segunda-feira, 19 de abril de 2010

PEDAGOGIA DO CUIDADO

QUEM AMA CUIDA...

(Contribuições do Professor Elcio Alberton para
a reflexão da terça feira 06 de abril 2010 no projeto PROINFANTIL).

No contexto das reflexões éticas na atualidade a expressão CUIDADO, tem sido muitas vezes compreendido como capacidade de amar o que significa também permitir que o ser em relação desenvolva suas habilidades em todos os sentidos.
Na leitura do texto em questão (Daniela Guimarães) a autora parece tratar do termo sob esta ótica.
Fazendo um passeio pelos conceitos de educar, instruir, cuidar, e da finalidade das creches e centros de educação infantil a autora faz uso da palavra CUIDADO permitindo que esta seja entendida como a capacidade de facilitar o crescimento e a interação entre os distintos envolvidos no processo.
É de amplo conhecimento a idéia equivocada que permeou as creches durante muito tempo, sendo elas entendidas e muitas vezes de fato conduzidas como depósito de crianças a quem faltava cuidados. E neste recinto e condição elas eram de fato apenas cuidadas, isto é, atendidas no mínimo das necessidades de permanência no local.
O reconhecimento dos espaços conhecidos como Creches, dentro do processo da educação infantil permitiu que um novo olhar fosse voltado para todo o processo e prática do CUIDADO em relação as crianças que participam destas instituições.
A primeira atitude que aos poucos, vai se tornando indispensável é superar a dicotomia entre cuidar e educar. Alias a comunhão (sinonímia) destes dois termos responde exatamente ao conceito atual da expressão: QUEM AMA CUIDA!
Não faltam autores que compreendem esta interação como resultado de outra necessidade de todo ser humano: Sentir-se acolhido e valorizado na sua condição no local onde escolhe para estabelecer relacionamentos. A expressão, a meu ver, muito feliz, "forma menor de educação" longe de adquirir sentido pejorativo precisa ser lido como possibilidade de modos alternativos de estar com as crianças e consequentemente valorizá-las na sua individualidade.
Longe de compreender o processo educativo como uma disciplinarização o uso da expressão cuidado educacional adquire uma perspectiva muito importante na medida em que qualifica a condição de quem promove e facilita o sujeito de manifestar seus saberes socializando-os e interagindo com os demais saberes e seres. É neste sentido que a pessoa envolvida no processo de CUIDADO passa a ser visto como sujeito único que se coloca na relação com o outro.
Dito isso fica possível compreender CUIDADO como o processo que dá início a toda forma de sadio relacionamento. É assim que Bakhtin , compreende o processo de crescimento (não somente físico) da criança desde as suas relações de imitação com a mãe, fazendo suas as palavras e atitudes do outro.
Há de se convir que só muito recentemente nossas creches voltaram seu foco para a criança e seus direitos, isto é, estas estão na creche não como necessitadas de "cuidados" mas como seres de "CUIDADO", situação que pode ser compreendida como inserção na coletividade com facilitação para a socialização.
Na medida em que nossas crianças passaram a ser vistas nas creches como sujeitos da ação de educar foi largamente ampliado o conceito de transmitir saberes para o incremento da sociabilidade dos conhecimentos. Nesta ótica a missão do professor em muito se amplia e recebe nova valorização, ela deixa de ser uma distribuidora de "trabalhinhos" para ser promotora de "valores".
Esta parece ser a realidade que a autora constata na pesquisa conhecida como observação participante realizada em dois distintos centros de educação. A educação infantil entendida a partir do CUIDADO faz do adulto uma ponte para construção de novos saberes os quais são processados pela própria criança com um consequente engrandecimento de possibilidades.
A isso eu chamo de Mistagogia da educação infantil ou capacidade de quebrar os grilhões que prendem as crianças ao fundo da caverna da ignorância, para fazer um paralelo com o mito platônico da caverna.
Parece ser muito feliz a apropriação do termo italiano "didática do fazer' para qualificar este novo modo de facilitar o desenvolvimento educacional da criança.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

HOMILIA PARA O DIA 11 DE ABRIL 2010

SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: Atos5,12-16; Salmo 117(118);
Apocalipse 1, 9-13.17-19; João 20,19-31.

