quarta-feira, 25 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 29 DE OUTUBRO DE 2017

SENHOR, SOIS A FORÇA E A SALVAÇÃO
Que as relações humanas e a vida em sociedade exigem certa regulação legal ninguém dúvida. Para garantir a segurança e o progresso das comunidades e sociedades todos os envolvidos se sujeitam a normas, regras, leis, acordos de cavalheiros e assim por diante. Mas, é preciso ficar claro que toda regra ou regulação não tem um objetivo em si mesma, pelo contrário, as leis têm a finalidade de promover as pessoas e a dignidade de todos.
No evangelho deste domingo, mais uma vez, Jesus é colocado à prova pelos entendidos em leis. A pergunta de hoje é sobre a escala de importância das inúmeras normas a que estava sujeita a sociedade de Israel de acordo com a Sagrada Escritura.
Como das outras vezes que os Fariseus tentaram embaraçar Jesus diante de todos, Ele, mais uma vez, aponta noutra direção muito mais interessante e que vai muito além da frieza e da rigidez das leis.
Diante da pergunta: “'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? ” Jesus não se intimida e responde sem constrangimento: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
Em poucas palavras Jesus desmonta o modo egoísta dos fariseus interpretar a lei. Mais do que saber de cor as escrituras, todos são desafiados a testemunhar que vivem a experiência de amar a Deus sendo amoroso com os irmãos.
A palavra de Jesus fica ainda mais clara se comparada com a primeira leitura. Amar os irmãos é muito fácil quando o irmão está na mesma condição daquele que diz que ama. O texto do Êxodo proclamado hoje é taxativo quando se trata de praticar o amor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão”. Fazer reconhecer o amor a Deus implica não se deixar corromper e ter clara preferência, sobretudo, por aqueles que tem maiores necessidades e que experimentam maior sofrimento e abandono.
Paulo, elogia a comunidade dos Tessalonicenses exatamente porque vivem uma experiência de amor concreto: E vós vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim, nós já nem precisamos de falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro”.
Isso leva a Igreja rezar ainda hoje: “Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga sois meu escudo e proteção: em vós espero”

Celebrando, neste domingo, a memória daquele que faz compreender a importância de todas as leis, a Igreja reunida em oração celebra o desafio de compreender a lei, não pela força dela mesma, mas antes de tudo pelo crescimento da fé, da esperança e da caridade. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE OUTUBRO DE 2017

EM DEUS NÃO HÁ ‘TRAMBIQUE’

Os fatos políticos da última semana em Brasília e que terminaram com internações hospitalares, constrangimentos diante da população e da imprensa, revelação de comprometimentos com dinheiro sujo que colocaram a dignidade, a justiça e respeito debaixo do tapete dispensam comentários, mas tem tudo a ver com a Palavra de Deus deste domingo.
As leituras proclamadas na liturgia apontam como é importante reconhecer a atitude correta diante daquilo que pertence a Deus e que a ele deve ser entregue: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
O Evangelho é mais do que claro que os amigos de Herodes não tinham a intenção de sanar uma dúvida, pelo contrário, queriam pegar Jesus em alguma contradição. Enquanto os partidários do imperador apresentam uma moeda com a imagem de César, Jesus afirma que o poder do grande mandatário do império de longe se assemelha aquilo que pertence a Deus, no caso o povo da aliança.
Silenciar diante das injustiças, da exploração e do massacre das pessoas e da sua dignidade é o mesmo que negar a vocação missionária que cada um recebeu no dia do batismo. A Igreja em saída que o Papa Francisco sugere como alegre anunciadora do Evangelho é antes de tudo uma ação de cada pessoa que precisa se colocar no caminho da caridade e do cuidado de todos os feridos e de todas as feridas que o desrespeito provoca sem dó na sociedade contemporânea.
As palavras que o profeta coloca na boca de Deus como dirigidas ao rei da Pérsia impondo-lhe a tarefa de devolver a esperança ao povo de Israel que estava escravizado e perdido, é um mandato para os cristãos do terceiro milênio: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões”.
O mesmo pedido São Paulo dá aos cristãos de Tessalônica: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos”.
E Jesus coloca em saia justa aqueles que queriam lhe armar uma cilada: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta afirmação tem estreita sintonia com a missão que foi dada ao rei da Pérsia: Garantir que o povo seja propriedade única de Deus e não objeto de dominação de políticos e autoridades inescrupulosas que usam da legitimidade que lhes foi confiada para enganar o povo e aproveitar-se das vantagens que a imoralidade e a corrupção lhes facilitam.

Que o Senhor ajude todos a reconhecer o que se reza no salmo: Adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele! Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!' pois os povos ele julga com justiça”.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 15 DE OUTUBRO DE 2017

É DEUS QUEM ENXUGA AS LÁGRIMAS
As questões relativas ao amor, a tolerância e o perdão são para todas as relações humanas uma necessidade imperiosa e da qual não se pode abrir mão. A certeza de que Deus ama seu povo de verdade é o tema central que está perpassando todas as leituras dos últimos domingos. Hoje, mais uma vez o pano de fundo é a bondade de Deus que acolhe e perdoa todos.
No texto do profeta Isaias é Deus mesmo quem prepara e serve o banquete, o qual é muito mais do que abundância de comida e bebida. A verdadeira festa de Deus é a destruição da morte para sempre: “O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra, disse o Senhor”.
Uma tal imagem de Deus só pode merecer confiança total e ação de graças por sua ação extraordinária: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas  verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. Preparais à minha frente uma mesa, felicidade e todo bem hão de seguir-me”.
São Paulo está como que fazendo uma espécie de testamento, a carta aos filipenses foi escrita na prisão. É neste contexto que Paulo deixa bem claro para aquela comunidade que Deus é providente e previdente: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus”. Paulo manifesta a convicção que Deus não abandonou, nem mesmo na hora do martírio e pede que os amigos tenham o mesmo espírito que ele convidando-os a uma confiança extraordinária: “Tudo posso naquele que me dá força. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza”.
Na história da festa de casamento fica mais do que claro que Deus quer acolher a todos, e que de cada um ele espera, não muita coisa, apenas que sejam chamados para um novo tempo.
Não há o que temer diante das ameaças e suposta violência contra as pessoas também na atualidade. Deus leva cada pessoa em particular a fazer sua parte e a reconhecer em Jesus uma pessoa capaz de agir em favor do povo.

