sexta-feira, 26 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 28 DE SETEMBRO DE 2014

QUANDO A VIDA E A BÍBLIA SE ENCONTRAM...

A vida humana é feita de sentimentos, de necessidades, de realizações e frustrações. Um dos sentimentos muito forte em todos é a incapacidade de realizar tudo o que sonha com as próprias forças. Por causa disso e sabiamente, o ser humano procura parceiros e amigos, muitas vezes um ombro para chorar. Uma ajuda indispensável costuma vir do padrinho e da madrinha. Não raro se diz: “o melhor parente é o primeiro vizinho”. Quando se trata de política então a coisa é mais forte ainda. Os afilhados dos políticos são sempre beneficiados com vantagens muitas vezes nada legais e muito menos morais. Em resumo, o ser humano é uma criatura de necessidades e cultiva com muito apreço o sentimento de incapacidade que o faz partilhar sonhos e sofrimentos.
O salmo que se reza na missa deste domingo é uma oração que tem expressado essa condição humana: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó Senhor, todos os dias!”.
O mesmo sentido tem a leitura do profeta Ezequiel na medida em que garante a ajuda de Deus para aquele que se propõe a andar nos caminhos do bem e da verdade. O profeta afirma que para estes Deus é a companhia segura e inseparável.
E São Paulo, escreve aos filipenses fazendo um convite que pode ser aplicado também na atualidade: Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria:
aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro”.
É claro que nos três casos, não basta reta intenção e boa vontade. O que está sendo pedido é coerência de vida. Ou seja, agir de acordo com aquilo que se acredita. Esta falta de concordância entre o que e diz e se deseja e as ações de cada dia é o assunto da conversa entre Jesus e os doutores da lei no seu tempo.
Contanto a parábola dos dois filhos, um que mesmo não demonstrando sua pronta aceitação acaba tendo uma atitude adequada e o outro que tinha boas intenções, mas nada de boas práticas. Jesus faz uma advertência aos chefes do povo. Estes conheciam as escrituras, estavam sempre prontos a dar seu sim pra tudo, e muitas vezes não cumpriam as promessas e propósitos que realizavam. Para estes Jesus diz: “'Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele
Vós, porém, mesmo vendo isso”.
Esse desafio de Jesus vale também para cada pessoa em qualquer função ou local em que esteja. Mais do que palavras bonitas é importante que as palavras venham acompanhadas das ações. Assim ganha ainda mais sentido celebrar neste domingo o dia da Bíblia. Como um livro, portanto um livro de palavras a Bíblia é a única e verdadeira Palavra de Deus e que encontra seu sentido quando “A vida e a Bíblia se encontram”.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 21 DE SETEMBRO DE 2014

O SENHOR É AMOR, PACIÊNCIA, JUSTIÇA  E COMPAIXÃO...



Faltam poucos dias  para a  realização das  eleições para presidente, senadores, governadores e deputados.  Trata-se de um momento extraordinário de participação nos destinos do país. Independente da opção partidária ou do candidato que cada eleitor tem sua simpatia e a quem vai confiar o seu voto, alguns critérios são muito importantes na hora de tomar essa decisão. 

Um dos pontos que não se pode abrir mão quando se trata de dar poderes para  outro ser seu representante é que ele seja uma pessoa honesta, tenha um passado limpo, apresente propostas que atendam os interesses da maioria da população e assim por diante. Mas existe um critério que é ainda mais fundamental: Espera-se que o(a) candidato(a)  seja uma pessoa  justiça e que promova a justiça. Mas o que significa dizer que seja uma pessoa justa? Esta resposta Jesus dá no Evangelho deste domingo.

Jesus apresenta um patrão preocupado com o bem estar de todos e da sociedade. Das cinco da manhã às cinco da tarde, praticamente o dia inteiro, ele está contratando trabalhadores. Isso significa dizer a pessoa justa não se acomoda enquanto todos não estão incluídos no seu projeto.  Seja o que Ele encontrou na madrugada, se o do final da tarde, ambos foram enviados na mesma condição para o mesmo lugar: “Vão trabalhar na minha vinha”.

Chegado o acerto de contas, ele não faz diferença entre uns e outros. Todos os trabalhadores merecem ter garantido a dignidade pessoal e daqueles que lhe são dependentes.  O pagamento de uma diária igual, mais do que um valor numérico é uma maneira que Jesus tem para dizer: Deus não faz diferença entre as pessoas. Neste sentido se poderia aplicar aos políticos e eleitores brasileiros:  O Brasil inteiro e todos os  cidadãos têm direito a leis justas, a trabalho digno, a salário adequado, saúde de qualidade, boas escolas, segurança e  etc...

Neste contexto se pode compreender as outras duas leituras e o salmo. Na primeira leitura o profeta lança um desafio: “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para nosso Deus, que é generoso no perdão”.

E São Paulo convoca os filipenses: “Uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo”. Isto significa dizer: Todos os tempos estão marcados por um fio condutor, cuja marca maior é viver de acordo com a justiça de Deus e do seu Filho Jesus. Para que o ser humano seja capaz desta atitude o salmo ensina a rezar: É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca,  de todo aquele que o invoca lealmente”.

Eis que a Igreja reúne em Assembleia de oração em súplica e ação de graças todos os que creem no Cristo. Reunidos rezam a elevam louvores e agradecimentos pedindo por todos e com todos que a justiça de Deus aconteça em todos os lugares e com a colaboração de todos. Isso vale também para os políticos e para os eleitores. 

sábado, 13 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 14 DE SETEMBRO DE 2014

BENDITA E LOUVADA SEJA...

