quarta-feira, 12 de abril de 2023

HOMILIA PARA O DIA 16 DE ABRIL DE 2023 - 2º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO A

 EU CREIO NUM MUNDO NOVO...

Expressões do tipo: “Em cima do muro”; “andar no escuro”; “cair para trás” e uma série de outras deste gênero são usadas em nosso cotidiano para indicar medo e insegurança em relação às responsabilidades e atividades que precisamos desenvolver. Pois o Evangelho deste domingo começa descrevendo algumas situações desta natureza pelas quais estavam passando os discípulos de Jesus logo após a sua trágica morte. O evangelho começa dizendo: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam...” Mais do que estar nestas condições, as expressões indicam que os discípulos estavam perdidos e desiludidos em relação a tudo o que acreditavam e ao futuro da sua condição de seguidores de Jesus de Nazaré.

Porém a continuidade do Evangelho e as outras leituras nos apresentam uma comunidade de gente que renasce das cinzas e à sombra da Cruz ganha coragem para recomeçar todos os seus projetos. As aparições de Jesus e a maneira como elas se realizam apontam com clareza que Jesus, agora ressuscitado, continua sendo o centro da comunidade. Reunidos os discípulos recebem a missão e a força para colocar em prática: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: "A paz esteja convosco". Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos". Enquanto estamos sozinhos somos um agrupamento de pessoas medrosas e sem rumo, mas à medida que reconhecemos Jesus nos tornamos fortes e corajosos diante das adversidades e medos que o mundo nos impõe.

A consequência deste reencontro com Jesus está descrita na primeira leitura. Os Atos dos Apóstolos fazem uma fotografia da comunidade cristã nascida em torno da pessoa de Jesus e fiel em algumas pequenas, mas significativas ações: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna na fração do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum; frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas e, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo”. Também nós cristãos do século XXI somos convidados a reconhecer Jesus Cristo e a partir dele estabelecer um estilo diferente de vida sustentado nas mesmas práticas das primeiras comunidades.

Na mesma linha Pedro, na segunda leitura, fala aos cristãos do seu tempo: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não se mancha nem murcha”. O Apóstolo reconhece todas as provações e sofrimentos aos quais a comunidade está sujeita, mas deixa bem claro que: “Graças à fé, e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos. Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações”.

Não tenhamos medo, nem sejamos fracos como Tomé, não queiramos ir sozinho ao encontro de Jesus, antes na comunidade e junto com todos proclamemos: “Meu Senhor e meu Deus”! E rezemos com o Salmista:

Dai graças ao Senhor,

porque Ele é bom;

eterna é a sua misericórdia!

 

 



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