Normalmente quando um acontecimento é importante para nós marcamos a data e recordamos o fato de modo bastante significativo. Isso vale para o aniversário da pessoa que a gente quer bem, a data da formatura, do casamento,etc... Recordar a data que algo nos aconteceu é uma forma de reviver o fato no cotidiano da história.
A mesma situação foi vivida pela comunidade dos discípulos de Jesus. O primeiro dia da semana se tornou uma data importante. Recordando a Ressurreição de Jesus eles passaram a se reunir neste dia. Juntos faziam memória de tudo o que haviam aprendido e vivido na companhia de Jesus.
Este fato se tornou tão importante que pouco tempo depois recebeu o nome de Domingo, que quer dizer: Dia do Senhor! Desde aquele tempo nós continuamos celebrando a ressurreição de Jesus e nos reunimos de domingo a domingo para fazer memória deste extraordinário acontecimento pascal.
As leituras deste segundo domingo da páscoa nos ajudam a compreender melhor o sentido da reunião e da missão. No evangelho temos a narrativa de um encontro dos discípulos, ocasião em que recordavam os ensinamentos do mestre. Dentre eles um não estava.
Jesus aparece, se dá a conhecer, anuncia o seu mais excelso desejo: A paz esteja com vocês. Como o Pai me enviou eu também envio vocês. E os discípulos se alegraram e contaram para todos o que lhes tinha acontecido.
Tomé não acreditou. Uma semana depois Jesus reaparece, agora Tomé está aí e Jesus lhe confia a missão e faz a devida advertência: Você acreditou porque viu!
As lições da liturgia deste domingo estão nesta direção para nossas comunidades: Primeiro: O domingo é o dia do Senhor, o dia da reunião dos irmãos e nada deverá nos desviar deste importante e necessário encontro; Segundo: é na reunião que experimentamos o Dom de Deus: A Paz esteja com vocês! Terceiro: somos também enviados em missão em vista de um mundo melhor e que experimente também o que Deus tem a oferecer por nosso intermédio.
Quarto: longe da comunidade reconhecer Jesus fica quase impossível.
Peçamos a graça de nunca negligenciar o domingo e o que dele podemos usufruir na medida que nos reunimos com a comunidade para celebrar o Senhor.
Que esta Palavra e a Eucaristia sejam nossa força na jornada.

sábado, 3 de abril de 2010

LICENCIATURA OU BACHARELADO?


FORMAÇÃO OU PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO?



Elcio Alberton
Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional,

Mestrando em Educação. Professor no Programa PROINFANTIL,

Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba.

Texto produzido sob a orientação da professora

Joana Paulin Romanowski,

na disciplina Formação de professores do

programa de Mestrado da PUCPR 2010.





No comentário que fizemos sobre saberes docentes, escrevemos assim: “De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano”.


Na perspectiva da nossa pesquisa estamos também preocupados com a formação de docentes que vislumbre muito mais do que a preparação para o trabalho e a aquisição de instrumentais conteudistas, didáticos e pedagógicos que visem primariamente a transmissão de conhecimentos.


Os distintos autores, propostos para leitura na cadeira de Formação de Docentes do programa de Mestrado da PUCPR no ano de 2010, pautam suas reflexões e questionamentos em relação ao parecer 05/2005 precisamente no que se refere à amplitude que mereceria ter a compreensão do termo “formação de docentes”, nos cursos de Pedagogia regulamentados por este parecer.


Com seus limites no que se refere ainda a nomenclatura (licenciatura/bacharelado), o parecer aponta para uma solução de continuidade para um impasse que se estende por mais de duas décadas. No documento em questão a formação dos docentes é entendida de modo bastante mais amplo na medida em contempla a formação de docentes não no sentido restrito de ministrar aulas para esta ou aquela faixa etária. A expressão docência tem seu conceito ampliado para todo o trabalho pedagógico a ser desenvolvido no mundo da educação, seja ele restrito ao ambiente escolar ou não. E neste sentido pode ser considerado um avanço no campo da normatização dos cursos de Pedagogia. Obviamente que esta conquista não veio sem boa dose de participação da sociedade organizada.


O parágrafo a que nos referimos acima reza textualmente:
“Entende-se que a formação do licenciado em pedagogia se fundamenta no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, que tem a docência como base. Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia. Dessa forma, a docência, tanto em processos educativos escolares como nãoescolares, não se confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos, descolados de realidades históricas específicas. Constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. (Parecer CNE/CP n. 05/2005, p. 7)”.

