quinta-feira, 26 de abril de 2018

HOMILIA PARA O DIA 29 DE ABRIL DE 2018


ESCOLHIDOS PARA DAR MUITOS FRUTOS

Os recursos das novas tecnologias digitais de informação e comunicação facilitaram muito a vida das comunidades e de todos os que delas se utilizam para divulgar, convidar, anunciar e até se tornar conhecido. Quase todas as comunidades cristãs e grupos de pastoral ou movimentos na Igreja utilizam as redes sociais para tornar conhecidas suas programações e atividades. Sem sombra de dúvida esta é uma alternativa interessante e que produz muitos efeitos. Mas a Palavra de Deus, sugerida para este domingo apresenta um desafio muito maior e que foi colocado em prática pelas comunidades cristãs quase dois mil anos do advento das tecnologias.
Os Atos dos Apóstolos mostram como Paulo foi reconhecido pelos discípulos e pela comunidade não pela propaganda, mas pela firmeza da sua pregação e pela verdade do seu testemunho e isto com a graça do Espírito Santo fez a Igreja crescer: Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor”.
Na segunda leitura João lança um desafio para cada pessoa convidando a fazer um exame de consciência sobre si mesmo levando em conta o único critério verdadeiramente necessário: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele”.
No Evangelho Jesus aponta uma condição “sine qua non  para que alguém seja reconhecido nos seus frutos. Isso significa, permanecer unido a videira e aceitar ser podado. A recusa a esta condição tem uma única condição: “Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados”. Ao contrário, porém: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedí o que quiserdes e vós será dado”.
O que significa precisamente “permanecer unido a Videira” no mundo contemporâneo senão compreender e agir como “sal da terra e luz do mundo”. Ou seja, buscar a santidade não necessariamente afastando-se das realidades deste mundo, mas santificando-se e fazendo outros se santificar nas ações cotidianas seja na Igreja seja no trabalho e em todos os lugares onde a pessoa realiza suas atividades diárias.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

BOM PASTOR E PEDRA PRINCIPAL


SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 
22 DE ABRIL DE 2018

A vida nas famílias, na Igreja, na sociedade é uma constante descoberta. A convivência com os outros vai costurando como uma “colcha de retalhos” informações e oportunidades de novos conhecimentos e relacionamentos. Quanto maior o conhecimento mais os mistérios vão sendo desvendados e cresce a responsabilidade e o comprometimento entre as partes.
Isto foi o que aconteceu na relação entre Jesus e seus discípulos, entre os discípulos e as primeiras comunidades que aceitaram a doutrina de Jesus e obviamente pode acontecer entre os cristãos contemporâneos e o anuncio do Evangelho que vai se concretizando no cotidiano das comunidades.
 Na primeira leitura Pedro apresenta como Jesus age no meio deles. Apresentando um paralítico que foi curado. Contra fatos não há argumentos. Vendo as boas obras que os discípulos fazem porque acreditam no nome e na doutrina de Jesus só resta aceitar a o anúncio e a denúncia apresentada por Pedro: “Aquele que vocês recusaram, tornou-se a pedra principal”.
Ser chamado de Filho é um privilégio e uma necessidade de todo ser humano. Mas João afirma ainda mais do que isso. Todos recebemos como um presente de Deus a condição de ‘Filhinhos amados do Pai”.
No Evangelho Jesus se denomina com o mesmo nome de Deus: “Eu sou”. E nesta ocasião completa com um adjetivo “Eu sou o bom pastor”. E descreve uma série de características daquele que é bom: “Zeloso, corajoso, não foge, não se acovarda, conhece as ovelhas”.
As leituras são muito claras para ajudar entender que quanto mais conhecemos os mistérios de Deus mais se é desafiado a aceitar Jesus como Pedra Principal, como Bom Pastor, e obviamente a agir do mesmo jeito que ele, ou seja cultivar a santidade que o Papa Francisco chama de ousadia e impulso evangelizador.
Aceitar que Jesus é a Pedra principal exige caminhar rumo a santidade Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

