SER PADRE: NOVOS DESAFIOS
A sociedade da tecnologia trouxe
consigo um sem número de novos desafios e necessidades que se renovam à
velocidade da luz. O processo de transformação da sociedade se apresenta como
um processo metamorfósico indescritível e surpreendente. Diante desta situação o ser humano, nas suas
diversas formas de se organizar em sociedade se vê diante de duas atitudes:
Perplexidade e medo. Ambas positivas, mas que exigem respostas distintas de
acordo com a prevalência. Se prevalecer o medo vai procurar abrigo, segurança,
proteção. Ambas atitudes boas, mas que facilmente dificultam responder aos
desafios e às novidades que se apresentam. Se, porém, prevalecer a perplexidade,
irá reconhecer que as mudança provoca crise, não no sentido de aterrorizar, mas
na perspectiva de se adequar aos novos tempos que se avizinham.
É neste sentido, que mais do que
nunca o Padre, inserido nesta sociedade, é chamado dar preferência à perplexidade
em detrimento do medo. A primeira responderá com criatividade, atitude que é
própria de quem cultiva uma sadia espiritualidade, e o colocará no meio da
sociedade com empenho para estabelecer parcerias. Tal situação é descrita pelo
Papa Bento XVI na carta que escreveu por ocasião do ano sacerdotal. No texto o
Santo Padre fala daquilo que se espera dos padres no mundo contemporâneo e da
sua relação com as pessoas que “são do mundo,”: “O seu exemplo me induz a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez
mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo
sacerdotal e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se
encontram "para levar todos à
unidade, amando uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por
mais dignos" (Rm 12, 10). Neste contexto, há que recordar o caloroso e
encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que reconheçam
e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão
da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os
seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos
campos da atividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os
sinais dos tempos" (http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=273212,
acesso em 29/07/2012).
Como um cidadão ‘que está no mundo,
sem ser do mundo’, como disse Jesus aos discípulos no chamado discurso de
despedida que se lê no Evangelho de João, o Padre, nas palavras do psiquiatra
italiano Vittorino Andreoli, “... deve mostrar que a terra está habitada
por seres humanos e por deuses, e que não se pode viver esquecendo um destes
dois sujeitos. É um verdadeiro magister que ensina a viver, e não o professor que explica a
etmologia ou a física do céu.”(ANDREOLI, 2010, P. 307).
Neste sentido, por ocasião da
celebração do dia padre, espera-se de todos, padres e leigos, a capacidade do
diálogo, da abertura, da acolhida e do cuidado, a fim de que perplexidade em
relação aos novos tempos seja marca principal em lugar do medo. Que por conta
desta atitude o padre seja capaz de assumir sempre novas missões, tarefas e
desafios. Que aconteça na Igreja, e no mundo a exortação de São Paulo na carta
aos Efésios: “Eu, prisioneiro no Senhor,
vos exorto a
caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: Com toda a humildade e
mansidão, suportai-vos
uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz”
(Efésios 4, 1 -3).