quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 19 DE FEVEREIRO DE 2023 - 7º DOMINGO COMUM - ANO A

 ALEGRAI-VOS E EXULTAI

Alguns provérbios populares são frequentemente repetidos e muitas vezes nem nos damos canta do alcance que eles podem ter à medida que colocados em prática. Por exemplo: “Violência gera Violência”, ou o contrário “Gentileza gera gentileza”. As instituições públicas e particulares, associações e grupos organizados repetidamente organizam campanhas pela paz em todos os níveis e ambientes. Nas Escolas públicas de Santa Catarina é obrigatório a organização do Núcleo de Prevenção, atenção e atendimento às violências na Escola.

Estas e outras iniciativas pela harmonização das relações entre as pessoas, nada tem a ver com a prática de alguma religião e na maior parte delas se quer tem alguma referência ou fundamento na Palavra Deus. Mas a liturgia da Palavra desse domingo, além de insistir nas relações de fraternidade entre as pessoas aponta essa prática como condição para a santidade, ou seja, a construção de um mundo novo e muito melhor começa pelas práticas cotidianas de bem querer e de respeito.

As três leituras deixam claro que Deus é misericordioso e não nos trata segundo nossos merecimentos, nem tampouco segundo nossas falhas, mas na proporção da sua infinita misericórdia. Para quem se declara cristão está aí uma resposta necessária que significa ter atitudes concretas em favor da paz e da comunhão com todos.

Usando o convite para a santidade a Palavra de Deus sugere que a perfeição é um caminho nunca acabado, mas que pede sempre e de novo compromisso sério e radicalidade generosa que se concretize numa sociedade onde todos vivam como irmãos.

O Papa Francisco quando fala da santidade afirma que existe um único caminho para a santidade e este implica na vivência das bem-aventuranças. No documento sobre a santidade no mundo contemporâneo o Papa declara textualmente que a santidade está ao alcance de todos os que vivem as suas obrigações com responsabilidade. O caminho da santidade diz Francisco exige ousadia e ardor o que em outras palavras significa dizer que neste caminho não tem espaço para a tristeza e o desânimo.

A primeira leitura começa com um desafio que sai da boca do próprio Deus: “Sejam santos porque eu, seu Deus sou santo”. E ser santo não significa andar de cabeça inclinada o tempo todo olhando para o céu esquecendo-se do amor e do compromisso com as pessoas com quem convivemos. A santidade passa pela construção de relações fraternas nas quais não tenha lugar a agressividade, a vingança, o rancor, pelo contrário, implica determinação na construção da felicidade ao alcance de todos. Em resumo santidade não é um projeto para se construir sozinho e na indiferença com os demais.

Na segunda leitura São Paulo sugere reconhecer que nada nesse mundo é maior do que Deus e o seu amor pela humanidade e se tem alguma atitude que deve nortear a nossa existência significa permitir que Deus faça morada em nós: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. São Paulo não está negando os valores e a sabedoria humana, mas deixa claro que antes de tudo o que é humano está Deus e a sua sabedoria.

As leis têm por objetivo evitar que a violência se torne a medida de retribuição das ofensas e injúrias recebidas. Jesus, porém, vai muito além e não se dá por realizado com a estrita prática da lei. Ele propõe acabar com a espiral de violência. A proposta de Jesus implica numa revolução da mentalidade em vigor na sua época: “Vós ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!' Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis”?

Para os seguidores de outrora e para cada cristão da atualidade o desafio é o mesmo: Superar o restrito cumprimento da lei e multiplicar as oportunidades de comunhão que segundo o Papa Francisco implica viver: “O amor fraterno que multiplica a nossa capacidade de alegria porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros”.

É isso que rezamos no salmo:

O Senhor é indulgente, é favorável,*
é paciente, é bondoso e compassivo.

Não nos trata como exigem nossas faltas,*
nem nos pune em proporção às nossas culpas. 

quanto dista o nascente do poente,*
tanto afasta para longe nossos crimes.

Como um pai se compadece de seus filhos,*
o Senhor tem compaixão dos que o temem. 


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