quarta-feira, 24 de junho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JUNHO DE 2020 - SÃO PEDRO E SÃO PAULO - ANO A - DIA DO PAPA


O SENHOR ESTEVE COMIGO E ME DEU FORÇAS

A passagem que se proclama na segunda leitura deste domingo é conhecida como “Testamento de Paulo”. Fazendo uma espécie de despedida e balanço da sua vida Paulo deixa claro sua confiança no Senhor. Ele não fez corpo mole quando se tratava de dar conta da missão que havia recebido, mas ao mesmo tempo tem certeza que todas as suas forças seriam incapazes de lhe garantir sucesso na sua missão e então afirma: O Senhor esteve a meu lado e me deu forças...” Deste texto é possível tirar a mesma lição para a nossa vida. Usando as palavras de Paulo: Combater o bom combate, não fugir de nenhuma responsabilidade quando se trata de testemunhar o Reino de Deus e de aproximar as pessoas desta realidade, por outro lado, se tem alguém que merece ser reconhecido pelo bom termo desta tarefa é: Ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações... A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém”.
E Que Deus com sua força e sua graça caminha ao nosso lado mesmo nas horas mais tenebrosas é fácil compreender na leitura dos Atos dos Apóstolos: Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele... Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela... Então Pedro caiu em si e disse: Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar...” Convenhamos que também nos embates do nosso cotidiano, não poucas vezes nos vimos aprisionados e sem possibilidade para dar mais nenhum passo e à medida que nos confiamos à graça e ao poder de Deus sentimos como uma luz iluminando nossa vida.
Nos dois casos Reconhecer quem é Jesus e qual a missão que Deus lhe confiou é a garantia que nunca estaremos desamparados. A resposta dada por Pedro em nome de todos os discípulos é a mesma que cada pessoa pode fazer todos os dias: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Obvio que fazer essa afirmação implica em alguma responsabilidade cuja tarefa exige firmeza e coragem: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus". A missão que Jesus confia a Pedro, de alguma maneira, é também dada a todos os cristãos e se resume em buscar e acolher, ligar e desligar.
Do ponto de vista da instituição o Papa é a autoridade no mundo para conduzir a Igreja e Ele, primeiramente, tem a missão de garantir a continuidade da Igreja e da missão que recebeu como sucessor de Pedro. Rezemos por Ele e caminhemos com Ele por uma vida santa e guiada pela graça de Deus a fim de que possamos repetir como São Paulo: “Só me resta a coroa da justiça que o Senhor justo juiz me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JUNHO 2020 - 12º COMUM - ANO A



NÃO TENHAM MEDO

Situações que causam desconforto, solidão, abandono e preocupação ao nosso cotidiano são frequentes e dizem respeito à maneira de fazer e de organizar a vida algumas vezes causada pelo desequilíbrio da natureza, frequentemente pelas relações inadequadas entres as pessoas, grupos e sociedades.  A maneira como as autoridades constituídas se comportam no exercício do governo e uma infinidade de situações é provocadora de medo e desconforto.  A liturgia da Palavra deste domingo oferece conforto e aponta alternativas para superar essas situações.
Jeremias é o profeta que experimenta todos os sentimentos que ainda hoje nos assustam, apesar disso ele não tem medo de testemunhar Deus e a sua proposta. Como resposta declara: “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem”. Aprender com Jeremias é um consolo para quem se reconhece ter recebido no batismo a missão de profeta que é uma tarefa difícil, mas que no exercício desta missão Deus nunca abandona aqueles que o testemunham com coragem e verdade.
São Paulo escreve aos romanos e afirma que a fidelidade aos projetos de Deus gera vida nova todos os dias e que nada, nenhum sofrimento, nenhum medo pode superar a força divina que o Senhor nos concedeu por meio do seu Filho: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem mais superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos”.
Enviando os discípulos em seu nome Jesus não lhes ilude apontando facilidades e sinais extraordinários, pelo contrário fala em perseguição, incompreensão, abandono, desconforto, situações que causam medo. Porém, ao mesmo tempo garante a sua presença e o cuidado de Deus para com eles repetindo três vezes: “não tenham medo, pois nada há de encoberto que não seja revelado; Não tenham medo daqueles que matam o corpo; Não tenham medo, Vós valeis mais do que muitos pardais”.
Então, não tenhamos medo de testemunhar para o mundo a alegria de ter encontrado Jesus e de permitir que ele transforme a nossa vida. Isso não significa acreditar que tudo é possível e que ser cristão não exija coragem profética, ao mesmo tempo misericórdia e fraternidade. Ser discípulo de Jesus implica não se deixar levar pelo fanatismo e por ofertas gratuitas. O valor extraordinário de nossa condição missionária implica reconhecer o coração terno e paterno de Deus que é bondoso e solícito. Que a Eucaristia, a Palavra e o testemunho dos irmãos nos ajude compreender o amor de Deus que nos acolhe sempre que encontramos dificuldades na caminhada

