quarta-feira, 23 de agosto de 2023

HOMILIA PARA O DIA 03 DE SETEBMRO DE 2023 - 22º DOMINGO COMUM - ANO A

 

A MINHA ALMA TEM SEDE DE DEUS!

Conta a história que o rei Dom João V, teria estabelecido o preço de seis vinténs para uma saca de açúcar. Valor que foi considerado irrisório pelos produtores da época que nessas circunstâncias preferiram consumir o açúcar em vez de comercializar. Neste contexto surgiu o provérbio: “Mais vale um gosto do que seis vinténs”. Pois é sobre o prazer de fazer alguma atividade, a alegria e a determinação para realizar tarefas e projetos que trata a Palavra de Deus que ouvimos nesse domingo.

De outra maneira se pode dizer que a liturgia faz um convite para experimentar a loucura da cruz, cujo resultado será sempre a sensação de dever cumprido e de uma vida realizada no amor e por amor.

Na primeira leitura Jeremias faz um desabafo referindo-se ao fato de ter sido incompreendido na função de profeta. Se dependesse dos resultados e da aceitação tudo teria sido em vão. Ele se apresenta inicialmente como alguém revoltado contra Deus e disposto a abandonar tudo. Porém, o seu comprometimento e a certeza que ele tem de não estar trabalhando em vão não lhe permitem “jogar a toalha”, ou “pendurar a chuteira” como se diz hoje: “Todas as vezes que falo, levanto a voz, clamando contra a maldade; a palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro. Tornei-me alvo de riso o dia inteiro. Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele". Entretanto suas convicções são muito maiores que a revolta: “Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder”. Esta pode ser também na atualidade a certeza daqueles que aceitam a proposta e o convite de Deus vivendo com determinação e coragem os valores do Reino. Para quem se compromete com a Palavra de Deus verá que o coração arde de paixão pela causa e não se amedronta de colocar os pés na estrada. Não são as dificuldades que devem nos abater, mas a coragem que deve nos sustentar quando se trata de superar os percalços que a vida nos oferece.

Na mesma direção São Paulo recorda aos cristãos de Roma que entregar-se sem reservas nas mãos de Deus é a melhor e mais agradável oferenda que uma pessoa pode oferecer àquele que nos chamou para sair das trevas em direção a uma luz admirável: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus”. Viver em Deus e para Deus é muito mais do que milhões em ouro e prata, sem ser jocoso: “Mais vale um gosto do que seis vinténs”!

No Evangelho Jesus dialoga com os discípulos na mesma direção do profeta e de Paulo: “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito...” Pedro, que sempre falava em nome de todos, não tinha entendido o anuncio do mestre e nesse texto age como o demônio descrito em outra passagem sempre querendo desviar Jesus da missão que havia assumido. Com firmeza Jesus repreende Pedro e estende o convite a todos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida”. Ontem, como hoje aceitar a proposta do Evangelho consiste mais em sair de si mesmo, das suas verdades e possibilidades de sucesso para transformar a sua vida em doação e serviço generoso aos irmãos e irmãs. Como palavra de conclusão a liturgia de hoje nos faz repetir com Jeremias: “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir”. Ou então vale muito mais fazer aquilo que nos traz realização pessoal do que abocanhar e acumular muito dinheiro, patrimônio, riquezas e viver em função de cuidar das coisas em lugar da gente.

 Não tenhamos medo de rezar com o salmista:

A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus
!

terça-feira, 22 de agosto de 2023

HOMILIA PARA O DIA 27 DE AGOSTO DE 2023 - 21º DOMINGO COMUM - ANO A

 

TUDO É DELE, POR ELE E PARA ELE!

 

Um dos piores sentimentos humanos diz respeito a confiança traída. A gente aposta em alguém com quem partilha e compartilha trabalhos, sentimentos, atividades, confidências e num determinado momento sem nenhuma razão aparente a resposta é uma quebra de confiança que desencanta qualquer possibilidade de continuar o trabalho e os relacionamentos que pareciam ser duradouros.

Na segunda leitura desse domingo, São Paulo escreve aos Romanos, começa e termina com algumas afirmações que retratam a sua absoluta confiança no Deus que ele acredita: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém”! No entender de Paulo é impossível para a finitude humana compreender Deus. Mas de uma coisa todos podem ter certeza quem se entrega confiadamente nas mãos dele nunca terá o que temer. O convite é para todos reconhecer Deus como se reza no salmo:

Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres, *
e de longe reconhece os orgulhosos.

Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! † 

Eu vos peço: não deixeis inacabada, *
esta obra que fizeram vossas mãos!

 

Ao contrário de Deus, as pessoas nem sempre são merecedoras da confiança que lhes é depositada. Esse é o sentimento narrado pelo profeta Isaias na primeira leitura: “Assim diz o Senhor a Sobna, o administrador do palácio: "Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. Acontecerá que nesse dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá”. As palavras do profeta são um desabafo em relação a alguém que deixou de cumprir aquilo que tinha sido acordado. Ao longo do tempo as pessoas entenderam que se tratava também de uma quebra de confiança do povo de Israel nas relações com Deus, que por sua vez não lhes deixa na insegurança e no medo, pelo contrário estabelece outro acordo que permite ao seu povo seguir sem medo: “Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro e aí ele terá o trono de glória na casa de seu pai". Esta profecia vai se concretizar na pessoa de Jesus, que por sua vez estende sua missão a todos aqueles que lhe reconhecem: “Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus". Pedro representa a comunidade dos discípulos que merece a confiança irrestrita do mestre para agir com a força do amor: “Tudo o que ligarem na terra será ligado nos céus e o que desligarem na terra será desligado nos céus”. Jesus não precisa que ninguém diga quem ele é: “Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias”.  Ele espera apenas que sejam fiéis seguidores dos seus ensinamentos e do seu estilo de ver e fazer as coisas. Responder à pergunta que Jesus continua a nos dirigir como fez com os discípulos não se trata de dar lições de catequese, de bíblia, de liturgia, de doutrina da Igreja, implica olhar para dentro do nosso coração e no cotidiano de nossas ações responder com sinceridade qual é o lugar de Jesus na minha vida!

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

HOMILIA PARA A FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA - 20 DE AGOSTO DE 2023 - ANO A

 

EIA, POIS ADVOGADA NOSSA

A Salve Rainha é uma das preces da piedade popular que aprendemos desde muito cedo. Muitas vezes repetimos sem nos dar conta do significado da frase no mistério da nossa salvação. Mas de uma coisa é certa recorrer a Maria e rezar com Ela ao Pai é a forma mais segura de alcançar aquilo que precisamos. O adjetivo advogado Jesus também aplica ao Espírito Santo, nós usamos todas as vezes que precisamos de um socorro quando nossas forças e argumentos já não são suficientes diante das necessidades.

São Paulo VI escreveu sobre a Assunção de Maria com as seguintes palavras: “É a festa do seu destino de plenitude e de bem-aventurança, da glorificação da sua alma imaculada e do seu corpo virginal, da sua perfeita configuração com Cristo ressuscitado”.

Na oração eucarística na Missa de hoje nós rezamos: “Aurora esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, o vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.

Nós repetimos também as palavras de sua prima Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres”. Na festa da Assunção fazemos memória do dia em que o “Bendito fruto do seu ventre” acolhe sua mãe na glória do céu e a coroa com 12 estrelas.

Mas não podemos pensar que Maria alcançou o mérito da glória sem antes ter experimentado as dificuldades e agruras da vida.

A figura da mulher descrita na primeira leitura é a descrição de Maria que participa da vitória da Cristo sobre o mal e a morte. Vestida de sol, coroada de estrelas, venceu o dragão e foi alimentada por Deus no deserto.

A mesma coisa rezamos no salmo: A esposa do rei é Maria que encontra graça diante de Deus pelos méritos do seu Filho: “À vossa direita se encontra a rainha com veste esplendente de ouro de Ofir”.

Na carta aos coríntios, mais uma vez o Homem Novo, que ao contrário de Adão, venceu as tentações do pecado faz da Virgem Maria a Nova Eva. Ela está na sequência daqueles que ressuscitam: “Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo”.

Agradecida por ter sido escolhida como Mãe do Salvador, Maria não se limita a palavras bonitas de gratidão. Ela realiza na prática aquilo que acredita: “Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia não sem razão o Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da juventude, a chamou de A virgem que sai correndo, a Virgem apressada quando se trata de correr ao encontro dos necessitados.