Com esta regulamentação, finalmente, os profissionais da educação podem experimentar seus anseios adquirirem abrangência na medida em que os cursos de pedagogia deverão alargar a concepção de educação, de escola, de docência, de licenciatura, etc. situação que implica evoluir para muito além do que a simples preparação para o trabalho, título que damos a este comentário.


Na medida em que acontece este alargamento de conceito e de finalidade os cursos de formação de professores caminham para uma nova epistemologia e superam a visão pragmática e tecnicista de preparadores para o trabalho. Quanto mais se for alargando a visão de formação científica dos cursos de pedagogia, mas será possível ganhar no conceito de práxis educativa.


A crítica que cabe ao parecer se foca na questão da falta de clareza sobre o que significa mesmo preparação para o trabalho didático e formação para a pesquisa que consequentemente se direciona também para o cotidiano da educação. Parece importante que o parecer seja lido sob uma ótica muito mais abrangente do que o desenvolvimento de competências e habilidades para realizar tarefas no campo da escola.


Nossa concepção é também direcionada para a compreensão da formação do profissional da educação com uma ampla interação entre teoria e prática. A formação precisa partir dos conhecimentos já dominados, ampliar o leque de cientificidade e para lá voltar. Este processo parece se moldar melhor ao termo “práxis” usada também por outras ciências humanas.


O parecer, visto sob a ótica que estamos apontando, indica que a formação pedagógica e muito mais ampla do que a preparação para o magistério e alcança a produção e difusão do conhecimento. Conforme dissemos parece que o limite do parecer persiste no fato de manter a nomenclatura que em princípio aponta para um reducionismo da função do que se chama licenciatura. Certamente será necessário estabelecer uma formação teórica sólida que seja muito mais ampla do que um mero pragmatismo pedagógico.


Na medida em que a nomenclatura não se tornar pressuposto para a formação de um profissional do tipo “segunda linha” será possível construir uma política de formação que seja compreendida na linha da formação continuada se estendendo a todos os níveis de formação.


A compreensão que temos desta regulamentação, no sentido que ela melhora substancialmente a possibilidade de formação com a superação da mera preparação para o trabalho, aparece textualmente no documento quando se lê: “As DCN-Pedagogia definem a sua destinação, sua aplicação e a abrangência da formação a ser desenvolvida nesse curso. Aplicam-se: a) à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; b) aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional; c) na área de serviços e apoio escolar; d) em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrangerá integradamente à docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas" (Parecer CNE/CP n.05/2005, p. 6).

HOMILIA PARA O DIA 04 DE ABRIL 2010



DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR



O início deste ano foi marcado por uma série de catástrofes naturais que comoveram o mundo. Avalanches, desmoronamento, enchentes, terremotos. Em todas estas situações a morte se fez presente de maneira assustadora. Entretanto, para pelo menos uma pessoa, e para os que puderam reconhecer o seu trabalho a morte foi um sinal claro de tudo o que significou a sua vida. Lembro neste momento a Dra. Zilda Arns. Morreu sob os escombros de um terremoto, como tantas vítimas indefesas e inocentes.
Mas a morte dela ganhou outra conotação em virtude do seu trabalho pela vida das nossas crianças. Podemos dizer que Ela não morreu, e não morreu porque sua obra é viva e facilita a vida.
Neste sentido celebrar o Cristo ressuscitado significa celebrar a alegre esperança que também nós com Ele ressuscitaremos. A verdade do que aconteceu com Jesus não foi uma situação fácil de ser entendida pelos seus seguidores. Assim temos na narrativa do Evangelho, nominadas algumas pessoas: Maria Madalena, Simão Pedro, o outro discípulo. Ambos tinham estado com Jesus durante todo o processo da sua condenação e morte, mas ainda não tinham assimilado o que isso poderia significar. E continuam procurando-o no lugar onde estão os mortos.
O modo como o evangelho nos conta a ressurreição indica exatamente aquilo que professamos e celebramos. O que com Ele aconteceu não foi um episódio isolado e sem explicação. Tudo aí faz parte do plano de salvação que Deus tinha, desde muito, planejado.
Nós, como os primeiros discípulos se acreditamos nesta verdade temos a missão de proclamá-la com a vida.
Aqui reunidos fazendo memória deste fato salvador pedimos com insistência que o Senhor nos faça destemidos no que concerne dar a vida por meio de lutas e tarefas que transformem o mundo.
Que nossa vida seja expressão concreta e real do Amém que professamos ao participar da comunhão com o corpo e o sangue do Senhor Jesus.

