terça-feira, 15 de dezembro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 24 DE DEZEMBRO DE 2020 - MISSA DA AURORA - ANO B

 

ESTÁ CHEGANDO O SALVADOR

O contraste dia e noite, luz e trevas, claridade e escuridão são situações cotidianas que dispensam grandes comentários. Todos temos preferência pela segurança do dia, pela claridade da luz e assim por diante. Mas é fato também que a noite, as trevas, a escuridão fazem parte do nosso dia a dia. Frequentemente usamos a expressão “noites escuras” no sentido que também São João da Cruz escreveu para fazer referência aos sofrimentos e provações que a vida nos submete e que nem sempre temos forças para enfrentar ou “dar a volta por cima”.

Para o povo de Israel a espera de um messias que fosse “luz nas longas noites da sua existência” se estendeu por muitas gerações e os profetas tentaram lhes animar e devolver a esperança quando tudo parecia perdido. As leituras da Palavra de Deus nesta noite são também para nós um conforto e alento para os difíceis dias que estamos vivendo.

Eis que o Senhor fez-se ouvir até às extremidades da terra. Eis que está chegando o teu salvador, com a recompensa já em suas mãos e o prêmio à sua disposição”. A este anuncio do profeta, como os pastores daquele tempo nós também respondemos: “Brilha hoje uma luz sobre nós, pois nasceu para nós o Senhor”.

E que muito mais tarde São Paulo faz questão de proclamar: Manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens: Ele salvou-nos não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia”.

Porém para reconhecer o Messias e a enxergar a sua luz que brilha nas noites escuras da vida é preciso que tenhamos a disposição e a coragem dos pastores: “Vamos a Belém, ver este acontecimento que o Senhor nos revelou.' Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam”

Acolher Jesus, celebrar o nascimento implica empenhar todos os esforços para que a paz, a justiça, a fraternidade, a comunhão e todas as alegrias e esperanças que o seu nascimento trouxeram torne-se realidade no meio de nós.

Que o natal nos ensine a não ser indiferentes com o sofrimento e a dor alheia, mas antes nos faça inquietos construtores e responsáveis para que a sociedade contemporânea em todas as suas ações e atitudes sintam-se participantes e integradas no Reinado de Deus.

A presença de Jesus no mundo deve ser experimentada por todos e fazer encher os olhos, o coração e a vida de felicidade. Nosso jeito de organizar a sociedade e as relações devem manifestar nossa aceitação da proposta de Deus como rezamos no salmo:

Uma luz já se levanta para os justos,*
e a alegria, para os retos corações.
Homens justos, alegrai-vos no Senhor,*
celebrai e bendizei seu santo nome! 

 

 

 

HOMILIA PARA O DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2020 - 4º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

NÃO TENHAS MEDO

A modernidade e os desafios da complexa organização da sociedade exigem sempre mais capacidade de planejamento e organização para responder aos desafios e dar conta das responsabilidades que a vida vai impondo ao longo do tempo. Por outro lado, a humanidade, desde o princípio precisou de um mínimo de organização e planejamento para garantir a boa convivência entre todos.

Neste quarto domingo do advento a liturgia da Palavra nos mostra como Deus se encarrega de sempre marcar presença e ajudar as pessoas ao longo dos desafios que a existência impõe. As promessas que Deus fez a Davi e ao seu povo, de alguma maneira continuam sendo concretizadas até os nossos dias.  E mesmo na finitude dos nossos dias a palavra de Deus continua garantindo a continuidade dos nossos projetos conforme fala o profeta Isaias na primeira leitura: “Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza.  Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”. O anuncio de um descendente para o reinado de Davi é a confirmação de que Ele nunca abandona o seu povo nem tampouco desiste de apontar para todos o caminho da felicidade e da plena realização.

Essa certeza nós rezamos no Salmo deste domingo:

Ao Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor,
de geração em geração eu cantarei vossa verdade!
Porque dissestes: 'O amor é garantido para sempre!'
E a vossa lealdade é tão firme como os céus”. 

