quinta-feira, 28 de maio de 2020

HOMILIA PARA O DIA 31 DE MAIO DE 2020 - PENTECOSTES - ANO A


A PAZ ESTEJA COM VOCÊS

Que a humanidade está vivendo uma situação de medo dispensa comentários. Cada pessoa, cada comunidade, cada Estado procura um alternativa para diminuir a sensação de insegurança que a COVID 19 se encarregou de instalar por todo o mundo. Não se trata apenas do medo de morrer, mas também das consequências que este tempo vai deixar.
Simultâneo à situação de medo e pavor em todos as partes são apresentadas e criadas alternativas criativas para um recomeço seguro e que garanta a inclusão de todos os povos em todos os lugares.
Se quiséssemos fazer uma comparação podemos afirmar que a sociedade atual, guardadas as proporções, vive o medo que reinava na comunidade dos discípulos e espera a realização da mesma promessa. Ou seja, que o Espírito Santo de Deus desça sobre todos e os encharque de coragem anunciando um tempo de paz e vida nova.
Como os povos da primeira leitura, reunidos de todas as partes, mantiveram sua cultura, seus costumes, sua língua, mas participaram da nova sociedade construída com os dons do Espírito, assim também o mundo inteiro depois desta provação possa proclamar: Todos compreendemos as maravilhas de Deus!
Unidos na graça do Espírito, não busquemos e pensemos em favores pessoais, mas trabalhemos pela inclusão de todos e possamos reconhecer a voz do Senhor que anuncia: A paz esteja com vocês!
Que o perdão dos pecados prometido por Jesus signifique a tarefa de todos empenhados na organização de uma sociedade fraterna, responsável, justa e cuidadora de todos e da Casa Comum.

sábado, 23 de maio de 2020

HOMILIA PARA O DIA 24 DE MAIO DE 2020 - ASCENÇÃO DO SENHOR - DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES - ANO A


A VIDA SE FAZ HISTÓRIA

A história do mundo será contada entre um antes e um depois deste fatídico ano de 2020. E será contada com a potencialização das tecnologias de comunicação e informação, as quais ao mesmo tempo em que colocam a notícia ao alcance de todos instantaneamente, também facilitam a proliferação de meias verdades, de inverdades e pior que isso as famosas Fake News.
Neste domingo da Ascenção do Senhor o mundo também celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais, esta data quer nos ajudar compreender que a vida humana depende da comunicação, porém que seja uma comunicação verdadeira, honesta, responsável. Não basta fazer uso das Tecnologias de Comunicação e Informação, é preciso servir-se delas a serviço da verdade, da vida, da superação de conflitos e dificuldades.
Foi esse o desafio que as primeiras comunidades cristãs experimentaram: os discípulos se deixaram guiar pelo Espírito Santo e transformaram sua existência em missão. Comunicar a verdade que lhes tinha sido anunciada foi a tarefa principal da comunidade. A mesma proposta que Jesus fez aos discípulos é dada hoje a nós: Não lhes cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua própria autoridade. Mas receberão o poder do Espírito Santo que descerá sobre vocês, para serem minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra.”
São Paulo convida a comunidade de Éfeso a compreender que “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, lhes dê um espírito de sabedoria que lhes revele e faça verdadeiramente conhecer... qual a esperança que o seu chamamento os dá, qual a riqueza da glória que está na herança com os santos”.  Também para nós convém ter claro que o caminho da vida exige enfrentar a história e começar sempre e de novo apesar das dificuldades cotidianas.
Não há dúvida que viver em comunhão e solidariedade com todas as pessoas que experimentam as mesmas dificuldades exige compreender o desafio dado aos discípulos: Gente de todo o mundo, não fiquem de braços cruzados antes tenham confiança que Jesus está conosco todos os dias até o fim dos tempos.
“Portanto, vão e façam discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que lhes ordenei! Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até ao fim do mundo”.
Ir e fazer discípulos como mandou Jesus no Evangelho não é uma tarefa de proselitismo barato, mas a certeza que a presença de Jesus durante as dificuldades da caminhada pede sempre a capacidade de estabelecer encontros de compromisso, solidariedade e inclusão. Agora e depois da pandemia, que ninguém fique para trás ou excluído da história. Que este tempo nos ensine a comunicar e a construir pontes em lugar de muros.