sexta-feira, 12 de junho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JUNHO DE 2020 - 11º COMUM - ANO A


O SENHOR DEUS É BOM
A primeira metade do ano 2020 expos ao mundo todo e para o todo o mundo a fragilidade da confusão e do atropelo que as pessoas e as instituições estavam envolvidas no cotidiano das suas relações.  A pandemia que assola a humanidade facilita, até aos mais incrédulos, reconhecer a presença, o amor e o cuidado de Deus. As três leituras deste domingo apresentam a ação de Deus em favor das pessoas caminhando lado a lado e facilitando laços de comunhão e de libertação duradouras.
A mesma proposta que Deus fez aos filhos de Israel depois da difícil passagem pelo deserto continua a apresentar para a comunidade contemporânea acometida por provações e dificuldades para as quais não encontra alternativa de descontinuidade. A Palavra de Deus é reconfortadora: “Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”.
São Paulo escrevendo aos romanos esclarece a dimensão do amor de Deus pela comunidade que Ele escolheu. Por sua vez aqueles que nele acreditam tem uma tarefa simples e ao mesmo tempo exigente que implica dar testemunho deste amor que é eterno, gratuito e único: Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. Dificilmente alguém morrerá por um justo;
por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”.
À medida que a pessoa reconhece o amor que Deus lhe dedica será capaz de enfrentar cada dia as dificuldades com serenidade, alegria e esperança.
Confiando a missão aos discípulos para agirem numa tarefa maior que as próprias forças e repleta de dificuldades, que aparentemente seriam assustadoras, Jesus deixa claro que Deus nunca se ausentou da história humana e que, também hoje, continua construir a salvação prometida outrora levando as pessoas ao encontro da verdadeira liberdade.
A presença de Deus não é uma ação anônima e distante ou que não possa ser percebida pelas pessoas, pelo contrário se faz notar nas palavras e gestos daqueles que nele creem e com sua vida anunciam e realizam: “O Reino dos Céus está próximo'. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar”.  
A tarefa de tornar conhecida a ação de Deus no mundo e nas provações a que todos estamos submetidos não é uma espécie de missão impossível, ou responsabilidade para super-homens, antes é confiada, como outrora, aos discípulos escolhidos do meio do povo e que representam a totalidade do povo.
Ontem como hoje todos somos convidados e desafiados a lutar contra tudo e todas as situações que provocam sofrimento, medo, e tristeza. Que a oração deste domingo seja para todos força e determinação para a missão que valorize e promova a dignidade e a qualidade da vida para todos em todos os lugares.






quarta-feira, 10 de junho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 11 DE JUNHO DE 2020 - SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE CRISTO -