A promessa que Deus fez a Davi se concretizou na pessoa de Jesus e por sua vida se manifesta a todos os povos e a humanidade inteira até o dia que todos estejam integrados à grade família de Deus. Assim afirma São Paulo na carta aos romanos: Agora este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno,  foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé. A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém”!

Para isso, ontem como hoje Deus continua sendo presença nos projetos pessoais, algumas vezes modificando radicalmente as escolhas, outras vezes confirmando e pedindo colaboração.  A narrativa do Evangelho é uma maneira de Deus manifestar sua presença no mundo. Chamando a pessoa de Maria e transformando a sua condição de esposa e mãe da humanidade em esposa e mãe do Filho de Deus é uma forma de compreender como na simplicidade do nosso cotidiano somos também nós convidados a colaborar para que as realizações do cotidiano ganhem além da determinação humana a feição divina.

O convite e aceitação que Maria faz das palavras do Anjo são hoje dirigidos a cada um de nós. Deus continua participando dos nossos projetos e das nossas preocupações. Ele pede morada em nosso coração, em nossas famílias, em nossas igrejas. É importante que tenhamos a disposição de Maria: “Faça-se em mim segundo a sua palavra”.  Vamos abrir nossas portas para que Ele entre e faça parte da nossa vida. Deixemo-nos transformar pelo seu amor e pela alegria transmitida pelo  mensageiro de Deus.

Que a chegada do Natal nos faça a todos testemunhas da boa notícia e dos mistérios de Deus para a humanidade.

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 29 DE NOVEMBRO DE 2020 - 1º DO ADVENTO - ANO A

 

CONVERTEI-NOS PARA QUE SEJAMOS SALVOS

A segunda leitura deste domingo é o início da primeira carta de São aos coríntios. Como de resto, essa carta também Paulo começa com um elogio e uma ação de graças: “Irmãos: Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós”.

Corinto é uma cidade próspera, servida por dois portos, nela vivem pessoas de muitas raças e muitas religiões, contrastava a riqueza de alguns com a miséria de outros. Qualquer semelhança com a nossa bela Itajaí não é mera coincidência.

A pregação de Paulo fez nascer em Corinto uma comunidade muito viva e fervorosa ao mesmo tempo exposta aos perigos próprios de uma cidade com estas características. Uma comunidade com boas possibilidades para fazer frutificar a boa notícia ensinada por Paulo, mas ao mesmo tempo marcada pelas fragilidades própria das suas características. Paulo deixa claro também que Deus foi generoso com os coríntios: “Assim, não tendes falta de nenhum dom”.

Lá como aqui, guardadas as proporções e os tempos, é importante ter claro que Deus continua vindo ao nosso encontro e não nos deixa faltar nada, nenhum dom! Entretanto, diante de tantas semelhanças, merece que nos perguntemos: “Nossa comunidade e cada um de nós acolhe os dons de Deus como sinais vivos do seu amor?”.

A resposta dessa pergunta está mais uma vez em duas palavras: Vigilância e responsabilidade como Jesus reforça no Evangelho: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”.

De uma coisa podemos ter certeza, não estamos caminhando sem rumo, como quem vai ao encontro do nada, mas caminhamos ao encontro do Senhor que vem. Não estamos sustentados por uma esperança distante e sem sentido, mas caminhamos na alegria de que vai ao encontro do seu Senhor.

Iniciamos o novo ano litúrgico e advento é a preparação próxima para experimentar a felicidade sem fim, de qualquer modo as palavras mágicas são vigilância e responsabilidade. 

Responsabilidade significa indignar-se com as indignidades que ferem a vida dos filhos e filhas de Deus, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para superar as misérias humanas e construir com toda a força e com todo o empenho  relações fraternas, justas e sinceras.  Que saibamos aproveitar as potencialidades que a Corinto dos nossos tempos oferece para superar as fragilidades que aqui como lá excluem, destroem e ignoram os mais fracos e desprotegidos. Que sejamos capazes de viver o que rezamos no Salmo:

 

R.Iluminai a vossa face sobre nós,
convertei-nos, para que sejamos salvos!