A festa de hoje é um convite para aprender rezar com Maria que guardou todas as coisas no seu coração. Coloquemos nossos pés nos rastros de Maria e aprendamos com ela a fazer tudo o que Filho pedir!

 

 

                                                                                                   

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

HOMILIA PARA O DIA 13 DE AGOSTO DE 2023 - 19º DOMINGO COMUM - ANO A

 SENHOR, NÃO NOS DEIXE SER VENCIDOS PELO MEDO

 

Yuri Gagarin, o primeiro cosmonauta, que no dia 12 de abril de 1961 foi lançado ao espaço a bordo do foguete denominado Zemiorka deixou gravado a frase: A paisagem é absolutamente linda e nova ... a superfície da terra muda de cor à medida que é iluminada pelo céu negro, de onde vejo muito bem as estrelas". É atribuída também a ele a frase: “Olhei para todos os lados, mas não vi Deus”. É mais provável que o cosmonauta tenha afirmado que “não encontrou na estratosfera qualquer marca de Deus...” De fato, Deus não é uma criatura que tocamos com nossos sentidos, nenhum radar espacial jamais detectou qualquer vestígio de Deus. Convenhamos que não é necessário muito discurso para aceitar que todos somos pessoas a quem Deus inquieta. Independente de professar uma religião o coração humano contém interrogações sobre o extraordinário, o transcendente, o totalmente outro e que de modo nenhum os sentidos conseguem expressar.

É essa a imagem de Deus que as leituras bíblicas desse domingo querem revelar. Trata-se de um Deus disposto a percorrer passo a passo os caminhos humanos.

Elias retorna ao monte Sinai, onde pela primeira vez Deus falou com Moisés e ali de uma maneira totalmente diferente de tudo o que se poderia esperar reconhece a presença de Deus: ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta”. A intenção do autor desta passagem é clarear também para nós que Deus não se manifesta em sinais extraordinários, amedrontadores e espetaculares, mas se dá a conhecer no silêncio e na calmaria do coração.

Também para nós, como para o cosmonauta Russo, não faltam oportunidades extraordinárias e propostas de felicidade ecoando em alta voz que não poucas vezes nos arrastam para a indiferença com os sofrimentos alheios. O texto da primeira leitura é um convite para nos encontrar de novo com o nosso interior.  

A carta de São Paulo aos Romanos é um convite a não perdermos as oportunidades que Deus nos oferece. Ele nunca falha e deixa claro que embora as pessoas nem sempre tenham sido fiéis aos compromissos assumidos a misericórdia de Deus se derrama com abundância sobre todos: “Irmãos: Não estou mentindo, Tenho no coração uma grande tristeza”. Paulo diz isso por causa da ingratidão dos seus conterrâneos, apesar disso o apóstolo afirma: “Eles são israelitas. A eles pertencem a filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à sua humanidade, Cristo, o qual está acima de todos, Deus bendito para sempre! Amém!”.

O Evangelho desse domingo é a continuação do que ouvimos semana passada. Lá Jesus desafiou os discípulos a garantir comida para todos de uma maneira extraordinária e muito simples: “sentar e repartir”!

Agora, na travessia do mar os discípulos experimentam como nós as tempestades que desmascaram nossas seguranças e colocam a descoberto nossa vulnerabilidade, nossos programas, projetos hábitos e prioridades. As tempestades derrubam a maquiagem das nossas certezas. Quando somos tomados pelo medo e pela insegurança mais uma vez Deus se apresenta na serenidade da madrugada: “A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar” A reação dos discípulos diante de tudo o que estava acontecendo não poderia ser outra: ficaram apavorados, e gritaram de medo dizendo: "É um fantasma". Mas Jesus se encarrega de lhes revelar sua verdadeira identidade”: "Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!"

É bom ter presente que a comunidade para quem Mateus escreveu esse evangelho, por volta de 50 anos depois da morte de Jesus, já havia perdido o entusiasmo e vivia a fé com frieza e acomodação. As contrariedades do cotidiano, as perseguições representavam tempestades, confusão, medo, insegurança. Tal como os cristãos daqueles tempos também nós estamos numa continua travessia em que as ondas contrárias ameaçam e nos fazem como Pedro ter medo e começar a afundar. A resposta continua sendo a mesma. Para quem reconhece em Jesus a bondade e a segurança de Deus que é amor, comunhão e compaixão percebe que ele continua estendendo a mão que nos faz vencer a adversidade, a desilusão e todos os medos. O Evangelho se conclui com o a repreensão a Pedro e o convite para todos: “Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: "Homem fraco na fé, por que duvidaste?" Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco, prostraram-se diante dele, dizendo: "Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!"

