RESGATADOS
PELO SANGUE DO CORDEIRO
Fazer a experiência de frustrações
e desilusões ao longo da vida em situações e na relação com pessoas nas quais
se depositava absoluta confiança não é novidade para ninguém. A carta de Pedro
que se proclama na liturgia deste domingo é um dos textos do Novo Testamento
escritos para diversas comunidades que experimentavam a desilusão, a
perseguição e toda forma de sofrimento e isolamento. Pedro procura reergue-los
na esperança recordando o cordeiro sacrificado para comemorar a páscoa com
libertação da escravidão do Egito: “Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio de coisas perecíveis,
como a prata ou o ouro, mas pelo
precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro sem mancha nem defeito”.
A mesma situação se percebe no teor da conversa entre os dois
desiludidos discípulos que se afastavam de Jerusalém. Decididos a recomeçar a
vida longe de Jerusalém depois de mais uma experiência frustrada: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que
foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o
povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o
entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós
esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas,
apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É
verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos
deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e
não encontraram o corpo dele. Então voltaram,
dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo”.
A única resposta possível está na realização de gestos de
partilha e de solidariedade. Jesus só é reconhecido quando entra em casa com
eles, senta-se à mesa e reparte o pão. Ontem como hoje para todas as
frustrações e provações a que somos submetidos só resta uma alternativa: sentar-se
uns com os outros, repartir aquilo que cada um traz de seu. Incluindo nisso
suas desilusões, suas tristezas e sua pobreza. Cristo continua nos falando e
querendo nos fazer renascer na esperança deixemos que ele nos abasteça com seu
entusiasmo por meio da palavra ouvida e partilhada, do pão partido e repartido
e da responsabilidade solidária com todos os sofridos e desiludidos que também
caminham conosco. Rezemos uns pelos outros afirmando: “Senhor fica conosco sempre que o dia declina e a noite vai chegando”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário