sábado, 23 de janeiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 24 DE JANEIRO 2010

3° DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Neemias 8, 2- 4ª. 5-6.8-10; Salmo 18B, 8-10.15;
1Cor. 12,12-30; Lucas, 1, 1-4; 4, 14-21.

A Santa Teresinha do menino Jesus se atribui a expressão: “Nada te turbes, só Deus Basta”. O Texto de Neemias que ouvimos na primeira leitura de hoje fala basicamente a mesma coisa: “Não fiquem tristes, pois a alegria do Senhor é força de Vocês!”.

Estes dois pensamentos melhor nos ajudam a compreender Jesus e sua missão conforme é narrada por Lucas no evangelho que ouvimos. Depois de justificar os seus escritos, Lucas começa descrevendo a prática de Jesus: conforme o seu costume foi para a Sinagoga em dia de Sábado. Leu o livro do profeta Isaias e aplicou a si a profecia de outrora: Ser consagrado pelo Espírito para a missão. O que Jesus declara ser sua tarefa vai se realizando desde o seu Batismo e só termina no calvário. Toda missão de Jesus está centrada na Palavra do profeta que agora ela já é realidade.

A mesma situação é descrita pela primeira leitura: A palavra de Deus proclamada tem força de sacramento, de missão, de tarefa, de responsabilidade. O povo que ouviu a proclamação da leitura é o mesmo a quem São Paulo chama de corpo de Cristo, feitos desta maneira pela força da Eucaristia. Todos com diferentes funções e responsabilidades, mas participantes da mesma graça que o Espírito deu para continuar a missão de Jesus.

Ontem como hoje, somos convidados a ler o testemunho de Jesus e torná-lo realidade em nossa vida. O mesmo espírito é dado a cada um que, como membro da Igreja, facilita para que todo o corpo tenha saúde e cumpra com sua missão.

A cada domingo, a palavra que ouvimos a reunião com os irmãos, A Eucaristia que celebramos é um auxílio para nossa fraqueza. O mesmo Cristo nos fortalece para a missão e nos capacita para ações de bondade, justiça, solidariedade e vida nova.Peçamos a graça de sermos também nós, sinais, sacramentos do mesmo Cristo para o mundo.

Entre tantos irmãos, na história da Igreja que provaram ser isto possível, trazemos presente a figura da Dra. Zilda Arns, cuja obra pudemos conhecer melhor com o sacrifício da sua vida.
O Senhor nos dá o seu Espírito, façamos bom uso dele em vista do reinado de Deus para que a vida seja muito melhor para todos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR

HOMILIA PARA O DIA 10 DE JANEIRO 2010


Leituras: Isaias 42, 1-4.6 -7; Salmo 28(29),
Atos dos Apóstolos 10,34-38; Lucas 3, 15-16.21-22.


A Liturgia da Igreja encerrou, no domingo passado, com a celebração da epifania as festividades natalinas. No imaginário popular e até folclórico os festejos terminaram no dia 06 com a recordação dos Reis Magos.

Hoje já iniciamos um novo tempo, o qual não se constitui apenas num tempo, mas num modo de ver e viver a boa noticia de Jesus, tendo Ele mesmo e o seu jeito como modelos a serem seguidos.
Celebrando o batismo de Jesus recordamos também o nosso batismo por meio do qual fomos feitos participantes da herança que Cristo nos garantiu e naturalmente comprometidos na mesma tarefa e missão.

A festa do batismo de Jesus é também chamada de segunda epifania, ou manifestação, no sentido que agora ele é revelado por João e pelo Espírito Santo de Deus, como o Filho único com uma missão bem específica. O Espírito revela que Jesus é o escolhido em quem Deus Pai deposita toda a sua confiança.

Enquanto o batismo de João se resumia ao rito de penitência e arrependimento, a partir de Jesus e nele o nosso batismo ganha o sentido de missão, tarefa, compromisso. Como ouvimos em outra ocasião, antes de Jesus Deus tinha se servido de muitos outros modos para falar, agora fala diretamente por meio do seu Filho e estabelece uma comunicação direta e pessoal com o mundo e suas criaturas.

O céu se abriu, já não existe mais distância, toda a vontade de Deus se tornou clara e compreensível na pessoa do Filho muito amado. O texto do Evangelho confirma o que o profeta anunciou na primeira leitura de hoje: “Eis o meu servo, eu o recebo, eis o meu eleito, nele se compraz minha alma”.

