quinta-feira, 24 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JUNHO DE 2021 - 13º COMUM - ANO B

 

SER MISSIONÁRIO NAS PERIFERIAS DO MUNDO

Que São Paulo foi o missionário por excelência no início do cristianismo ninguém dúvida. Suas viagens para levar a boa notícia de Jesus fundando comunidades e depois sustentando-as por meio de cartas e deixando algum responsável para continuar a obra que ele havia começado garantiu o crescimento da Igreja nascente.

O texto deste domingo se aplica para os desafios da atualidade e em muito se parece com o nosso cotidiano: “Irmãos: Como tendes tudo em abundância - fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo - assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade. Na verdade, conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por causa de vós, para que vos torneis ricos, por sua pobreza. Não se trata de vos colocar numa situação aflitiva para aliviar os outros; o que se deseja é que haja igualdade”.

Estas palavras de Paulo têm tudo a ver com a insistência do Papa Francisco para que nós também sejamos uma Igreja em saída, capaz de ir ao encontro das periferias do mundo levando daquilo que temos e nos fazendo semelhantes em tudo. Essa inspiração não é outra coisa senão agir do jeito de Jesus, como se vê nos dois casos do Evangelho.

Jesus estava cercado por uma multidão, aproveitava a ocasião para transmitir seu ensinamento, poderia bem ter continuado ali: “Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia”. Entretanto interpelado pelo pedido de Jairo e enquanto caminhava pela mulher que lhe tocou o manto tomou atitudes decisivas e corajosas contrariando as expectativas da multidão e sendo até ridicularizado por alguns que não acreditavam na força da sua palavra: Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: 'Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?' Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: 'Não tenhas medo. Basta ter fé!'  Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. Então, ele entrou e disse: 'Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo'. Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. Jesus pegou na mão da menina e disse: 'Talitá cum' - que quer dizer: 'Menina, levanta-te!”

A ação de Jesus confirma a sabedoria da primeira leitura: Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do mundo são saudáveis: nelas não há nenhum veneno de morte, nem é a morte que reina sobre a terra: pois a justiça é imortal. Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza”.

Ontem como hoje, Jesus continua nos convidando a segui-lo indo ao encontro de todos os que não tem coragem de ficar de pé, ou excluídos sem coragem de se expor ou identificar-se, tomando-os pela mão e lhes dando de comer. Como a comunidade de Corinto nós também podemos ter a certeza que: “Assim haverá igualdade, como está escrito: Quem recolheu muito não teve de sobra e quem recolheu pouco não teve falta”.

Esta convicção nos faz rezar com o salmista:

R. Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e preservastes minha vida da morte.!

2Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,*
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
4Vós tirastes minha alma dos abismos*
e me salvastes, quando estava já morrendo!

5Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,*
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
6Pois sua ira dura apenas um momento,*
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,*
de manhã vem saudar-nos a alegria.

11Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!*
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
12Transformastes o meu pranto em uma festa,*
13Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!

terça-feira, 15 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JUNHO DE 2021 - 12º COMUM - ANO B

 SENHOR AUMENTA A NOSSA FÉ!

No dia 27 de março de 2020, no auge do isolamento social e da primeira grande onda da COVID 19, 0 Papa Francisco rezou sozinho na Praça de São Pedro e comentou o texto do Evangelho que a liturgia propõe para esse 12º domingo do tempo comum. Na ocasião disse o Papa: “À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Nos demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas chamados a remar juntos e necessitados de encorajamento mútuo”.

De uma coisa é certa nossa vida é frequentemente agitada por gigantescas ondas que desnudam nossas falsas seguranças e expõe a fragilidade das nossas seguranças. À medida que cai a maquiagem das nossas seguranças e certezas somos desafiados com a pergunta de Jesus: Porque são tão medrosos? Ainda não tem suficiente fé?

As leituras deste domingo são claras a quem devemos recorrer quando não entendemos as razões das nossas provações e dificuldades. Seja a Jó, o inocente e sofredor como a cada um de nós a primeira leitura é um alento e segurança: O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas, e disse: 'Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?”.