Todos os cristãos destes tempos são chamados a serem missionários do banquete de Deus agindo solidariamente com todos os demais. Que o Senhor nos ajude pela Eucaristia e pela oração de todos. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA 2017

Ó VEM CONOSCO, VEM CAMINHAR, 
SANTA MARIA VEM!
Se tem uma coisa que alegra o coração das pessoas é poder ser útil para alguém. Na mesma proporção não há ninguém que não se alegre quando recebe gestos de bondade e carinho. Sem dúvida é oportuna a frase atribuída a São Francisco de Assis: “Ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro”.  É nesta perspectiva que se pode melhor celebrar a solenidade de N. Sra. Aparecida, mãe do povo brasileiro.
O Evangelho começa dizendo que houve uma festa de casamento e afirma que entre os convidados estavam Maria e os discípulos de Jesus. Preocupada, como toda boa mãe, Maria percebe o sofrimento dos responsáveis pela festa quando o vinho veio a faltar. Ela não tem dúvida que pode dar a sua contribuição e na discrição feminina se aproxima do Filho a quem diz: “Eles não têm mais vinho”. Jesus ouve o pedido da mãe e responde de acordo com a cultura do seu tempo: “Mulher não chegou minha hora”. Como quem diz: “Deixa comigo...” Maria estava tão convencida que Jesus teria uma alternativa que faz o “meio de campo” entre os que estavam servindo: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. O resultado desse diálogo dispensa comentários.
Semelhante situação se dá quando o Amã, ministro do rei da Pérsia havia condenado a morte os exilados de Israel. O Texto coloca Ester diante do rei para lhe fazer um pedido: “o rei lhe disse:
"O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade meu reino, ela te seria concedida". Ester respondeu-lhe: "Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! e a vida do meu povo - eis o meu desejo”.
Na leitura do Apocalipse, é mais uma vez a figura feminina que enfrenta o poder do dragão e o resultado é também surpreendente: Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do seu trono”.

Eis que o Brasil vive dias em que a corrupção, a safadeza e toda forma de desrespeito para com as pessoas se fazem notar em todas as instâncias de governo. Neste contexto se celebram os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora. Devotos de todas as partes e em todos os lugares celebram essa data na firme esperança que o Brasil se conserte como foi consertada a imagem de encontrada nas águas do rio Paraíba e que se junte o corpo e a cabeça a fim de que tenhamos uma sociedade de paz e justiça onde não falta a vida e nem o vinho da alegria e da concórdia. Cada pessoa é convidada a ser missionária, fazendo tudo o que disse Jesus e confiando todas as preocupações a Maria na certeza que, mais uma vez, ela não esquecerá as necessidades do povo brasileiro. 

HOMILIA PARA O DIA 08 DE OUTUBRO DE 2017

COLOCAR EM PRÁTICA O QUE FOI APRENDIDO

A música, a poesia e os versos são maneiras extraordinárias utilizadas com muita frequência para manifestar os sentimentos, a admiração e o afeto entre as pessoas. São os chamados recursos de linguagem, ou as metáforas que de maneira simbólica dizem coisas extraordinárias sobre os relacionamentos entre as pessoas.
A liturgia deste domingo, é mais uma vez, repleta destas figuras com a intenção de expressar o cuidado de Deus. Tanto o profeta Isaias como o texto do Evangelho usam imagem da videira como pano de fundo para revelar a relação de Deus com a comunidade de Israel.  Isaias termina a leitura saindo das comparações para a realidade: Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis iniquidade”. O profeta coloca a comunidade diante da própria consciência fazendo-a tomar uma posição em relação a sua falta de responsabilidade no que se refere a condição de produzir boas obras e corresponder ao que Deus realizou em seu favor.
Jesus, no Evangelho, também termina com uma provocação aos chefes do povo sobre o comportamento daqueles que foram colocados como responsáveis pelo sucesso da colheita e o pagamento do contrato que havia sido estabelecido entre as partes: “Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros”. A resposta deles pode ser comparada ao provérbio popular que diz: “beberam do seu próprio veneno”. Os fariseus foram unanimes afirmando que os arrendatários deveriam ser castigados por sua deslealdade com o dono da vinha. Diante disso Jesus faz uma das mais duras críticas àqueles que se acham donos das pessoas e das instituições, roubam a dignidade e as fazem objetos dos seus interesses.
No salmo a Igreja inteira, faz hoje de novo uma prece pedindo que Deus tenha piedade do seu povo com a consequente promessa de nunca mais se afastar do seu projeto: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome”.
São Paulo, na carta aos filipenses transmite um conselho que merece ser considerado também na atualidade: “Irmãos: Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco”.

Que Maria, Mãe de Deus e da Igreja acompanhe a todos no desafio diário de produzir frutos que correspondam ao amor de Deus por seu povo.