É bastante comum que se encontre sinais de trânsito indicando hospitais, pronto socorro, casas de saúde, que obviamente são locais onde as pessoas se dirigem para procurar qualidade de vida.  Para os cristãos católicos a cruz no cemitério significa que o ente querido dorme naquele lugar à sombra da cruz até que sua vida brilhe na eternidade. No dia do batismo aquele que recebe o sacramento é marcado com o sinal da cruz e com a oração: O nosso sinal é a cruz de Cristo.

Frequentemente as pessoas usam a cruz como adereços, identificação, sinal de devoção etc. Os jovens, durante a jornada mundial da juventude cantaram: “No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus”. Em resumo, a cruz é cantada em prosa e verso seja nas religiões, seja no cotidiano das pessoas.

Neste domingo a Igreja Católica sugere a celebração da Santa Cruz. E nesta figura aponta para a vida em plenitude que é garantida a todos aqueles que não fogem da cruz.  Naturalmente não se pede que alguém esteja a procura da cruz e dos sofrimentos, mas que os aceite com determinação e coragem para superá-los.

Na leitura do livro dos Números, a primeira deste domingo, o povo no deserto, que havia se distanciado de Deus, experimenta muitos sofrimentos  simbolizados na serpente do deserto. Moisés aponta para a cruz em cuja altura afasta a serpente do povo  e todos os sofrimentos são derrotados.

São Paulo escreve aos filipenses, o trecho se proclama na segunda leitura. A estes Ele recorda que Jesus Cristo é plenamente humano e que nesta condição aceitou a cruz com toda a humilhação que ela é também portadora. Entretanto, por causa da sua coragem, a cruz tornou-se para ele sinal de vitória e de exaltação.

No Evangelho é Jesus mesmo quem proclama: “É necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”.

Para todos e a cada um em particular, a cruz continua sendo sinal de derrota e de vitória. Expressão da morte, mas sobretudo, da vida. Sinal de questionamento, de obediência. No alto da cruz Jesus se  afastou do pecado e do mundo, ressuscitado  volta para juntos dos seus vitorioso e a todos garante a vitória da vida.


Que esta seja também a condição de todos aqueles que se declaram “filhos do mesmo Pai, com sangue da mesma cor, herdeiros  do mesmo céu, nascidos do mesmo amor”.

sábado, 6 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 07 DE SETEMBRO DE 2014

PERDOAR E AMAR...

Estamos em tempo de eleições, não faltam promessas mirabolantes e propostas que irão solucionar os problemas de todos. Igualmente também não falta quem fique encontrando defeitos,  erros e pecados dos seus adversários e com isso tentando diminuir a capacidade e denegrir a imagem da pessoa que pensa diferente e no período eleitoral é seu concorrente político. A Palavra de Deus proclamada na celebração deste domingo é um convite para o perdão  e a reconciliação, evitando todo tipo de escândalo e exclusão do pecador. No Brasil destes tempos, há que se reconhecer muitas coisas boas e bonitas que estão acontecendo isso, entretanto não impede de perceber que muito ainda precisa ser feito.  Comemorar a independência do País significa também ser solidário com todos aqueles que querem dignidade, respeito, igualdade, cidadania, saúde, educação e assim por diante.

O profeta Ezequiel, na primeira leitura  convida cada pessoa e todos de alguma maneira a vigiar a casa e cuidar para que ninguém naquele ambiente seja escravo do erro ou conduza outras pessoas para o erro.  Aquele que ouve a Palavra de Deus é chamado a ser “boca de Deus” no meio do mundo a fim de que vejam as boas obras e procurem realizar boas obras.

No Salmo, a oração de todos, proclama que todos são povo de Deus, que Ele mesmo é rochedo que salva, ao mesmo tempo  em que convida a não fechar o coração nem os ouvidos a tudo o que Deus realiza por meio das pessoas de bem.

Por sua vez São Paulo recorda uma atitude que precisa ser comportamento de todos: “Não tenham nenhuma dívida para com ninguém, a não ser a de se amarem uns aos outros”.

E Jesus,  no Evangelho, garante que não está de acordo com o erro e o pecado, mas nem por isso autoriza a fazer deles um escândalo.  Antes de tudo pede para acolher e perdoar, essa é com certeza uma atitude muito difícil para o ser humano.  Só quem perdoa tem autoridade para ir ao encontro do outro convidá-lo a se reintegrar na comunidade. É necessário usar de todos os recursos, antes de condenar e excluir alguém. Jesus convida a colocar em prática a justiça de Deus: Não como normas rígidas e opressoras, mas com gestos de perdão, de acolhida e de reinserção.

Em resumo: Aqueles que se dizem seguidores da Palavra de Deus recebem um convite e desafio: Ser sentinela do bem e da justiça nas noites escuras da vida. Nada de denunciar, denegrir e falar mal daquele que parece ser contrário ao que se pensa, antes,  acolher e fazer de tudo para que ninguém se afaste do bem e da justiça.

Que a oração de todos e da Igreja seja uma ação de graças que faça desse sonho uma realidade, como já dizia Santo Agostinho: “Comam o Corpo de Cristo e ao mesmo tempo sejam o Corpo de Cristo”.