sábado, 30 de junho de 2018

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JULHO 2018 - SÃO PEDRO E SÃO PAULO - DIA DO PAPA


DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS NA IGREJA
 E NA SOCIEDADE

Em tempo de Copa do Mundo por todos os lados se respira solidariedade, participação, e uma constante partilha de sonhos e desejos. Esses sentimentos é o que se pode chamar de responsabilidade e missão. Os sonhos de ver sua equipe crescer e se projetar com um futebol que seja respeitado pelo mundo brota do fundo dos corações. Muitas pessoas choram, vibram, se emocionam, fazem qualquer ato para provar seu amor pela causa do seu time.
Pois foram estes sentimentos que tomaram conta dos primeiros cristãos. Aqueles que conheceram e conviveram com Jesus sabiam que o encontro com o Mestre tinha mudado a vida deles e de muitas outras pessoas. Sua convicção fazia que proclamassem com a vida e não tivessem medo de enfrentar qualquer dificuldade para que o nome e a doutrina de Jesus se tornasse conhecida.
Muitos que foram conhecendo o Evangelho por meio dos primeiros cristãos também deram sua vida pela mesma causa. Hoje a Igreja recorda São Pedro e São Paulo, cujo testemunho foi dado com a própria vida. Pedro fez tudo o que podia para confirmar a Igreja que nascia como uma instituição que tinha seu fundamento em tudo o que Jesus fez e ensinou. Paulo percorreu o mundo inteiro como missionário incansável a serviço desta causa. Por isso os dois se chamam “colunas da Igreja”.
As palavras de Jesus dirigidas a Pedro no Evangelho se confirmam ainda hoje: “Feliz és tu Simão filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou que Eu sou o Messias”. De Paulo  o mundo tem a confirmação das suas últimas palavras: “Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações”.
Recordando os Apóstolos que se chamam também primeiros frutos da Igreja, em todos os lugares eleva-se uma prece pelo Papa. Certamente hoje ninguém melhor que Francisco representa Pedro e Paulo. Adotando o nome e o compromisso do Pobrezinho de Assis, Bergoglio tem a mesma missão daquele: “Francisco Reconstrói a minha Igreja” e a cada cristão Ele continua desafiando: “Quero uma Igreja em saída”.
Que a coragem e a convocação de Francisco faça de cada pessoa um apaixonado pelo Evangelho e pela Igreja como torcedores que vibram com a vitória da sua seleção e das boas jogadas de cada um dos que entram em campo.


sexta-feira, 22 de junho de 2018

HOMILIA PARA A FESTA DE SÃO JOÃO BATISTA - 24/06/2018 - 12º DO TEMPO COMUM


MISERICÓRDIA É O SEU NOME

Ninguém duvida que a Copa do Mundo é uma oportunidade de lazer, esporte, turismo, entretenimento e uma série de outras oportunidades para desenvolver relações humanas saudáveis e prazerosas. Mas é também uma oportunidade para perceber como muitas situações que não deveriam acontecer entre pessoas educadas e que se respeitam tivessem lugar. Entre elas vale lembrar o episódio do grupo de brasileiros que usou das redes sociais para divulgar uma situação de absoluto desrespeito humano quando constrangeram publicamente uma pessoa de outra nacionalidade e que não conhecia o nosso idioma. Sem sombra de dúvida isso é o que se pode chamar numa linguagem litúrgica de “falta de misericórdia”.
Pois é de misericórdia que trata a Palavra de Deus neste dia em que se recorda também o nascimento do maior profeta que a religião cristã reconhece. João Batista tem um significado tão especial para a Igreja Ele é o único santo no calendário que se celebra o dia do nascimento e o dia da sua morte. O nome João significa: “Deus é misericórdia”. Filho de um casal de velhos cujas esperanças de paternidade já haviam se extinguido por força da sua idade e de outras condições humanas. O pai que era sacerdote do Templo de Jerusalém se comportava como um fiel cumpridor da lei em decorrência disso muitas vezes serviu de instrumento de opressão e de ações que não usavam da misericórdia para com as pessoas.
Neste contexto Deus mostra sua presença e seu amor, enche de alegria a casa de Zacarias e de Isabel ao mesmo tempo que faz a vizinhança exultar de admiração: “Todos se perguntavam: O que vai ser deste menino? ”. Quando Zacarias duvidou da ação de Deus ficou sem poder falar até o nascimento da criança neste tempo ouviu Maria proclamar a bondade de Deus quando cantou: “O poderoso fez obras grandiosas e santo é o seu nome, sua misericórdia se estende por todas as gerações daqueles que o amam”.
Em João Batista se confirma o que o profeta tinha anunciado 700 anos antes: “Nações marinhas, ouvi-me, povos distantes, prestai atenção: o Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome; fez de minha palavra uma espada afiada, protegeu-me à sombra de sua mão e fez de mim uma flecha aguçada, escondida em sua aljava, e disse-me: Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”.
Na esteira da fé herdada dos antepassados também a Igreja hoje se alegra porque sabe que Deus reconhece a fundo o coração de todos, sabe que as pessoas de hoje são tecidas pelo cuidado de Deus desde o ventre materno. Recordar João Batista não é simplesmente fazer a repetição de uma história, pelo contrário é pedir a graça de não se deixar macular pela falta de caridade, mas de agir com misericórdia para com todos.
Como Igreja em assembleia de oração todos são convidados a renovar o compromisso de respeito para com todas as pessoas em todos os lugares, ao mesmo tempo que se faz uma experiência da misericórdia de Deus pedir a força e a graça de ser para todos “Sal da terra e luz do mundo” como sinais de Deus em todas as relações humanas.


