sexta-feira, 27 de maio de 2016

HOMILIA PARA O 9º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 29 DE MAIO DE 2016

É NECESSÁRIO ABRIR, PORTAS E CORAÇÕES


Em 2013, quando Jorge Bergoglio foi eleito Papa, no seu primeiro discurso ao mundo, fez uma brincadeira que cativou a todos, disse ele: “Nós nos reunimos para eleger um novo Papa e parece que meus irmãos cardeais foram busca-lo quase no fim do mundo”. Depois desta declaração fez diversas outras falas sobre a necessidade de abrir portas e de acolher as pessoas que pensam diferente ou que tem professam outra fé e até nem mesmo acreditam na Igreja. Numa de suas homilias na Casa Santa Marta, onde ele mora, declarou: “É necessário não engaiolar o Espírito Santo, ele é soberano. Na Igreja precisamos de mais pessoas que exerçam o ministério de “Abrir portas”.
Abrir portas é umas das importantes lições que se pode tirar da Palavra de Deus proclamada neste 9º domingo do tempo comum. O Texto do livro dos Reis a oração de Salomão é mais do que clara: Salomão rezou no Templo, dizendo: Senhor, pode acontecer que até um estrangeiro que não pertence a teu povo, Israel, escute falar de teu grande nome, de tua mão poderosa e do poder de teu braço.
Se, por esse motivo, ele vier de uma terra distante, para rezar neste templo, Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos da terra conheçam o teu nome e o respeitem”.
Muito mais tarde, é São Paulo quem anuncia a boa notícia com uma certeza que serve também para a atualidade, isto é, nada de se preocupar em agradar a quem quer seja a não ser cumprir a vontade de Jesus Cristo. Vontade esta que foi manifestada por Ele de muitos modos e em diversas ocasiões. No texto do Evangelho de hoje, mais uma vez Jesus está abrindo portas.
Atendendo ao pedido do oficial romano, que não era judeu, nem professava a religião dos judeus Jesus mostra aos que o seguiam a importância de não discriminar ninguém, nem tampouco excluir quem quer que seja, pelo contrário declara sua admiração dizendo: “Nem mesmo em Israel encontrei alguém com tanta fé”.
Estas palavras são mais do que claras e vem de encontro com o convite do Papa Francisco: Na Igreja precisamos de mais pessoas que exerçam o ministério de - Abrir portas”.
Não sem razão a igreja inteira também canta como se faz hoje no Salmo:Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o! Pois comprovado é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel”.
           




quarta-feira, 25 de maio de 2016

A PALAVRA SE FEZ CARNÊ - CORPO E SANGUE DE CRISTO

TODOS COMERAM E FICARAM SATISFEITO

Há algum tempo em um desses programas de reportagem extraordinárias que as redes de TV veiculam com regularidade,  chamava atenção para um diálogo estabelecido entre um viajante e um comerciante de uma grande cidade neste imenso Brasil. O diálogo tem tudo a ver com o texto do Evangelho que se proclama no dia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Dizia a reportagem que o viajante estranhou ao entrar na cidade não vendo mais crianças pedindo esmolas nos estacionamentos, jovens fazendo malabarismos nos semáforos das esquinas, pessoas vendendo água, suco, doces e etc. nas filas que se formavam ao longo da rodovia. Ao abordar o primeiro dos seus clientes o viajante perguntou: “Onde foram parar os pobres desta cidade que não os vejo em nenhuma parte?”  A resposta imediata foi: “Nós somos cristãos, estamos seguindo o evangelho e damos de comer a todos os necessitados” O homem estranhou e perguntou, “Mas quanto vocês investem para alimentar tantas pessoas durante tanto tempo?” “Nenhum centavo” respondeu o cliente e concluiu: “Nossas crianças estão na escola o dia inteiro, os jovens que faziam malabarismos nos semáforos foram contratados para o trabalho, os que vendiam `nas margens da rodovia estão cuidando dos jardins e da limpeza dos pátios das escolas e assim todos podemos viver em paz”.
A provocação do texto de Lucas desafiando os discípulos a não mandar embora ninguém com fome  é apenas mais uma que Jesus fez aos seus conterrâneos propondo dar de comer a quem tem fome e eliminar a pobreza e as diferenças sociais.
Ontem como hoje, certamente não se trata de uma atitude simples como dar esmola e comida para a solução da pobreza e das desigualdades sociais. Trata-se sim de mudanças estruturais na sociedade e para que elas aconteçam precisam do empenho de todos.
Jesus continua no Evangelho dizendo: “mandem o povo se organizar em grupos de cinquenta”. Esta frase aponta para mais uma possível ação para os tempos modernos, em lugar de dar comida, garantir organização e participação de todos naquilo que é uma necessidade e direito de todos.
São João Crisóstomo, conhecido como o santo “Boca de ouro” apelido que recebeu por causa de suas sábias palavras disse uma frase que pode ser muito bem aplicada à adoração a Eucaristia que se faz na solenidade do Corpo de Cristo, disse o santo: “Queres honrar o corpo de Cristo com vestes de seda e taças de ouro, fazes bem! Mas não esqueça que o mesmo Jesus que disse Isto é meu Corpo e Isto é meu Sangue foi o que falou: Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos foi a mim que fizestes. Portanto, vai primeiro dar de comer a quem tem e vestir quem está nu e com aquilo que sobra faça as honras a corpo de Cristo”.
Que a celebração litúrgica deste dia seja a oração da Igreja para converter os corações de todos em favor de uma vida mais humana, digna e justa para todos em todos os lugares.


