quinta-feira, 8 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 11 DE OUTUBRO DE 2020 - 28º COMUM - ANO A

 

BANQUETE E TRAJE DE FESTA

Estamos nos encaminhando para voltar a normalidade depois deste longo período de isolamento social. A esta altura as reflexões sobre o cuidado ganham contornos menos dramáticos e mais abrangentes. Quase todas as propostas para retomar o ritmo de vida levam em conta a necessidade de considerar que a sociedade precisa continuar colocando em prática alguns cuidados elementares para não provocar uma segunda onda de contágio, ao mesmo tempo não são poucos os convites para estar sempre alerta porque outras ameaças podem surgir a qualquer momento. Então, consideremo-nos todos convidados para a retomada, mas não esqueçamos os “trajes de festa”. Ora, porque o padre está falando isso de novo que está abundantemente  divulgado por todos os meios de comunicação?  Permitam-me fazer uma relação desta situação com a liturgia da Palavra deste domingo.

Na primeira leitura o profeta afirma: O Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos... Naquele dia, se dirá: 'Este é o nosso Deus, esperamos nele, este é o Senhor, nele temos confiado”. Mas este não é um banquete que se pode chegar com as mãos abanando, isso é sem se comprometer com ele. Participar deste banquete consiste em fazer comunhão com os outros convidados e por consequência  com Deus. Ir ao lugar onde Deus preparou o banquete implica renunciar a muitas práticas que tínhamos quando ainda estávamos longe. Consiste em dar prioridade ao amor, aos valores do Reino: Acolhida, fraternidade, partilha, inclusão.

Na sequência deste convite lemos no Evangelho a parábola do banquete a qual nos  sugere agarrar o convite de Deus e não permitir que o cotidiano a que estávamos habituados volte a ocupar as nossas preocupações, ao mesmo tempo é preciso ir ao banquete “com uma roupa de festa”, ou seja, não continuar com as mesmas práticas de outrora. Para isso vale a exortação do Papa Francisco em relação a retomada depois da pandemia. Diz Ele: não podemos retomar mecanicamente, é preciso recomeçar fraternalmente! No caso do Evangelho os que não aceitaram o convite são aqueles que deliberadamente preferem continuar tudo do mesmo jeito, como se estava construindo até agora. Quem aceita o convite para o banquete são todos os que compreendem seus limites, seu pecado, sua fragilidade, mas apesar disso tem um coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz isso significa “vestir-se com roupas de festa”. Ir para a festa de Deus não é um convite que se recebeu uma vez na vida e que se responde uma única vez. Pelo contrário é um convite que vai se repetindo diariamente e para o qual é sempre necessário uma nova roupa de festa que significa uma coerência contínua e diária.

E coerência diária e contínua é que ensina São Paulo na segunda leitura: Sei viver na miséria e sei viver na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação, estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo posso naquele que me dá força. No entanto, fizestes bem em compartilhar as minhas dificuldades. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus. Ao nosso Deus e Pai, a glória pelos séculos dos séculos. Amém”.

Numa sociedade que convida e facilita o egoísmo, a autossuficiência, a preocupação somente com os próprios interesses somos desafiados a aceitar o convite vestindo diariamente o traje de festa que significa uma partilha de alegrias e solidariedade que não deixe ninguém excluído. Neste contexto sim, podemos rezar o salmo:


O Senhor é o pastor que me conduz;*
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes*
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha,*
e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro,*
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado;*
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,*
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça;*
o meu cálice transborda.


 

 

 

 

 

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