quinta-feira, 7 de junho de 2018

HOMILIA PARA O DIA 10 DE JUNHO DE 2018 - 10º DO TEMPO COMUM


ALEGRAI-VOS E EXULTAI

No dia de São José neste ano o Papa Francisco publicou uma carta com o título: “Alegrai-vos e exultai”. O conteúdo da carta é um chamado à santidade no mundo atual. No primeiro capítulo o Papa escreveu: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e nas mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhada dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ao ‘pé da porta’ daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou por outras palavras “esta é a classe média da santidade” (GE 7).
E ser santo não é outra coisa senão ouvir a Palavra de Deus e colocar em prática o Evangelho deste domingo. Marcos mostra Jesus cercado por duas categorias de pessoas: um grupo que o chama de louco e outro que consideram as suas ações como se fossem obras do diabo e afirmam que ele está possuído por Belzebu. Por sua vez Jesus é muito claro na suas declarações e sem meias palavras diz que estes dois grupos estão divididos entre si e que seus dias estão contados: “Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e
se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído
”. E conclui com duas frases espetaculares: “
Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
O fim do reinado de satanás que Jesus afirma estar acontecendo é a concretização da responsabilidade que Deus havia dado para Eva, a mulher do primeiro pecado: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. Jesus, o Filho de Maria, com sua determinação e coragem é quem definitivamente “esmagará a cabeça da serpente” e todos os que como ele ouvirem a Palavra de Deus e colocarem em prática continuarão a fazer a mesma coisa.
E isto São Paulo fala aos coríntios: Sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: 'Eu creio e, por isso, falei', nós também cremos e, por isso, falamos, certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. E tudo isso é por causa da abundância da graça para a glória de Deus. Por isso, não desanimamos”.
Nestes tempos difíceis, na hora em que o Papa convida a ser uma “Igreja em Saída” e a ser santos dando o “próprio testemunho nas ocupações da cada dia, onde cada um se encontra”(GE14) é natural que as dificuldades se potencializem  e que até muitas pessoas que se dizem religiosas e que até rezam muito sejam resistentes e insistam numa igreja que fique na sacristia, nos bancos das igrejas, nas orações destituídas de compromisso social, peçamos que a oração deste dia e a comunhão que recebemos nos liberte dos maus pensamentos e coloque a nossa vida na prática do bem, como o padre vai rezar na oração final da missa: “Ó Deus, agindo em nós pela Eucaristia, faça curar nossos males, libertando-nos das más inclinações e orientando nossa vida para a prática do bem”.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

HOMILIA PARA O DIA 03 DE JUNHO DE JUNHO 2018


ESTENDER A MÃO COMO DEUS FAZ

Todos os anos por ocasião da quaresma a Igreja convida a os cristãos a fazer penitência e realizar um gesto de solidariedade por meio de uma oferta concreta no Domingo de Ramos. O Resultado desta coleta é aplicado em obras de assistência social. Nesta semana, por exemplo, a Diocese de Criciúma no Sul de Santa Catarina inaugurou uma casa para acolhida e ressocialização de ex-presidiários. A obra teve investimentos com recursos da coleta da solidariedade no domingo de ramos. Por ocasião da mobilização dos caminhoneiros foram observadas diversas ações de solidariedade com a categoria, entre elas a de um grupo de ciclistas que se mobilizou para levar alimentos aos motoristas. Ambas são atitudes de quem é capaz de estender a mão.
As leituras deste domingo falam da solidariedade de Deus e da preocupação com aqueles que precisavam de uma mão estendida. O livro do deuteronômio pede para guardar o dia de sábado, como sendo o dia de Deus em que Ele estendeu a mão ao seu povo e recomendou o transformou em Senhor da sua existência. Nas duras lutas da vida o povo do Antigo Testamento sempre entendeu que a mão e Deus veio em seu socorro: Lembra-te de que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido. É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado”.
No evangelho é Jesus, enviado pelo Pai, que percebe a fome dos discípulos e os leva a colher espigas para saciar a fome. No templo uma pessoa necessitada de ajuda estende a mão e Jesus cura seu ferimento: “E perguntou-lhes: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: 'Estende a mão'. Ele a estendeu e a mão ficou curada”.
Só não entende de solidariedade e do sofrimento das pessoas aqueles que transformam a lei em ocasião para levar vantagem e em nome da lei patrocinam a morte: “Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo”.
Naquele tempo como nos dias atuais não falta quem se recusa estender a mão para ajudar e a reconhecer as mãos estendidas que pedem socorro e qualidade de vida. Para todos são preciosas as palavras de São Paulo na segunda leitura: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos”.
Que a oração deste domingo ensine cada pessoa a compreender o que significa estender a mão e reconhecer a mão estendida para socorrer e fazer que todos em qualquer lugar experimentem a alegria de se tornar Senhores das leis a serviço da vida.