Não tenhamos medo embora não seja visível em carne e osso o Senhor nunca deixa de nos acompanhar. O maior problema não são as tempestades, mas nossa falta de fé! Sempre que colocamos o foco das nossas preocupações e nos nossos medos Jesus se torna um fantasma, uma miragem, uma aparição sem sentido. Bem declarou o Papa Francisco durante a pandemia: “não somos autossuficientes: precisamos do Senhor, convidemos Jesus a subir no barco da nossa vida”. Isso também rezamos no salmo:

Quero ouvir o que o Senhor irá falar: *

é a paz que ele vai anunciar.

Está perto a salvação dos que o temem, *
e a glória habitará em nossa terra. 

 

 



terça-feira, 1 de agosto de 2023

HOMILIA PARA O DIA 06 DE AGOSTO DE 2023 - 18º DOMINGO COMUM - ANO A - TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR BOM JESUS!

 

DEUS É REI! EXULTE A TERRA DE ALEGRIA

Se tem uma situação que faz parte das preocupações cotidianas é a que diz respeito ao futuro, às realizações profissionais, a felicidade e até ao que virá depois da morte. A liturgia da Igreja nos convida a fazer memória da Transfiguração do Senhor, também chamada na piedade popular de Festa do Senhor Bom Jesus. Note-se que esta celebração acontece 40 dias antes da Exaltação da Santa Cruz, e tem por objetivo deixar bem claro que a bondade e a vitória do Bom Jesus não estão desligadas da Cruz e do sofrimento. A Palavra de Deus que ouvimos nesse domingo nos apresenta três situações que apontam exatamente nessa direção.

Na primeira leitura o profeta Daniel fala de um reino futuro que não terá fim, mas que antes exige enfrentar provações: “Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele”. Passando por essa provação o que estava sentado no trono: “Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”.

São Pedro, na segunda leitura, escreve com a autoridade de quem vivenciou todo o processo que levou Jesus à glória e a realeza: “Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: "Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer". O texto de hoje se conclui com uma recomendação para o nosso tempo: “Façam brilhar a Palavra que vocês ouviram como um tesouro em seus corações”.

Mateus começa o Evangelho desse domingo apresentando os discípulos testemunhas da mais extraordinária revelação. Pedro, Tiago e João, foram levados para a montanha, lugar onde normalmente Deus se revelou aos antepassados, ali ouviram a voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!" O Fato acontece no sexto dia, o mesmo que Deus criou o primeiro homem que se deixou corromper pelo pecado, agora Deus revela sua nova criatura: O Filho de Deus plenamente renovado, o qual faz novas todas as criaturas.

Não se trata de uma mágica para impressionar os desavisados discípulos. A transfiguração acontece no contexto do cumprimento da lei cujo representante é Moisés e no cumprimento das profecias cujo representante é Elias. A nova criatura que se dá a conhecer no sexto dia é o cumprimento perfeito de tudo o que o povo de Israel acreditava. O homem perfeito veio realizar tudo que tinha sido prometido ao longo do tempo.

Os discípulos ficaram encantados com a cena deslumbrante que presenciavam e estavam dispostos a permanecer nessa condição para sempre. Entretanto a voz que veio do céu não termina com o reconhecimento daquele que foi enviado, mas convida todos em todos os tempos seguir o único e verdadeiro mestre. O Filho de Deus que se fez conhecer no sinal da transfiguração continua convidando-nos a descer da montanha das nossas certezas e seguranças para transfigurar o mundo

Jesus continua a chamar cada pessoa, como fez com os três discípulos: “Levantem-se não tenham medo”! Se acreditamos na oração que fazemos no salmo, podemos caminhar sem medo:

 Deus é Rei, é o Altíssimo,
 muito acima do universo.

As montanhas se derretem como cera *
ante a face do Senhor de toda a terra;

e assim proclama o céu sua justiça, *
todos os povos podem ver a sua glória!