EM DEUS NÃO HÁ ‘TRAMBIQUE’
Os
fatos políticos da última semana em Brasília e que terminaram com internações
hospitalares, constrangimentos diante da população e da imprensa, revelação de
comprometimentos com dinheiro sujo que colocaram a dignidade, a justiça e
respeito debaixo do tapete dispensam comentários, mas tem tudo a ver com a
Palavra de Deus deste domingo.
As
leituras proclamadas na liturgia apontam como é importante reconhecer a atitude
correta diante daquilo que pertence a Deus e que a ele deve ser entregue: “Dai a César o que é de César e a Deus o que
é de Deus”.
O
Evangelho é mais do que claro que os amigos de Herodes não tinham a intenção de
sanar uma dúvida, pelo contrário, queriam pegar Jesus em alguma contradição.
Enquanto os partidários do imperador apresentam uma moeda com a imagem de
César, Jesus afirma que o poder do grande mandatário do império de longe se
assemelha aquilo que pertence a Deus, no caso o povo da aliança.
Silenciar
diante das injustiças, da exploração e do massacre das pessoas e da sua
dignidade é o mesmo que negar a vocação missionária que cada um recebeu no dia
do batismo. A Igreja em saída que o Papa Francisco sugere como alegre
anunciadora do Evangelho é antes de tudo uma ação de cada pessoa que precisa se
colocar no caminho da caridade e do cuidado de todos os feridos e de todas as
feridas que o desrespeito provoca sem dó na sociedade contemporânea.
As
palavras que o profeta coloca na boca de Deus como dirigidas ao rei da Pérsia
impondo-lhe a tarefa de devolver a esperança ao povo de Israel que estava
escravizado e perdido, é um mandato para os cristãos do terceiro milênio: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho
dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os
portões”.
O mesmo pedido São Paulo
dá aos cristãos de Tessalônica: “Diante de Deus,
nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da
vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos,
irmãos amados por Deus, que sois do número
dos escolhidos”.
E Jesus coloca em saia
justa aqueles que queriam lhe armar uma cilada: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Esta afirmação tem estreita sintonia com a missão que foi dada ao rei da
Pérsia: Garantir que o povo seja propriedade única de Deus e não objeto de
dominação de políticos e autoridades inescrupulosas que usam da legitimidade
que lhes foi confiada para enganar o povo e aproveitar-se das vantagens que a
imoralidade e a corrupção lhes facilitam.
Que o Senhor ajude todos
a reconhecer o que se reza no salmo: “Adorai-o
no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei
diante dele! Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!' pois
os povos ele julga com justiça”.
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