HOMILIA PARA O DIA 03 DE ABRIL 2010


VÍGILIA PASCAL 2010




A longa celebração desta noite, com suas quatro partes bem distintas, com direito foi chamada por Santo Agostinho de “Mãe de todas as vigílias”. A Liturgia da Igreja nos convida a celebrar recordando a ação de Deus que salvou e libertou seu povo e a reposta nem sempre coerente daqueles que foram escolhidos pelo Pai.
Os sinais do fogo e da água dispensam maiores comentários é fácil perceber que eles indicam o princípio de todas as coisas e sua presença simbólica pode ser reconhecida nos diversos momentos da ação de Deus em favor do seu povo.
A longa Liturgia da Palavra nos ajuda a percorrer o caminho que Deus fez e os descaminhos que as criaturas percorreram até a vinda do Messias.
Em resumo, as leituras do antigo testamento no aponta a obra criadora e salvadora de Deus com a respectiva promessa que nos vem pela boa do profeta.
Já São Paulo no texto de hoje nos faz compreender o sentido último da morte e ressurreição do Senhor. Tendo participado com ele, somos agora herdeiros de tudo o que Ele nos mereceu.
Não é sem razão que entre as leituras do antigo e do novo testamento nós cantamos o hino de louvor e o fazemos convencidos que o Senhor Ressuscitou e que sua vida agora nos aproxima ainda mais e de modo definitivo do mundo que Deus Pai quis para todos.
As palavras do Evangelho são confirmadas pela renovação das promessas do batismo, aceitar esta verdade implica estar disposto a trabalhar por um mundo novo e muito melhor. É obvio se fomos também nós renovados pelo Cristo, porque não dedicar-nos na realização daquilo que Ele começou.
Aqui viemos para “fazer tudo isso em memória do Senhor”. Isto significa dizer que com Jesus queremos passar da antiga à nova vida.

SABERES DOCENTES

COMENTÁRIOS AO TEXTO SABERES PROFISSIONAIS DOS
PROFESSORES E CONHECIMENTOS UNIVERSITÁRIOS



Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional,
Mestrando em Educação.
Professor no Programa PROINFANTIL, Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba.
Texto produzido sob a orientação da professora Joana Paulin Romanowski, na disciplina
Formação de professores do programa de Mestrado da PUCPR 2010.



