sexta-feira, 21 de abril de 2023

HOMILIA PARA O DIA 23 DE ABRIL DE 2023 - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO A

 

PARTIR E REPARTIR O PÃO PARA RECONHECER JESUS

 

Não são raras nossas experiências de frustração e desencanto. Frequentemente vemos nossos sonhos se desfazerem como bolhas de sabão. Desiludidos diante destas situações resta nos lamentar e partilhar com outros que experimentam a mesma sensação de perdas e sofrimentos.

Situação de desolação é a que vivia a comunidade dos seguidores de Jesus depois da sua morte. O Texto do Evangelho de hoje, Lucas escreveu quase 50 anos depois da morte de Jesus. Recuperando um fato contado de boca o autor tem a intenção de reanimar a comunidade do seu tempo que estava atravessando mais uma das grandes crises e provações.

O que merece ser destacado no Evangelho é a maneira como se dá o encontro de Jesus com os desiludidos discípulos que caminhavam sem rumo depois da sua morte. Duas coisas são fundamentais: Recordar a Palavra de Deus transmitida por Moisés e os profetas e partir e repartir o pão como ensinou Jesus.

A maneira como Jesus lhes recordou a escritura fez arder o coração e a lição da partilha lhes fez reconhecer Jesus enchendo-os de coragem para retomar a vida e a tarefa que haviam abandonado: “Então disseram um para o outro: Não estava o nosso coração ardendo quando nos explicava as escrituras pelo caminho? No mesmo instante voltaram para Jerusalém e, encontrando os outros reunidos disseram: Nós vimos o Senhor”!

Também para nós serve a lição: As desilusões e fracassos da vida são superados quando aprendemos com Jesus a lição da partilha. Jesus continua caminhando conosco, para que nossos olhos se abram resta-nos aprender a lição da fraternidade. Muitas vezes sonhamos com coisas extraordinárias e intervenções espetaculares, esta não é a lógica de Deus. Ele caminha ao nosso lado nas estradas do mundo se o reconhecemos nossos sonhos não serão frustrações e devaneios.

A primeira leitura reafirma a ideia de um messias que passou pelo mundo realizando gestos que testemunhavam o jeito de ser de Deus, por causa disso foi condenado e morto, mas Deus o ressuscitou: “Gente de Israel, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem em quem Deus confiava e que provou isso por meio de milagres e sinais realizados no meio de todos, apesar disso foi condenado a morte de uma maneira perversa. Mas, Deus o ressuscitou livrando-o dos laços da morte”.  Tal como Pedro cada cristão do nosso tempo é convidado a testemunhar Jesus no mundo de hoje.

Na segunda leitura, o autor da carta de Pedro nos convida a reconhecer o amor de Deus pelo mundo que se revelou na cruz de Jesus. A carta é um convite para manter a fidelidade e a firmeza da fé apesar das hostilidades e sofrimentos presentes em todos os tempos: “Lembrem-se que não foi com coisas corruptíveis, nem com ouro e prata que Deus se deu a conhecer, mas pelo sangue derramado na cruz”. Portanto sejam firmes na esperança, no amor, na solidariedade. Vivam com alegria, coragem e coerência aquilo que acreditam.

Então sim podemos cantar:

Mostrai-me Senhor o Caminho da vida!

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

HOMILIA PARA O DIA 16 DE ABRIL DE 2023 - 2º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO A

 EU CREIO NUM MUNDO NOVO...

Expressões do tipo: “Em cima do muro”; “andar no escuro”; “cair para trás” e uma série de outras deste gênero são usadas em nosso cotidiano para indicar medo e insegurança em relação às responsabilidades e atividades que precisamos desenvolver. Pois o Evangelho deste domingo começa descrevendo algumas situações desta natureza pelas quais estavam passando os discípulos de Jesus logo após a sua trágica morte. O evangelho começa dizendo: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam...” Mais do que estar nestas condições, as expressões indicam que os discípulos estavam perdidos e desiludidos em relação a tudo o que acreditavam e ao futuro da sua condição de seguidores de Jesus de Nazaré.

Porém a continuidade do Evangelho e as outras leituras nos apresentam uma comunidade de gente que renasce das cinzas e à sombra da Cruz ganha coragem para recomeçar todos os seus projetos. As aparições de Jesus e a maneira como elas se realizam apontam com clareza que Jesus, agora ressuscitado, continua sendo o centro da comunidade. Reunidos os discípulos recebem a missão e a força para colocar em prática: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: "A paz esteja convosco". Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos". Enquanto estamos sozinhos somos um agrupamento de pessoas medrosas e sem rumo, mas à medida que reconhecemos Jesus nos tornamos fortes e corajosos diante das adversidades e medos que o mundo nos impõe.

A consequência deste reencontro com Jesus está descrita na primeira leitura. Os Atos dos Apóstolos fazem uma fotografia da comunidade cristã nascida em torno da pessoa de Jesus e fiel em algumas pequenas, mas significativas ações: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna na fração do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum; frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas e, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo”. Também nós cristãos do século XXI somos convidados a reconhecer Jesus Cristo e a partir dele estabelecer um estilo diferente de vida sustentado nas mesmas práticas das primeiras comunidades.

Na mesma linha Pedro, na segunda leitura, fala aos cristãos do seu tempo: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não se mancha nem murcha”. O Apóstolo reconhece todas as provações e sofrimentos aos quais a comunidade está sujeita, mas deixa bem claro que: “Graças à fé, e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos. Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações”.

Não tenhamos medo, nem sejamos fracos como Tomé, não queiramos ir sozinho ao encontro de Jesus, antes na comunidade e junto com todos proclamemos: “Meu Senhor e meu Deus”! E rezemos com o Salmista:

Dai graças ao Senhor,

porque Ele é bom;

eterna é a sua misericórdia!