIL DE 2024 - 5º DOMINGO DA PÁSCOA ANO B

 

EM JESUS CONECTADOS COM O PAI

O texto do Evangelho deste domingo é apresentado pelos estudiosos como parte do discurso de despedida. Provavelmente Jesus disse estas palavras no contexto da última ceia, quando deu também outras orientações sobre as atitudes necessárias que os discípulos deveriam manter depois que não estivessem mais na sua presença física.

Jesus se compara a videira e aos ramos planta e estilo de vida bem familiar às comunidades do seu tempo. Nesta figura de linguagem mostra o resultado de quem permanece unido a Ele e vivenciando os seus ensinamentos.

Se fosse hoje, talvez Jesus iria dizer: “A minha palavra é a senha para lhes manter conectados” Nesta comparação diríamos que os cristãos do nosso tempo são os aplicativos e os dispositivos móveis, Deus Pai é a grande rede de armazenamento e com possibilidade de navegação em tempo real e nas velocidades compatíveis com a memória de cada dispositivo. A Palavra de Jesus vivenciada e os seus ensinamentos colocados em prática formam a senha de uma rede solidária e de comunhão capazes de transformar todas as relações interpessoais.

Em nenhum momento Jesus, como Palavra encarnada do Pai e por Ele cuidada deixou de produzir os efeitos e cumprir a função para a qual foi enviado. Tal como Jesus, os seus discípulos e agora a comunidade cristã é convidada a permanecer conectada e a eliminar todos os ruídos e dificuldades que manchem a vivência cristã, e a construção da sinodalidade e da solidariedade. Não perceber ou fazer de conta que não precisamos da senha que Jesus nos deixou significa produzir e disseminar fake News, ou seja, transformar a nossa vida em um ambiente que em lugar de produzir e compartilhar bons frutos produzimos e compartilhamos egoísmo, divisão, discórdia, fofoca, e por aí afora.

A primeira leitura nos mostra como deve ser uma autêntica conexão com Deus Pai por meio de Jesus. O texto começa apresentando alguns cristãos que se achavam melhor que os outros e que cultivaram o medo e a restrição para acolher Saulo. Barnabé, porém, lhes abre a mente e os corações e faz perceber como Saulo, apesar de toda as resistências que lhe eram apresentadas só tinha a somar no seio da comunidade. A acolhida de Paulo mostra como aceitar Jesus implica também ser uma casa de portas abertas, um espaço onde todos têm lugar para fazer acontecer o encontro com Jesus ressuscitado.

E o autor da segunda carta começa com uma advertência que não podemos relativizar: “Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração”

Nos reunimos em assembleia precisamente para aprender com a Palavra, pela Oração e na Partilha eucarística a realizar gestos concretos de amor aos irmãos e a Deus Pai permanecendo conectados com Jesus.

 

 

 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE ABRIL DE 2024 - 4º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

O SENHOR FAZ MARAVILHAS AOS NOSSOS OLHOS

O brasileiro sempre tem explicações muito distintas para uma mesma realidade e isso tem a ver também com o sentido que se dá a determinadas expressões. Por exemplo, quando falamos a palavra “BOM” podemos nos referir ao paladar e a certos pratos apresentados para as refeições; usamos também para qualificar uma peça de roupa que cai no gosto das pessoas; é Bom também um determinado objeto que se compra ou vende. Bom é também um professor, um advogado, um trabalhador braçal, um pai, uma mãe e assim por diante.

Pois no Evangelho desse domingo Jesus se intitula “Bom pastor”. Ora, quais sentidos podemos dar a esta expressão de acordo com a riqueza do nosso idioma? Certamente podemos dizer que a expressão signifique: “Modelo de pastor, ideal de pastor, pessoa comprometida com a causa, sujeito que veste a camisa, aquele que não tem medo de enfrentar as adversidades da profissão” e assim por diante.

O evangelista que põe na boca de Jesus a expressão Bom pastor e mercenário para os maus pastores buscou o sentido da expressão no profeta Ezequiel que havia dado uma chamada de atenção nos líderes judaicos do seu tempo dizendo: “Vocês foram maus pastores, não cuidaram do rebanho, Deus mesmo vai retirar as responsabilidades que lhes havia confiado e via assumir o cuidado do seu povo”.

E agora Jesus se apresenta exatamente como aquele que veio para assumir o lugar dos outros que não haviam “vestido a camisa” quando se tratava de cuidar do rebanho, e não somente do rebanho que estava seguro: “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem... Tenho ainda outras ovelhas que não são deste rebanho, também a elas devo procurar e cuidar. Eu sou o Bom Pastor”.

É com base nesta afirmação que Pedro vai recuperar o que rezamos no Salmo: “Ele é a pedra que os pedreiros rejeitaram e que se tornou agora a pedra principal, pelo Senhor é que foi feito tudo isso e é obra admirável aos nossos olhos”.

E o autor da segunda leitura afirma que Deus age como aquele que cuida porque nos tem como filhos e filhas, sua preocupação está centrada em nos ajudar a superar todas as fragilidades e debilidades de um rebanho que nem sempre se cuidou e nem tampouco foi cuidado como deveria.

Como tarefa para e responsabilidade de cristãos, seguidores de Jesus todos somos convidados a participar da mesma missão de Jesus que consiste em dar a vida por suas ovelhas e ir ao encontro daquelas que estão perdidas, desgarradas. Somos convidados a ultrapassar as fronteiras do rebanho e independente da situação de cada pessoa trabalhar para que se forme um só rebanho e um só pastor. E para que isto aconteça não devemos desperdiçar nenhuma das pequenas oportunidades para acolher, incluir e fazer caminhar juntos. Nada nem ninguém deve nos impedir de caminhar juntos!