A vontade de Deus, que se servo veio revelar, não acontecerá com violência e com poder, mas na paz, na mansidão, na bondade e na firmeza. Com tudo isso a comunidade de Israel nos ensinou a glorificar e nós o fazemos por meio do salmo quando rezamos: “Filhos de Deus tributai ao Senhor, tributai-lhe glória e poder, dai-lhe a glória devida ao seu nome”.

Por sua vez a segunda leitura aponta para o lugar de todos no projeto de Deus, que não faz distinção entre as pessoas. Ele aceita a todos e espera de cada um uma única atitude como resposta: “reconhecer que Ele é o Senhor e praticar a justiça”.

Tal como Jesus cada um de nós é participante dos mesmos desígnios de Deus: “Banhados em Cristo somos uma nova criatura”.

Que esta celebração por meio da Palavra, da Eucaristia e de reunião festiva com os irmãos nos leve a viver a plenitude do batismo, fazendo o bem como Jesus.

EDUCAÇÃO BÁSICA E POLÍTICAS ECONÔMICAS

Melhorar a qualidade da Educação Básica

Comentários ao texto de Rosa Maria Torres,
sob a orientação da professora
Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR

É natural que, na condição de ativista social da esquerda latino americana, a autora tenha posições notadamente críticas em relação a participação do banco mundial em terras terceiro mundistas. No texto não aparece a citação, mas cabe para a ocasião o conceito de Antônio Gramsci, segundo o qual estas instituições não passam de cumprir o papel de “intelectuais orgânicos”, os quais geralmente não são habilitados para apresentar alternativas aos problemas concretos posto que vêem o mundo a partir de seus gabinetes.

A crítica da autora parte do princípio da inconsequencia, do ponto de vista educacional, que um organismo financeiro seja quem apresente um pacote de medidas para a educação no terceiro mundo.

O texto faz uma análise histórica do papel do BM no campo da educação desde os anos 1960 até 1990. Fazendo observar como neste período o enfoque do banco mudou em relação às diferentes exigências da educação.

O pacote do BM traz questionamentos sobre o papel dos governos e o modo como são aplicados os recursos no setor. Faz uma opção clara pela educação básica e justifica esta sua posição a partir de dados relativos à evasão escolar nos primeiros anos de alfabetização, dados que são alarmantes na AL, posto que são superiores aos da África e Ásia.

Segundo o pacote do BM a educação deve ser medida pela qualidade do aprendizado, o que segundo eles se mede pelo número de crianças que completem o ciclo básico e dominem os conteúdos previstos para o período. Dentre os canais que o BM sugere incrementar os investimentos estão o tempo de instrução, o acesso ao livro didático e a capacitação de professores incluindo a modalidade a distância. O questionamento da autora analisa diversos pontos, todavia o que está realmente pesando é o fato de ser um organismo econômico a dar normas para as questões pedagógicas.

Segundo o conceito da autora o pacote parece privilegiar a grade curricular, entendo este como o elenco de matérias e conteúdos que naturalmente é uma visão estreita de educação. Outro questionamento da autora é o fato de se tratar de um pacote para um contexto sociológico em desenvolvimento totalmente elaborado, e sem a participação dos interessados, por autores do mundo desenvolvido. No conceito do BM a escola tem a menor parcela na contribuição do rendimento escolar sendo que a parcela superior se deve a família e ao contexto social e sito também é questionado pela autora.

Tem se a impressão, diz a autora que o BM coloca para ser cumprido um manual completo do tipo receituário sobre o que os países em desenvolvimento devem fazer se quiserem obter financiamentos e como que apresentando como única alternativa para melhorar a qualidade da educação.

Para o BM estão muito associados aprendizado dos alunos versus capacitação continuada dos professores, mais até do que todos os demais itens que envolvem a vida dos docentes; tais como salário, carga horária, número de alunos por sala. O pacote também tem em alta consideração o fato de haver entre o magistério uma alta taxa de abstenção nas salas de aula além de muitos professores naquilo que se chama desvio de função.

A posição do BM é clara no que se refere ao tempo que o educando permanece na escola diariamente bem como a duração do curso básico, também este aspecto é colocado em dúvida pela autora que não julga como mais importante esta preocupação.

Para os técnicos do BM algumas situações são decisivas no processo de aprendizagem , a saber: a) motivação; b) conteúdo; c) professor; d) tempo de aprendizagem; e) ferramentas necessárias para o aprendizado.