Tardif, Maurice. Saberes Docentes
Formação Profissional.
Petrópolis, Vozes, 2008


Os inúmeros desafios do cotidiano da docência exigem que os profissionais respondam a algumas questões que são sempre pertinentes e presentes na arte de mediar saberes.
Conforme comentamos no texto que trata do professor como um profissional da contradição, parece oportuno tratemos da questão dos saberes sob a mesma ótica. Isto é, ao perguntar-se sobre quais saberes são necessários há que responder em primeiro lugar a partir de onde o docente está fazendo esta pergunta. E mais ainda para onde ele quer caminhar com tais questionamentos.
A prática da docência está inserida numa conjuntura social que se modifica a velocidade da luz e que exige sempre novas respostas. Sem precisar nos alongar poderíamos discorrer muito sobre a modalidade de saberes cuja perspectiva se abre com o ensino a distância.
Sob este ponto de vista com toda a obviedade o profissional da educação terá um sem número de novos desafios e porque não dizer de necessidade de novos saberes.
De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano.
Aceitar ser avaliado por quem partilha dos mesmos ideais e angústias é um elemento importante posto que esta condição ajude o professor ampliar sua bagagem de conhecimento que se estenda para além da tecnicidade. A isto o autor chama de formação continuada e contínua, os dois termos que parecem exprimir o mesmo resultado são, todavia, distintos e se completam. Uma abertura para formação contínua será muito mais do que aprender para colocar em prática. Bastante vezes a formação se resume a aquisição de novas técnicas e quiçá métodos para ensinar. Com absoluta certeza isso não pode ser entendido como formação contínua. Este vocábulo parece expressar muito mais que o professor merece estar sempre pronto a adquirir novos saberes os quais o projetarão para novas aventuras na “arte da docência”.
Os questionamentos da contemporaneidade, o advento de novas tecnologias e de incontáveis outros desafios geraram no mundo da docência uma crise, diria sem precedentes. Crise no sentido de quebra de referenciais uma vez que os chamados saberes estáveis foram sendo desqualificados ou, em outras palavras, cotidianamente superados.
A crise a que o autor se refere não me parece que deva ser tomada sob a ótica do pessimismo ou como uma situação necessariamente negativa, mas parece ser uma crise no sentido do acrisolamento que provoca mudanças e novas perspectivas.
Experimentar esse tipo de crise faz com que os profissionais da docência tenham a determinação para questionar o tipo e os limites de formação oferecidos pelas instituições, posto que estas também vivenciem os conflitos que permeiam toda a sociedade. O autor parafraseia Kant, dizendo que os questionamentos em torno da docência se comparam ao um processo que exige despertar do sono dogmático da razão profissional. Com esta afirmação nós concordamos na sua totalidade.
O complexo mundo da formação contínua aponta para o que o autor chama de epistemologia da prática profissional ou o conjunto de saberes dos quais o docente se utiliza para o trabalho cotidiano. Este processo consiste em constante reconstrução e reordenamento de competências visando responder às novas exigências e os novos desafios. Nesta linha o trabalho vai se tornando uma construção e não um mero objeto.
Quanto mais o profissional reduzir sua condição de educador à dimensão da praticidade mais ele alarga a possibilidade de se tornar um “idiota do conhecimento”, que não é capaz de recompor o repertório dos saberes.
Um elemento importante a ser considerado no que concerne aos saberes é a história de vida, aquilo que aprendeu por osmose, mas na medida em que nesta altura encontrar limites o aprendizado deixa de ser transformador e, consequentemente, perde parte significativa da sua razão de ser.
Mais do que qualquer outra ocupação o docente tem necessidade de enriquecer-se de recursos e competências muito mais do que técnicas conceituais. É sobre esta última afirmação que nossa dissertação vai se pautar no que concerne à mistagogia da formação do docente.

SABERES DOCENTES

COMENTÁRIOS AO TEXTO SABERES PROFISSIONAIS DOS
PROFESSORES E CONHECIMENTOS UNIVERSITÁRIOS


Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional, Mestrando em Educação. Professor no Programa PROINFANTIL, Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba. Texto produzido sob a orientação da professora Joana Paulin Romanowski, na disciplina Formação de professores do programa de Mestrado da PUCPR 2010.