VERDADEIRA COMIDA E VERDADEIRA BEBIDA

O texto do livro do Deuteronômio proclamado na primeira leitura de hoje parece ter sido escrito para as comunidades de hoje: “Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor teu Deus te conduziu estes quarenta anos, no deserto, para te humilhar e te pôr à prova, para saber o que tinhas no teu coração e para ver se observarias ou não seus mandamentos. 3Ele te humilhou, fazendo-te passar fome...” poderíamos parafrasear estas palavras dizendo: “Lembra-te da quarentena que te está sendo imposta, serve para provar sua humildade e te colocar a prova, é um tempo para observar o que tens guardado no seu coração. A humilhação do isolamento social é também causa de desemprego, de falta de trabalho, de preanuncio de fome...”
E a leitura continua: “Não te esqueças do Senhor teu Deus que te fez sair do Egito, da casa da escravidão, 15e que foi teu guia no vasto e terrível deserto, onde havia serpentes abrasadoras, escorpiões e uma terra árida e sem água nenhuma. Foi ele que fez jorrar água para ti da pedra duríssima 16e te alimentou no deserto com maná, que teus pais não conheciam”. Do mesmo modo se pode afirmar em relação ao tempo de retomada das atividades depois da quarentena: “Lembra-te que Deus está ao teu lado, é pela força de sua mão poderosa e de seu braço forte que será possível passar por este tempo de provação e dificuldade. Mesmo na mais dura provação Deus não te abandonou à tua própria sorte”.
Na sequencia desta leitura se lê a palavra de Jesus garantindo sua presença como alimento que satisfaz todas as fomes e toda a sede: ““Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo... Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim”.
Nossa resposta a esta palavra não poderia ser diferente daquela que nos sugere o Papa Francisco em sua catequese sobre a Eucaristia: “A celebração eucarística é muito mais do que um simples banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério da salvação. «Memorial» não significa apenas uma recordação, uma simples lembrança, mas quer dizer que cada vez que nós celebramos este Sacramento participamos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia constitui o apogeu da obra de salvação de Deus: com efeito, fazendo-se pão partido para nós, o Senhor Jesus derrama sobre nós toda a sua misericórdia e todo o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos... Mas a Eucaristia que eu celebro leva-me a sentir todos verdadeiramente como irmãos e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de me alegrar com quantos rejubilam, de chorar com quem chora? Impele-me a ir ao encontro dos pobres, dos enfermos e dos marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles o rosto de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus e, na Eucaristia, queremos compartilhar a sua paixão e ressurreição. Mas amamos, como deseja Jesus, os irmãos e irmãs mais necessitados? Por exemplo, nestes dias...” em que todos somos ameaçados por essa pandemia temos tido o cuidado necessário em relação a precaução e transmissão desse terrível vírus que ameaça o mundo?


sexta-feira, 5 de junho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JUNHO DE 2020 - SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO A


DEUS MISERICORDIOSO E CLEMENTE

Tenho a convicção que o Papa Francisco se tornou, neste tempo de pandemia, uma das vozes mais respeitadas em todo o mundo.  Dentre seus gestos que impactaram a humanidade continua sendo reproduzida a imagem daquela tarde chuvosa na praça vazia Francisco abraçou o mundo mostrando seu sofrimento solidário com todos. Embora estivesse só, o Papa estava em comunhão com o mundo inteiro.
Outro fato que não passa despercebido é a condição de isolamento social. Certamente para muitas famílias foi a oportunidade de experimentar a proximidade física e humana que talvez nunca foi vivenciada ou que havia sido perdida por razões diversas.
Viver juntos exigiu construir comunhão e fraternidade, partilha e solidariedade, esperança e sofrimento. Pode-se dizer que este tempo de reclusão ajudou as famílias fazerem a experiência da comunhão que a liturgia de hoje apresenta como qualidade da Santíssima Trindade.
Deus que se revela a Moisés na primeira leitura se  auto apresenta como comunhão  na qual sobressai  a misericórdia e a compaixão: “O Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este invocou o nome do Senhor. Moisés gritou: 'Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”.
Por sua vez São Paulo escreve aos coríntios e convida a comunidade fazer a descoberta de Deus e do seu amor. Paulo apresenta Deus que é comunhão e família e recomenda três atitudes indispensáveis para quem quer encontrar Deus: “Alegrai-vos, Trabalhai, encorajai-vos...” fazendo isso afirma Paulo: O Deus do amor e da paz estará com vocês. O Evangelho é mais do que claro mostrando a dimensão do amor que brota do coração da Trindade:  Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.
No contexto do isolamento social, da situação de medo e insegurança que grassa nossas famílias e sociedades, a Santíssima Trindade é um convite e desafio para que todos, a começar nas famílias sejam testemunhas do amor de Deus que se revela no cuidado e na responsabilidade de todos para com todos.
Que a celebração da Santíssima Trindade fortaleça em todos a consciência e a responsabilidade na criação de novas comunidades e novas relações de amor, de comunhão e de inclusão. Convidemos Jesus para subir no  barco de nossa vida e não percamos a oportunidade de cultivar a esperança que muito mais poderemos fazer juntos e fraternalmente.