sábado, 21 de maio de 2016

PALAVRA MEDITADA NO DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

UNIDADE NA CARIDADE


A turbulência econômica, política, social e moral que o Brasil está vivenciando nos últimos tempos tem inúmeras respostas e explicações. Cada cientista político, analista econômico, palpiteiro de plantão tem uma opinião para justificar os escândalos que se tornam públicos a cada dia. Tudo o que se fala tem seu fundo de verdade, mas não resta dúvida que uma coisa é absolutamente certa: Entre todos os envolvidos em tudo o que está acontecendo não aparece uma condição simples e absoluta: Deixar-se guiar pela verdade.
Os discípulos de Jesus viveram noutro contexto situações muito semelhantes. O Evangelho de deste domingo faz parte dos chamados “discursos de despedida” e Jesus lhes adverte e promete uma solução ou pelo menos uma maneira diferente de encarar o mundo e os problemas que seus seguidores ainda não compreendiam: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-lhes, mas não são capazes de compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele lhes conduzirá à plena verdade”.
No discurso de hoje não é primeira vez que Jesus fala da relação dele com o Pai e da caridade que os une. Nesta passagem, porém, ele reforça que o Espírito Santo veio com uma tarefa muito específica: Glorificar a comunhão e a unidade que existe entre o Pai e o Filho.
A experiência de comunhão entre as três pessoas faz entender que essa atitude pode garantir obras muito maiores do que aquelas que os discípulos viram Jesus realizar.
A comunhão da Trindade não é outra coisa senão aquilo que a primeira leitura chama de Sabedoria que está antes e acima de toda e qualquer realização, conforme diz o livro dos provérbios: “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”
Por isso mesmo e sem medo todos rezam com o Salmo: “Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”. Só quem se deixa guiar pelo Espírito de Deus é capaz de viver na verdade e na unidade, pode ter  certeza que nenhuma tribulação, angústia, perseguição, ou outra qualquer provação  é maior do que a graça e a esperança que não decepciona.

Como igreja reunida também os cristãos do terceiro milênio podem compreender a misericórdia de Deus revelada na Unidade da Trindade e deixando-se guiar por ela vencer todos os medos e trabalhar pela construção da fraternidade e da verdade em todos os lugares. 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA DA ASCENÇÃO DO SENHOR

ELEVADO AOS CÉUS À VISTA DE TODOS

Em uma de suas declarações recentes o Papa Francisco disse: “Não consigo imaginar um cristão que não saiba sorrir” e concluiu: “Procuremos dar um testemunho alegre de nossa fé”. Tem ainda um antigo provérbio popular que diz assim: “Um santo triste é um triste santo”.

Estas duas expressões são suficientes para ajudar entender a última frase do Evangelho deste domingo quando fala da atitude dos discípulos depois que Jesus subiu aos céus: Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” A esta altura dos acontecimentos os amigos de Jesus já estavam suficientemente esclarecidos sobre o que tinha acontecido e como seria a vida deles depois que Jesus não estava mais com eles.

As três leituras deste domingo apenas reforçam a certeza para todos os que creem no Cristo, e o reconhecem como Senhor e guia. A estes não é permitido ficar “Olhando para o céu” pois uma vez que compreendem a palavra de Jesus que disse: “O Consolador que lhes enviarei, também ensinará todas as coisas”. Daí é que ficam também claras as palavras da Paulo aos Efésios e que podem ser aplicadas a cada cristão da atualidade: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a  esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos”

Ser um alegre discípulo de Jesus não é a mesma coisa que ser um “bobo alegre”, mas alguém capaz de compreender que anunciar Jesus e suas propostas implica aceitar também a cruz sem deixar de assumir com alegria os desafios que a vida apresenta.


Acreditar em Jesus presente e ao mesmo tempo sentado a direita de Deus, conforme se reza no credo, implica compreender o que se reza no salmo: “Deus reina sobre todas as nações, está sentado no seu trono glorioso”.