sexta-feira, 22 de março de 2024

HOMILIA PARA O DIA 30 DE MARÇO DE 2024 - SÁBADO SANTO - ANO B

 

RENOVAÇÃO PARA UMA VIDA NOVA

É um entendimento geral que a história das pessoas e do mundo é marcada por ciclos, e que após períodos difíceis, novas oportunidades se abrem. É com esse pensamento que os cristãos encaram o Sábado Santo, celebrando a vitória da vida sobre todas as forças da morte, desafiando as previsões mais sombrias. A celebração do Sábado Santo é uma oportunidade de fortalecer a fé da Igreja e de todas as pessoas, reconhecendo Jesus Cristo, que continua renovando todas as coisas.

As leituras e os salmos proclamados nas celebrações do Sábado Santo fazem uma retrospectiva de toda a história, desde a criação até a redenção definitiva em Jesus Cristo. A fraqueza humana levou homens e mulheres, em todos os tempos, a se desviarem de Deus e de Seu plano, uma situação que ecoa muito no mundo contemporâneo. No entanto, é certo que Deus não nos abandona.

Celebrar a Páscoa de Cristo implica compreender que a ressurreição de Jesus ocorre novamente sempre que pessoas e comunidades trabalham de forma decidida no cuidado com a vida, como salientou o Papa Francisco no documento Laudato Si: "Dessa forma, cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um senso de solidariedade que é, ao mesmo tempo, a consciência de habitar na casa comum que Deus nos confiou. Essas ações comunitárias, quando expressam um amor que se doa, podem transformar-se em experiências espirituais intensas".

Orar no Sábado Santo, unindo as vozes de todos os fiéis, é uma maneira de reconhecer a vitória da ressurreição de Jesus e o convite continuo que é feito: trabalhar para transformar a história e o mundo. A palavra dirigida às mulheres no sepulcro ressoa para cada pessoa neste Sábado de Aleluia: "Não procurem entre os mortos aquele que está vivo".

A comunhão de fé e esperança, unindo os crentes na ressurreição de Jesus, enche as comunidades de alegria e faz com que recordem as maravilhas de Deus ao longo da história. Essa lembrança fortalece as comunidades que enfrentam todo tipo de sofrimento e dor.

 

 

 



 

HOMILIA PARA O DIA 31 DE MARÇO DE 2024 - DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 


PERSEVERAR NA BUSCA DO DIVINO

 

Celebrar o Domingo da Páscoa é reiterar a convicção de que condições melhores são possíveis para a vida de todos. Tanto no imaginário popular quanto no comércio, os símbolos utilizados para a Páscoa estão carregados de significado simbólico que apontam para a abundância da vida.

São João Crisóstomo, que viveu por volta do século IV d.C., observou: "Percebo que nossa assembleia está mais resplandecente hoje do que de costume, e que a Igreja de Deus exulta por causa de seus filhos".

O próximo passo para os cristãos é testemunhar com a vida e com a palavra, assim como fizeram os apóstolos ao reconhecerem o Ressuscitado, como afirmou Pedro na primeira leitura: "Nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia". Ou como enfatizou São Paulo: "Ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrenas".

Ao se depararem com o túmulo vazio, os amigos de Jesus perceberam que ali não havia espaço para a morte e a tristeza. Como registra o Evangelho: "João viu e acreditou... Jesus está vivo, embora ainda não tenham compreendido plenamente o significado da ressurreição dos mortos".

Assim como ontem, hoje, a ressurreição de Jesus continua sendo o evento mais extraordinário, alimentando a esperança e abrindo caminho para uma nova vida. À medida que se crê nas palavras do Evangelho, cada pessoa é convidada a celebrar a Páscoa, deixando-se transformar por essa verdade, sem medo de amar a Deus na pessoa de cada irmão e sem hesitar em proclamar com a boca aquilo que se vive com o coração.

 

HOMILIA PARA O DIA 29 DE MARÇO DE 2024 - SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - ANO B

 

EIS O SÍMBOLO DA RENÚNCIA...

