O
SENHOR É BONDOSO E COMPASSIVO!
Dentre as atitudes extraordinárias e que
servem de lições para todos, estão os gestos de fraternidade e comunhão entre
as crianças. Na simplicidade das suas relações muitas vezes disputam o mesmo
brinquedo, o colo da mesma pessoa, os mesmos espaços e isto costuma causar
algum tipo de desavença e até de choro, que parece ser muito dolorido. Entretanto,
passados poucos minutos tudo volta ao normal a alegria toma conta e entre eles
não há tristeza e rancor. Esses comportamentos merecem apreendidos por todos em
todas as circunstâncias e tempos.
São Paulo, na segunda leitura desse
domingo fala aos cristãos de Roma, chamando a atenção para uma verdade que nós
conhecemos e nem sempre vivemos de acordo com o que acreditamos: “Ninguém
dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para
o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos”. Esta constatação é absolutamente clara quando
consideramos a brevidade da nossa vida, apesar disso muitas vezes gastamos
tempo, forças e inteligência acumulando raiva, rancor, vingança, sofrimento,
vaidade e assim por diante. O Convite do apóstolo está numa palavra que usamos
com muita frequência: “Manter o foco”. Ou seja, vamos voltar nosso olhar e
nossas preocupações naquilo que é essencial: Jesus Cristo que morreu e
ressuscitou por todos. Logo, somos chamados a aprender com Ele o que significa
viver como família com a simplicidade das crianças.
O
ensinamento que a vida e a Palavra de Jesus nos transmitem não é outra coisa
senão o que a sabedoria antiga já recomendava para a comunidade de Israel: “O rancor e a raiva são
coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las.
Perdoa
a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados
serão perdoados”. Uma lição
simples de ser entendida: nada mais cabe num recipiente que já está cheio. Ora,
se nossa vida está repleta de raiva, rancor, vingança, e outros sentimentos que
fazem sofrer obviamente não caberá nela a misericórdia e o perdão. Todavia,
enquanto a misericórdia e o perdão produzem gratidão e felicidade, a raiva e o
rancor produzem tristeza e sofrimento. A escolha é livre e de cada um.
Na mesma direção está a
lição que Jesus dá a Pedro: “Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor,
quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: Não te digo até sete vezes,
mas até setenta vezes sete”. Depois de
dizer isso Jesus exemplifica com a parábola do patrão e do empregado. Num
coração endurecido pela vingança não cabe mais nada e o resultado não poderia
ser outro. Mais uma vez somos chamados a exercitar o que se chama “gentileza,
gera gentileza”. Gente que sabe cultivar a reconciliação e o perdão não se
paralisa no ódio e no rancor, na tristeza e na vingança. Um coração endurecido
somente enxerga a força bruta como resposta possível a todo e qualquer erro
alheio, ao contrário, uma alma generosa sabe separar as rosas dos espinhos,
como bem sabemos cantar: Fica sempre um pouco de perfume!
Daí sim faz
sentido cantar o salmo previsto para a liturgia desse domingo:
O Senhor é bondoso, compassivo e
carinhoso.
Pois ele te
perdoa toda culpa, *
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura
ele salva a tua vida *
e te cerca de carinho e compaixão. R.
Não fica
sempre repetindo as suas queixas, *
nem guarda eternamente o seu rancor.
Não nos
trata como exigem nossas faltas, *
nem nos pune em proporção às nossas culpas.
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