segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 11 DE JANEIRO DE 2026 - BATISMO DO SENHOR

 

JESUS O FILHO AMADO DO PAI!

A confissão de Pedro diante da casa de Cornélio é clara: Deus não faz distinção de pessoas, mas acolhe quem o respeita e pratica a justiça, em qualquer nação. A liturgia contempla a boa-nova da paz por meio de Jesus Cristo — Ele é o Senhor de todos —, cuja história começa na Galileia, após o batismo pregado por João. Ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder, Ele passou fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com Ele. A Igreja encontra nesse texto a raiz da sua missão: não fazer distinção, mas abrir-se a todos; não ideologia, mas unção; não triunfalismo, mas serviço que cura. A palavra do Apóstolo registra que o Evangelho é evento: um Deus próximo, um Cristo ungido, um povo enviado, para que a paz alcance casas, ruas e  ultrapasse fronteiras.

No Evangelho a comunidade contempla o Senhor que se aproxima do Jordão e, na fila dos pecadores, pede a João o batismo. O Justo se solidariza com os injustos; o Santo desce às águas dos que buscam conversão; a conformidade do Filho realiza “toda justiça”. Ao sair da água, os céus se abrem, o Espírito desce como pomba sobre Ele, e a voz do Pai declara: “Este é o meu Filho amado, em quem tenho a minha alegria.” A liturgia confirma aqui a epifania trinitária que inaugura publicamente a missão de Jesus e traça a fisionomia da Igreja: povo que vive a partir do céu aberto, caminha sob a unção do Espírito e escuta, acima de todas as vozes, a voz do Pai. O batismo do Senhor revela que a salvação nasce da humildade que desce para erguer, e da obediência que escuta para servir.

Entre a proclamação de Pedro e a manifestação no Jordão, a homilia aponta a vocação batismal da comunidade. Pelo batismo, cada fiel é mergulhado no Cristo e ungido pelo mesmo Espírito, para participar de sua missão de “passar fazendo o bem”: reconciliações que se iniciam, feridas que se tratam, injustiças que se enfrentam, pequenos que se levantam. A Igreja aprende a descer às águas das dores do povo sem medo de se molhar: presença junto aos pobres, proximidade aos enfermos, acolhida aos que chegam, escuta aos que não têm voz. Céus abertos significam esperança ativa; Espírito que significa docilidade que discerne; voz do Pai significa identidade recebida, não fabricada. Assim, a comunidade renova o compromisso de ser sinal de paz sem fronteiras e de justiça que não discrimina, deixando-se conduzir pela unção que cura e liberta.

Por fim, a assembleia suplica a graça de viver sob o selo da Palavra: “Tu és meu Filho amado.” Que cada batizado, lembrando sua pia batismal, reencontre a alegria da filiação e a coragem do serviço; que os ministérios se exercitem com humildade e ardor; que a missão atravesse as periferias geográficas e existenciais. Inspirada pelo testemunho de Pedro e guiada pelo gesto de Jesus, a Igreja pede céus continuamente abertos sobre a cidade: políticas que promovam vida e dignidade, relações pacificadas, trabalho justo, cuidado da criação. E que, nutrida pela Eucaristia, ela saia como Jesus da margem do Jordão para o cotidiano do mundo, levando a unção do Espírito, fazendo o bem, curando os oprimidos, para que muitos escutem, em seu próprio coração, a voz do Pai que chama à paz e à vida nova.

 

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