 

As vicissitudes humanas diante da inevitabilidade da morte são inúmeras. Mesmo conscientes de que a morte é uma certeza e que todos, em algum momento, a enfrentarão, ela permanece dolorosa, angustiante e muitas vezes inexplicável. Ao celebrar a morte de Jesus de forma solene, não estamos enaltecendo a morte ou a dor em si. Pelo contrário, com essa celebração, a Igreja nos convida a lembrar do seu próprio nascimento. É da abertura do lado de Cristo que surge a Igreja e os sacramentos nela instituídos.

A observância da Sexta-feira Santa, dentro da liturgia da Igreja, traz à tona o sofrimento de Cristo na cruz, destacando a ideia de que a "Páscoa de Cristo" é também a "Páscoa da Gente". Neste contexto, os fiéis não se reúnem apenas para lembrar um evento ocorrido há dois mil anos, mas para refletir sobre como o sofrimento de Cristo ecoa nos sofrimentos do povo contemporâneo.

Nesse momento, somos também instados a ter a firme determinação de não nos calarmos nem nos acovardarmos diante dos sofrimentos alheios. Celebrar o Cristo que deu sua vida por todos é uma convocação para aguardar o dia jubiloso da vinda gloriosa do Senhor, quando não haverá mais dor, sofrimento ou morte.

Celebrar devotamente a Sexta-feira Santa implica fazer escolhas significativas. Podemos adotar a postura de Pilatos, lavando as mãos diante das aflições alheias, ou seguir o exemplo de Pedro, negando qualquer conexão com o sofrimento dos outros. Também há a opção de agir como Judas, traindo aqueles que nos são próximo em momentos de necessidade. No entanto, a verdadeira essência do cristianismo se manifesta na postura do ladrão arrependido, reconhecendo sua própria fragilidade diante do divino, ou na atitude do Cirineu, que auxilia o próximo a carregar seus fardos. Podemos, ainda, nos assemelhar a Maria Madalena, Maria, a Mãe de Jesus, e outras mulheres que acompanharam Cristo até o Calvário.

Não é por acaso que foi a essas mulheres que Jesus apareceu primeiro após a ressurreição, no domingo de Páscoa. A Sexta-feira Santa nos convida a experimentar aquilo que é proclamado na carta aos Hebreus: temos um sumo sacerdote eminente em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Portanto, devemos permanecer firmes na nossa fé.

Durante sua vida terrena, Cristo dirigiu súplicas fervorosas, com lágrimas e clamores, e foi ouvido devido à sua perseverança. Sendo divino, ele também conheceu o sofrimento, mas não se rendeu a ele, conforme expresso na sua súplica no Getsêmani. Sua resiliência o permitiu superar os desafios, as ameaças e até mesmo a morte.

A Sexta-feira Santa nos coloca diante das cruzes cotidianas e nos desafia a ser persistentes e firmes na nossa fé. É a participação de todos que assegurará a transição do Calvário para a vida renovada da Páscoa.

Reunidos nesta celebração da paixão, os cristãos têm a certeza de que a dor e a desilusão da morte revelam os mistérios da grandiosidade de Deus, convidando-os a ações cotidianas através das quais o mundo sombrio das cruzes e do sofrimento pode resplandecer como o sol fértil de amor e paz. Por isso, entoamos sem temor: "Vitória tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás".

 

quinta-feira, 21 de março de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE MARÇO DE 2024 - QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA - ANO B

 LAVAR OS PÉS, A FORÇA DA COMPAIXÃO


Neste dia, estamos prestes a vivenciar uma festa memorável. A celebração de eventos que deixam marcas indeléveis na vida pessoal, familiar e comunitária tem se tornado uma prática cada vez mais difundida em todas as sociedades e culturas. Estas ocasiões não apenas são oportunidades para festividades, mas também para a promoção de valores, cultura e a transmissão de ensinamentos de geração em geração. Dentre os ensinamentos que os cristãos guardam com carinho, um dele diz respeito a compaixão e ao serviço manifestados no gesto simbólico de lavar os pés!

As festas, muitas vezes, carregam consigo uma aura de nostalgia, especialmente as reuniões familiares que têm se popularizado nos últimos tempos. Nestes encontros, reunimos parentes próximos, distantes e até mesmo não parentes, mas o importante é a confraternização e o compartilhamento de momentos especiais.

Esses eventos nos remetem às festas da Páscoa, que têm um significado profundo para o povo judeu. Ano após ano, as festividades da Páscoa judaica são recuperadas com toda a solenidade, lembrando a ação de Deus em favor de seus antepassados e como essa presença divina continuou influenciando a história do povo.

É por meio desses gestos que os cristãos, ao recordarem a vida, paixão e morte de Jesus, se reúnem com o objetivo claro de incorporar os mesmos sentimentos e comportamentos de Jesus e de seus seguidores em suas próprias vidas e rotinas diárias.

A celebração da Quinta-feira Santa apresenta dois momentos distintos que ensinam uma mesma lição. No gesto do Lava-pés, os cristãos são chamados a lembrar da importância do serviço mútuo. Na instituição da Eucaristia, aprendem sobre a importância da partilha e do sacrifício para uma vida plena e digna para todos.

O texto do livro do Êxodo, proclamado na liturgia da quinta-feira que antecede a Páscoa cristã, visa recordar os detalhes da festa, enfatizando sua importância como uma instituição perpétua, uma festa memorável em honra do Senhor, a ser celebrada por todas as gerações.

Em reconhecimento à ação divina, os antigos rezavam o Salmo, expressando gratidão e prometendo cumprir suas promessas diante de Deus e de seu povo reunido.

Jesus, ao realizar o lava-pés, demonstrou ser o anfitrião da festa e da casa, associando intimamente a Páscoa judaica com o serviço de acolhida. Este gesto desafiador continua sendo um convite aos seus seguidores até os dias de hoje: celebrar a Páscoa e a instituição da Eucaristia implica lavar os pés uns dos outros.

Nesta Quinta-feira Santa, esse gesto reforça o compromisso da Campanha da Fraternidade que nos convidou a Amizade Social. Não é suficiente ser piedoso e adorar Jesus na Eucaristia; fazer memória deste fato significa repetir o gesto de humildade e serviço que Ele mesmo realizou: "Se eu, que sou o mestre e o Senhor, lavei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros”, porque vocês são todos irmãos!

 



 

HOMILIA PARA O DIA 24 DE MARÇO DE 2024 - DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO B

 

VIDA DADA E DOADA CUMPRINDO A VONTADE DO PAI

      

A liturgia católica reconhece que o período da Quaresma adquire pleno significado quando o ligamos à Páscoa e à transformação que esta celebração traz consigo. Estamos habituados a percorrer os quarenta dias da Quaresma como uma jornada que nos conduz à Páscoa. O Domingo de Ramos marca a entrada solene na Semana Santa, que culmina no mistério da Páscoa essência da vida cristã, sendo a passagem mais significativa e crucial que a pessoa humana pode realizar. Em Jesus Cristo, todos os que creem nele têm a promessa da vida eterna. Para aqueles que têm seus objetivos definidos, esta jornada é desafiadora, mas ao mesmo tempo estimulante, no sentido de não se deixarem abater pelas adversidades próprias da situação. É neste contexto que podemos ler e meditar a Palavra de Deus proclamada na liturgia da Igreja.

A liturgia da Palavra começa com a narrativa da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Apesar da atmosfera festiva   proporcionada pelos habitantes locais e amigos de Jesus, Ele entra montado em um jumentinho, cumprindo assim o que o profeta anunciara na leitura inicial: "Rei messiânico, humilde e pacífico". Sua postura reflete aquele que veio para servir, não para ser servido. A entrada na cidade santa marca o desfecho de toda a jornada de Jesus e suas ações ao longo dos três anos em que ensinou e se fez conhecer por toda a região. Suas palavras são corroboradas por seu comportamento: "sinal do Reino de Deus". Ou seja, Ele é um Rei diferente. A fé que Ele pregou, longe de rituais vazios e leis excessivas, está fundamentada no espírito da verdade.

