QUE
O DEUS DA PAZ ESTEJA COM TODOS!
Dentre as frustrações e desilusões que
afetam a nossa vida algumas delas dizem respeito às grandes apostas e
investimentos que fazemos em ações, situações e pessoas e o resultado acaba não
sendo o esperado. Nestas ocasiões nos sentimos desiludidos e arrasados, muitas
vezes perdemos a vontade de lutar. Numa linguagem figurada se diz que é
necessário resiliência, isto é, desenvolver a capacidade de se adaptar às novas
situações sem perder a esperança e coragem de lutar. Pois a Palavra de Deus que
ouvimos nesse domingo nos apresenta como Deus retoma seus propósitos, se
readapta às novas condições e retoma sua disposição de colaborar com a criatura
humana para que esta produza frutos de acordo com sua condição.
O profeta Isaias usa a figura da vinha e
do cuidado que o proprietário tem com a plantação fazendo uma comparação com o
cuidado que Deus tem para com a comunidade de Israel. Tal como uma lavoura bem
cuidada, um povo amado por Deus deveria corresponder a tudo o que recebe
produzindo bons frutos. A profecia se conclui com umas poucas palavras sobre o
resultado esperado e o que de fato aconteceu: “Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel,
e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de
justiça — e eis injustiça; esperava obras de bondade — e eis iniquidade”.
Ontem como hoje todos pertencemos e somos cuidados pela mão amorosa de Deus, em
resposta somos convidados a ir muito além do que aparências, não bastam
abundantes práticas de piedade, procissões, romarias e rezas, tudo isso é útil
e necessário, mas devem culminar num amor que transforme a si e aos outros.
A segunda leitura é a continuação da
carta de Paulo aos amigos da cidade de Filipos. Sem fazer alusão a vinha e a
nenhuma figura de linguagem o apóstolo recomenda: “ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro,
respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de
qualquer modo mereça louvor”. Esse convite de Paulo é dirigido a cada um de nós no sentido que todo
podemos aproveitar as muitas e boas oportunidades que o mundo oferece para
produzir bons frutos que tenham sabor de honestidade, coerência e responsabilidade.
No Evangelho Jesus conta uma história
que tem como pano de fundo a imagem da vinha descrita pelo profeta. A intenção
de Jesus deixa claro que está se referindo às autoridades do seu tempo, que
tiveram muitas oportunidades para fazer o bem e cuidar do seu povo. Entretanto:
“Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados
aos vinhateiros para receber seus frutos. Os vinhateiros, porém, agarraram os
empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram e ao
verem o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Vinde, vamos
matá-lo e tomar posse da sua herança!' Então agarraram o filho, jogaram-no para
fora da vinha e o mataram”.
Essas atitudes são detestáveis e o
resultado não poderia ser outro: “Por
isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será
entregue a um povo que produzirá frutos".
Os
destinatários do Evangelho de Mateus tinham perdido o entusiasmo e alegria de
produzir frutos para o Reino, o autor tem por objetivo reacender a esperança e
lhes propor um novo ardor para que a vinha do Senhor não fique saqueada e
depredada. Mateus sugere aos seus leitores que saiam do comodismo e que
produzindo frutos correspondam a tudo o que receberam de Deus na pessoa de
Jesus o Filho amado do Pai.
Também
para nós se trata de um convite a coerência entre aquilo que acreditamos e
aquilo que vivemos. Uma vinha bem cuidada não pode relegar a segundo plano o
amor, o serviço, a doação, a partilha. Para quem conhece e acredita em Jesus
Cristo o desafio consiste em dar frutos que estejam a altura dos investimentos
que foram aplicados ao longo do tempo.
Sem negligenciar a oração somos convidados pelo
salmista a pedir:
Voltai-vos
para nós, Deus do universo! †
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
Foi a vossa
mão direita que a plantou; *
protegei-a, e ao rebento que firmastes!