quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 12 DE FEVEREIRO DE 2023 - 6º DOMINGO COMUM - ANO A

 

AMAR AS PESSOAS E RESPEITÁ-LAS NA SUA INDIVIDUALIDADE

A expressão “telhado de vidro” é frequentemente usada para se referir aos próprios limites, defeitos e pecados. Toda pessoa de bom senso sabe que suas ações nem sempre são absolutamente corretas e que até involuntariamente comete pecados, equívocos e falhas das quais se envergonha.

Na época de Jesus a situação não era diferente, diversos grupos organizados tinham consciência da sua condição humana e das suas limitações e fragilidades. Mas, existia um grupo conhecido como “fariseus” que se consideram “a última bolacha do pacote”, isto é, levavam uma vida de mentira e hipocrisia, para estes Jesus chamou “sepulcros caiados”. Mesmo  sabendo das suas impurezas os fariseus ditavam regras, normas, preceitos sempre exigindo dos outros o que eles mesmo não cumpriam.

Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento”. Jesus deixa muito claro que sua intenção é fazer uma releitura da lei em outro contexto de quando ela foi dada a Moisés. Em lugar do legalismo doentio Ele propõe um compromisso com a vida e para isso será necessário respeito para com a dignidade e individualidade de todos. A nova lei não prescreve somente não matar, muito antes que isso será preciso romper com a escalada da violência, da discriminação, das ofensas, pois o que agrada a Deus e torna uma vida útil é o perdão a reconciliação.

Em lugar da prescrição legal: “Não cometer adultério”. Jesus declara que todas as vezes que alguém olhar com cobiça para aquilo que não lhe é de direito já está cometendo pecado. Não se trata apenas do adultério que é o topo dos grandes pecados da carne, trata-se de não permitir que a vida de quem quer que seja se torne objeto de injustiças e de maldades. Em resumo a palavra que sai da boca de uma pessoa que se declara seguidor de Jesus Cristo deve ser digna de crédito. Os juramentos de nenhum tipo combinam com as relações de confiança. Em resumo, todos os problemas merecem ser contornados no diálogo fraterno e no perdão incondicional.

Esta condição de escolha já havia dito o autor do livro do eclesiástico: “Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal, os olhos do Senhor estão voltados para os que o respeitam. Ele conhece todas as obras das pessoas. Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar”.

E São Paulo reafirma aos coríntios: “Como está escrito, 'o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. Portanto quem agir desse modo haverá de experimentar a verdadeira vida como se reza no salmo: “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! Feliz o homem que observa seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus”.

A questão central abordada pela Palavra de Deus deste domingo está na liberdade humana que tem à sua frente diversos caminhos que lhe interpelam e desafiam. Agir com responsabilidade é um imperativo para a pessoa que não quer passar a vida inteira encolhendo os ombros e fazendo de conta que o problema não é seu. Cumprir um conjunto de regras e normas, de modo algum pode ser garantia de salvação, pelo contrário, muito mais do que uma vida legalista, ou uma vida do tipo “atirar pedra no telhado alheio”, se espera de cada pessoa uma verdadeira adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus.

O evangelho desse domingo é só mais uma oportunidade para Jesus deixar claro que não se trata de viver uma religião de fachada a verdadeira espiritualidade evita o combate a cultura do ódio os discursos ofensivos, os preconceitos. Ontem como hoje os mandamentos são indicações para nos fazer crescer na proximidade com Deus.

Rezemos com o salmista pedindo a graça de sintonizar nossa vida com o evangelho:


Ensinai-me a viver vossos preceitos;*
quero guardá-los fielmente até o fim!

dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei,*
e de todo o coração a guardarei.


 

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