quarta-feira, 5 de julho de 2023

HOMILIA PARA O DIA 09 DE JULHO DE 2023 - DÉCIMO QUARTO DOMINDO COMUM - ANO A

 O MEU JUGO É SUAVE E O MEU FARDO É LEVE

 

Não é raro que nós tenhamos sentimento de rejeição e indignação em relação aos comportamentos pouco gentis e a falta de cordialidade das autoridades e de servidores públicos por exemplo. Pessoas que procuram vender uma imagem que não corresponde com a fineza e a cortesia também são recriminados com bastante facilidade. A arrogância, a prepotência e o orgulho não são sentimentos aprovados nas relações interpessoais.

Pois a liturgia desse domingo mostra exatamente o contrário e nos ajuda a reconhecer Deus que se apresenta vestido de simplicidade, se faz reconhecer na humildade, na pobreza e na pequenez. Um Deus que se apresenta dessa maneira não precisa de força para dar fim às guerras e as disputas pelo poder: Exulta, cidade de Sião! Rejubila, cidade de Jerusalém. Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria de jumenta”. A atitude desse rei desmonta a visão de mundo, de realeza, de força e segurança que se apresenta com agressividade, com armas e instrumentos sofisticados que consomem muitos recursos que poderiam ser investidos para promover a paz e a concórdia: “Eliminará os carros de Efraim, os cavalos de Jerusalém; ele quebrará o arco de guerreiro, anunciará a paz às nações”.

Na segunda leitura mais uma vez temos São Paulo apresentando duas situações antagônicas entre si: ‘Viver segundo a carne ou viver segundo o espírito’. Aqueles que vivem na primeira condição mostram sua verdadeira face instalados na autorreferencialidade, na prepotência e na arrogância. Aqueles que vivem segundo o espírito reconhecem que a morte de Jesus não terminou com o projeto de Deus, pelo contrário, foi o tormento da cruz que transformou Jesus no servo obediente e fiel a quem o Pai confiou o cuidado de toda a obra criada.

Tal como Jesus também os cristãos que fizerem de sua vida um serviço aos demais serão agraciados, como Paulo mesmo afirmou no último domingo, com a coroa da justiça: “Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós”.

No Evangelho Jesus faz um agradecimento a Deus Pai reconhecendo como Ele acolhe, compreende e ama seus filhos e filhas, mas tem uma predileção especial pelos mais fragilizados: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Jesus faz essa louvação para contrastar com os fariseus e doutores da lei que se julgavam melhores e mais perfeitos que todos os demais. Na condição de sábios e autorizados a interpretar as escrituras eles se consideravam os únicos destinatários da salvação. Sem dizer exatamente quem eram os pequeninos parece ficar claro que Jesus está se referindo aos seus discípulos, mas com eles também estão os pecadores, os doentes, os publicanos, as pessoas de má fama. Em lugar de considerar a lei como uma espécie de “linha direta” com Deus Jesus mostra que a misericórdia do Pai não precisa destes subterfúgios e recursos mundanos. A única condição para acessar Deus é seguir Jesus e viver os seus preceitos. Em outras palavras fazer a experiência de estar com Jesus. Ele então conclui o Evangelho com um convite: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".

O convite de Jesus expressa o desejo de socorrer todos os que estão excluídos e despidos da dignidade humana. O Vinde a mim, de Jesus é o abraço misericordioso do Pai que acolhe a todos apesar das fraquezas e infidelidades. Ninguém está excluído do abraço de Deus, mas ao mesmo tempo ninguém tem o direito de excluir quem quer que seja dos espaços e dos locais de encontro e de comunhão. Que o Espírito Santo nos ensine e nos faça compreender o que rezamos no salmo.

Misericórdia e piedade é o Senhor,*
ele é amor, é paciência, é compaixão.

O Senhor é muito bom para com todos,*
sua ternura abraça toda criatura.



 

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