terça-feira, 8 de julho de 2025

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JULHO DE 2025 - IGREJA EM SINODALIDADE E PEREGRINA DE ESPERANÇA

 

IGREJA EM SINODALIDADE E PEREGRINOS DE ESPERANÇA

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, somos chamados a refletir sobre dois textos que, à primeira vista, podem parecer distintos, mas que em sua essência se entrelaçam de maneira profunda: a Carta de São Paulo aos Colossenses e o Evangelho de Lucas.

Na primeira leitura, Paulo nos fala da sua alegria em sofrer por Cristo. Ele diz: "Completo na minha carne o que falta às aflições de Cristo por seu corpo, que é a Igreja" (Col 1,24). O texto ajuda a entender que nossas lutas não são em vão; elas se tornam parte de uma missão maior. Quando participamos ativamente da vida da Igreja, ao lado de nossos irmãos e irmãs, estamos não apenas compartilhando nossas alegrias, mas também nossos sofrimentos. Esse é um verdadeiro sinal de sinodalidade: estarmos juntos, em comunhão, como peregrinos em busca de esperança.

O apóstolo enfatiza que sua missão é anunciar a Palavra de Deus, o mistério que foi revelado: Cristo em nós, a esperança da glória (Col 1,27). Essa esperança é o que nos move, é o que nos une como Igreja. Somos chamados a não apenas receber essa mensagem, mas a compartilhá-la, tornando-nos agentes de transformação em nosso mundo.

Por outro lado, no Evangelho, encontramos a passagem de Marta e Maria. Enquanto Marta se preocupa com os afazeres da casa, Maria se coloca aos pés de Jesus, ouvindo suas palavras. Jesus diz a Marta que "Maria escolheu a melhor parte" (Lc 10,42). Essa cena nos convida a refletir sobre as prioridades em nossas vidas e em nossa caminhada sinodal.

Marta representa muitas vezes a nossa vida cotidiana, cheia de responsabilidades e obrigações, que, se não forem cuidadas, podem nos distanciar do que realmente importa: a presença de Cristo entre nós. Maria, ao contrário, nos mostra que ouvir a Palavra de Deus e estar em comunhão com Ele deve ser nossa prioridade. Assim, em um processo sinodal, somos convidados a equilibrar o fazer e o ser, a ação e a contemplação.

Ao unirmos esses dois textos, percebemos que a sinodalidade nos pede, primeiro, um coração aberto ao sofrimento dos irmãos, como Paulo nos exorta, e, segundo, um espaço em nossa vida para a escuta da Palavra de Deus, como Maria fez. Em uma Igreja que caminha junta, somos convidados a olhar para as necessidades do outro, ao mesmo tempo em que buscamos estar em sintonia com a voz de Deus.

Nesse contexto, ser "peregrinos de esperança" significa que, ao olharmos para as dificuldades e desafios que enfrentamos, sabemos que não estamos sozinhos. Caminhamos juntos, apoiando-nos uns aos outros, e carregamos dentro de nós a certeza de que Cristo está conosco, oferecendo-nos força e encorajamento.

Queridos irmãos e irmãs, ao nos reunirmos como Igreja, devemos nos perguntar: como podemos, em conjunto, tornar-nos verdadeiros testemunhos da esperança que é Cristo? Como podemos equilibrar o nosso servir e o nosso acolher a palavra divina? Que possamos ser peregrinos que, ao mesmo tempo em que enfrentam desafios, levam em seu coração a esperança viva que é oferecida a todos.

Que Nossa Senhora, modelo de escuta e serviço, nos guie nesta jornada. E que, juntos, possamos caminhar em sinodalidade, sempre iluminados pela luz de Cristo, transformando o mundo com o amor que brota de nossa vivência comunitária.

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