2aAo Pastor de Israel, prestai ouvidos.
2cVós que sobre os querubins vos assentais,*
aparecei cheio de glória e esplendor!
3bDespertai vosso poder, ó nosso Deus*
e vinde logo nos trazer a salvação! 
R.


15Voltai-vos para nós, Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16Foi a vossa mão direita que a plantou;*
protegei-a, e ao rebento que firmastes! 
R.


18Pousai a mão por sobre o vosso Protegido,*
o filho do homem que escolhestes para vós!
19E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!*
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 22 DE NOVEMBRO DE 2020 - DOMINGO DE CRISTO REI - ANO A

 

NA CASA DO SENHOR HABITAREMOS

Nas nossas casas a figura da mãe tem uma importância extraordinária e mesmo quando os filhos já são crescidos e independentes, cultivam com a figura materna uma relação de dependência e proximidade extraordinária. Não são poucas as mães que consideram os filhos como se fossem sempre crianças e os tratam como quem precisa de cuidado e atenção a vida inteira. Essa figura materna muitas vezes os profetas usaram para definir a relação de Deus com a humanidade. Neste último domingo do ano litúrgico, no qual enaltecemos Jesus Cristo como o Rei do Universo, mais uma vez a Palavra de Deus o apresenta como alguém preocupado com as criaturas e com o bem estar de cada uma delas. Nós rezamos o salmo da liturgia deste domingo que frequentemente repetimos sem perceber a profundidade das palavras:

O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.


2Pelos prados e campinas verdejantes *
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha, *
3e restaura as minhas forças.

5Preparais à minha frente uma mesa, *
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça; *
o meu cálice transborda.

6Felicidade e todo bem hóo de seguir-me *
por toda a minha vida;
e, na casa do Senhor, habitarei *
pelos tempos infinitos.

O Que significa isso se não a concretização das palavras do profeta Ezequiel na primeira leitura: “Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta deles. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito”.  O que é isso se não uma preocupação materna!

O anúncio do profeta vai se concretizar plenamente na pessoa de Jesus, aquele a quem São Paulo afirma para a comunidade de Corinto: “por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte”. O Cuidado  materno de Deus com a humanidade é de tal modo pleno que nem mesmo a morte terá poder sobre a fragilidade humana.

Obviamente que  este cuidado e  preocupação que Deus nutre em relação a humanidade precisa ser partilhado e compartilhado com todos. O Evangelho é a continuação das recomendações de Jesus que ouvimos nos últimos domingos. Para aqueles que querem encontrar Deus e participar do seu reino pede-se uma única atitude: estar vigilante! E no caso de hoje estar vigilante em relação às necessidades e situações das pessoas com quem convive. A cena do Juízo final narrada de forma quase apoteótica poderá ser entendida não porque as pessoas interpretarão os grandiosos sinais no céu, mas antes porque estarão atentos aos sinais terrenos: Vinde benditos de meu Pai, Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar. Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes”.

Vamos rezar como irmãos a fim de que aconteça aquilo que rezamos na oração final da missa: “Nós vos pedimos ó Deus, que, obedecendo na terra os mandamentos de Cristo, possamos viver com Ele no céu”.

Que experimentemos o cuidado materno de Deus para conosco e vigilantes também sejamos maternos cuidadores das pessoas em todas as suas necessidades.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 15 DE NOVEMBRO DE 2020 - 33º COMUM - ANO A

 

BÊNÇÃOS ABUNDANTES TODOS OS DIAS DA VIDA

Quem para no semáforo da Rua Felipe Schmidt pode ler no alto do Colégio Salesiano a frase de São João Bosco: Nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele Essa frase serve como ideia chave para meditar as leituras da Palavra de Deus neste domingo.