Na primeira leitura, após descrever todos os sofrimentos que um servo anônimo enfrenta, Isaías conclui com uma palavra de esperança: "Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado". Em suma, o profeta deixa claro que a confiança em Deus é capaz de superar todas as adversidades e fazer vencedores aqueles que nele confiam.

São Paulo expressa sua admiração pela comunidade de Filipos, mas enfatiza que eles precisam modelar suas atitudes conforme as de Jesus: "Jesus Cristo, existindo em condição divina, não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar, mas esvaziou-se a si mesmo, tornando-se servo". Portanto, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome”.

Nos dias que se seguem ao domingo festivo dos Ramos, Jesus enfrenta seus últimos momentos de tentação e fraqueza humana. Poderia ter desistido de tudo, aproveitando sua popularidade para provocar uma reação violenta. No entanto, Ele reafirma o propósito de sua missão: "Pai, não se faça a minha vontade, mas a tua". Como cristãos, seguidores de seu projeto e ensinamentos, somos desafiados a adotar a mesma postura. A Quaresma foi um tempo de preparação e a Páscoa, para a qual nos encaminhamos, é a confirmação de nossa aceitação. Assim como Jesus, podemos dizer: "Pai, no entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua" que consiste em promover a Amizade Social, afinal somos todos irmãos!

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

HOMILIA PARA O DIA 17 DE MARÇO DE 2024 - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA - ANO B

 

VER JESUS E COMPROMETER-SE COM ELE

Estabelecer uma rede de relações que facilitem o nosso trabalho e a realização dos nossos objetivos é uma atitude sábia e cada vez mais utilizada em tempos de crises e dificuldades. A soma de esforços e a ajuda solidária é sempre um caminho importante.

A Palavra de Deus que ouvimos nesse domingo ecoa profundamente em nossos corações, e tem por objetivo mostrar um caminho diferente daquele que estamos habituados a percorrer. Na pessoa de Jesus e na sua determinação vemos traçado um mapa dessa longa estrada de solidariedade e de comprometimento.

Na primeira leitura o profeta Jeremias anuncia a aliança que Deus está disposto e refazer com o seu povo. Diferente de um contrato escrito em pedras como foram os dez mandamentos, agora ele escreve no coração. Na aliança do Sinai o povo aceitou a lei como imposição externa, mas que não alcançou o coração: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei uma nova aliança; esta será a aliança: imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração”. A relação com Deus não será apenas um contrato racional, mas um laço de intimidade, de familiaridade porque vai de coração para coração. O que aconteceu outrora continua se repetindo conosco: não somos criaturas perdidas e descartáveis, somos gente de quem Deus cuida pessoalmente e por quem Ele se interessa e acompanha.

A carta aos Hebreus foi escrita para uma comunidade que vivia exposta a perseguições e num ambiente hostil à fé. Neste contexto viviam pessoas que facilmente perderam o entusiasmo e se deixaram conduzir por falsos ensinamentos. O autor dessa carta trata de apresentar Jesus Cristo como uma pessoa solidária com os sofrimentos e como caminho de salvação, mostrando que isso se concretiza pela confiança irrestrita no projeto de Deus: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus”.

O Evangelho nos apresenta um diálogo de intermediação entre um grupo de estrangeiros e os discípulos de Jesus. Ao mesmo tempo que nos ensina a condição de discípulos e responsáveis para aproximar Jesus daqueles que não o conhecem, faz perceber que o encontro se dá na radicalidade da Cruz e no encontro com os crucificados do nosso tempo. Para ver Jesus e obviamente ficar com Ele implica compreender a dinâmica do grão de trigo e a ousadia da Cruz: “se o grão de trigo não morre, também não produzirá fruto... Se alguém quer me seguir tome a sua cruz e me siga”. As duas condições não são um caminho de fracasso, mas apontam para vida verdadeira que acontece com a semente que germina e a ressurreição com Jesus.