 

 

 

sexta-feira, 5 de abril de 2024

HOMILIA PARA O DIA 14 DE ABRIL DE 2024 -3º DOMINO DA PÁSCOA - ANO B

 

VOCÊS SERÃO TESTEMUNHAS DE TUDO ISSO!

Dentre as sensações que gostamos de sentir, uma delas é a consciência tranquila e frequentemente dizemos: O melhor travesseiro é uma consciência limpa! Pois o salmo que rezamos hoje nos coloca uma condição fundamental “Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida”!

E a segurança que Deus nos dá passa pelo reconhecimento de quem é Jesus: “Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos”. Na primeira leitura Pedro garante que Jesus está vivo e continua a oferecer-se para todos os que o acolhem. Tanto para os que tramaram a morte de Jesus, como para a sociedade contemporânea Jesus Cristo continua sendo a presença amorosa e misericordiosa de Deus que abre sempre portas e possibilidade para a reconciliação. Jesus não é uma figura do passado. Ele continua vivo e presente nos caminhos do mundo.  Cabe a nós, por nosso estilo de vida facilitar que as pessoas percebam, descubram e façam também eles a experiência do encontro vivo com Jesus vivo!

Na segunda leitura o autor insiste que o encontro com Jesus supõe a capacidade de viver de forma coerente as propostas que Ele apresentou. Apesar dos pecados e fragilidades de cada pessoa somos sempre desafiados a viver os mandamentos de Deus. Em resumo, a possibilidade de viver a comunhão com Deus implica viver a comunhão com as pessoas. Um cristão que gasta todo o seu tempo em muitas rezas e solenes liturgias, mas não tem compaixão das pessoas feridas e abandonas nas estradas da vida, este não entendeu nada sobre o Deus que Jesus revelou com sua vida.

No Evangelho Lucas conta mais uma aparição de Jesus, não faz isso com o objetivo de relatar um fato extraordinário, mas com a finalidade de mostrar como é extraordinária a experiência do encontro com Jesus e deixa claro que o lugar para isso é a comunidade. Naturalmente o reconhecimento do ressuscitado exige um caminho penoso e carregado de dúvidas e incertezas, mas se trata de percorrer com a mente e o coração abertos. Tanto os discípulos de ontem como os cristãos de hoje são convidados a percorrer o mesmo caminho. Tanto para os discípulos de outrora como para cada um de nós é importante ter claro que a iniciativa é sempre d’Ele e que continua sendo o mesmo Jesus que trilhou com os discípulos os caminhos da Palestina de outrora.

O Evangelho se conclui com uma tarefa que se perpetua até hoje: “O Cristo sofrerá
e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém'. Vós sereis testemunhas de tudo isso".

 

 

 

HOMILIA PARA O DIA 07 DE ABRIL DE 2024 - 2º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

FELIZES AQUELES QUE ACREDITAM

Na oração inicial deste domingo o padre nos convida a rezar com as seguintes palavras: “Aumentai a graça que nos destes, para que todos compreendam melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova e o sangue que nos resgatou”.

Esta afirmação tem por objetivo nos ajudar a perceber que os cinquenta dias depois do domingo da páscoa é a oportunidade para fundamentar tudo o que acreditamos colocando Jesus como centro de nossas vidas. A páscoa é um convite para construir valores de comunhão, de fraternidade, de sinodalidade. O tempo é para relativizar os caprichos e vontades pessoais e seguindo o exemplo dos discípulos moldar nossas vidas na vida de Jesus.

Os desafios contemporâneos não são menores que aqueles vivido pelas comunidades primitivas. Mas todos somos desafiados a incluir e construir a paz, a diminuir as desigualdades e fazer triunfar a justiça.

A páscoa nos ensina a esperança e alegria de quem reconhece no testemunho da tantos homens e mulheres que ao longo do tempo compreenderam e viveram a fé que depositavam na pessoa de Jesus Cristo.

O texto dos Atos dos Apóstolos, escrito cerca de 50 anos depois da morte de Jesus, já encontrava comunidade desanimadas e pouco afeitas ao estilo de vida daqueles que conviveram com Jesus. Nesse contexto o autor do livro dos Atos dos apóstolos recorda um modelo de comunidade do início do cristianismo e conclui: “e não havia necessitados entre eles”. Em resumo a proposta de Jesus não foi para os primeiros cristãos uma “conversa de buteco”, mas a instalação de novo estilo de vida comprometendo uns com os outros um amor que partilha e que é solidário.

A carta de João afirma que aquele ama a Deus e aceita Jesus Cristo faz de sua vida um serviço de comunhão e fraternidade afinal todos somos irmãos.

No Evangelho mais uma vez Jesus aparece como o centro da comunidade e somente quem o reconhece, ainda que não o tenha visto fisicamente, tem coragem para enfrentar todas as dificuldades que a vida lhe apresenta. E não há outra forma de ver Jesus se não na prática de caminhar juntos.

De toda forma a proposta do Evangelho é para os que estão na comunidade e para os que estão fora. Todos chamados a inclusão e acolhida. Uns e outros são desafiados e acreditar no testemunho e na palavra: “Felizes os que creram sem ter visto”!