sexta-feira, 20 de outubro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE OUTUBRO DE 2017

EM DEUS NÃO HÁ ‘TRAMBIQUE’

Os fatos políticos da última semana em Brasília e que terminaram com internações hospitalares, constrangimentos diante da população e da imprensa, revelação de comprometimentos com dinheiro sujo que colocaram a dignidade, a justiça e respeito debaixo do tapete dispensam comentários, mas tem tudo a ver com a Palavra de Deus deste domingo.
As leituras proclamadas na liturgia apontam como é importante reconhecer a atitude correta diante daquilo que pertence a Deus e que a ele deve ser entregue: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
O Evangelho é mais do que claro que os amigos de Herodes não tinham a intenção de sanar uma dúvida, pelo contrário, queriam pegar Jesus em alguma contradição. Enquanto os partidários do imperador apresentam uma moeda com a imagem de César, Jesus afirma que o poder do grande mandatário do império de longe se assemelha aquilo que pertence a Deus, no caso o povo da aliança.
Silenciar diante das injustiças, da exploração e do massacre das pessoas e da sua dignidade é o mesmo que negar a vocação missionária que cada um recebeu no dia do batismo. A Igreja em saída que o Papa Francisco sugere como alegre anunciadora do Evangelho é antes de tudo uma ação de cada pessoa que precisa se colocar no caminho da caridade e do cuidado de todos os feridos e de todas as feridas que o desrespeito provoca sem dó na sociedade contemporânea.
As palavras que o profeta coloca na boca de Deus como dirigidas ao rei da Pérsia impondo-lhe a tarefa de devolver a esperança ao povo de Israel que estava escravizado e perdido, é um mandato para os cristãos do terceiro milênio: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões”.
O mesmo pedido São Paulo dá aos cristãos de Tessalônica: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos”.
E Jesus coloca em saia justa aqueles que queriam lhe armar uma cilada: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta afirmação tem estreita sintonia com a missão que foi dada ao rei da Pérsia: Garantir que o povo seja propriedade única de Deus e não objeto de dominação de políticos e autoridades inescrupulosas que usam da legitimidade que lhes foi confiada para enganar o povo e aproveitar-se das vantagens que a imoralidade e a corrupção lhes facilitam.

Que o Senhor ajude todos a reconhecer o que se reza no salmo: Adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele! Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!' pois os povos ele julga com justiça”.

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