quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

homilia para o dia 01 de janeiro de 2024 - Dia mundial da paz - ano B

 

SANTA MÃE DE DEUS TEM PIEDADE DE NÓS

Começar um novo ano é sempre vislumbrar novas perspectivas e renovar as esperanças e utopias.  No início do ano cível retomamos nossos projetos e restabelecemos metas a serem alcançadas. O início do ano deixa para trás a saudade, as desilusões e até as festas. Por sua vez a liturgia da Igreja nos convida a recordar a figura de Maria como Mãe de Deus e com ela rezar pela paz no mundo.

O Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado neste primeiro dia do ano, faz um convite a todas as pessoas responsáveis pelas Novas Tecnologias de Informação e comunicação a utilizar os recursos da Inteligência Artificial para promover o desenvolvimento integral, para produzir inovações importantes na agricultura, na instrução, na cultura, na melhoria da qualidade de vida das nações inteiras no crescimento da fraternidade e da amizade social. Francisco é incisivo ao tratar da Inteligência Artificial como instrumento para a construção da paz quando afirma: “Em última análise, a forma como a utilizamos para incluir os últimos, isto é, os irmãos e irmãs mais frágeis e necessitados, é a medida reveladora da nossa humanidade”.

O evangelho desta celebração narra uma cena bem familiar. Passada e euforia e o medo com o nascimento da criança, ela agora começa a requerer cuidados particulares. A notícia que ganhou o mundo também traz preocupações e incertezas. No imaginário popular se diz que as mães têm um “ sétimo céu”, isso é, as mães sabem das coisas muito antes que elas aconteçam.  Pois esse é o retrato de Maria no texto que acabamos de ler: “Maria guardava e meditava todas essas coisas no seu coração”.

São Paulo, confirma o que já era uma certeza: Deus se faz humano, nasce num período histórico e determinado. Da carta aos gálatas ouvimos: “quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu filho nascido de uma mulher”. Este gesto de Deus não foi em vão, pelo contrário enviou seu Filho sujeito a lei, para aqueles que estavam sujeitos à lei, a fim de libertá-los de toda escravidão.  A carta garante que em Jesus Cristo todos recebemos a verdadeira e definitiva condição de “filhos adotivos”.

Filhos no filho, recebemos toda bênção completando assim o que lemos no livro dos números: “que o Senhor os abençoe e guarde, que o Senhor os trate com bondade e misericórdia, que o Senhor olhe para vocês com amor e lhes dê paz”.

Na pessoa de Jesus tudo isso é realidade de modo definitivo e esta condição tem a participação de Maria a quem os evangelhos chamam de mãe.

De um tal modo nossa confiança na Mãe de Deus e nossa nos põe da estrada de um novo tempo o qual desejamos que seja de paz, de fecundidade, de bem-estar, de alegria profunda.

Começamos o ano nos reunindo como irmãos, ouvindo a Palavra e nos alimentado da Eucaristia e rezamos com o salmista: Que as nações vos glorifiquem ó Senhor!

 

 

HOMILIA PARA O DIA 31 DE DEZEMBRO DE 2023 - DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA - ANO B

 

COMO É BOM TER FAMÍLIA...

Não são necessários grandes estudos para compreender a importância das relações familiares. Desde muito tempo o ser humano tem certeza que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família como “a base da sociedade e afirma que esta relação merece a proteção do estado”. Dentre os sentimentos mais nobres que o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de Nazaré. As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.

O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”. Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente nenhum tesouro se acumula ali. Numa proporção maior o Salmo faz perceber que as vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por isso mesmo se reza: “Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!”.

São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”. Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se abater mesmo em quem confia no Senhor.

O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida que o sistema impunha naquela ocasião.

Também nós somos conduzidos pelo retrato de uma família exemplar. Entre os traços que merecem evidência, destacam-se a solidariedade entre os membros e a confiança nos caminhos da vida, interpretados à luz da proposta divina. Mesmo diante de todas as adversidades enfrentadas pela família de Nazaré, a comunhão e a solidariedade entre eles asseguraram soluções razoáveis, impedindo que o desânimo se instalasse. Pelo contrário, mantiveram a união e fortaleceram a responsabilidade com a defesa da vida, enxergando todas as alternativas como guiadas pela mão de Deus: “O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse... Quando Herodes morreu, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito... Por isso, depois de receber um aviso em sonho”. Nesta celebração da Sagrada Família, roguemos também por clareza e compreensão da mão de Deus estendida em todas as dificuldades que a vida inevitavelmente nos apresenta.