As três leituras são um convite para a responsabilidade com a vida e os dons que Deus concede a todos em toda a história humana. O livro dos Provérbios descreve alguns valores capazes de garantir a felicidade para todos. Colocando a figura de uma mulher como modelo a ser imitado o autor sugere que a existência humana encontrará sua realização na generosidade, no trabalho, no amor a Deus e aos irmãos: “Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Tal pessoa garante alegrias em lugar de desgosto; é capaz de trabalhar com habilidade ao mesmo tempo em que estende a mão ao necessitado, a pessoa que assim se comporta mostra seu amor a Deus e merece ser louvada nas praças”.

Por sua vez, na carta aos Tessalonicenses, São Paulo deixa claro que o mais importante quando se refere a reconhecer Deus em nossa vida é estar vigilante, viver de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhar seus projetos e trabalhar na construção do Reino: “Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.

E Jesus no evangelho apresenta a maneira adequada de aguardar a vinda do Senhor. Fica claro no texto que instalar-se na comodidade e na indiferença para com os valores do Reino leva a condenação e não garante nenhuma produção com os dons que se recebe. Independente de quais e quantos sejam os dons disponíveis para cada pessoa, importa fazê-los produzir e não desperdiçar privando as pessoas da nossa contribuição por um mundo mais justo e humano. A lógica de Deus é não deixar ninguém de fora, a todos o Senhor confia valores e qualidades que podem ser traduzidos em bondade, misericórdia, compaixão, lealdade, em resumo, Deus nos presenteia com a vida toda e toda a vida. Reconhecer que Deus nos cumulou com generosidade é a maneira mais autêntica de multiplicar os talentos. Precisamos fugir da lógica fundamentalista que entende os dons apenas como bens materiais e dinheiro, não é esta a mensagem da parábola. Não podemos esquecer que o único que ofereceu dinheiro como garantia de felicidade foi o diabo no episódio das tentações de Jesus.

As palavras do Evangelho são muito claras: “A um deu cinco talentos,
a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade
”. Não se trata de dinheiro para comprar e consumir, gastar e possuir, mas qualidades para fazer a vida valer a pena.

É neste sentido que nós rezamos o salmo de hoje:

Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião,
cada dia de tua vida;
para que vejas prosperar Jerusalém.

E que atualizando se pode melhor entender com a frase de São João Bosco: “Nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele”.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 08 DE NOVEMBRO DE 2020 - 32º COMUM - ANO A

 

VIGILÂNCIA E PRUDÊNCIA NA ESPERA DO SENHOR QUE VEM

Dentre os quadros mais apreciados e páginas mais acessadas na internet e nos aplicativos móveis um deles é o que diz respeito a previsão do tempo, a expectativa em relação a chuva, temperatura e o clima em geral. Preocupar-se com as condições de balneabilidade das praias, ressacas e marés é uma constante nestes dias que antecedem a temporada de verão. A mesma vigilância as autoridades sanitárias continuam reforçando sobre os cuidados para evitar uma segunda onda de contágio da COVID 19. Se fosse possível resumir as preocupações destes dias talvez se possa fazê-lo em duas palavras: Vigilância e prudência!

É sobre essas duas palavras que tratam as leituras deste domingo. O que é fundamental para que as pessoas reconheçam a presença de Deus e tudo o que ele oferece é a vigilância e a prudência. Deus abre generosamente as ‘comportas do céu.’ Para receber e reconhecer todos os dons basta que as pessoas tenham seus corações abertos e sejam generosos na medida que Deus dispensa a sua generosidade.

O livro da Sabedoria revela numa linguagem emocionante a verdadeira expectativa que deve guiar as pessoas: “Meditar sobre a sabedoria é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos”.  