Tardif, Maurice. Saberes Docentes
Formação Profissional.
Petrópolis, Vozes, 2008

Os inúmeros desafios do cotidiano da docência exigem que os profissionais respondam a algumas questões que são sempre pertinentes e presentes na arte de mediar saberes.
Conforme comentamos no texto que trata do professor como um profissional da contradição, parece oportuno tratemos da questão dos saberes sob a mesma ótica. Isto é, ao perguntar-se sobre quais saberes são necessários há que responder em primeiro lugar a partir de onde o docente está fazendo esta pergunta. E mais ainda para onde ele quer caminhar com tais questionamentos.
A prática da docência está inserida numa conjuntura social que se modifica a velocidade da luz e que exige sempre novas respostas. Sem precisar nos alongar poderíamos discorrer muito sobre a modalidade de saberes cuja perspectiva se abre com o ensino a distância.
Sob este ponto de vista com toda a obviedade o profissional da educação terá um sem número de novos desafios e porque não dizer de necessidade de novos saberes.
De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano.
Aceitar ser avaliado por quem partilha dos mesmos ideais e angústias é um elemento importante posto que esta condição ajude o professor ampliar sua bagagem de conhecimento que se estenda para além da tecnicidade. A isto o autor chama de formação continuada e contínua, os dois termos que parecem exprimir o mesmo resultado são, todavia, distintos e se completam. Uma abertura para formação contínua será muito mais do que aprender para colocar em prática. Bastante vezes a formação se resume a aquisição de novas técnicas e quiçá métodos para ensinar. Com absoluta certeza isso não pode ser entendido como formação contínua. Este vocábulo parece expressar muito mais que o professor merece estar sempre pronto a adquirir novos saberes os quais o projetarão para novas aventuras na “arte da docência”.
Os questionamentos da contemporaneidade, o advento de novas tecnologias e de incontáveis outros desafios geraram no mundo da docência uma crise, diria sem precedentes. Crise no sentido de quebra de referenciais uma vez que os chamados saberes estáveis foram sendo desqualificados ou, em outras palavras, cotidianamente superados.
A crise a que o autor se refere não me parece que deva ser tomada sob a ótica do pessimismo ou como uma situação necessariamente negativa, mas parece ser uma crise no sentido do acrisolamento que provoca mudanças e novas perspectivas.
Experimentar esse tipo de crise faz com que os profissionais da docência tenham a determinação para questionar o tipo e os limites de formação oferecidos pelas instituições, posto que estas também vivenciem os conflitos que permeiam toda a sociedade. O autor parafraseia Kant, dizendo que os questionamentos em torno da docência se comparam ao um processo que exige despertar do sono dogmático da razão profissional. Com esta afirmação nós concordamos na sua totalidade.
O complexo mundo da formação contínua aponta para o que o autor chama de epistemologia da prática profissional ou o conjunto de saberes dos quais o docente se utiliza para o trabalho cotidiano. Este processo consiste em constante reconstrução e reordenamento de competências visando responder às novas exigências e os novos desafios. Nesta linha o trabalho vai se tornando uma construção e não um mero objeto.
Quanto mais o profissional reduzir sua condição de educador à dimensão da praticidade mais ele alarga a possibilidade de se tornar um “idiota do conhecimento”, que não é capaz de recompor o repertório dos saberes.
Um elemento importante a ser considerado no que concerne aos saberes é a história de vida, aquilo que aprendeu por osmose, mas na medida em que nesta altura encontrar limites o aprendizado deixa de ser transformador e, consequentemente, perde parte significativa da sua razão de ser.
Mais do que qualquer outra ocupação o docente tem necessidade de enriquecer-se de recursos e competências muito mais do que técnicas conceituais. É sobre esta última afirmação que nossa dissertação vai se pautar no que concerne à mistagogia da formação do docente.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

HOMILIA PARA O DIA 01 DE ABRIL DE 2010


QUINTA FEIRA SANTA – 01/04/2010


Leituras: Êxodo 12, 1-8. 11-14;

Salmo Responsorial 115,12-13.15-18;

1cor. 11,23-26; João 13,1-15.




A Celebração do Lava-pés, conforme denominamos a noite de hoje, antes de tudo, é um reconhecimento da capacidade de servir e da dimensão de serviço que se esconde na Eucaristia.
O texto do Evangelho do João que ouvimos na noite de hoje é um jeito diferente que o Evangelista usa para narrar a instituição da Eucaristia. Jesus que se entrega nas espécies do pão e do vinho é aquele que se põe a serviço de todos. O gesto de Jesus, de um extraordinário valor simbólico tem uma dimensão fantástica de hospitalidade, atitude própria de quem parte e reparte.
Com esta celebração nós iniciamos o tríduo pascal, isto e, os três dias que antecedem o domingo da ressurreição. Neste período revivemos a memória central da nossa fé: O extraordinário amor de Jesus pelo mundo. Sua radical aceitação ao projeto do Reino de Deus.
O texto do evangelho, narrando o episódio do lava-pés confirma o que ouvimos na primeira leitura: “Este dia será para vocês uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações”. Jesus conclui o seu gesto recomendando aos discípulos: “Se Eu o mestre e Senhor lavei os seus pés, vocês devem fazer a mesma coisa”.
Inspirados por esta palavra. Iluminados pelo mesmo espírito que guiou Jesus nós continuamos nos reunindo em sua memória, repetimos os seus gestos, atualizamos a Palavra e elevamos nossa ação de Graças a Deus Pai.
Nisto tudo pedimos que o Senhor nos ajude a viver a mesma dimensão de alegria e de gratuidade que o Serviço da Eucaristia nos indica.
Repetimos as palavras de São Paulo: “comemos e bebemos da Eucaristia anunciando a morte do Senhor até que ele Venha”.
Que este gesto, com toda a penitência da quaresma, nos ensine a vivenciar nossas tribulações e angústias à luz da ressurreição e da Páscoa.