quinta-feira, 22 de março de 2018

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR


DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR

Que a violência existe na sociedade e é muito mais presente do que se imagina é um fato inegável. Que muitas vezes os meios de comunicação são os principais responsáveis pelo aumento ou manutenção de situações de violência também é fácil de perceber. A maneira como a imprensa e as redes sociais fazem chegar ao conhecimento das pessoas as notícias, os fatos e os boatos é uma violência escancarada. Muitos relatos ganham contornos dramáticos que não são entendidos apenas como uma narrativa, mas como um evento que se repete por meio da informação.
Os dois evangelhos deste domingo “são relatos inegavelmente fundamentado em acontecimentos concretos, não é uma simples reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz”.
A fala de Isaias, foi desde muito cedo entendida pelos cristãos como se o profeta estivesse falando sobre Jesus, o mesmo que a carta aos filipenses descreve como uma pessoa que soube muito bem colocar-se no seu lugar.
O ensinamento da Palavra de Deus para este domingo de Ramos e da Paixão do Senhor pode ser resumido em poucas palavras: colocar a vida a serviço das pessoas pode parecer um caminho para fracassados. Entretanto, está mais do que claro que para que acreditar em Deus e na sua Palavra é uma condição que “garante a todos que o caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, conduz à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena”. Os cristãos são desafiados a serem Palavra Viva de Deus capaz de chegar ao coração de todos.

quinta-feira, 1 de março de 2018

HOMILIA PARA O DIA 04 DE MARÇO DE 2018


O VERDADEIRO LUGAR PARA CULTUAR AO PAI

Uma das preocupações na liturgia da Igreja reside no cuidado com o espaço sagrado. São muitas as normas e rubricas litúrgicas sobre o cuidado com o templo e os demais espaços e objetos reservados para o culto. Ao mesmo tempo a Igreja nunca descuidou do primeiro e mais extraordinário espaço da morada e do encontro entre Deus Pai e o mundo. Trata-se do templo que é a própria pessoa humana. O cuidado que a criatura humana merece está descrito desde o início da criação quando Deus pede que seja reservado um dia para o descanso, como ele mesmo fez. Já no tempo de Jesus encontramos mais explicitamente no evangelho da Samaritana, quando ela pergunta sobre o local onde se deve adorar a Deus. A resposta de Jesus é precisa: “os verdadeiros adoradores fazem em espírito e verdade”. No texto de hoje ele se irrita com as autoridades do Jerusalém que transformaram o Templo num lugar de exploração da pessoa e da dignidade das pessoas.
No livro do Êxodo não precisa maior clareza: Eu sou o Senhor teu Deus que te salvou de muitas armadilhas e enrascadas, portanto faça você a mesma coisa com o seu semelhante, pois  “Vocês são todos irmãos”.
São Paulo é categórico com a afirmação: “nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus”. Esse é o verdadeiro Templo por quem damos glórias a Deus.
Claro está que o mais santo e melhor templo onde mora e no qual pode-se encontrar  Deus é a pessoa humana, como se vê a explicação do evangelho: “Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele”.
Nesta quaresma vamos pedir que o Senhor livre a todos do perigo de se transformar em mercadores do templo, em pessoas que utilizam os outros para levar vantagem, promover o lucro e diminuir a qualidade de vida das pessoas.
Que as comunidades sejam espaço onde todos se sintam irmãos acolhidos e que as lideranças saibam escutar todos os sofrimentos, afinal de contas ser leigo na Igreja é ser Sal da terra e luz do mundo.