segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 04 DE JANEIRO DE 2026 - FESTA DA EPIFANIA - REIS MAGOS

 

CAMINHAR COM OS MAGOS

POR ESTRADAS MAIS SEGURAS

Na primeira leitura Isaias descreve a cidade vestida de luz que se ergue ao amanhecer de Deus: “Levanta-te, resplandece, porque chegou a tua luz”. Ao mesmo que as trevas cobrem a terra e a escuridão dos povos, o Senhor desponta sobre os seus com glória que atrai os distantes. Filhos e filhas chegam de longe, corações se dilatam, caravanas atravessam os desertos trazendo ouro e incenso, proclamando os louvores do Senhor. Essa visão não é fuga poética, mas convocação: levantar-se é ato de fé, resplandecer é decisão cotidiana. A comunidade é chamada a começar o ano novo sob este imperativo pascal do Advento cumprido no Natal: erguer-se de quedas, reacender a esperança, abrir as portas para acolher e compartilhar. Onde a luz de Deus é acolhida, o medo perde o domínio e a coragem renasce como serviço, paciência e constância no bem.

No Evangelho a comunidade segue o caminho dos magos, buscadores de Deus que leem os sinais do céu e se põem a caminho, apesar das incertezas e dos Herodes que tentam manipular o sentido. A estrela não elimina a noite, mas orienta passos; Jerusalém oferece caminhos que esclarecem a direção; Belém, a pequena, guarda o Rei grande. Ao verem de novo a estrela, os magos experimentam “imensa alegria”; ao entrar em casa, prostram-se e ao abrirem seus cofres, oferecem o que tem de mais precioso. Na peregrinação ao encontro do Senhor aprendem na escola da coragem: discernem sem engenhosidade, caminham sem paralisar, adoram sem reservas, oferecem sem cálculo. E, avisados ​​em sonho, retornam por outro caminho: a fé que adora gera criatividade e prudência, livrando o ciclo da violência e do medo.

Entre a profecia da luz e a peregrinação dos magos, cada cristão é convidado a renovar a coragem para todos os dias do ano que começa. Coragem não é medo; é docilidade à estrela, fidelidade à Palavra e prontidão para mudar de rota quando Deus indicar. A comunidade é chamada a praticar a coragem mansa que sustenta as pequenas fidelidades: retomar a oração quando tudo distrair, recomeçar a reconciliação quando as feridas latejam, insistir na honestidade quando a tentação da vantagem se apresenta, cuidar dos frágeis quando o cansaço pesa. É coragem para buscar conselhos sábios, para dizer “não” ao que obscurece, para caminhar em comunhão e não à solitária maneira dos próprios caprichos. Como Isaías, a Igreja proclama: levante-se; como os magos, a Igreja se levanta e parte; e como Maria e José, acolhe e guarda o Mistério que dá sentido aos passos.

Por fim, a assembleia suplica que a estrela do Evangelho não se apague diante das contradições do tempo, e que a luz do Senhor cubra os dias do ano novo com discernimento e paz. Que cada família, como casa de Belém, ofereça espaço ao Menino: silêncio, ternura, partilha; e que cada fiel traga seu “ouro, incenso e mirra”: o melhor do trabalho, a oração que sobe, as dores entregues para serem redimidas. Inspirada pelos magos, a comunidade aprende a voltar por “outro caminho”: linguagem reconciliada, escolhas éticas, proximidade com os pobres, cuidado da criação, fraternidade no cotidiano. Assim, a profecia de Isaías se cumpre no hoje: povos atraídos pela luz, corações dilatados pela alegria, louvores que se elevam em gesto e verdade. E a Igreja, começando o ano, caminha com coragem esperançosa, guiada pela estrela do Cristo, até que todos vejam sua glória.

 

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