E São Paulo convida aos tessalonicenses a se preocupar com uma única coisa: “Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou - e esta é nossa fé - de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras”. São Paulo reacende a esperança da comunidade de tessalônica garantindo-lhes que apesar de todas as provações, todos os sofrimentos, toda a dor que a criatura humana está sujeita a vida é uma caminhada tranquila e confiante e cuja culminância será um desabrochar pleno onde todas as criaturas experimentaram uma nova realidade.

A história das virgens do Evangelho, não é outra coisa senão um convite para evitar as tensões e preocupações da última hora. Na mesma proporção que as primeiras comunidades cristãs também na atualidade experimentamos altos e baixos, momentos de entusiasmo, de compromisso, de alegria, de esperança, com momentos de pouco empenho, de certa preguiça, de falta de entusiasmo que facilmente nos levam a se preocupar com coisas pouco importantes, deixando de lado outras mais urgentes e exigentes. A vigilância que as virgens imprudentes não cultivaram é o que se pede de cada pessoa nos dias de hoje a festa que poderá acontecer no encontro definitivo com o Senhor dependerá da nossa vigilância e da nossa prudência que nos farão construtores do Reino de Deus a cada dia desta existência terrena. Deixar que as lamparinas se apaguem por falta do azeite da esperança e do cuidado é um risco que todos correm quando todas as coisas parecem já estar no patamar de segurança.

Deus continua vindo ao encontro do mundo, como o noivo ao encontro da esposa, que ele não nos encontre despreparados e alheios às preocupações do cotidiano, como quem nada tem a ver com o mundo presente. Dentre as preocupações da atualidade o Papa Francisco tem apresentado sua angústia em relação a uma economia diferente, que faça viver e não matar, incluir e não excluir, humanizar e não desumanizar, cuidar da Criação e não a depredá-la. É neste sentido que o Papa Francisco propôs a realização de um encontro mundial para repensar a economia. Um evento que nos ajude a estar juntos e nos conhecer, e que nos leve a fazer um ‘pacto’ para mudar a atual economia e dar uma alma à economia do amanhã.

O momento exige estar com as lâmpadas acesas e não se acomodar com aquilo que já se sabe sobre o assunto, ou com as informações que a imprensa apresenta quase sempre tendenciosas e de acordo com interesses de uns ou de outros.

Rezar numa única voz no dia do Senhor é um clamor que se eleva ao Pai pela comunhão entre todos como se reza no salmo: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A Minh ‘alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! ”

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 01 DE NOVEMBRO DE 2020 - TODOS OS SANTOS - ANO A

 

ALEGRAI-VOS E EXULTAI

O trecho do livro do Apocalipse de onde se lê a primeira leitura na missa deste domingo começa narrando alguns sinais extraordinários e uma conversa nada comum entre anjos. E essa conversa termina com a frase: “Depois disso, vi uma multidão imensa
de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar”. A festa de todos os santos nos convida a reconhecer  que estamos rodeados de uma nuvem de testemunhas, entre elas pode estar a nossa própria mãe, a avó ou outra pessoa que nos foi querida. Alguns daqueles que consideramos santos, podem não terem sido sempre perfeitos, mas no meio das imperfeições e quedas continuaram a caminhar e agradaram ao Senhor. De uma coisa é certa na caminhada para a santidade, não precisamos querer carregar sozinhos o fardo que essa condição exige, os numerosos santos de Deus nos protegem, amparam e guiam.

E para ser santo, a iniciativa nem precisa ser nossa. É Deus mesmo quem nos dá esse privilégio, como está escrito na carta de João que acabamos de ouvir: “Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos”.

E qual será a nossa parte nesse processo? Simples assim: viver as bem aventuranças!

Felizes os pobres em espírito, isso significa: não pensar que temos o suficiente para comprar tudo e consumir tudo o que nosso insatisfeito ego sempre sugere mais.