HOMILIA PARA A MISSA DA NOITE DE NATAL - ANO B

 

EU LHES ANUNCIO UMA GRANDE ALEGRIA!

Depois de quatro semanas de preparação e expectativa estamos reunidos para celebrar a extraordinária história de amor que Deus quis viver com suas criaturas. Na fragilidade de uma criança Deus manifesta sua força salvadora, acolhe e abraça cada pessoa. A conclusão do tempo de preparação se manifesta nas festividades desta noite sagrada. A alegria se irradia em infinitas formas e para os cristãos se revela na Palavra de Deus proclamada na liturgia.

O profeta Isaias faz uma comparação do dia de Deus: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombra da morte, uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a alegria deles, aumentastes o seu contentamento. Eles se regozijam em vossa presença, como os que se alegram na época da colheita. Pois um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Ele terá o poder sobre seus ombros e será chamado 'Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”. A chegada desse menino vai inaugurar um novo tempo totalmente diferente de tudo o que já se experimentou ao longo do tempo.

São Paulo orienta os cristãos indicando caminhos e alternativas para quem conheceu Jesus Cristo e a graça que nele Deus manifestou para a humanidade: “Ele nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade". Essas atitudes diárias representam a forma mais autêntica de acolher a salvação que vem de Deus.

O relato do nascimento de Jesus, conforme registrado por Lucas, destaca que ocorreu em um momento específico da história e em um local preciso. Não se trata de uma lenda ou fábula criada para uma conclusão estética. Nesse evento, Deus encontra as pessoas com Sua ternura e amor. A simplicidade dos acontecimentos em Belém nos convida a contemplar o amor de Deus, que se preocupa com a felicidade humana.

No presépio simples, percebemos que a força de Deus não necessita de autoridade, prepotência, armas ou salões grandiosos. Deus se revela na simplicidade e na ternura: "Não tenhais medo, pois vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu um Salvador, que é Cristo, o Senhor. Eis o sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura" O nascimento de Jesus é a realização de todas as promessas que foram feitas pelos profetas, Ele nasceu, mostrando-nos um novo caminho para cultivar a harmonia, viver e restaurar o que está desfeito, vindo das periferias".

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

Por isso, entoai ao Senhor Deus um cântico novo!

 

 

 

 

HOMILIA PARA O DIA 24 DE DEZEMBRO DE 2023 - 4º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

A ELE GLÓRIA, PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS!

A busca por modelos que sirvam de inspiração para determinadas atitudes e estilo de vida faz parte de todas as culturas ao longo do tempo. A Palavra de Deus que proclamamos no tempo do advento nos apresenta a figura de Maria como modelo para o cotidiano dos cristãos.

Neste domingo, a narrativa da notícia que ela foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus é a realização de uma promessa que as comunidades aguardaram por séculos. Maria, apresentada como a escolhida por Deus aceita que o Espírito Santo transforme sua vida para muito além do que o raciocínio humano pode compreender. A aceitação de Maria tem tudo a ver com a afirmação: “Para Deus, nada é impossível”.

O fato de escolher colaboradores humanos e frágeis em nada diminui a grandeza de Deus que tudo pode, simplesmente reforça o que todos almejamos: Ser colaboradores com a obra de Divina aceitando ser conduzidos pelo mesmo espírito que acompanhou os nossos pais na fé. Tudo o que acontece em Maria, não é outra coisa senão a confirmação do que afirmaram os profetas ao longo do tempo.

O texto de Samuel confirma que Deus nunca desisti da humanidade, mesmo quando as pessoas criam mecanismos de violência, de exploração e de pouco respeito nas relações interpessoais, Deus continua afirmando: “Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre".

A carta aos Romanos mostra como Deus estende sua misericórdia a todos os povos de modo que a humanidade inteira se constitua numa única e mesma família. Ninguém melhor do que Jesus mostrou com gestos, atitudes e palavras a extensão do seu amor e do seu comprometimento com a valorização e o cuidado da vida em todas as suas formas. A preparação para o natal consiste em acolher Jesus, compreender seu jeito de viver e se comprometer com ele para a construção de um novo céu e de uma nova terra.

