sábado, 30 de abril de 2016

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA PRIMEIRO DE MAIO DE 2016

O AMOR É O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO

Neste primeiro de maio o mundo inteiro para e celebra o dia do trabalhador. Já no ano 500 AC. Confúcio, sábio chinês, declarou: “Escolha um trabalho que lhe dê prazer e nunca mais terás que trabalhar um só dia na vida”. É claro que ele estava compreendendo a expressão trabalhar diferente de como ela é entendida na origem da palavra Tripalium que significa sofrimento e dor. Celebrar o dia do trabalhador implica compreender a ação de homens e mulheres do modo como entendeu o sábio chinês: Trabalhar, para ele, significava encontrar a realização plena e a felicidade.
É neste sentido que também a liturgia deste domingo apresenta a ação do Espírito Santo de Deus, e a ação de Jesus que enviou o seu Espírito. O Papa Francisco também chama o Espirito santo de Trabalhador e afirma que é pelo seu trabalho que Ele revela quem é Jesus Cristo.
As comunidades que se reúnem celebrando o mistério da páscoa de Jesus podem ter certeza que já conheceram o Espírito Santo trabalhador, aquele que Jesus anuncia aos apóstolos como o “defensor”, presença que dá assistência e que ilumina a estrada daqueles que caminham no seu amor e que guardam a sua Palavra.
Não há dúvida que a presença do Espírito Santo sempre foi para a Igreja e para aqueles que acreditam o sinal do amor de Deus. Neste sentido se pode ter a certeza que Ele é verdadeiramente um trabalhador, que não se cansa e nem descansa, ele continua mostrando a estrada por onde deve andar aquele que se diz seguidor de Jesus Cristo.
A comunidade dos apóstolos, desde o princípio teve certeza que sua força e suas decisões estavam nas mãos do Espírito Santo trabalhador. A primeira leitura conta o episódio de uma das dificuldades iniciais da Igreja nascente. A conclusão do Concílio dos Apóstolos, não poderia ser outra: decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo...” esta expressão dos apóstolos não precisa ser mais clara pois ela confirma: “O amor é o vínculo da perfeição”.
É neste sentido que se pode compreender também as palavras de Jesus no Evangelho: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
Eis que então, nestes dias em que a situação de insegurança ronda com mais intensidade a casa e a vida dos trabalhadores, mais do que nunca se faz necessário dar importância aquilo que realmente merece.
A hora é de amar mais, porque só o amor é capaz de resistir às dificuldades e provações que a vida e o mundo apresentam ao cotidiano das pessoas. Amar mais implica sim abraçar com entusiasmo o próprio trabalho e trabalhar na certeza de que o Espírito que Jesus vai enviar não deixará ninguém à mercê da própria sorte.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO 4º DOMINGO DA PÁSCOA

JESUS, O PASTOR MISERICORDIOSO


Pouco a pouco a solenidade da páscoa vai ficando na memória e o resultado daquele extraordinário dia permite ir compreendendo melhor quem é Jesus e quais são suas principais ações em favor do seu povo. Do mesmo jeito que Jesus, “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor”, disse o Papa Francisco.

Os bispos do Brasil reunidos em Aparecida também falaram sobre a importância de trabalhar em favor do povo e numa carta aberta falaram sobre a crise em que o Brasil está mergulhado e reafirmaram que a  Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”. Ao mesmo tempo em que recordam aos políticos que: “O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas”.

A situação brasileira permite compreender com uma facilidade incrível o que significa agir como “bom pastor”. As palavras do Evangelho: As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. Neste momento particular da história brasileira, qual é a voz que se pode dar crédito diante da avalanche de corrupção que enlameia a vida política nacional em todos os níveis. Acaso será possível acreditar que alguma voz dos que se levantam neste momento tem real interesse de não continuar transformando o povo brasileiro em “Mártires da corrupção”?

Na condição de cristãos todos são convidados a repetir o gesto de Paulo e Barnabé: Então os apóstolos sacudiram contra eles a poeira dos pés”. Pois, além dos supostos “salvadores da Pátria” há ainda uma multidão  que ninguém pode contar, como nos diz a segunda leitura, e estes são honestos, justos, coerentes, “lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do cordeiro”.

Apóstolo de Jesus, cidadão do Reino, que conhece e reconhece a voz do verdadeiro e único pastor, cada pessoa é convidada a trabalhar com honestidade, cumprir com suas obrigações, fazer o dever de casa, cuidar da casa de todos, em resumo: fazer a sua parte na construção de uma sociedade justa e humana, na qual o amor de Deus se torne mais evidente.


A Palavra de Deus, com a graça do Espírito Santo e a Eucaristia que participa, leva a se reconhecer  reunidos e escolhidos pelo amor de Cristo e por ele enviados para levar a paz em todos os lugares aonde sua presença for importante. 

sábado, 9 de abril de 2016

PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA 2016

OS APÓSTOLOS VIVIAM MUITO CONTENTES...

Ser capaz de distinguir entre o que é importante e o que é acessório, o que merece maior atenção e as necessidades menos urgentes, os investimentos indispensáveis e aqueles que podem ficar na lista de espera, são sinais de sabedoria. Quando uma pessoa sabe organizar a sua vida dando mais importância aquilo que realmente exige mais, normalmente sua vida é mais disciplinada e administra melhor os desafios e dificuldades.
A primeira leitura e o evangelho do terceiro domingo da páscoa são uma ajuda preciosa quando se trata de fazer uma escala de valores, e mesmo que para isso seja necessário algum sacrifício e certa dose de coragem.
Os Atos dos Apóstolos relatam as provações enfrentadas por eles por causa da sua confiança nas palavras e nas ações de Jesus. Diante dos grandes do Sinédrio, que lhes ameaçavam por causa do que vinham realizando em nome do Senhor, Pedro responde: É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus. A centralidade que os Apóstolos dão ao nome de Jesus lhes causou muitos sofrimentos: “Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus”; apesar disso: “Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus”.
O texto do Evangelho que foi escrito cerca de 60 anos depois da morte de Jesus, narra um momento no qual Pedro e seus companheiros tinham perdido o foco da sua condição de seguidores do mestre e voltam desiludidos para o mar da vida. Trabalham a noite inteira e não obtiveram sucesso na sua ação.
Ao amanhecer do dia, um “desconhecido” aparece na praia e lhes desafia: “Lancem a rede a direita do barco e acharão peixes”. Confiantes nesta palavra repetem o gesto que haviam feito diversas vezes e eis que o resultado aparece.
Nem é preciso perguntar quem era o “desconhecido” que estava à margem, todos tinham entendido onde estava o “cerne” da questão: Quando Jesus está no centro das preocupações, o resultado é certo e unidade garantida. Apesar da quantidade de peixes a rede não se rompeu.
Eu resumo, nenhuma dificuldade, nenhum problema, mas igualmente nenhuma ação humana terá sucesso enquanto confiar nas próprias forças e na sua única capacidade de solução. Colocar Jesus e sua palavra no centro de toda a vida é a condição para o sucesso de qualquer ação.
Neste domingo, reunidos em oração a Igreja é confiada a provar do banquete preparado pelo seu único mestre e Senhor, ao mesmo que tempo em que recebe o mesmo convite que foi dado a Pedro: “Tu me amas mais do que todos? Apascenta minhas ovelhas”.

Agindo desta maneira será possível cantar como se faz no salmo hoje: Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! ”.

domingo, 3 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA NO SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA 2016

DESTA CASA DO SENHOR VOS BENDIZEMOS

Faz parte da condição humana, facilmente sentir-se impulsionada e atraída pela ideia de espetáculo, de movimentos extraordinários de coisas grandiosas. Nestes dias em que o Brasil experimenta momentos de “fecunda democracia” os meios de comunicação social facilitam a mobilização maciça das pessoas que vão às ruas manifestar a sua opinião, não importa se a favor ou contra as verdadeiras necessidades e urgências a sociedade. Segundo a grande mídia parece importante fazer uma demonstração de força e ocupar as ruas, mostrar quem pode mais não se importando com o resultado de tudo isso.
Em Jerusalém, na sexta feira da morte de Cristo a população foi levada para a rua e sem ter muito claro o que estava acontecendo pediu a morte de Jesus. Pouco tempo depois, e isto faz parte da primeira leitura deste domingo: “Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles. A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados”.
Porém, esta não é a maneira mais clara de reconhecer Jesus e o seu projeto. Pelo contrário, diz o Evangelho: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco”.
Os discípulos compreendendo quem Ele era, não tiveram dificuldades de contar: “Nós vimos o Senhor”. Somente, Tomé, o incrédulo, o que não participava, aquele que considerava pouco importante o encontro fraterno, que não estava reunido com os irmãos, insistiu em duvidar. Até que o próprio Jesus, não de uma maneira extraordinária, nem fazendo alarde em praça pública, mas no encontro pessoal e no interior da comunidade, se dá a conhecer fazendo um pedido a Tomé: “Não seja incrédulo, mas tenha fé”.
Ainda hoje cada cristão continua recebendo a mesma advertência dada por Jesus naquele tempo: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”.  A cruz de Jesus, sua vitória sobre a morte continua sendo para o mundo um sinal que o “juízo de Deus é a certeza de uma vida nova”.
Neste segundo domingo da páscoa, e no contexto das manifestações por um país justo e fraterno, à luz da Palavra de Deus, todos os cidadãos e cidadãs, comunidades, partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada, são convidados a fazer sua parte ... adotando, em suas manifestações, a busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer forma de violência, convictos de que a força das ideias, na história da humanidade, sempre foi mais bem sucedida do que as ideias de força”.

Que esta prática seja a maneira mais coerente e participativa de proclamar a Ressurreição de Jesus e a responsabilidade de todos e cada um no “cuidado com a casa que é de todos”.