Felizes os mansos – Aqueles que não colocam a própria vaidade e a pretensão de ser melhor que os demais;

Felizes os que choram – Não ter medo de chorar as próprias dores e tristezas e chorar com os outros, não tentar diminuir ou esconder o sofrimento;

Feliz quem tem fome e sede de justiça – aprender a fazer o bem e o que é justo e correto;

Felizes os misericordiosos – Aquele que é capaz de doar-se generosamente sem esperar recompensa;

Felizes os puros de coração – Capacidade de amar as pessoas com o coração;

Felizes os pacificadores – não ser causa e causador de conflitos e incompreensões;

Felizes os que são perseguidos por causa da justiça – Não querer que tudo a nossa volta sempre nos seja favorável.

Em resumo, ser santo e buscar a santidade é não ter medo de  valorizar e cuidar da vida em todas as formas e em todos os lugares.

Santos seremos sempre que nos deixamos moldar pelas bem aventuranças!

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 25 DE OUTUBRO DE 2020 - 30º COMUM - ANO A

 

AMOR: UMA MOEDA DE CARA E COROA

A comunidade dos Tessalonicenses, para quem Paulo escreve a segunda leitura deste domingo, tem muita semelhança com as nossas comunidades.  Paulo vai à cidade e anuncia a boa notícia de Jesus Cristo sem lhes perguntar se conheciam e estavam dispostos a seguir as leis  judaicas. Mais tarde tomando conhecimento de como havia progredido na vivência do Evangelho, escreve e valoriza o que eles tem de extraordinário e bonito: “Vós vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo... Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte”. E isto acontece frequentemente nas nossas comunidades cristãs, porém, semelhante à comunidade de Tessalônica, também entre nós pipocam dificuldades e sofrimentos: “Apesar de tantas tribulações”. As tribulações a que Paulo se refere naquela comunidade vinham exatamente da parte dos judeus que se consideravam melhores e mais merecedores do que os convertidos. Ora, também neste ponto, as nossas comunidades se parecem com a de outrora. É muito comum que nós, os cristãos de missa dominical, de comunhão frequente e em dia com todas as leis da Igreja nos achamos melhores e mais merecedores do Evangelho e frequentemente excluímos, perseguimos, denegrimos a imagem daqueles que são diferentes de nós.

Aprender que não somos uma ilha de perfeitos, de santos e privilegiados é o convite da segunda leitura deste domingo, aprender a construir pontes em vez de muros, abrir portas em lugar de colocar cancelas, acolher em lugar de excluir.

O que Paulo faz nessa carta se fundamenta na compreensão que ele tem de tudo aquilo que Jesus fez e ensinou. Por sua vez a ação de Jesus na Palestina de outrora e em Jerusalém apenas confirmava o cerne da lei de Moisés: “Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim e eu ouvirei o seu clamor... Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso”.

A lei de Moisés é objetiva e clara, só não a compreende quem não quer. Praticar injustiças e desmandos contra os desprotegidos e fragilizados nas relações sociais é um crime contra Deus e dele nos  distância. É claro que neste particular entra a questão de participar das prescrições e orações no templo, mas o julgamento não vem por causa dessas práticas, pelo contrário o que no coloca na dinâmica da aliança não é a quantidade das nossas orações, mas como a oração é colocada em prática no nosso dia a dia.

Os fariseus, que entendiam tudo sobre a lei de Moisés, já tinham decidido que deveriam matar Jesus. Porém ainda não dispunham de um motivo que lhes desse amparo legal para a sua decisão. Nos últimos domingos estamos ouvindo trechos do Evangelho nos quais eles procuram uma razão para justificar sua decisão. Hoje ouvimos de novo: “Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo...” O objetivo da pergunta não era esclarecer uma dúvida, mas pegar Jesus em alguma contradição.