Quando o anjo afirma para Maria: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus”. Confirma que Deus caminha par e par com aqueles que Ele escolhe, apesar das fragilidades humanas. A promessa confirma a presença de Deus que sempre caminhou com seu povo e isso é a manifestação do seu amor e da sua solicitude. Esta confiança serve de sustento para todos os nossos passos e nos faz perceber a vida com as cores da alegria e da esperança.  Que tenhamos a coragem de reconhecer Deus e dar nosso sim para que todas as pessoas também experimentem a presença de Deus em suas vidas. Então sim podemos rezar com o salmista: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor! Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação”.

 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2023 - TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

A claridade da aurora é sempre o anuncio de um novo dia e que na sequência de seu brilho desponta o esplendoroso sol matinal nos despertando e colocando-nos a caminho sempre com novo entusiasmo e disposição para todas as exigências que mais um dia se impõe. A aurora não é o sol, apenas anuncia sua chegada. Esse anúncio faz todas as criaturas vibrar de alegria.

Tal como a aurora é para o dia, o advento é para os cristãos. A Palavra de Deus proclamada em cada um dos quatro domingos é o anúncio de um tempo novo que aponta para o Sol da justiça que nos veio visitar. Na primeira leitura desse domingo o profeta se apresenta como enviado por Deus com uma tarefa muito precisa: Curar os corações feridos, proclamar o ano da Graça do Senhor.

Na segunda leitura, Paulo escreve aos tessalonicenses e explica com clareza qual deve ser a atitude de quem espera a vinda do Senhor: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”. O cristão é sempre uma pessoa livre e consciente na presença de Deus que caminha ao seu lado e nesta condição olha para o horizonte da vida onde está a eterna felicidade. Caminhando entre luzes e trevas, alegrias, tristezas, provações e esperança o cristão não pode perder de vista que a meta final é o encontro com o Senhor.

O Evangelho apresenta a pessoa de João Batista como a aurora daquele que virá. Ele é categórico diante dos questionamentos dos fariseus e dos seus amigos. Perguntado sobre sua identidade e missão, ele responde com 4 solenes “não”. Confirma apenas: “Eu sou a voz que grita no deserto” parafraseando podemos dizer: “Eu sou a aurora daquele que virá”. Aquele que o Pai enviou trará uma vida definitiva e de liberdade para todos. João não tem medo de afirmar que ele é apenas a testemunha dos fatos que irão acontecer. O foco de toda a conversa entre João e os seus interlocutores é sempre Deus. É Ele que escolhe, chama e envia. João foi chamado para dar testemunho da luz e por isso mesmo ele não aceita que lhe atribuam nenhuma função que o coloque no centro da questão.

Tal como João cada um de nós tem a missão de se reconhecer como o profeta da primeira leitura e como João no Evangelho: Dar testemunho da luz e colocar no centro de nossas preocupações aquele que é verdadeiramente o centro: Jesus Cristo o filho de Deus!

 

 

 

 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2023 - 2º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

PREPARAR NA ESPERANÇA A CHEGADA DO SENHOR

Dentre as críticas corriqueiras que se atribui a uma determinada pessoa uma delas diz respeito a falta de humildade e de simplicidade. Neste tempo de advento as três leituras deste domingo apresentam os personagens principais colocando-se na condição de simples anunciadores de um tempo novo cujo sujeito principal é sempre outra pessoa muito mais importante e que eles se consideram apenas seus fiéis seguidores.

No Evangelho, Marcos acentua o que já tinha sido dito pelo profeta na primeira leitura: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho”. Quem agora faz acontecer a profecia é João Batista cuja voz grita no deserto. Vestindo-se com simplicidade e alimentando-se com austeridade não chama a atenção sobre a sua pessoa, mas declara com convicção: “não sou digno de me abaixar para desamarrar as correias de suas sandálias”. O convite que João dirigiu aos seus contemporâneos é o mesmo que se dirige aos cristãos do século XXI e consiste em acolher o messias, cuja presença gera uma vida nova fundamentada na dinâmica do amor. Para que isso aconteça uma atitude imprescindível é a conversão, em outras palavras mudança de vida e mentalidade.

