Peregrinos
de Esperança: A Misericórdia que Transforma
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
A Palavra de Deus deste domingo nos põe diante das ricas
verdades contidas nas leituras de Colossenses e Lucas, que nos convidam a
refletir sobre a nossa identidade como "peregrinos de esperança" em
meio a um mundo repleto de desafios e necessidades.
Na carta aos Colossenses, São Paulo nos apresenta uma bela
descrição de Cristo, o "Primogênito de toda a criação". Ele nos
revela que em Cristo tudo foi criado e que Nele reside a plenitude. Ao ouvir
essas palavras, somos lembrados de que nossa esperança não vem de nós mesmos,
mas daquele que é a própria essência da misericórdia e da redenção. Aliás,
Paulo nos diz que “todo o universo foi criado por meio dele e para ele” (Cl
1,16). Essa afirmação nos convida a reconhecer que, como peregrinos, somos
chamados a refletir o amor e a luz de Cristo em cada passo que dermos.
No Evangelho de Lucas, encontramos a parábola do Bom Samaritano.
Aqui, Jesus nos ensina sobre a verdadeira essência da misericórdia e do amor ao
próximo. O que seria daquela pessoa se o Samaritano não tivesse agido em
compaixão? Este apelo à ação nos desafia, irmãos e irmãs. Jesus pergunta: “Qual
destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos
salteadores?” (Lc 10,36). É a responsabilidade de cada um de nós agir como o
Samaritano, indo além das aparências e dos preconceitos.
Neste sentido, nossa peregrinação não é apenas uma jornada
física, mas uma missão espiritual. Como peregrinos de esperança, somos
desafiados a olhar para aqueles ao nosso redor, especialmente os que se
encontram caídos e necessitados. É em nossas mãos que se coloca a centelha de
Cristo, a capacidade de curar feridas, de acolher e de amar sem limites. Ser
cristão é ser um praticante da misericórdia, assim como o Samaritano que não
hesitou em se ocupar com o cuidado daquele que estava caído.
Ser peregrino de esperança significa também aceitar que, como
discípulos de Cristo, somos chamados a viver a união com Ele e com os outros.
Ao reconhecer que Cristo é a nossa esperança, somos motivados a ser agentes de
transformação. Paulo nos confirma que “ele reconcilia consigo mesmo tudo o que
existe, tanto no céu como na terra, fazendo a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl
1,20). Esta é a essência do nosso chamado: ser portadores da paz e da
reconciliação em um mundo dividido.
Irmãos, neste ano em que somos convidados a vivenciar a
esperança da redenção, lembremos sempre que nossa jornada não é solitária.
Estamos juntos, como comunidade, promovendo o amor e a solidariedade. Ao nos
tornarmos verdadeiros peregrinos, olhemos para o próximo com o coração aberto,
dispostos a agir com compaixão e a semear esperança onde há desespero.
Em cada ato de bondade, em cada gesto de amor, a vida de Cristo
se torna visível e palpável. Que possamos ser, então, agentes dessa
transformação, iluminando o caminho uns dos outros com a luz que recebemos do
Senhor.
Ao final, que cada um de nós saia hoje determinado a viver como
verdadeiros representantes da misericórdia de Deus, da esperança que Ele nos
oferece. Que, ao lado de Nossa Senhora e de todos os santos, possamos caminhar
como peregrinos de esperança, levando amor e cura ao mundo.
Amém.
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