NO SENHOR
ESTÁ NOSSA FORÇA E SEGURANÇA
Dentre as
experiências desagradáveis na convivência social estão as infinitas regras que exageram
a disciplina quando se trata do bom funcionamento das relações humanas. Ninguém
duvida que são necessárias algumas balizas para disciplinar o comportamento das
pessoas, mas quando as regras são exageradas visam esconder a desordem que está
enraizada no comportamento da sociedade.
No
tempo de Jesus a convivência entre as pessoas era regulada por mais de 600
preceitos, 350 proibições, 240 mandamentos, isso tornava a convivência e as
relações humanas impraticáveis. No Evangelho de hoje mais uma vez os fariseus
queriam desqualificar Jesus: “e se reuniram
em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo”. Eles
não estavam interessados em esclarecer nenhuma dúvida sobre algo importante no
convívio humano. E de novo Jesus lhes responde não a partir dos detalhes da
lei, mas do fundamento para a todas as leis: “Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de
todo o teu entendimento!' E Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Jesus
desmonta as convicções farisaicas deixando claro que todo o conjunto de regras
e leis que foram se estabelecendo ao longo do tempo são apenas comentários ao
que realmente interessa. Jesus coloca os dois mandamentos em estreita sintonia
e permite a qualquer pessoa compreender que um não se sustenta sem o outro.
E distinguir
os dois mandamentos é o que já nos ajuda o texto do livro do Êxodo deixando claro
que as situações de opressão, de arbitrariedade, de desrespeito pela dignidade
dos mais fracos não está de acordo com nenhum mandamento e obviamente com o
primeiro e principal deles. O texto nomina estrangeiros, órfãos e viúvas, os
quais entre nós precisam ser atualizados pelas muitas pessoas que vivem em
situação de vulnerabilidade humana e social, excluídas e discriminadas do bem-estar
social que a sociedade consumista insiste em cultivar. A primeira leitura deixa
claro que todo o sofrimento praticado contra a dignidade de qualquer pessoa
fere também a comunhão com Deus.
São
Paulo valoriza o comportamento da comunidade de Tessalônica: “Assim vos
tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Com efeito, a
partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na
Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte”. Isso não
significa dizer que não existam contrariedades e dificuldades para que esta
situação aconteça, os tessalonicenses souberam bem equilibrar a alegria e a dor
fazendo crescer a família de irmãos e irmãs inspirados no Evangelho que Paulo
anunciou.
O convite
de Paulo se estende para cada cristão do nosso tempo a ter coragem de oferecer
a própria vida, como fez Jesus, para que a proposta do Reino seja conhecida por
toda a humanidade.
Frequentemente
entendemos a fé como um privilégio e uma propriedade privada, uma espécie de link
direto com Deus, pelo contrário, a fé precisa ser vivida e compreendida como
uma grande rede que nos compromete com a imensa família espalhada pelo mundo
inteiro.
Aceitar o
Evangelho consiste em abrir o coração para Deus e para os irmãos, deixar que
produza frutos. Como cristãos somos sempre convidados a cuidar uns dos outros,
mas preferencialmente dos mais fragilizados e desassistidos. Que a alegria que nos vem do Espírito Santo
nos inspire ao cuidado de todos em todas as circunstâncias, então sim podemos
rezar como salmista:
Eu vos amo, ó Senhor, sois
minha força e salvação.