SENHOR, NÃO AFASTE DE
NÓS A VOSSA FACE!
Caminhar juntos é o
grande desafio que o Papa Francisco está nos propondo com a preparação do
Sínodo sobre a sinodalidade, ou seja, sobre como aprender caminhar juntos.
Caminhar juntos é a proposta penitencial da quaresma e o convite que a Igreja
no Brasil nos faz para viver a Campanha da Fraternidade sendo solidários com
todos os que dependem da nossa resposta para ter acesso ao pão de cada dia.
Que nesta quaresma, nos
deixemos guiar pela Palavra de Deus, caminhando juntos vencendo as tentações da
autopromoção e da indiferença em relação aos sofrimentos alheios.
O autor do livro do Gênesis,
cuja primeira leitura foi proclamada hoje, não tem por objetivo principal contar
como surgiu a pessoa humana, mas deixar claro que a vida em toda a sua plenitude
tem origem em Deus. E que Deus criou a espécie humana para a vida plena e para
a felicidade, por isso o colocou no jardim indicando-lhe a árvore da vida. Em
contrapartida está a árvore do bem e do mal e que a escolha dessa segunda opção
implica querer viver sem Deus, fechados em nossas próprias verdades e esquemas
cultivando o orgulho e a prepotência. Quando a criatura humana escolhe a árvore
da vida caminha com Deus e Deus com ele, quando escolher a árvore do bem e do
mal se coloca um solitário na estrada da vida.
O mesmo jogo de palavras e de capacidade de escolhas São Paulo trabalha
na segunda leitura. Enquanto que na primeira leitura as criaturas escolheram o
pecado e a morte, e caminharam com Adão na estrada da morte, os seguidores de
Jesus Cristo caminham juntos para a vida. O modelo centrado em Adão gera
sofrimento e dor, o modelo centro em Jesus Cristo gera vida plena e definitiva:
“Por um só homem, pela falta de um só homem, a morte
começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus
Cristo, os que recebem o dom gratuito e superabundante da justiça. Como a falta
de um só acarretou condenação para todos os homens, assim o ato de justiça de
um só trouxe, para todos os homens, a justificação que dá a vida”.
Enquanto Adão representa a pessoa que se põe no caminho por conta
própria e longe de Deus, Jesus Cristo que ouviu e acatou a proposta do Pai é o
modelo para todos os que querem caminhar juntos na estrada da vida!
A narrativa das tentações de Jesus não deixa margem para
interpretar sua absoluta fidelidade ao Pai e sua coerência de Vida. Recusando
todas as propostas do Diabo Jesus já antecipa o que o Papa o Francisco fala na
atualidade: “Com o diabo não se conversa”
Jesus rechaça todas as investidas do tentador citando a Sagrada
Escritura não aceita nenhuma vantagem pessoal porque essas não estão de acordo
com a vontade do Pai e contradizem a missão que havia assumido. As tentações
narradas no Evangelho desse domingo apenas antecipam a coragem de Jesus para
não ceder todas as demais provocações que Ele receberá ao longo da vida e que o
afastariam da vida em Deus.
Da fidelidade de Jesus vai nascer um povo novo livre do pecado,
diferente daquele formado no exemplo de Adão. A questão central da Palavra de
Deus nesse domingo consiste em perceber a diferença entre viver à margem das
propostas de Deus e viver em comunhão com o Pai.
Como Jesus, também nós, sobretudo nesse
período da quaresma, somos convidados a não nos deixar levar pelos atalhos das
falsas promessas e mantendo como escudo a Palavra de Deus, rezar com o
salmista:
Criai em mim um coração que seja puro,*
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,*
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!