Como caminho para a conversão João Batista indica uma sugestão: “Ele apareceu no deserto proclamando um batismo de penitência para remissão dos pecados”. Em resumo para reconhecer a presença de Jesus implica mostrar sinais de santidade, de purificação.

A comunidade de outrora foi convidada por João Batista para retornar a experiência do deserto, caminho percorrido por seus antepassados, só assim passariam da mentalidade de escravos para uma nação de gente livre capaz de confiar plenamente num Deus que cumpre as suas promessas.

As palavras do Evangelho são uma atualização das profecias da primeira leitura. Conversão significa deixar para traz o comodismo, o egoísmo, a autossuficiência e confrontar-se com os desafios de Deus que é fiel. O profeta fala ao coração dos seus conterrâneos e sugere uma relação de amor entre eles e Deus: “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães".

A realidade de outrora não se diferencia do nosso cotidiano. Sentimo-nos impotentes, frustrados e ameaçados por distintas formas de violência, guerras e terrorismo que mancham de sangue e colocam a margem da convivência e da história milhares de pessoas. As palavras do profeta são uma recordação que Deus é eternamente fiel às suas promessas e não ficará alheio aos sofrimentos contemporâneos se nos deixarmos guiar Ele nos conduzirá para a vida verdadeira.

O autor da segunda leitura aponta para a segunda vinda de Cristo, nos convoca a vigilância e ao empenho decidido na transformação de todas as relações que não dignificam as pessoas. Todos somos chamados a trabalhar porque: “O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. Caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”.

A guisa de conclusão: Preparar o natal significa sair de si mesmo, descentralizar-se e colocar no centro Jesus Cristo, a fim de que Ele cresça e eu diminua como declarou João Batista.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 08 DE DEZEMBRO DE 2023 - SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO - ANO B

 ESCUTAR, PARTILHAR E VIVER

Poucas situações humanas são mais constrangedoras do que tentar dar explicações para uma atitude inexplicável. No longo relato da primeira leitura ouvimos o fato de um homem literalmente “pego de calças curtas” ou como se diz de outra forma “com a boca na botija”. Adão e Eva  que tiveram todas as oportunidades para se dar bem na vida, resolveram andar por outros caminhos recusando as propostas de vida com dignidade que lhe foram oferecidas por Deus.

A narrativa do Gênesis que ouvimos na primeira leitura não tem por objetivo contar uma história de fatos reais, mas ensinar uma lição de alguém que se julgou suficientemente sábio e autossuficiente, capaz de viver sem dar satisfação de nada a ninguém. Esta sua autorreferencialidade ou levou a um emaranhado de situações para as quais precisou inventar uma justificativa sempre injustificável. O resultado não poderia ser outro: “Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade”.

Ao contrário, aceitar caminhar guiados por Deus nos  faz membros da sua família, como ouvimos na segunda leitura na qualidade de filhos cujo resultado é ser merecedor de um amor e cuidado gratuito, incondicional e radical: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”.

E a pessoa que melhor soube viver e caminhar na sombra da casa de Deus foi Maria a Mãe de Jesus Ela acolheu confiante os planos divinos a seu respeito: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!"

Enquanto Adão e Eva rejeitaram caminhar com Deus, Maria deu o seu sim. Na primeira situação a humanidade caminhou para o sofrimento e a morte, Em Maria todos caminhamos para a vida plena. Em resumo: Apesar da fragilidade de Maria e da insignificância do vilarejo de Nazaré nela Deus se faz presente de forma definitiva para a salvação de todos. Maria ensina para cada pessoa que a disponibilidade é uma atitude decisiva quando se trata de escolher o caminho por onde trilhamos a vida.

Este é o sentido da celebração da Imaculada Conceição de Maria, todos chamados a nos abandonar em Deus. É isto que também rezamos na oração desse dia: “Ó Deus pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes para o vosso Filho uma digna habitação e a preservastes de toda mancha de pecado em previsão da morte salvadora de Cristo; concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa por sua materna intercessão”.

Que Maria nos ensine e ajude acolher os planos de Deus para nós e para o mundo!