HABITAREI
NA CASA DO SENHOR
A nossa geração nunca
teve oportunidade de refletir com profundidade e exigência a importância e
papel das portas na vida das pessoas. Abrir e fechar portas, permanecer do lado
de dentro ou do lado de fora de uma porta nunca foi tão importante como nestes
dias isolamento social. É neste contexto que chegamos ao quarto domingo da
páscoa cuja liturgia da Palavra nos apresenta Jesus como o bom pastor. No Evangelho
proclamado neste domingo Jesus constrói uma relação muito estreita entre o
pastor, sua missão e a porta e sua função.
Jesus se declara
conhecedor do seu rebanho e se apresenta como alguém que sabe abrir e fechar a
porta garantindo a todos duas condições fundamentais para a vida das pessoas e que
se resumem em segurança e liberdade.
Vivendo a experiência
do isolamento social e do cuidado com a transmissão do vírus quem compreende a função
da porta saberá muito bem a hora de abrir e de fechar de viver em segurança e
ao mesmo tempo em liberdade. A proposta de Jesus quer garantir vida plena aos
seus amados é uma escolha que implica respeitar a liberdade e viver com
responsabilidade: “Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A
esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo
nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são
suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”. Peçamos a graça de compreender e viver
a experiência do necessário discernimento entre a voz do verdadeiro pastor, a
função de porteiro que muitas vezes nos é atribuída e a condição de rebanho que
ao mesmo tempo precisa de liberdade e de segurança.
Discernimento é a mesma coisa que Pedro pede tanto no
texto dos Atos dos Apóstolos quanto o autor da carta que se proclama na segunda
leitura: “Quando ouviram isso,
eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros
apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?” Pedro respondeu: “Convertei-vos e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos
pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para
vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o
Senhor nosso Deus chamar para si”.
E na segunda
leitura: “Caríssimos: Também
Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus
passos. Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a
fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas
fostes curados. Andáveis como ovelhas
desgarradas, mas agora voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas”.
Discernir a função e o papel que cada pessoa tem ora
como pastor, ora como parte do rebanho, ora como encarregado, ora na função de
porta permite melhor compreender a oração que se faz no salmo deste domingo e
que rezamos com muita frequência em nosso dia a dia: “O Senhor é o pastor que me conduz;/ para as
águas repousantes me encaminha. — O Senhor é o pastor que me conduz;/ não me falta coisa alguma./ Pelos
prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar./ Para as águas
repousantes me encaminha,/ e restaura as minhas forças. — Ele me guia no
caminho mais seguro,/ pela honra do seu nome./ Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,/
nenhum mal eu temerei;/ estais comigo com bastão e com cajado;/ eles me dão a
segurança!
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