HOMILIA PARA O DIA 15 DE ABRIL DE 2018


RECONCILIADOS E EM PAZ COM TODOS

Enxergar o pecado, os erros, os sofrimentos, as dificuldades e tudo o que se constitui problema para as pessoas e para a sociedade é uma das coisas mais fáceis e mais habituais nas comunidades, nas famílias, nas instituições e na própria Igreja. Entre os cristãos é muito frequente enxergar o cisco no olho do outro, e pior que isso, como diz o Papa Francisco: “Me dói muito comprovar como nas comunidades cristãs se cria oportunidade para o ódio, divisão calúnia, difamação, fofoca, ciúme e até perseguições”
A Palavra de Deus neste domingo é um convite a fazer sério exame de consciência sobre as atitudes pessoais e comunitárias naquilo que se refere a dar testemunho de Jesus e da fé que se acredita. O texto dos Atos do Apóstolos responsabiliza a comunidade inteira, mesmo aqueles que nem conheceram Jesus, mas deixa claro que o pecado de alguns acaba sendo “pecado de todos” na medida em que traz consequências para muitos ao longo do tempo. Mas o mesmo texto é contundente ao dizer: “E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”. Isso significa que Deus está disposto a recuperar a dignidade perdida e as consequências do pecado desde que os erros passados tenham servido de lição para aqueles que não participaram do pecado de outrora e que estejam dispostos a construir uma nova forma de viver e fazer as coisas.
E João afirma na segunda leitura: “Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”.
O Evangelho narra o reencontro dos discípulos de Emaús com o grupo dos onze. Não se trata de uma crise de fanatismo e loucura, mas de um estilo de vida que a ressurreição de Jesus inspira em todos eles. Acreditar na ressurreição de Jesus implica em compreender que apesar da experiência do pecado e da tristeza que se está sujeito diariamente, o perdão e a graça de Deus são forças poderosas que não deixam sucumbir aqueles que acreditam.
Em resumo, acreditar na graça de Deus e na ressurreição de Jesus implica ser responsável e ser construtor de esperança para que o mundo e as relações entre as pessoas sejam pautadas pela alegre surpresa do bem em lugar de ver erros e pecados alheios, colaborar para que eles sejam evitados e que as pessoas experimentem a reconciliação que se dá pela cooperação e pela solidariedade entre todos.

quinta-feira, 5 de abril de 2018


SOLIDARIEDADE E RESPEITO COM AQUELES QUE ESTÃO EM DIFICULDADE

Nestes dias Itajaí é a sede da maior competição esportiva no mar. Velejadores de diversas partes do mundo fazem sua escala e período de reabastecimento para depois continuar sua viagem. Nesta etapa alguns são vitoriosos, noutra etapa podem ser outros. Todos chegam contando suas façanhas positivas e seus desafios, para nenhum deles o outro competidor deixa de ser importante e a quem se possa dispensar solidariedade e ajuda e estímulo.
Pois é uma lição semelhante que se pode tirar da Palavra de Deus neste domingo. Na certeza da ressurreição de Jesus as primeiras comunidades não se iludiram com o sucesso da vitória. Pelo contrário trouxeram sempre presente os desafios que enfrentaram para garantir o resultado que provaram com a ressurreição e a nova vida que Jesus garantiu a todos. Isso não significa que não tivessem a percepção que o futuro continuaria a ser desafiador para as comunidades que se formavam inspiradas nos acontecimentos daquele primeiro dia da semana.
Na leitura dos Apóstolos eles estão bem conscientes da sua missão e da exigência do seu testemunho para que muitos acreditem naquilo que querem anunciar. As pessoas passaram a estimar as comunidades que se formavam não por causa de suas doutrinas, mas por causa da fraternidade e da seriedade na administração daquilo que pertencia a todos.
Na segunda leitura João convida todos a se desafiar na realização do bem e na superação de todas as violências e perigos que o mundo oferece. Acreditar em Jesus e na sua vitória implica na capacidade de envidar todos os esforços para ser também vencedor de tudo aquilo que estraga e diminui a fraternidade e a cooperação humanas.
Os relatos das aparições de Jesus não se limitam a narrativas de fatos ocorridos num passado distante, mas fazem a comunidade reviver a memória do seu Senhor. Jesus ressuscitado não é o vitorioso e livre das dores da morte e da cruz. Mostrando as mãos e o lado fica evidente que sua vitória não está separada do seu sacrifício. O Evangelho ensina que não se pode separar a euforia pascal do calvário da sexta feira da paixão.
Como os discípulos que reconheceram Jesus, também os cristãos da atualidade são desafiados a dar de forma gratuita e generosa o testemunho de quem viu Jesus. Os Tomes da atualidade são os excluídos de nossas comunidades e que não reconhecem naqueles que estão dentro das igrejas e dos grupos de oração um testemunho que seja fidedigno. Chagados, sofredores, violentados, excluídos os Tomés contemporâneos esperam dos cristãos a atitude de quem é Sal da Terra e Luz do Mundo.