sexta-feira, 15 de maio de 2020

HOMILIA PARA O DIA 17 DE MAIO DE 2020 - 6º DA PÁSCOA - ANO A


GUARDAR OS MANDAMENTOS E PERMANECER UNIDOS EM JESUS

A situação de pandemia que assolou o mundo inteiro serviu para confirmar a impotência humana diante de uma série de circunstâncias que produzem dor e sofrimento. Como no tempo de Jesus, a situação de medo que tomou conta de todos nestes dias permite compreender que a paixão de Jesus se repete diariamente. Segundo o Papa Francisco é preciso não esquecer que além da COVID 19, o mundo vive ainda pandemias de fome, de guerra, de falta de instrução, de exclusão social, de desrespeito para com a natureza e assim por diante.
A ação dos discípulos descrita na primeira leitura deste domingo serve de estímulo para os cristãos na atualidade: “As multidões seguiam com atenção as coisas que Felipe dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia”. Como outrora, todos somos chamados a dar testemunho da boa nova de Jesus e da sua ação libertadora que poderá melhor ser compreendida à medida que as pessoas se abrirem para a ação do Espírito Santo e tiverem a liberdade de construir famílias e comunidades verdadeiramente fraternas.
Na segunda leitura Pedro conforta os corações abatidos e sofredores dos destinatários da sua carta: “Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência”. Recomendando que mostrem seu amor e seu testemunho sereno de fé de tal maneira que assim como Cristo, também seus seguidores façam de suas vidas dom e serviço para o bem de tudo e de todos.
O texto do Evangelho faz parte do discurso de despedida que Jesus realiza na última ceia. A Palavra que Ele tem a dizer é de conforto e certeza que apesar de tudo o que vir acontecer os discípulos não ficarão abandonados: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós”. O que Jesus deixa claro é que a mesma força que Ele recebeu do Pai ao longo da sua vida virá sobre todos aqueles que permanecerem nos seus ensinamentos.
Ora, também para nossas comunidades, diante das dificuldades que se potencializam a cada dia precisa ficar muito claro que o Espírito anima cada pessoa assumir com otimismo e coragem sendo fieis seguidores do Mestre e deixando o Espírito abrir os olhos contra toda mentira e enganação que insiste continuar fazendo parte dos desafios cotidianos. É o Espírito do Senhor que não nos deixa indiferentes diante de todas as pandemias que se alastram pelo mundo.
Amar a Jesus significa abraçar o seu projeto de vida e de defesa da vida com determinação e coragem. Rezemos pedindo a graça de compreender este dom do Espírito Santo derramado em nossos corações.

