quinta-feira, 14 de setembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 17 DE SETEMBRO DE 2023 - 24º DOMINGO COMUM - ANO A

 

O SENHOR É BONDOSO E COMPASSIVO!

Dentre as atitudes extraordinárias e que servem de lições para todos, estão os gestos de fraternidade e comunhão entre as crianças. Na simplicidade das suas relações muitas vezes disputam o mesmo brinquedo, o colo da mesma pessoa, os mesmos espaços e isto costuma causar algum tipo de desavença e até de choro, que parece ser muito dolorido. Entretanto, passados poucos minutos tudo volta ao normal a alegria toma conta e entre eles não há tristeza e rancor. Esses comportamentos merecem apreendidos por todos em todas as circunstâncias e tempos.

São Paulo, na segunda leitura desse domingo fala aos cristãos de Roma, chamando a atenção para uma verdade que nós conhecemos e nem sempre vivemos de acordo com o que acreditamos: “Ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos”. Esta constatação é absolutamente clara quando consideramos a brevidade da nossa vida, apesar disso muitas vezes gastamos tempo, forças e inteligência acumulando raiva, rancor, vingança, sofrimento, vaidade e assim por diante. O Convite do apóstolo está numa palavra que usamos com muita frequência: “Manter o foco”. Ou seja, vamos voltar nosso olhar e nossas preocupações naquilo que é essencial: Jesus Cristo que morreu e ressuscitou por todos. Logo, somos chamados a aprender com Ele o que significa viver como família com a simplicidade das crianças.

O ensinamento que a vida e a Palavra de Jesus nos transmitem não é outra coisa senão o que a sabedoria antiga já recomendava para a comunidade de Israel: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados”. Uma lição simples de ser entendida: nada mais cabe num recipiente que já está cheio. Ora, se nossa vida está repleta de raiva, rancor, vingança, e outros sentimentos que fazem sofrer obviamente não caberá nela a misericórdia e o perdão. Todavia, enquanto a misericórdia e o perdão produzem gratidão e felicidade, a raiva e o rancor produzem tristeza e sofrimento. A escolha é livre e de cada um.

Na mesma direção está a lição que Jesus dá a Pedro: “Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?  Jesus respondeu: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Depois de dizer isso Jesus exemplifica com a parábola do patrão e do empregado. Num coração endurecido pela vingança não cabe mais nada e o resultado não poderia ser outro. Mais uma vez somos chamados a exercitar o que se chama “gentileza, gera gentileza”. Gente que sabe cultivar a reconciliação e o perdão não se paralisa no ódio e no rancor, na tristeza e na vingança. Um coração endurecido somente enxerga a força bruta como resposta possível a todo e qualquer erro alheio, ao contrário, uma alma generosa sabe separar as rosas dos espinhos, como bem sabemos cantar: Fica sempre um pouco de perfume!

Daí sim faz sentido cantar o salmo previsto para a liturgia desse domingo:

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Pois ele te perdoa toda culpa, *
e cura toda a tua enfermidade;

da sepultura ele salva a tua vida *
e te cerca de carinho e compaixão. R.

 

Não fica sempre repetindo as suas queixas, *
nem guarda eternamente o seu rancor.

Não nos trata como exigem nossas faltas, *
nem nos pune em proporção às nossas culpas. 

 

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