sábado, 19 de abril de 2014

DOMINGO DA PÁSCOA - 2014

POR UMA VIDA MAIS BRILHANTE...

Celebrar o domingo da páscoa é reafirmar a crença em condições melhores para a vida de todos. O imaginário popular e também sob o ponto de vista do comércio os sinais utilizados para a páscoa estão repletos de sentido simbólico que apontam para a abundância da vida.
São João Crisóstomo, que vive por volta dos anos 300 depois de Cristo, afirmou: “Reparo que a nossa assembleia é hoje mais brilhante que de costume e que a Igreja de Deus está jubilosa por causa dos seus filhos”.
De fato este é um sentimento que toma conta de todos neste solene domingo da ressurreição por isso em coro a Igreja reunida proclama o salmo 117 e reza: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.  Esta proclamação é resultado de quem acredita com a mesma confiança com a qual eram animados os primeiros discípulos:  “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém”.
Sem medo cada um, na alegria do seu batismo procura conformar a sua vida com a Palavra que acredita e com a fé que proclama de acordo com o convite que fez São Paulo na carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus”.
Para quem acredita nenhum medo é maior do que a esperança, Maria Madalena, na manhã do domingo não teve medo e foi de madrugada quando ainda estava escuro ao túmulo de Jesus. Esta sua coragem lhe rendeu ver primeiro a maravilha que Deus tinha realizado: “Tiraram o Senhor do Sepulcro”.   Na sequência do texto proclamado neste domingo ela mesma encontra Jesus ressuscitado  e logo pode sair proclamando: “Eu vi o Senhor”.

Ontem como hoje, a ressurreição de Jesus continua sendo o fato mais extraordinário e que serve de alimento para reacender a esperança e abrir caminho para uma nova vida. À medida que se crê nas palavras do Evangelho cada pessoa é convidada a celebrar a pascoa deixando-se transformar por essa verdade, não ter medo de amar a Deus na pessoa de cada irmão e não ter medo de proclamar com a boca aquilo que se vive com o coração. 

VIGÍLIA DA PÁSCOA - 2014

EIS A LUZ DE CRISTO...

Poucas situações na vida são tão agradáveis como receber uma boa notícia. Quando tudo parece estar perdido, de repente toma-se conhecimento de que algo inesperado acontece.  A notícia de um novo emprego,  a visita de uma pessoa querida, algum dinheiro que se dava perdido, um amigo que recuperou a saúde e assim por diante.
Pois esta é a sensação dos cristãos que se reúnem na noite da vigília da Páscoa para reviver o mistério da ressurreição de Jesus.  Não sem razão os cristãos confirmam dizendo: “aquilo que era antigo passou; tudo foi renovado”.  
A liturgia do sábado santo, com a bênção do fogo, proclamação da história da salvação na liturgia da Palavra, bênção da água e Eucaristia faz brotar do mais fundo da alma a proclamação da páscoa: “Verdadeiramente é bom e justo cantar ao Pai de todo o coração, e celebrar seu Filho, Jesus Cristo, feito para nós um novo homem”.
Ao iniciar a celebração na penumbra da morte, os cristãos abençoam o fogo e proclamam que acreditar na vida nova que surge da escuridão para a verdadeira luz que nunca se apaga. Ouvindo a longa da história da salvação com as quatro leituras recorda-se toda a ação de Deus em favor daqueles que Ele ama.
Em seguida a bênção da água em cujo sinal os cristãos são lavados  e purificados dos pecados podem finalmente sentar-se à mesa para a comunhão num extraordinário gesto de perdão.
Celebrando a Páscoa do Senhor Ressuscitado a assembleia reunida proclama sua alegria tendo presente todas as vezes que foi capaz de dar a volta por cima vencendo a pobreza, a mágoa, a cobiça, o desejo de vingança, a falta de coragem para lutar. Ao mesmo tempo proclama a certeza que em Cristo Ressuscitado confirmam o seu empenho para que se construa no meio do mundo lugares onde a justiça e a paz triunfem, onde o bem aconteça sempre,  onde o equilíbrio ecológico seja respeitado.
Nesta noite santa os cristãos rezam numa única voz reacendendo a esperança, e como as mulheres de Jerusalém são desafiados  a não guardar essa alegria só para isso: “Não tenham medo. Vão anunciar aos meu irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”.

Reunidos na mesma fé as comunidades que celebram a vitória de Jesus sobre a morte são fortalecidos para anunciar e fazer acontecer um mundo novo onde todas as coisas tenham um novo começo e um novo fim. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - 2014

O JUSTO E SANTO FARÁ JUSTIÇA PARA TODOS


A Sexta feira da paixão faz memória daquele dia no qual “o noivo nos foi tirado”. Celebrar a morte de Jesus de modo solene não é uma valorização da morte e da dor.  Com a celebração da paixão a Igreja convida os seguidores a recordar o nascimento dela mesma. Do lado aberto de Cristo nasce a Igreja e os sacramentos na Igreja.
Ao mesmo tempo é um convite para que todo cristão tenha a determinação de não silenciar ou se acovardar diante dos sofrimentos alheios. Celebrar o Cristo que morre por todos é uma proposta para esperar o dia feliz da vinda gloriosa do Senhor, onde  não haverá mais sofrimento, nem dor e nem morte acontecerá mais.
As três leituras proclamadas na celebração desta sexta feira da paixão recordam as promessas de Deus que se realizam plenamente na pessoa de Jesus que denunciou todas as formas de diminuição da dignidade da vida.
Jesus mostra sua confiança irrestrita em Deus seu Pai, abraça o sofrimento e confirma sua decisão com as palavras: “Tudo está consumado”.
Morrendo, Jesus prova que não há maior amor do que dar a vida pelos que ama. A cruz de Cristo enterra nossos pecados e aponta para a luz no horizonte, ensina a viver com misericórdia e estender a mão a todos os necessitados e sofredores.
O beijo da cruz que se constitui como parte da celebração é uma maneira utilizada pelos cristãos para afirmar que estão dispostos a carregar a cruz para que o mundo tenha vida.
Todos são convidados, depois de rezar por todos,  a aproximar-se do trono da graça afim de se assemelhar a Jesus.


HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA SANTA - 2014

VEJAM COMO ELES SE AMAM!


Dificilmente ouve-se alguém dizer que uma pessoa ama a outra por causa das declarações de amor que se trocam mutuamente. Entretanto, muito facilmente se toma conhecimento de gestos, atitudes e hábitos que mostram o amor de uns pelos outros. E então sim estas práticas são valorizadas e até imitadas em certas ocasiões.
Pois é a partir de gestos que ao recordar a vida, paixão e morte de Jesus que os cristãos se reúnem com uma intenção clara e objetiva: traduzir para suas vidas e práticas cotidianas os mesmos sentimentos e hábitos de Jesus e daqueles que lhe seguiram.
A celebração da quinta feira santa tem dois momentos distintos que ensinam a mesma lição. No gesto do Lava-pés os cristãos são convidados a recordar a dimensão de serviço de uns para os outros. E na instituição da Eucaristia aprender repartir e se entregar para que a vida seja plena e mais digna para todos.
A leitura do Antigo Testamento recorda a ação de graças pela ação de Deus que garantiu a liberdade ao povo escravizado. E desde aquele o tempo os judeus nunca mais deixaram de fazer memória deste que foi o maior feito da história do seu povo. A leitura conta com detalhes como Deus os salvou da morte e os libertou da escravidão.
Na mesma direção estão as palavras de São Paulo aos Coríntios. No texto ele recorda o sentido novo que foi dado à Pascoa com a morte e a ressurreição de Jesus. São Paulo insiste que a memória daquilo que Jesus realizou acontece quando os cristãos fazem a experiência da partilha, ao mesmo tempo deixa claro que a falta de solidariedade e de comunhão mostram que os que celebram não aprenderam ainda as lições deixadas por Jesus.
Já a longa narrativa do Lava-pés, não faz nenhuma referência explícita à instituição da Eucaristia, nem tampouco insinua a importância da partilha. Realizado, no contexto de uma refeição, o gesto de Jesus lavar os pés dos discípulos aponta para um hábito que ele acaba recomendando a todos: “Vocês entendem o que acabei de fazer? Se eu o Mestre e Senhor lavei, os pés de vocês, também Vocês devem lavar os pés uns dos outros”.
Dois mil anos depois e noutro contexto social os que acreditam e celebram a memória do Senhor são chamados a fazer gestos de serviço e de promoção da vida de todos. Promover a vida significa ir de encontro com aquilo que o Papa Francisco recomenda: “Preocupem-se uns com os outros, animem-se e ajudem-se mutuamente”.
Que esta seja a primeira e maior lição a ser levada para a vida por todos aqueles que celebram a Quinta Feira Santa  com o Lava-pés e a instituição da Eucaristia.


sábado, 5 de abril de 2014

HOMILIA PARA O DIA 06 DE ABRIL DE 2014

NO SENHOR ESTÁ A GRAÇA E REDENÇÃO


A prática de sepultar os mortos, consolar os vivos  e chorar por aqueles que partiram é uma prática de solidariedade presente em quase todas as culturas. Nos povos latinos o sentimento de cuidado com os mortos é uma forma de manifestar o respeito e a solidariedade por quem partiu e por seus familiares. A Doutrina Católica ensina ainda que rezar com os vivos pelos mortos é uma forma fazer comunhão com todos. 
Não sem razão o Salmo que se reza neste domingo diz assim: Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!”. Trata-se de uma prece que brota do fundo do coração para alguém que é a única esperança e pode não deixar morrer a esperança.
As outras três leituras deste domingo ajudam a compreender a vida a partir desta mesma situação: O profeta Ezequiel faz uma afirmação fantástica: Porei em vós o meu espírito para que vivais”. E São Paulo na Carta aos Romanos afirma: “O Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós”.
Estas duas afirmações são confirmadas na longa história da ressurreição de Lázaro. Desde o momento em que Jesus soube da doença do amigo. Vai ao encontro das pessoas sofredoras com pela experiência da morte. Estabelece com Marta um diálogo confortador ao mesmo tempo em que lhe facilita compreender a ação de Deus que pode se realizar para quem crê.
Diante da afirmativa dada por Marta: “Eu creio, Senhor, que tu és o Filho de Deus que deveria vir a este mundo”. Jesus faz acontecer exatamente o que era sonho e desejo de todo Judeu: “Lázaro vem para Fora” e ainda “'Desatai-o e deixai-o caminhar!”.
Ontem como hoje as situações nas quais a morte bate a nossa porta são muitas. Algumas se tratam da morte física, outras da morte espiritual e da morte em diversas circunstâncias humanas. Em todas as situações acreditar na Palavra de Deus é uma condição indispensável para reacender a esperança.
Não calar-se diante das diversas formas de morte provocadas pelo tráfico de pessoas é uma atitude de fé que pedida a cada cristão nesta quaresma. A oração da Igreja ajuda a todos ter convicção como a de Marta e agir como tal: “Eu creio Senhor”.