E São Paulo anima aos coríntios cujas palavras servem também para nós: O amor de Cristo nos pressiona, De fato, Cristo morreu por todos,
para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu”.
Isso significa dizer que se confiamos em Deus e no seu Cristo não precisamos ter medo.

A ordem que Jesus deu aos discípulos continua sendo repetida para cada um de nós: Vamos para a outra margem!” mesmo que essa travessia implique enfrentar ventanias e ondas bravias. Segundo o Papa Francisco nós e a Igreja inteira não podemos ficar trancada nas seguranças das praias calmas, antes somos desafiados a singrar os mares que nos levem aos recantos do mundo, às periferias da nossa existência. “Vamos para outra margem...” Isso significa igreja missionária, e para isso é necessário ousadia, coragem e superação do medo.

Não podemos nos deixar paralisar pelo medo dos novos horizontes, como uma pequena barca agitada e ameaçada pelos desafios do mundo que se traduzem em violência, doenças, desemprego, corrupção, autoritarismo, populismo e uma infinita lista de tempestades não podemos esquecer-nos daquele a “quem até o vento e o mar e obedecem”. Afinal é isso que rezamos no salmo desse domingo:

R. Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia!

Os que sulcam o alto-mar com seus navios,
para ir comerciar nas grandes águas,
testemunharam os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto-mar.

Ele ordenou, e levantou-se o furacão,
arremessando grandes ondas para o alto;
aos céus subiam e desciam aos abismos,
seus corações desfaleciam de pavor.

Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
Transformou a tempestade em bonança,
e as ondas do oceano se calaram.

Alegraram-se ao ver o mar tranquilo,
e ao porto desejado os conduziu.
Agradeçam ao Senhor por seu amor
e por suas maravilhas entre os homens!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JUNHO DE 2021 - 11º DOMINGO COMUM - ANO B - MEMÓRIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

 

COMO É BOM AGRADECER AO SENHOR

A piedade popular recorda nesse domingo Santo Antônio, cuja vida foi marcada por uma série de pequenos gestos de bondade e que mostraram como Deus age nas pessoas e na história transformando realidades que muitas vezes parecem impossíveis.

Não precisamos de longos discursos para perceber como as três leituras deste domingo revelam um Deus que não está preocupado em mostrar suas grandes obras, mas que na singeleza do cotidiano realiza maravilhas aos nossos olhos.

Na primeira leitura o profeta declara a ação de Deus: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso”.

São Paulo escreve aos coríntios para lhes tranquilizar quanto a finitude dessa vida e a precariedade da nossa breve existência: “Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; Mas estamos cheios de confiança, essas palavras recordam que as incertezas e a transitoriedade da existência terrena em nada podem ser comparadas com o encontro definitivo com o Deus da Vida.

O Reino de Deus não se manifesta no extraordinário e no fantástico, antes: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”. Da nossa parte resta que não percamos a esperança e a confiança. Esperança, não de quem fica de braços cruzados aguardando que as coisas aconteçam, mas no sentido de quem se põe a semear as pequenas sementes do cotidiano. São essas sementes que vão transformando e frutificando independente das nossas capacidades, limites, acertos ou fracassos. Os tempos de Deus não são os nossos tempos, façamos a nossa parte e confiemos na poderosa mão de Deus. Cultivemos a perseverança e continuemos a semear os valores do evangelho. Nos pequenos gestos de bondade, solidariedade, fraternidade e comunhão que realizamos o Reinado de Deus vai garantindo a alegria da Colheita.

Nesse sentido ganha ainda mais importância a oração do Salmo que fazemos nesse domingo.

R. Como é bom agradecermos ao Senhor.

2Como é bom agradecermos ao Senhor*
e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo!
3Anunciar pela manhã vossa bondade,*
e o vosso amor fiel, a noite inteira.R.

13O justo crescerá como a palmeira,*
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
14na casa do Senhor estão plantados,*
nos átrios de meu Deus florescerão.R.

15Mesmo no tempo da velhice darão frutos,*
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
16e dirão: 'É justo mesmo o Senhor Deus:*
meu Rochedo, não existe nele o mal!'