Para que isso aconteça conosco não precisamos de muitos discursos, mas aprender com Jesus a colocar nossa vida a serviço. Afinal todos somos irmãos!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo *
e confirmai-me com espírito generoso!

Ensinarei vosso caminho aos pecadores, *
e para vós se voltarão os transviados.

quinta-feira, 7 de março de 2024

HOMILIA PARA O DIA 10 DE MARÇO 2024 - QUARTO DOMINGO DA QUARESMA - ANO B

 

NADA, NEM NINGUÉM NOS FAÇA

ESQUECER O VERDADEIRO DEUS!

Não é raro que a gente use as palavras: Escuridão e noite, para indicar que estamos diante de algum problema de difícil resolução. Os problemas e dificuldades muitas vezes se avolumam que temos impressão que estamos vivendo um “apagão em nossa vida”.

A Palavra de Deus para este quarto domingo da quaresma mais uma vez nos esclarece que Deus toma a iniciativa e independente dos nossos méritos nos aponta uma luz no fim do túnel. Para essa iniciativa nossa resposta precisa ser dada com alegria e com firmeza.

Em outros tempos e noutro contexto o livro de Crônicas de onde é extraída primeira leitura nos mostra que apesar do egoísmo e da autossuficiência humana Deus nunca desiste das suas criaturas.

A leitura começa apresentando a figura de Deus como um matemático que anota débitos e créditos, na verdade não se trata de um Deus calculista, mas de uma intuição humana muito verdadeira: nós somos responsáveis por nossas escolhas e cedo ou tarde colheremos o que plantamos!

Entretanto, o texto se conclui com a certeza que Deus não abandona o seu povo e sempre lhe dá oportunidade para recomeçar e reconstruir suas vidas: “Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, que está no país de Judá. Quem dentre vós todos, pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho".

Na carta aos Efésios temos mais uma vez a confirmação da oferta que Deus faz por meio da pessoa de Jesus e que é prova do seu amor incondicional! Sua riqueza e misericórdia não estão atreladas ao nosso pecado: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos”.

No Evangelho fica ainda mais clara a salvação que nos é oferecida. Deus enviou o seu Filho ao nosso encontro a fim de que aprendamos com Ele a lição de amor. Sua missão consiste em mostrar ao ser humano o amor de Deus, aceitando ser pregado na Cruz ele nos mostra a grandiosidade da sua decisão. Nicodemos era um fariseu conhecedor da lei e dos profetas, apesar disso procurou Jesus na escuridão das suas dúvidas. Comparando-se a serpente que Moisés ergueu no deserto Jesus se mostra como a única e definitiva salvação para todos os caminhos humanos. Quem nele acreditar e aprender com Ele a fazer de sua vida um Dom total a Deus e às pessoas esse fará parte da comunidade do Reino. Quando ele armou a sua tenda entre nós, aceitou correr todos os riscos da fragilidade humana. Notemos que Deus não enviou seu Filho ao encontro de gente santa e perfeita, mas veio para apresentar uma nova proposta aos que vivem noites escuras.

Naturalmente que nos é pedido a mesma a humildade e a disposição de Nicodemos. Indo encontrar Jesus na escuridão das suas dúvidas ele reconhece sua própria fraqueza e busca conhecimento e sabedoria.

Rezemos também nós com o salmista:

Que se prenda a minha língua ao céu da boca,
se de ti Jerusalém, eu me esquecer!

Junto aos rios da Babilônia †
nos sentávamos chorando, *
com saudades de Sião.

Nos salgueiros por ali *
penduramos nossas harpas. 

Pois foi lá que os opressores *
nos pediram nossos cânticos;
nossos guardas exigiam *
alegria na tristeza:
"Cantai hoje para nós *
algum canto de Sião!" 

Como havemos de cantar †
os cantares do Senhor *
numa terra estrangeira?

Se de ti, Jerusalém, †
algum dia eu me esquecer, *
que resseque a minha mão!