domingo, 10 de maio de 2020

HOMILIA PARA O DIA 10 DE MAIO DE 2020 - 5º DA PÁSCOA - ANO A


RAÇA ESCOLHIDA, NAÇÃO SANTA A CAMINHO DO REINO

“Na casa do meu Pai existem muitas moradas...” Em todas as culturas e em todos os tempos é impossível pensar moradas e pensar paternidade sem associar maternidade, cuidado, colo, responsabilidade, afago, proteção e uma série de outros adjetivos. Para celebrar este quinto domingo da páscoa no qual o  Filho se apresenta como caminho que leva ao Pai elevemos nossa prece à Mãe do Filho de Deus que nos foi dada por Mãe e no colo desta Mãe coloquemos todas as Mães que repetem diariamente os gestos de Maria.
Percorrer caminhos e nele encontrar pedras, retirar pedras e ir construindo caminhos faz parte do cotidiano relacional das pessoas. O ano de 2020 ficará marcado na história pela montanha de pedras que desafiou o mundo inteiro responder com criatividade à pandemia que assolou todas as nações. Ora, é usando a simbologia de pedra e caminho que a Palavra de Deus deste domingo nos ajuda a redefinir nossa vida e a condição de seguidores de Jesus e membros da Igreja.
Aproximem-se do Senhor, pedra viva, escolhida e honrosa aos olhos de Deus. Também vocês, como pedras vivas, formem um edifício espiritual, um sacerdócio santo, proclamem as obras admiráveis daquele que os chamou das trevas para a sua luz maravilhosa”.
Não é difícil compreender que se aproximar daquele que nos chamou implica percorrer um caminho. Tomar uma direção, fazer uma estrada consiste em aceitar os obstáculos que o destino apresenta. Estes obstáculos Jesus ajuda seus discípulos compreenderem no diálogo do Evangelho de hoje.
O texto proclamado na liturgia deste domingo é uma espécie de testamento que Jesus deixa aos discípulos na noite da ultima ceia. Ele bem sabia que o tempo de estar fisicamente com seu grupo tinha chegado ao fim. Ao mesmo tempo em que se despede estimula seus discípulos a não desanimar: Não se perturbe o seu coração.
Tenham fé em Deus, tenham fé em mim também. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Acreditem: eu estou no Pai e o Pai está em mim”.
As palavras de Jesus são um conforto para quem encontra pedras no caminho cotidiano, em lugar de ver nelas um empecilho e uma montanha de problemas perceber que a pedra do caminho pode servir como instrumento de redenção e de vida: “Sejam vocês também pedras vivas, sacerdócio santo, raça escolhida.”
Não tenhamos medo, o Senhor continua caminhando conosco e mostrando o caminho. Nós somos sua morada com gestos criativos de solidariedade e de comunhão podemos facilitar que o nosso próprio coração se transforme e por essa condição seja transformada a situação de dor e de medo criadas pelas pedras que dificultam os passos destes dias para o mundo inteiro.



sexta-feira, 1 de maio de 2020

HOMILIA PARA O DIA 03 DE MAIO DE 2020 - DOMINGO DO BOM PASTOR - ANO A


HABITAREI NA CASA DO SENHOR

A nossa geração nunca teve oportunidade de refletir com profundidade e exigência a importância e papel das portas na vida das pessoas. Abrir e fechar portas, permanecer do lado de dentro ou do lado de fora de uma porta nunca foi tão importante como nestes dias isolamento social. É neste contexto que chegamos ao quarto domingo da páscoa cuja liturgia da Palavra nos apresenta Jesus como o bom pastor. No Evangelho proclamado neste domingo Jesus constrói uma relação muito estreita entre o pastor, sua missão e a porta e sua função.
Jesus se declara conhecedor do seu rebanho e se apresenta como alguém que sabe abrir e fechar a porta garantindo a todos duas condições fundamentais para a vida das pessoas e que se resumem em segurança e liberdade.
Vivendo a experiência do isolamento social e do cuidado com a transmissão do vírus quem compreende a função da porta saberá muito bem a hora de abrir e de fechar de viver em segurança e ao mesmo tempo em liberdade. A proposta de Jesus quer garantir vida plena aos seus amados é uma escolha que implica respeitar a liberdade e viver com responsabilidade: “Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”. Peçamos a graça de compreender e viver a experiência do necessário discernimento entre a voz do verdadeiro pastor, a função de porteiro que muitas vezes nos é atribuída e a condição de rebanho que ao mesmo tempo precisa de liberdade e de segurança.
Discernimento é a mesma coisa que Pedro pede tanto no texto dos Atos dos Apóstolos quanto o autor da carta que se proclama na segunda leitura: “Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?” Pedro respondeu: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si”.
E na segunda leitura: “Caríssimos: Também Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos. Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fostes curados. Andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas”.
Discernir a função e o papel que cada pessoa tem ora como pastor, ora como parte do rebanho, ora como encarregado, ora na função de porta permite melhor compreender a oração que se faz no salmo deste domingo e que rezamos com muita frequência em nosso dia a dia: O Senhor é o pastor que me conduz;/ para as águas repousantes me encaminha. — O Senhor é o pastor que me conduz;/ não me falta coisa alguma./ Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar./ Para as águas repousantes me encaminha,/ e restaura as minhas forças. — Ele me guia no caminho mais seguro,/ pela honra do seu nome./ Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,/ nenhum mal eu temerei;/ estais comigo com bastão e com cajado;/ eles me dão a segurança!