E de novo Jesus mostra a clareza e a compreensão que ele tem de todos os preceitos legais. Em outras palavras: É impossível amar a Deus sem amar aos irmãos. Não se pode dizer que amamos a Deus se não nos comprometemos com a promoção dos irmãos e das irmãs. Jesus não faz distinção sobre quem são os que merecem nossa solidariedade e partilha. É neste contexto que se aplica a Encíclica do Papa Francisco: Fratelli Tutti! E recomenda que tenhamos a coragem de ser uma Igreja Samaritana, isto é, que se preocupe menos com a lei, com as normas, com as regras, mas que tenha a coragem de se aproximar dos feridos, excluídos, afastados  de nossas Igrejas e comunidades. Igrejas e comunidades são convidadas a criar uma cultura do encontro e fazer acontecer a fraternidade. É por isso que nós rezamos: Aumentai em nós a fé, a esperança e a Caridade. E que os sacramentos que recebemos produzam em nós aquilo que significam. Em resumo, o maior de todos os mandamentos é uma moeda de duas faces: Acolher as pessoas e nelas acolher a Deus!

 

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 18 DE OUTUBRO DE 2020 - 29º COMUM - ANO A

 

TODAS AS PESSOAS PERTENCEM A DEUS!

As redes sociais, o corre-corre do mundo contemporâneo tornou insignificante algumas realidades que marcaram profundamente a história da humanidade. Vamos nos colocar na condição de alguém que está recebendo uma carta, com longas declarações de afeto e noticias de uma pessoa que amamos. Ao abrir o envelope, nos deparamos com uma saudação mais ou menos assim: “Agradeço a Deus por ter lhe encontrado e fazer parte da minha vida. Lembro de você e rezo todos os dias recordando como você leva a sério tudo aquilo que acredita, sei do esforço que faz e da esperança que brota no seu coração, não tenho dúvidas que Deus mora na sua casa”.

Com palavras muito semelhantes é uma saudação com esse significado que Paulo faz na segunda leitura desse domingo: Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos”.

Neste trecho é possível perceber que os tessalonicenses são uma comunidade  que tem Deus no centro das suas preocupações e atividades. As dificuldades a as provações que experimentam não os impedem de se comprometer de maneira corajosa com os valores de Deus e do seu Reino. Trata-se de uma comunidade que coloca em prática aquilo que acredita.

Na primeira leitura temos uma comunidade escravizada e marginalizada em consequência dos erros cometidos no que se refere ao respeito e valorização das pessoas. O resultado da sua má conduta a levou, mais uma vez ao exílio. Neste caso Ciro, o rei da Pérsia aparece com instrumento de Deus e valorizando as pessoas que são propriedade divina liberta a comunidade de Israel de mais uma das suas fragilidades e inconsequências: “Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: 'Tomei-o pela mão, por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome; para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”.

No Evangelho Jesus tem mais um confronto com os detentores do poder em Jerusalém. Estes para colocá-lo à prova lhe fazem uma pergunta sobre uma disciplina fiscal da sua época. Jesus não entra na jogada deles, pelo contrário, mostra com clareza até onde vai a insensatez dos chefes do povo e qual é a verdadeira condição que deve ser levada em consideração em relação a dignidade das pessoas: Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?'  Jesus percebeu a maldade deles e disse: 'Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!' De quem é a figura e a inscrição desta moeda?' Eles responderam: 'De César.' Jesus então lhes disse: 'Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

A Resposta de Jesus é objetiva, como se diz: ‘Curta e grossa’. Em outras palavras pode-se compreender a resposta de Jesus: “Não fujam das responsabilidades do mundo, mas não façam das pessoas objetos de modo que sejam transformadas em propriedade ilícita de quem não tem poder sobre elas”. A questão fundamental é esta: A pessoa pertence a Deus e sua referência fundamental é esta verdade.

Muitas vezes nós estamos também inquietos e inseguros com os acontecimentos do dia a dia, não percebemos o significado de muitas situações e por isso nem percebemos como Deus caminha ao nosso lado. Facilmente nos deixamos impressionar pelas dificuldades e coisas ruins que acontecem ao nosso redor e nos esquecemos do exemplo de tantas pessoas e comunidades que dão testemunho de fé, de amor e de esperança mostrando a presença de Deus no mundo.