Fazendo suas as palavras de uma educadora argentina, transcrita na nota 66, a autora conclui sua crítica ao papel do BM que confirma a expressão usada no inicio deste comentário: Os técnicos do BM não passam de intelectuais Orgânicos.

Em nossa opinião o fato da autora ser militante da esquerda latino americana tem peso demasiado em todas as suas posições. A nosso modo de ver não me parece de todo uma intromissão do órgão na educação mas um conjunto de condições que este exige para financiar os projetos a quem interessar possa.

Seguramente me parece que o órgão não abriu espaço para que os sujeitos da educação nos países interessados dessem sua contribuição na elaboração destes critérios o que considero um limite, por outro lado há de se convir que muitas vezes quem vê de fora enxerga melhor certos ângulos que não são observados por quem está imerso no processo.

Convenhamos que boa parte deste pacote vem sendo aplicado no Brasil com pequenas adaptações, agora sem financiamento do BM e com muito bom resultado. A recente cartada do Ministério da Educação sobre o Enen parece mostrar a maturidade do órgão e a compreensão que tem da responsabilidade das instituições neste processo.

Desde que o Brasil vem adotando a prática da Educação a distância tem se registrado muitos ganhos na formação continuada do quadro do magistério e o processo avaliativo das instituições e dos alunos tem feito crescer o nível de educação do brasileiro.

Uma análise dos avanços dos últimos anos mostra como crescemos um exemplo disso é o PDE.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

FESTA DE SANTO REIS

EPIFANIA

Este é o nome litúrgico que a Igreja aplica para a festa dos Reis Magos, ou Santo Reis como é popularmente conhecida.

Celebrada no dia 06 de agosto, é a festividade cristã que recorda a visita dos Reis Magos ao menino Jesus. Muito mais do que isso a solenidade, que na liturgia católica, é celebrada no primeiro domingo depois do ano novo, recorda a manifestação de Cristo ao mundo. Trata-se da primeira manifestação da sua divindade para todos os povos e, portanto também fundamento da fé Cristã.

A festa dos magos pode ser entendida como espécie de síntese de outras manifestações da divindade de Jesus as quais se dão no episódio da adoração dos magos, do seu batismo no Jordão e o primeiro milagre realizado em Caná da Galiléia onde transformou água em vinho.

A palavra tem sua derivação do vocábulo grego “epifàinomai” o que significa “aparição”. O termo inicialmente foi utilizado para indicar a aparição de qualquer divindade sobre a terra, isso muitas vezes incorreu na aplicação da palavra de modo pejorativo e até apelativo. Sem dificuldades seu uso se referiu às autoridades orientais às quais eram vistas por seus subordinados como uma espécie de encarnação de divindades. O mesmo termo é aplicado para indicar a aparição de Cristo sobre a terra, porém com o sentido de manifestação em vista da salvação e não da autoridade que representa domínio e poder.

Com a festa da epifania a liturgia católica encerra o ciclo do natal e de certo modo abre espaço para as comemorações do carnaval. No imaginário popular, depois deste dia se desfaz o presépio e se recolhe a decoração natalina. Existe um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “A Santa epifania leva consigo toda alegria”.

Pelo mundo afora não são poucas as figuras de linguagem para dizer que a epifania se reproduz em diversas ocasiões durante o ano. Para confirmar isso basta que façamos um estudo sobre as “folias de reis” e as diversas manifestações folclóricas que envolvem esta data.

A liturgia católica prevê que depois da leitura do evangelho sejam anunciadas as principais festas litúrgicas do ano. O ritual prevê que seja usada motivação nesta direção: “O Senhor se manifestou e continuará se manifestando até sua vinda definitiva. Nós recordamos e vivemos os mistérios da salvação. De domingo a domingo a Igreja torna presente este grande acontecimento e as principais festas deste ano serão celebradas nas seguintes datas...” e elenca o rol das celebrações litúrgicas mais importantes do ano litúrgico. E prevê a conclusão da exortação reafirmando a realeza do Cristo Senhor do tempo e da história.

Em resumo a festa da epifania é muito mais do que lembrar um fato do passado, mas a celebração de uma realidade para ser vivida no dia a dia durante todo o ano. Esta ocasião nos chama à Fé em Cristo e ao testemunho dela no cotidiano da vida.