sexta-feira, 27 de outubro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 29 DE OUTUBRO DE 2023 - 30º DOMINGO COMUM - ANO A

NO SENHOR ESTÁ NOSSA FORÇA E SEGURANÇA

Dentre as experiências desagradáveis na convivência social estão as infinitas regras que exageram a disciplina quando se trata do bom funcionamento das relações humanas. Ninguém duvida que são necessárias algumas balizas para disciplinar o comportamento das pessoas, mas quando as regras são exageradas visam esconder a desordem que está enraizada no comportamento da sociedade.

No tempo de Jesus a convivência entre as pessoas era regulada por mais de 600 preceitos, 350 proibições, 240 mandamentos, isso tornava a convivência e as relações humanas impraticáveis. No Evangelho de hoje mais uma vez os fariseus queriam desqualificar Jesus: “e se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo”. Eles não estavam interessados em esclarecer nenhuma dúvida sobre algo importante no convívio humano. E de novo Jesus lhes responde não a partir dos detalhes da lei, mas do fundamento para a todas as leis: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' E Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Jesus desmonta as convicções farisaicas deixando claro que todo o conjunto de regras e leis que foram se estabelecendo ao longo do tempo são apenas comentários ao que realmente interessa. Jesus coloca os dois mandamentos em estreita sintonia e permite a qualquer pessoa compreender que um não se sustenta sem o outro.

E distinguir os dois mandamentos é o que já nos ajuda o texto do livro do Êxodo deixando claro que as situações de opressão, de arbitrariedade, de desrespeito pela dignidade dos mais fracos não está de acordo com nenhum mandamento e obviamente com o primeiro e principal deles. O texto nomina estrangeiros, órfãos e viúvas, os quais entre nós precisam ser atualizados pelas muitas pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade humana e social, excluídas e discriminadas do bem-estar social que a sociedade consumista insiste em cultivar. A primeira leitura deixa claro que todo o sofrimento praticado contra a dignidade de qualquer pessoa fere também a comunhão com Deus.

São Paulo valoriza o comportamento da comunidade de Tessalônica: Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte”. Isso não significa dizer que não existam contrariedades e dificuldades para que esta situação aconteça, os tessalonicenses souberam bem equilibrar a alegria e a dor fazendo crescer a família de irmãos e irmãs inspirados no Evangelho que Paulo anunciou.

O convite de Paulo se estende para cada cristão do nosso tempo a ter coragem de oferecer a própria vida, como fez Jesus, para que a proposta do Reino seja conhecida por toda a humanidade.

Frequentemente entendemos a fé como um privilégio e uma propriedade privada, uma espécie de link direto com Deus, pelo contrário, a fé precisa ser vivida e compreendida como uma grande rede que nos compromete com a imensa família espalhada pelo mundo inteiro.

Aceitar o Evangelho consiste em abrir o coração para Deus e para os irmãos, deixar que produza frutos. Como cristãos somos sempre convidados a cuidar uns dos outros, mas preferencialmente dos mais fragilizados e desassistidos.  Que a alegria que nos vem do Espírito Santo nos inspire ao cuidado de todos em todas as circunstâncias, então sim podemos rezar como salmista:

Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.


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