Não nos esqueçamos, todos somos irmãos e temos responsabilidade no sentido de não permitir que ninguém seja maltratado, humilhado, explorado, instrumentalizado, diminuído em sua dignidade. Todos os dias somos chamados a “Dar a Deus o que é de Deus”!

Adorai-o no esplendor da santidade,
terra inteira, estremecei diante dele!
Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!'
pois os povos ele julga com justiça.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 11 DE OUTUBRO DE 2020 - 28º COMUM - ANO A

 

BANQUETE E TRAJE DE FESTA

Estamos nos encaminhando para voltar a normalidade depois deste longo período de isolamento social. A esta altura as reflexões sobre o cuidado ganham contornos menos dramáticos e mais abrangentes. Quase todas as propostas para retomar o ritmo de vida levam em conta a necessidade de considerar que a sociedade precisa continuar colocando em prática alguns cuidados elementares para não provocar uma segunda onda de contágio, ao mesmo tempo não são poucos os convites para estar sempre alerta porque outras ameaças podem surgir a qualquer momento. Então, consideremo-nos todos convidados para a retomada, mas não esqueçamos os “trajes de festa”. Ora, porque o padre está falando isso de novo que está abundantemente  divulgado por todos os meios de comunicação?  Permitam-me fazer uma relação desta situação com a liturgia da Palavra deste domingo.

Na primeira leitura o profeta afirma: O Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos... Naquele dia, se dirá: 'Este é o nosso Deus, esperamos nele, este é o Senhor, nele temos confiado”. Mas este não é um banquete que se pode chegar com as mãos abanando, isso é sem se comprometer com ele. Participar deste banquete consiste em fazer comunhão com os outros convidados e por consequência  com Deus. Ir ao lugar onde Deus preparou o banquete implica renunciar a muitas práticas que tínhamos quando ainda estávamos longe. Consiste em dar prioridade ao amor, aos valores do Reino: Acolhida, fraternidade, partilha, inclusão.

Na sequência deste convite lemos no Evangelho a parábola do banquete a qual nos  sugere agarrar o convite de Deus e não permitir que o cotidiano a que estávamos habituados volte a ocupar as nossas preocupações, ao mesmo tempo é preciso ir ao banquete “com uma roupa de festa”, ou seja, não continuar com as mesmas práticas de outrora. Para isso vale a exortação do Papa Francisco em relação a retomada depois da pandemia. Diz Ele: não podemos retomar mecanicamente, é preciso recomeçar fraternalmente! No caso do Evangelho os que não aceitaram o convite são aqueles que deliberadamente preferem continuar tudo do mesmo jeito, como se estava construindo até agora. Quem aceita o convite para o banquete são todos os que compreendem seus limites, seu pecado, sua fragilidade, mas apesar disso tem um coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz isso significa “vestir-se com roupas de festa”. Ir para a festa de Deus não é um convite que se recebeu uma vez na vida e que se responde uma única vez. Pelo contrário é um convite que vai se repetindo diariamente e para o qual é sempre necessário uma nova roupa de festa que significa uma coerência contínua e diária.

E coerência diária e contínua é que ensina São Paulo na segunda leitura: Sei viver na miséria e sei viver na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação, estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo posso naquele que me dá força. No entanto, fizestes bem em compartilhar as minhas dificuldades. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus. Ao nosso Deus e Pai, a glória pelos séculos dos séculos. Amém”.

Numa sociedade que convida e facilita o egoísmo, a autossuficiência, a preocupação somente com os próprios interesses somos desafiados a aceitar o convite vestindo diariamente o traje de festa que significa uma partilha de alegrias e solidariedade que não deixe ninguém excluído. Neste contexto sim, podemos rezar o salmo:


O Senhor é o pastor que me conduz;*
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes*
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha,*
e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro,*
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado;*
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,*
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça;*
o meu cálice transborda.