segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 18 DE JANEIRO DE 2026 - 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

CONVOCADOS PARA  A COMUNHÃO

A saudação apostólica da Carta de São Paulo funda  a identidade e missão: chamados por Deus, santificados em Cristo Jesus, convocados à comunhão com todos os que invocam o Nome do Senhor. A liturgia confirma que a Igreja não nasce de profundezas humanas, mas do chamado eficaz que envia e consagra para servir. “Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” derramam-se como dom inaugural sobre a comunidade reunida: graça que cura a insuficiência, paz que reconcilia o disperso e sustenta a caminhada. A assembleia acolhe que a santidade, longe de ser rótulo de elite, é vocação comum: viver no mundo com coração cativado por Cristo, entregando-se ao Evangelho em gestos de fidelidade, mansidão e justiça. A saudação de Paulo torna-se hoje programa: receber para repartir, pertencer para testemunhar, ser povo da graça que faz nascer paz.

À luz do Evangelho de João, a Igreja contempla o Batista que aponta o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A liturgia se detém no gesto mais simples e mais decisivo: o dedo que indica o Cristo, a palavra que diminui para que Ele cresça, a confissão que devolve a todos o centro verdadeiro. O Cordeiro não é símbolo frágil, mas a força mansa do amor que vence o pecado não esmagando, e sim carregando-o; sua missão é tirar o peso que curva a humanidade, abrir passagem onde a culpa fecha, reconciliar onde a violência divide. O testemunho do Batista é também epifania do Espírito: ele vê o Espírito descer e permanecer sobre Jesus, e por isso sabe que é Ele quem batiza no Espírito Santo. A assembleia aprende que a verdadeira evangelização nasce do olhar que retorna, do Espírito que permanece e da coragem de apontar Jesus sem retenções.

Entre a saudação que convoca à santidade e a indicação do Cordeiro que salva, a homilia chama a comunidade a renovar sua vocação batismal. Santificados em Cristo, os fiéis são enviados a ser “dedo que aponta” e “voz que indica”, para que muitos encontrem o Rosto que liberta: educar para a verdade num tempo de ruídos, praticar misericórdia onde impera a dureza, compartilhar pão e escuta com os que se sentem fora da mesa. A graça recebida se torna trilha de paz quando a Igreja recusa centralidades egoistas e, como João, se alegra em diminuição: ministérios exercidos como serviço, diferenças integradas na caridade, conflitos tratados com paciência e firmeza. O pecado do mundo não se tira com acusações, mas com a oferta do Cordeiro; por isso, a comunidade prefere caminhos de cura: reconciliação nas famílias, justiça no trabalho, cuidado dos pequenos, palavras que saram, presença junto aos feridos.

Por fim, a assembleia suplica viver sob a unção do Espírito que permanece: olhar limpo para reflexão o Cordeiro, coração humilde para apontá-lo, mãos abertas para repartir sua paz. Que a saudação de Paulo — graça e paz — desça sobre cada casa e reordene os começos deste tempo: agendas purificadas, prioridades ajustadas, vínculos fortalecidos. Que, como o Batista, a Igreja saiba dizer: “Eu vi e dou testemunho”, fazendo da liturgia fonte de missão e da missão prolongamento do culto. E que, nutrida pela Palavra e pelo Pão, ela saia deste Domingo com passo leve e firme, para que muitos, ao encontrarem o Cordeiro de Deus no testemunho dos santos de hoje, experimentem a alegria da santidade possível e a paz que só o Senhor pode dar.

 

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